GioGiostuck escrita por Strider


Capítulo 18
O Poder de um Guardião




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Dave Schuldiner amarrou novamente o lenço nos olhos e caminhou até os prédios residenciais do Belle Mèse, onde habitavam os alunos e os funcionários. Eram todos cinzas e tinham cerca de quinze andares. Por fora, notava-se a herança estética do Velho Mundo, mas por dentro, eram tão modernos quanto podiam ser.

Dave entrou no edifício seis e não viu (ou sentiu, porque ele realmente não estava vendo nada) ninguém na recepção. Eram duas da tarde, e provavelmente os funcionários estavam almoçando. Seguiu direto até o teleportador, porque sua condição física não o deixava subir quinze andares de escada. Havia uma senha especial para o andar 15, porque só moravam duas pessoas lá.

Ao contrário do resto do prédio, o andar 15 só tinha um apartamento, dedicado ao diretor e ao vice-diretor. Esse último quase não aparecia, então Dave morava praticamente sozinho.

O teleportador dava na sala de estar, que estava decorada no Estilo Antigo. Ainda havia muitos móveis de madeira e uma velha televisão LED, que funcionava muito bem. Um sofá vermelho estava em frente a uma estante, onde a tal televisão permanecia desligada. As paredes de azulejos brancos estavam decoradas com quadros de vários tipos, a maioria do Velho Mundo. O mais bonito, sem dúvida, era a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, mas as obras de Picasso e Van Gogh não eram ignoradas.

No caminho, viu que o quarto de hóspedes estava cheio de coisas da Giovana. Pelo visto, ela estava se sentindo em casa, então ele não ligou muito. Ao chegar, lembrou que seu quarto não tinha porta, devido ao incidente de 7 dias atrás. Nota mental: Providenciar uma porta, de preferência uma que não seja de madeira.

Logo que entrou, tirou o pano dos olhos e foi ao espelho. Lá, contemplou a visão de si mesmo. Não era natural, mas servia para lembrar quem ele era.

Após, viu a luva de Hamon em cima da cama e lembrou da sua namorada. Não a viu desde os últimos 7 dias, mas também, não tinha visto ninguém. Ninguém havia mencionado o nome dela naquele dia ou na semana anterior. Naquela hora, Dave sentiu a saudade bater forte na sua porta. A garota ruiva havia lhe feito compania durante um ano inteiro, e ele não iria abrir mão daquilo. Procurou seu celular, e logo o achou em cima da cama. No visor, mostravam 800 notificações, a maioria do Pesterchum. Ele tinha duas contas, mas a primeira e mais antiga era só pra emergência. 5 pessoas a conheciam, assim, quase ninguém a contatava. Era apenas para casos especiais.

Aquilo era um.

–- luneRouge [LR] began pestering soleilVert [SV] at 09:18, 3rd February 2376 –

[LR]: daaaaaaave

[LR]: to presa

[LR]: E ACONTECEU ALGO MT LOCO

[LR]: tipo

[LR]: apareceu um cara aqui po

[LR]: parece que ele era tu do futuro ou algo assim

[LR]: mt gostoso pqp

[LR]: ENFIM

[LR]: to presa cu

[LR]: papis me jogou na torre

[LR]: pq eu n fiz a arma pra ele

[LR]: ele quer matar o rei

[LR]: ELE DISSE QUE EU TENHO UMA SEMANA

[LR]: eu n vou dar essa arma n senao vai ter guerra

[LR]: responde fdp

[LR]: AFF

–- luneRouge [LR] ceased pestering soleilVert [SV] at 09:20 –

–- luneRouge [LR] began pestering soleilVert [SV] at 12:31, 4th February 2376 –

[LR]: ei

[LR]: to sem comer faz 2 dias

[LR]: n demora n

[LR]: eu sei que vc vem

[LR]: tenho certeza

–- luneRouge [LR] ceased pestering soleilVert [SV] at 12:31 –

–- luneRouge [LR] began pestering soleilVert [SV] at 14:34, today –

[LR]: PAPAI TA AQ MEU DEUS ELE VAI PEGAR O TELEFONSIDASLKDASJDLASMJASLD

[LR]: Se você se acha forte, vem salvar ela. Aposto que não consegue. :*

–- luneRouge [LR] sent a video file: “video01.ii2” now, at 15:32 –

Dave logo recebeu o vídeo, e o assistiu. Começava mostrando uma poça de sangue no chão. A câmera foi levantando, e logo foi notada a imagem de uma garota ruiva, presa por correntes que lhe davam choque constantemente. Os lugares onde as correntes a prendiam estavam chamuscados, em carne viva. Estava seminua, com as vestes rasgadas, provavelmente por pura ignorância dos soldados. A câmera mudou de ângulo e filmou os arredores. Cerca de 15 soldados estavam nus e excitados. Alguns se masturbavam fervorosamente, olhando como cachorros para a garota presa. Todos se preparavam para a festinha do estupro. E então, filmaram a garota de novo, agora seu rosto. As mãos sujas do cinegrafitas agrediram aquele rosto, e depois o seguraram com força

– FALA, VAGABUNDA!

Ela não tinha forças pra falar ou fazer qualquer coisa. Mas ela olhou pra câmera com os olhos verdes mais lindos do mundo, e disse:

– eu...te...amo...

Houve risada e piadas gerais. “EU TE AMO!, EU TE AMO! HAHAHAHAHAHAHAHAH”.

Dave não viu até o final, pois suas mãos quebraram o celular em mil pedaços depois daquilo. Não havia mais meteoros ou jogos. Não mais planetas para salvar ou reis pra proteger. Não existem mais Jades. Existe agora uma garota e homens a molestá-la.

Seus olhos choravam e suas mãos tremiam de raiva. Seu sangue ferveu como o núcleo de uma supernova. Ele não percebeu, mas seu corpo estava queimando verde. Sua jaqueta jeans se desintegrou. E quanto mais se lembrava do vídeo, mais queimava. Cada vez mais forte. A energia era tanta que o prédio entrou em estado de perigo: as sirenes começaram a soar e todos os moradores começaram a evacuar o prédio. Por coincidência ou não, no exato momento em que o último aluno saiu, Dave não aguentou mais.

Uma grande luz verde saiu da cobertura, e logo após, veio a explosão. Todo o andar de cima estava queimando em verde, algo que os alunos nunca tinham visto. Ao longo da explosão, ouviu-se um grito de tamanha raiva. A raiva de um deus.

Enquanto os alunos assistiam perplexos ao espetáculo, um raio de luz verde passou por entre eles. Alguns não perceberam, devido a extrema velocidade daquilo. Mas os que perceberam sentiram que algo ruim estava por vir.

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Rafael Schuldiner ouviu a explosão, mas não teve tempo de fazer nada. Ao tentar tomar uma providência, ele sentiu a aproximação de uma energia fortíssima, tão forte quanto a de um deus. E entendia bem de deuses.

Levantou-se da cadeira e presenciou a entrada de um raio de luz verde na sala. Dave Schuldiner não estava usando os óculos, e seus olhos mostravam tanta raiva que queimariam qualquer umm que olhasse diretamente. Seu corpo emanava uma aura tão forte que desintegraria qualquer um que não fosse forte o suficiente para aguentá-la. Sua camisa branca estava um pouco queimada.

– Algo aconteceu, irmão.

Ao dizer isso, o irmão conseguiu ver todo o vídeo em sua mente. Isso geralmente era útil, pois poupava comunicação.

– Dave, cuidado, você está instável. Isso é o Terceiro Nível. Você está mil vezes mais forte.

– Explicações depois, ações agora.

– O que pretende?

– Salvá-la.

Ele não precisou dizer mais nada, pois o irmão sabia o que ele iria fazer.

– Lembre-se do juramento.

Houve silêncio, mas Dave o quebrou, recitando:

– Proteja a todas as almas inocentes da Terra. Não meça esforços ao utilizar o Poder para protegê-las. Mas acima de tudo, proteja quem você ama. E destrua todas as almas que necessitar para protegê-la.

– Talvez agora você entenda porque não devemos nos apaixonar.

– Asneiras.

– Talvez. Mas faça algo por mim.

– O quê?

– Pegue o jogo e leve à Giovana no dojo. Talvez eu demore, então diga a eles para que comecem logo.

Houve silêncio.

– Ok.

Dave pegou uma espada velha no escritório do irmão antes de ir, mas ele não iria precisar. Voltou a ser um raio verde e saiu do local.

Rafael apenas pensava no que podia acontecer, e coisa boa não era. Porém, de prontidão, pegou o jogo no computador e teleportou dali mesmo.

–-----------------------------------------------------------------------------------

No dojo, Junior e Pedro haviam terminado de arrumar os computadores e notebooks, mas Dave não havia chegado pra começar a sessão. Passada meia hora, a perguntar onde ele estava e se deveriam começar sem ele, pois a ordem dos jogadores não importava muito. Nessa mesma hora, ouviram uma grande explosão, que foi diferenciada das explosões no céu, pois foi muito mais próxima. Cinco minutos depois, Rafael Schuldiner apareceu inesperadamente no meio do salão, com dois chips em suas mãos. A própria figura do diretor era raríssima, pois esse só aparecia em ocasiões formais, que também eram raras.

– Então, boa tarde. – Disse o diretor. Todos responderam imediatamente. – Meu irmão tá meio ocupado, então ele me mandou entregar isso pra menina ruiva. – Ele caminhou até ela e entregou os chips. Isso foi estranho, pois quanto mais ele se aproximava, mais eles sentiam como se estivessem na presença de um deus. Ele carregava uma aura fortíssima, porém controlada. Giovana ficou muda e não conseguiu respondê-lo.

Sem ao menos se despedir, Rafael desapareceu do local de novo.

– Então, é isso? – perguntou Pedro.

– Acho que sim – respondeu Junior, pegando o chip e dando um tapa na menina, que ainda estava muda. Só havia 8 computadores no dojo, e um grande espaço entre todos eles. Como o local tinha mais ou menos 150 metros quadrados, estavam muito distantes entre si. Decidiram que Giovana e Junior seriam os primeiros, e assim aconteceu. A garota inseriu o chip no notebook, e logo apareceu o aviso:

SBURB: INSTALAR?

Sim

Não

Então, era ali. Salvar o mundo ou morrer por ele.

SBURB: INSTALANDO...


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