GioGiostuck escrita por Strider


Capítulo 16
Get Lucky 5




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Foram 5 segundos de olhos abertos. Nenhum dos dois sequer piscou durante esse tempo. Após isso, ele os fechou primeiro, porque sabia que alguém mais iria ver o que não deve ser visto.

Jade manteu sua consciência durante estes 5 segundos. Logo após, perdeu todas as forças e desmaiou. Ele não a deixou cair e a pegou nos braços. Então, saiu correndo pelo prédio o mais rápido que pôde com a garota nos braços. No segundo andar era a enfermaria. Um local calmo, com algumas enfermeiras vestidas de branco e decoração em verde bebê. Cerca de 14 leitos, com 4 deles ocupados. Dave chegou e a colocou em um dos leitos. Uma enfermeira veio correndo e observou o estado da moça. A coitada estava branca, como se tivesse perdido todo o sangue de seu corpo. Boa parte da sua roupa estava rasgada e manchada de sangue, mas não havia nenhum ferimento nela.

– Cuide...Dela.... – disse Dave, quase não conseguindo.

Ele ainda não tinha aberto os olhos.

Como os efeitos do primeiro nível ainda estavam fortes, ele sentia tudo a sua volta, porque sentia a frequência em que tudo vibrava. A única utilidade disso é exatamente essa: poder fazer tudo sem a visão.

Após isso, ainda com um certo receio, Dave arrancou um pedaço de pano da sua camisa e amarrou em volta dos olhos, porque manter os olhos fechados cansava. Então correu para o pátio principal. Notou poucas pessoas a sua volta, mas as ignorou completamente. Ao chegar no prédio dos funcionários, que ficava no canto inferior esquerdo do pátio (os prédios do ensino médio ficavam ao norte), subiu diretamente para a sala da diretoria, e abriu a porta com tudo o que pôde.

Lá, escrevendo numa mesa, estava um homem de aproximadamente 25 anos, magro, porém mostrava-se imponente. Usava óculos escuros, mas tinha os cabelos cortados, próximos à nuca. Levantou a cabeça calmamente e olhou para a porta, por cima do óculos, e viu Dave ofegante, com uma faixa nos olhos, dizendo:

– Irmão... Algo aconteceu.

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Que lugar é este?

Que solidão. Não tem ninguém aqui. Tudo escuro. Nenhum ruído.

...

Sozinha...

Sozinha...

–--------------------------------------------------------------------------------------

– Muito bem, Dave. Nível 1 com 11 anos, está me impressionando. Nem eu mesmo consegui isso.

– Obrigado, irmão! Vou me esforçar mais! – respondeu o pequeno Dave. Não usava cabelos compridos nem óculos escuros.

– Mas lembre-se, pequeno. Este poder é proíbido. Não use-o se não precisar. Se puder perder uma luta sem maiores consequências, perca. Use apenas se sua vida depender disso. Ou para salvar a vida de alguém.

– Mas e se o adversário for realmente forte?

– Não fuja do conceito.Use apenas nessas condições.

– Sim senhor! – Ele estava feliz, transbordando a inocência de uma criança.

– Agora... – o mais velho virou-se e pegou uma caixa. – Agora você é oficialmente um Schuldiner. Vou te contar algumas coisas.

– Tô ouvindo!

– Então, é... Nós temos algumas coisas especiais. Uma delas é esse nível especial de poder. Todos os humanos possuem, mas nós temos uma capacidade muito maior para alcançá-los. E creio que apenas nós conseguimos alcançar os outros níveis, até o 5.

– Uau, tem 5?

– Sim, mas apenas um entre nós conseguiu alcançá-lo. Dizem ser o estado em que um homem se torna deus.

– Irmão, eu quero ser deus!

– Com certeza será! – disse rindo. – Okay, tem mais uma coisa. Agora que você alcançou o primeiro nível, não há volta. Nós temos algo mais especial, exclusivos ao nosso clã. – Ao falar isso, ele tirou os óculos escuros, que usava o tempo todo.

– O que você vê, Dave?

– Seus olhos legais!

– Ah é, são legais. Agora vá se olhar no espelho.

Ele foi correndo e já sabia o que o esperava. Lá, olhou para os próprios olhos. Estavam diferentes de antes. Iguais ao do irmão.

– QUE LEGAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAL!!!!!!!!!!!

– Claro que é. Mas tem um porém.

– Mas o que foi?

– Você não pode mostrar isso pra todo mundo por aí. Por isso eu comprei isso aqui. – O irmão abriu a caixa. Lá, estavam um par de óculos escuros modelo aviador, mas eram realmente escuros. De um lado, era como se não existissem as lentes, mas do outro só se via a escuridão. – Estes são especiais. Eles fazem você ver como se estivesse sem eles, mas ninguém conseguirá ver seus olhos.

Dave logo se apressou a colocá-los. E nunca mais os tirou desde então.

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Dave estava cansado e atirou-se na cadeira do escritório do irmão. A placa na mesa dizia RAFAEL SCHULDINER – DIRETOR. O escritório era bem rústico, com um chão feito de madeira e paredes em listrado de vinho e laranja-avermelhado. Em uma estante estavam vários troféis de luta: Primeiro Lugar no Campeonato Brasileiro de Muay Thai, Primeiro Lugar em Capoeira, entre outros, como Judô e Taekwondo. Mas havia 89 troféis e medalhas de kung fu, em uma estante separada. Dave sempre olhava para aquilo como um incentivo, pois este tinha apenas uma medalha de prata.

Na mesa, além da placa havia várias canetas e um computador do Velho Mundo. Ainda funcionava, então não precisava comprar outro. Na parede atrás da mesa, um retrato do Supremo Imperador, a bandeira da província do Maranhão e Grão-Pará; a bandeira da cidade sagrada de São Luís, Lar do Estado; e a bandeira do Belle-Mèse.

– Gostei dessa faixa. – Disse o irmão.

– Pois eu não.

– Achou a garota bonita?

– Muito. Algumas horas não consegui agir devido à isso.

– Deu pra ver. – Era óbvio que o irmão já sabia de tudo. Esse cara sabia de tudo que acontecia no colégio, querendo ou não. – Bem, teremos que consertar o segundo prédio. Viktor está movendo os alunos para o andar superior neste momento.

– Irmão.

– Fala.

– Ela está bem?

Rafael não disse nada. Ele se concentrou e tentou notar algo na enfermaria do segundo prédio.

– Bem ela não está. Esse primeiro nível entrou seco e saiu molhado nessa garota. Ela tá com uns danos bem ruins nos órgãos internos...

– Como? Ela nem sangrou.

– Talvez não tivesse mais sangue pra isso.

– Deus. Eu preciso ir. Agora.

– Com esse corpo? Não.

– Eu tenho. – Levantou-se e tentou correr pela porta, mas caiu no chão por causa de dores fortíssimas que sentiu.

– Você não está acostumado com o primeiro nível. Recupere-se.

– Ela...vai...morrer.

– Vai. E você também, se continuar assim. Você ainda é mortal, não se esqueça.

– Eu...vou...salvá-la. – Lutou contra a dor, abriu a porta e tentou sair.

– Dave.

Ele se virou de volta e encarou o irmão.

– Ela viu os olhos. Você sabe bem o que isso significa.

– É por isso... que eu tenho que ir...

E saiu, de volta ao pátio.

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Giovana, Pedro, Viktor, Junior, e mais alguns alunos da turma F desceram à enfermaria pra ver como a garota estava. Quando todos chegaram próximo a entrada, Dave vinha correndo e entrou antes deles. Todos ouviram uma grande agitação vindo de dentro do local, mas entraram mesmo assim. Porém, não a acharam, e tampouco Dave. O que aconteceu na verdade, foi que Dave estava na área intensiva da enfermaria, com a Jade, observando todos os enfermeiros tentando salvar sua vida. Ele não sabia o que fazer, mas faria tudo o que pudesse pra salvá-la.

– Ela não está respondendo!

– Tente de novo, tente de novo! – Médicos e enfermeiros tentavam de tudo. Mas nada funcionava. E ali ele estava. Sem poder fazer nada. Seus olhos choravam por debaixo da faixa que os cobriam. Não podia fazer nada.

Até que se lembrou de uma coisa.

Quando era uma criança de 5 anos, estava no trabalho de sua mãe. Uma grande cirurgiã e terapeuta. Ela adorava o trabalho que tinha, e queria que os filhos seguissem o mesmo caminho. Porém, não usava os métodos convencionais de cirurgia, e sim usava os mesmos conhecimentos que aprendera para matar pessoas com um dedo.

A técnica que um dia lhe foi passada para assassinar rapidamente, investigações, espionagem, e outras coisas, não lhe servia muito naqueles dias. O mundo precisava de mais médicos, e ela sabia que podia salvar pessoas.

Ao formar-se em medicina, entrou para a área de cirurgia e logo conseguiu um emprego no maior hospital federal do império, devido à influência do clã. Logo, sentiu-seu um grande aumento no número de pessoas que sobreviviam a acidentes drásticos, explosões, cânceres impossíveis, e coisas piores.

Naquele dia, Dave viu sua mãe salvar uma garota de 10 anos na emergência. Seu coração havia parado de bater, e se não voltasse, ela não sobreviveria. Em vez de usar as técnicas convencionais de ressurreição, ela apertou alguns pontos estratégicos em seu corpo. Cinco segundos depois, a garota deu um pulo na cama, não entendo nada do que estava acontecendo. Todos aplaudiram o acontecido.

Dave mandou todos os médicos e enfemeiros saírem da frente. Ficaram apenas ele e ela, e ele se concentrou. Lembrou-se exatamente de todos os pontos que sua mãe apertou naquela garota. Concentrou um pouco de Hamon em apenas um dedo,e apertou os pontos na ordem que lembrava.

Nada aconteceu.

A garota permaneceu inerte, na sua frente. Dave sentiu uma súbita vontade de chorar. Não havia mais o que fazer. Os médicos já estavam se retirando.

Mas então ele ouviu o estalo atrás dele.

– Faltou um.

Seu irmão havia aparecido na enfermaria, como que por magia. Para Dave, aquilo estava totalmente claro, mas os médicos que ainda estavam presentes não entenderam o que havia acontecido.

Rafael passou na sua frente e apertou o corpo da garota em um certo ponto na axila esquerda. Passados alguns segundos, a máquina mostrou que os batimentos estavam voltando. A alma de Dave comemorou ao ouvir o bipe que indicava a normalidade.

– Ela vai ficar bem? – perguntou.

– Talvez. Mas seus orgãos internos ainda estão devastados. Vai demorar para se recuperar.

Os médicos voltaram, para atestar o que havia acontecido. A maioria se lembrou da mãe dos irmãos que ali estavam, outros falavam de milagres.

– Eu fico aqui.

– Como é? – disse Rafael.

– O tempo que precisar.

– Não é preciso, Dave. Ela vai se recuperar sem você.

– Ela também vai se recuperar comigo.

Houve silêncio.

– Bem... os olhos falam mais alto. – disse Rafael. Dave deu um leve sorriso. Após isso, o diretor caminhou até a porta da unidade intensiva e desapareceu, ao som do mesmo estalo de antes.

– Essa é a única unidade intensiva onde todo mundo de foram entra... – disse um médico.

– Enfermeira, leve-a até os leitos de fora.

A enfermeira colocou a garota em uma maca e a levou para fora dali, seguida por Dave. Dave a colocou em um dos leitos e sentou em uma cadeira que estava por perto. Logo notou que Giovana, Pedro, Junior e Viktor estavam chegando perto.

– Como ela tá? – disse Giovana.

– Se recuperando, eu acho.

– Porra Dave, desceu o pau na guria foi certo, hein? – disse Junior.

– Me defendi, não esperava que ficasse desse jeito.

– Ela vai ficar bem. Vamos voltar pra sala. – Disse Viktor. Dave permaneceu sentado.

– Você não vem?

– Vou ficar o tempo que precise.

E então todos saíram, sem dizer uma palavra.

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Sozinha...

Sozinha...

Ei. Espera.

Tem algo aqui.

Um calor estranho... aconchegante... doce...

Como alguém me protegendo.

Doce...

Doce...


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