Salva-me Da Escuridão escrita por FaberryAchele


Capítulo 3
O contraditório cria vida.


Notas iniciais do capítulo

É realmente muito bom ver o comentário de vocês, muito obrigada por estarem dando essa chance a história e espero que continuem gostando. Boa leitura.



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“Como não sabe Rachel?” Sua voz era inquieta e aguda.

“Eu não sei, ele estava” Ela olhou para Quinn com seus olhos grandes e castanhos, eles transbordavam pânico “E” lágrimas começaram a se formar “Eu só, peguei” Quinn respirou fundo, era preciso manter a calma.

“Você não disse nada com sentido Rachel” A loira se aproximou da morena com a criança no colo, se agachou perto deles e segurou no joelho de Rachel “Eu vou te ajudar, só preciso saber o que aconteceu” Rachel deixou umas lágrimas escaparem “Não chore, eu preciso de você calma, ok? Só respire e me conte o que aconteceu” Rachel respirou fundo, uma, duas, três, infinitas vezes até conseguir reunir as palavras, o cenário veio em sua mente como um flash em um filme.

O menino a olhava tão profundamente que Rachel não conseguia explicar, era irracional pensar que ele poderia vê-la dentro daquele carro fume, mas em algum lugar dela, ela sabia que ele estava a vendo. Ele era tão pequeno que mal ela podia acreditar que ele conseguia ficar em pé e se equilibrar de forma bípede. Aquele olhar profundo era como um cordão umbilical unindo os dois, era só olhar para ele e ver que ele precisava de ajuda, estava coberto de sangue, seus movimentos vieram como reflexo, sem nem ao menos notar ela saiu do carro e se aproximou da criança, em momento algum ele recuou, apenas ficou parado, quando ela se abaixou e o abraçou ele instantaneamente retribuiu o abraço, com força, ele não chorava, não gritava, apenas se apertava contra ela.

Ela sabia que tinha que sair dali, era perigoso, e ela também sabia que ele não poderia o deixar lá, ele precisava ser cuidado e ela estava disposta a cuidar dele. Sem romper o abraço ela ficou de pé para sair, à medida que ela erguia sua coluna para se levantar ela erguia o garoto do chão, foi assim que ele acabou em seu colo, ela foi até seu carro e o manteve em seu colo, não estava pronta para deixar o garoto sozinho no banco ao lado, então ela simplesmente dirigiu enquanto o segurava. Ela percorreu todas as ruas envolta procurando por algo suspeito, algum acidente de carro de onde o menino poderia ter escapado, mas ela não encontrou nada, tudo era calmo e silencioso e sem nenhum sinal de acidente próximo.

Foi involuntária sua direção pela cidade, quando ela percebeu já tinha pegado a estrada para fora de Nova Iorque e ia dirigindo rumo ao Condado de Allen, ela não pensou em nada naquele momento, ela só queria proteger o seu menino. Sua velocidade era rápida e constante, ela só parou quando teve que abastecer, ela não olhava o caminho que fazia, era tudo automático, só quando ela se deu conta da placa que dizia ‘Bem vindo a Ohio’ é que ela notou que tinha voltado para Lima. Em algum canto do seu subconsciente Rachel sabia que não poderia ficar em Nova Iorque com o menino, ela não poderia sequer entrar no seu hotel com a criança, seria perturbador demais e no momento ela já tinha preocupações demais para pensar na mídia e suas teorias. Mas agora seu consciente assumiu o poder e ela sabia que tão pouco poderia ir para casa dos seus pais, eles a acolheriam mais ainda assim seria perturbador, ela precisava de um lugar neutro e foi nesse momento que um antigo nome veio em sua mente, Quinn Fabray, ela era perfeita. Iria saber ser serena com a situação e Rachel sabia que ela tinha se formado em medicina, claro, a loira lhe mandou o convite, infelizmente ela não pode ir, porém ela lhe mandou flores e um cartão.

Saber aonde Quinn morava não seria tarefa fácil, mas tão pouco seria uma tarefa difícil, afinal é uma cidade pequena, não dá para as pessoas se esconderem muito dentro dela. Em toda a cidade existia apenas dois hospitais. Ela estacionou o carro e procurou no Google os telefones dos Hospitais, ligou e perguntou se Quinn Fabray trabalhava por lá, logo no primeiro Hospital ela foi informada que a médica trabalhava lá sim, porém não estaria de plantão hoje, Ohio é uma cidade mínima, pequena demais, as pessoas não tinham muito medo de bandido e violência e foi assim que ela conseguiu junto de toda sua teatralidade convencer a moça que lhe atendeu a dar o endereço de Quinn, no intimo ela não mentiu, disse que era uma velha amiga que estava na cidade e queria fazer uma surpresa a jovem loira.

O endereço lhe guiou para uma pequena casa de apenas um andar, porém era acolhedora, tinha um jardim realmente bem cuidado e por fora era pintada em um tom de branco, mas aquela não era hora de admirar nada, Rachel simplesmente pegou o garoto novamente em seu colo, o menino nada falou durante todo o caminho, ela também observou que ele não dormiu um minuto sequer, ficava quieto e calado, aquilo lhe fazia aumentar sua agonia interna, foi com os pensamento a mil que ela tocou a campainha, simplesmente não se preocupou em tirar o dedo do botão, deixou tocar insistentemente até a porta ser aberta.

E foi assim que ela encontrou Quinn Fabray depois de anos.

“Você está me dizendo que pegou esse garoto na rua e veio dirigindo de Nova Iorque até aqui com um carro que não é seu?” Quinn questionou incrédula, Rachel poderia ter se metido em mil problemas, quer dizer, em um problema maior ainda do que ela estava agora, aquilo tudo era irresponsável demais.

“Eu só preciso de ajuda Quinn” Rachel tinha sua voz baixa, seu olhar agora era tímido e acuado, ela se agarrava ao menino como uma leoa a seu filhote. Quinn ficou de pé, sua cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, mas ela sabia que precisava ainda manter o controle.

“Tudo bem, eu vou pegar algumas coisas e você me espere ai” Ela saiu e foi até seu banheiro, Deus ela precisava respirar, abriu a torneira e lavou seu rosto com água gelada, no armário do banheiro ela pegou o vidro de aspirina e bebeu duas sem nem ao menos tomar água, ainda com o vidro na mão ela foi até seu quarto e pegou seu quite médico e algumas coisas extras.

“Beba isso” Ela deu para Rachel o vidro de aspirina, a morena não questionou, ao contrário, agradeceu a ela e tal como Quinn, colocou duas em sua boca e as tomou sem água. Quinn molhava gases com soro fisiológico, ela precisava retirar o sangue e ver a profundidade dos machucados da criança “Isso é gelado, não vai doer, será como cócegas” Ela sorria para o menino, naquele ponto ela estava sendo uma profissional exercedora da medicina, uma médica, mais precisamente uma pediatra e, depois de averiguar o estado da criança ela se deixaria entrar em desespero novamente.

“Você é um bom menino” Quinn disse assim que encostou a gaze e o garoto apenas permitiu ser limpo, a cada gota de sangue que Quinn tirava mais ela franzia a testa e ficava incrédula daquilo “Tire a roupa dele Rachel” Rachel fez e retirou a roupa o deixando apenas de fralda “Não é possível” Ela olhava para ele ainda descrente.

“O que foi Quinn?” Rachel não tinha coragem de olhar as feridas no garoto, quando ela olhava para ele com todo aquele sangue era óbvio a qualquer um que ele tinha sofrido algo profundo e ela tremia só de imaginar a quantidade de cortes que ele deveria ter pelo rosto e corpo.

“Olhe você mesmo Rachel” Quando ela olhou ela viu a criança mais linda do mundo, não havia mais sangue e nem sequer havia hematomas, quanto mais cortes ou coisa parecida, não existia sinal de acidente ou violência. Rachel sorriu pela primeira vez ao menino, ele era um anjo de cabelos loiros com cachos e olhos castanhos como os dela, ela não sabe quanto tempo ficou perdida olhando para ele, mas quando se deu conta viu Quinn pegando as gazes usadas e as embalando em sacos etiquetados.

“O que está fazendo?”

“Colhendo material para o DNA”

“Como assim?”

“Todo esse sangue não era do menino, porém ainda assim pertencia a alguém, temos que saber quem é para identificar a criança” Rachel lhe olhou intrigada, ela não estava gostando muito daquela ideia.

“E por que isso?”

“Rachel você não deve estar pensando muito bem, esse menino não é seu, você não pode simplesmente ficar com ele, ele tem família, ele pertence a alguém” Quinn estava apenas falando a verdade, mas a morena não queria pensar nisso “E pelo jeito, você precisa mais de um advogado do que de um médico” Quinn voltou a se aproximar dos dois e se abaixou novamente ficando na altura de ambos que ocupavam o sofá “E você mocinho, precisa de um banho” Ela usou seu tom mais doce para falar com o menino, ele por sua vez a olhou nos olhos e, apenas levantou sua mão esquerda e esticando o dedo indicador, o aproximou de Quinn, ela sorria para o garoto, tinha sido o primeiro gesto dele desde a hora que chegara em sua casa, aos poucos, timidamente ele aproximou seu pequeno dedo do nariz da loira e tocou a ponta do nariz dela.

“Mamãe” Ele disse assim que o dedo dele encostou no nariz de Quinn, ambas as mulheres prenderam a respiração e sentiram seu coração parar de bater “Mamãe” Ele repetiu agora rindo.

Os efeitos que a aspirina tinha feito em ambas passaram como um sopro, novamente a cabeça das duas latejava de dor enquanto seus pensamentos giravam para todos os lados.


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Notas finais do capítulo

Eu não faço ideia da distância de Nova Iorque para Lima, na história coloquei como sendo em torno de cinco horas, porém certamente deve ser longe disso, mas como é apenas um detalhe que não muda o rumo de nada, achei que cinco horas seria o time certo para Rachel dirigir sob tensão.