1937 Wool´s Orphane,Londres

Tom estava sentado protegendo-se da neve num canto coberto do pátio externo do orfanato Wool em Londes, lia um livro chamado Mein Kampf, de um líder politico alemão chamado Adolf Hitler, enquanto fazia anotações em seu caderno, uma espécie de diário.

Fazia muito frio naquela tarde, e estranhamente nevava num dia de verão, mas Tom não se importava, gostava do frio e da sensação que sentia, as outras crianças brincavam no pátio interno, ele preferia assim, nuca foi aceito, achavam-no muito esquisito, e Tom preferia ficar sozinho com seus livros. Sra Cole o havia chamado varias vezes para dentro, mas Tom não escutava, então ela desistiu.

–Se ele quer ficar doente, pois bem, tenho mais o que fazer. Vociferou a mulher.

A leitura de Tom foi interrompida pelo barulho de um carro se aproximando, e logo depois pelos gritos de “abram os portões” da Sra. Cole. Francis o caseiro correu para abrir os portões o mais rápido que podia enquanto Sra Cole vinha logo atrás dizendo:

–Rápido Homem, ou a pobre garotinha vai congelar de tanto esperar nessa neve.

Após os portões serem abertos o carro preto entrou e estacionou de frente para a entrada principal do orfanato a cerca de vinte ou trinta metros de onde estava Tom.

Primeiro desceu um homem todo de preto, que parecia ser o motorista, o qual abriu a porta para uma mulher rechonchuda de cabelos castanhos grisalhos com um casaco de peles vagabundo.

Logo em seguida Violet desceu do carro, relutou no começo, estava frio lá fora e ela não tem boas lembranças de dias de neve, Madame Ailyn puxou-a pela mão.Uma mulher com feições rígidas foi a primeira a falar.

–Olá, sou a Sra. Cole, responsável por esse orfanato, é um prazer conhece-la.

–O prazer é todo meu senhora, respondeu Violet.

–E será, se você se comportar e não arranjar problemas. Retrucou a mulher.

Bruxa, xingou mentalmente Violet.

–Que falta de educação garota, tire o capuz! Repreendeu Madame Ailyn.

Violet tirou o capuz, enquanto a mulher continuou a falar.

–Este é Francis, o caseiro, portas emperradas, pias entupidas, é só falar com ele.

Um homem de traços gentis, cabelos ruivos e ralos que aparentava seus quase cinquenta anos agachou-se beijou-lhe a bochecha e disse em seu ouvido:

–Ela fala demais, você se acostuma, mas faça como eu, finja que escutou e responda apenas sim, não, claro, funciona.

–Pode deixar, sussurrou Violet com um sorriso.

POV Violet

Violet se sentiu observada, mas de inicio não se importou, duvidou que tivesse alguém á fora com o frio que fazia, mas a sensação persistiu e decidiu investigar, olhou ao redor e então o viu, um garoto sentado no pátio há alguns metros de onde estava, tinha uma aparência peculiar, mas muito bonita, seus olhos eram azuis e profundos mas não transmitiam nenhuma emoção ou sentimento, apenas fitavam-na friamente, o que fez um frio percorrer a espinha da garota, mas de certa forma Violet gostou do que sentia, então o garoto voltou-se para um livro que trazia em sua mão, mesmo assim Violet ficou paralisada e durante incontáveis segundos não conseguiu tirar os olhos do garoto.

POV Tom

A garota despiu o capuz, e então finalmente Tom pode contempla-la, aparentava ter mais ou menos a mesma idade dele, seus cabelos eram longos e negros, sua pele branca se confundia com a neve que caia sobre seu rosto, sua boca era vermelha, que a Tom lembrou muito o vermelho rubro e vivo do sangue. A garota virou-se bruscamente e começou a encara-lo, Tom pegou-se surpreso de primeira, mas continuou a encara-la, não era de seu feitio virar-se ou abaixar a cabeça, foi quando Tom os viu, os olhos da garota, não só os olhos, mas o olhar, parecia que enxergava por dentro de Tom, e através dele, um calafrio arrepiou-lhe os pelos dos braços, ele culpou o frio, por fim os olhos da garota, eram de cor violeta, tom já lera sobre isso, era uma anomalia genética causada por falta de pigmentação da íris, mas sem dúvida muito belos tom complementou mentalmente. Tom recuperou-se de seu devaneio, e voltou a ler o livro, mas ainda sentia os olhos da garota pousados sobre si.