Sábado. Enfim o grande dia chegou. É hoje que eu irei contar ao Gerard. Sei que não será o melhor lugar nem a melhor ocasião para se contar algo como tipo “oi Gerard, faz tanto tempo que não estamos juntos, mas adivinha só? Eu tive uma filha sua”, mas eu estava desesperada para contar logo tudo aquilo. Depois do que aconteceu conosco no passado e eu ter me arrependido de não contar à tempo a ele a verdade eu preciso contar antes que seja tarde. Não quero novamente que aconteça algo, que Deus me livre, mas ninguém sabe o dia de amanhã. Depois de conversar com a Kate, minhas esperanças aumentaram. Talvez Gerard estivesse realmente solteiro. Acho que ele não apareceria aqui se ainda estivesse com aquela menina da cafeteria ou se estivesse tendo algum caso com qualquer outra mulher. Até mesmo a Kate concordou comigo de que se ele veio aqui é por que esta querendo uma reaproximação, talvez até uma reconciliação. Eu estou rezando para que isso seja mesmo a verdade. Mal posso esperar pra vê-lo nessa festa e leva-lo para um lugar reservado onde ficaremos só nós dois. Talvez até role algo a mais como um beijo. Ah! Um beijo dele. Que falta me faz um beijo daquele que só ele dava. Como sinto falta dele. As lembranças fazem aumentá-la ainda mais. Não estou suportando mais essa distância entre nós dois. Quero muito que tudo se resolva entre nós. Eu não quero alimentar minhas esperanças antes da hora, mas agora já é tarde, pois estou totalmente convencida de que ainda há chance de voltarmos. Depois da visita dele eu creio que nossa reconciliação está próxima de acontecer.

- Boa noite. Essa rua, por favor. – Eu digo estendendo uma folha com o nome da rua onde seria a festa para o taxista.

- Nervosa? – Perguntou Kate quando o carro começou a andar.

- Não muito agora. – Eu respondi. Nervosa estaria quando chegasse lá e o avistasse. Aí sim eu iria ficar bastante nervosa.

Chegamos no local onde seria a festa uns vinte minutos depois. O local estava cheio, mas ainda faltavam muitos convidados. Percebi em alguns minutos ao rodar o salão cumprimentando alguns dos presentes na festa que o Gerard e sua banda ainda não haviam chegado. Kate ficou bebiricando algo no bar enquanto eu me reunia com alguns dos funcionários da empresa. Um repórter chegou para uma entrevista que eu concedi.

- Por que a banda My chemical romance? – Foi uma das perguntas. Eu fiquei de boca aberta tentando falar algo sem reação até que consegui enfim responder.

- É uma banda muito boa que está crescendo de forma rápida e que tem a cara dos adolescentes, por isso foi escolhida como a capa de aniversário e espero que possamos fazer mais entrevistas com eles e que mais vezes seja a capa e que tenham mais sucessos durante os anos posteriores.

- A festa está ótima, parabéns. – Disse a entrevistadora ao terminar a entrevista.

- Obrigada.

Fiquei sozinha depois que a repórter se dirigiu a outro convidado. Eu pensava em ir até o bar beber alguma coisa quando Kate se aproximou eufórica.

- Ele está aqui.

- Onde? - Meu coração bateu forte e eu dei uma volta completa procurando por ele.

- Está lá próximo da porta. Acabou de chegar. – Ela falou próxima ao meu ouvido por trás de mim. Olhei em direção à entrada e espreitei minha visão para conseguir enxergá-lo, foi quando o avistei. Lá estava ele e a banda dando entrevista pra mesma entrevistadora que há pouco falava comigo. Mas o meu sorriso se desmanchou logo depois quando uma menina bonita de cabelos longos e negros preso num rabo de cavalo deu à mão a ele e ficaram se acariciando num jeito bem íntimo.

- É ela. – Sussurrei. Eu ainda me lembrava perfeitamente dela. Kate entendeu perfeitamente o que eu estava dizendo.

- A mesma da cafeteria. – Ela disse.

- Eles ainda estão juntos... Provavelmente casados. – Algumas lágrimas se manifestaram. – Com licença, Kate. – Corri para o banheiro antes de derramar as lágrimas na frente de todos.

< Visão do Gerard >

Fiquei sem reação com aquele pedido da Jasmine. Eu não podia deixar de ir à festa. Não podia fazer feio com a revista que escolheu minha banda para capa de aniversário só por causa dos ciúmes da minha noiva. Era só por isso mesmo? Não, eu sabia que não era só isso. Também não queria desapontar Natasha, na verdade desde a última vez que a vi, minha vontade de reencontrá-la parecia ter aumentado.

- E então, Gerard? Qual será sua opção?

- Jasmine... Você me desculpa, mas... – Eu balancei a cabeça em negação. – Eu não posso deixar de ir.

- Você quer ver ela, não é? – Gritou ela deixando aquele jeito calmo e sereno de lado. – É pra isso que quer ir?

- Ver quem? Você ficou louca?

- Você sabe de quem eu estou falando. Há alguns meses atrás vi como ficou quando soube que aquela sua ex, a mesma da cafeteria, tinha se tornado a dona da empresa. E veja só que coincidência, veja quem é a capa da revista de aniversário. Ou seja, ela não se contentou em levar um “não” e quer te ver novamente para tentar reconquistá-lo e parece estar dando certo. Ela foi muito esperta, muito inteligente.

- Você está sendo paranóica.

- “Paranóica”? – Ela me encarou com raiva. – Me diz olhando na minha cara, nos meus olhos, que não esteve com ela no dia que nosso filho morreu? Me diz que estou mentindo.

- Está mentindo. – Tentei o ser mais firme possível olhando nos olhos dela.

- Nem assim consegue mentir, Gerard. – Ela afastou o lençol que a cobria com as pernas. -Daria um péssimo ator. – Ela disse antes de se levantar da cama e se trancar no banheiro.

Eu estava decidido, mesmo que ela se esperneasse eu não deixaria de ir àquela festa. Pouco depois ela se destrancou do banheiro e me fez dormir no sofá da sala. Eu só não consegui dormir melhor por que não parava de pensar em um momento como seria rever a Natasha na festa. Foi então que tive uma surpresa no sábado quando me aprontava para ir à festa. Eu ajeitava minha gravata na frente do espelho quando Jasmine apareceu no quarto com um vestido preto longo e justo no corpo, salto alto, maquiagem e o cabelo preso num penteado. E o pior foi quando ela me disse pra onde ia.