Hold On escrita por Meredith Kik


Capítulo 6
Querida Kay




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/373984/chapter/6

Foi preciso apenas que os quatro chegassem na casa de Thomas para que os pais os mandassem dar meia volta para para sair de lá e voltar ao lar. Todos os pais menos os de Thom, é claro. Ele morava ali, afinal. E assim foi. Todos se despediram e na casa ficaram apenas os Löhnhoff's. Era domingo a noite, o dia recomeçava na manhã seguinte. Ai final de semana, por que tão rápido? Segunda feira... todos voltavam as suas rotinas diárias. Thomas na faculdade, Louis no restaurante, Anna não trabalharia essa semana, as coisas por enquanto estavam boas para o lado deles. Tiraria a segunda feira para arrumar a casa, se sobrasse tempo e se ela estivesse disposta poderia fazer algum serviço no final do dia.

Thomas estava cansado, precisava dar uma descansada em seu quarto. Deu um beijo na mãe, um tapinha nas costas do pai e foi tomar um banho. Tinha muitas coisas em que pensar, e um banho o ajudava muito a refletir. Era bom. 

Depois de colocar uma roupa qualquer pra dormir, Thom se jogou em sua cama. Olhou para o lado, avistou a mesinha de cabeceira com todos os livros que Sophie havia lhe dado. Resolveu pegar um deles, para folhear, ler, não dormiria agora mesmo. Pelo menos pra ele, pegar no sono assim que deitava era um pouco complicado. Um pequeno envelope caiu enquanto Thomas folheava o livro, e curioso, ele pegou. Olhou bem, era um envelope de cor vermelha, e parecia um pouco velho, sem cor. Ele abriu o envelope, tinha um papel escrito com uma letra bem redondinha. Tudo bem que não lhe dizia respeito, mas a curiosidade é um problema que quase todos nós sofremos.

"Querida Kay, 

Queria apenas saber onde você está. Por que você não liga? Por que viajou sem me falar? Papai e mamãe estão estranhos, muito calados... Eles brigam comigo por qualquer coisa que eu pergunto sobre você, não sei mais o que faço. Já faz um mês, Kay. Você não está em Paris, está? Espero que não, porque você disse que me levaria e ainda espero por isso. Ligue Kay, estou me sentindo muito sozinha ultimamente sem você aqui. É como se papai e mamãe não estivessem, eles simplesmente me ignoram. Estou com dúvidas na escola também, mamãe disse que chamaria uma professora particular, mas só você sabe me explicar, você sabe. Estou com saudades, só você consegue me entender.

Te amo, Sophie."

Não era possível. Thomas leu, releu, releu mais uma vez, e outra e outra. Estava invadindo a privacidade da garota que foi gentil ao dar os livros pra ele, mas não era sua culpa, havia sido um acidente. Era estranho, aquilo era um aviso ou o quê? Talvez o destino agindo. Ele queria esclarecer suas dúvidas sobre o mistério de Sophie e de repente cai uma carta "reveladora" daquelas em sua cama. Não era exatamente reveladora na verdade, aquilo serviria apenas para lhe trazer mais dúvidas. Duas coisas eram certas pelo menos: Além de ter seu lado sentimental, Sophie Montini, ao que parecia, se dava muito bem com a irmã mais velha. Outra coisa era certa, na verdade: Fosse o que fosse aquela carta, aquilo não pertencia a ele. E mais uma vez, Thom dormiu pensando na menina da mansão.

Segunda feira, triste dia. Adeus final de semana, adeus diversão. Olá acordar cedo, olá estudos.

Thomas despertou com o barulho despertador ao seu lado e desligou-o rapidamente, sem nem olhar. Era automático o gesto que ele fazia de apertar no botão pra desligar o velho relógio. Seis horas da manhã em ponto. Ao levantar aos poucos, primeiro sentando, sentiu embaixo de si alguma coisa incomodando. Ah, a carta da noite anterior. Pegou o envelope e antes mesmo de se arrumar o colocou em sua mochila, a que ele usava pra faculdade. Usou meia hora pra se arrumar, e seis e meia foi andando (de skate) para a faculdade. E não. Ele não passava pela mansão para ir pra faculdade, eram caminhos diferentes. Era um caminho um pouco longo, inclusive. Mas ele não se importava, gostava de andar de skate, mesmo que fossem caminhos longos. Sem contar que o caminho com skate era muito mais rápido.

Era incrível. As aulas de segunda feira sempre se arrastavam, eram sempre as piores. Era proposital? Ir do céu ao inferno? Thomas estava quase dormindo, já eram seis horas da tarde e o maldito do professor não parava de falar. A aula dele era marcada para terminas às cinco e quarenta, só que parecia que o velho não sabia controlar seu tempo.

Que maldito, há quantos anos o cara trabalhava com isso? Era difícil preparar uma aula que terminasse no horário? Não era brincadeira chegar sete horas da manhã na faculdade e sair as seis da tarde, era extremamente cansativo. Apesar de amar o que estudava, Thom chegava num momento em que se cansava também, assim como todos da população. 

Seis e quinze. Seis e quinze foi a hora em que Thomas finalmente conseguiu sair da faculdade. Pegou o seu skate e começou a fazer um caminho diferente do habitual, diferente do habitual para aquela hora do dia. Normal para os finais de semana, normal para quando ele ia da vila para a praça dar uma volta, normal para quando ele passava pela mansão.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não deixem de comentar (para minha felicidade)