Thomas estava sentado em seu skate na calçada da mansão dos Montini, havia acabado de falar com Blake na cabine, e o segurança havia dito que Sophie ainda não tinha chegado em casa. O garoto, então, resolveu mandar uma mensagem para ela.

"Sophie, você vai demorar? Já estou na sua casa"

A resposta, apesar de ter demorado um pouco, chegou.

"Não, me espere aí. Já estou no chegando"

Ela não havia mentido. Um carro luxoso vermelho parou na frente dele, e a janela abaixou. Sophie estava no banco do motorista, e aquilo surpreendeu Thomas.

- Vai ficar aí? Anda, estamos atrasados! - Ela falou, o olhando com uma sobrancelha erguida.

Thomas franziu a testa e levantou. Pegou o skate e chegou perto da menina no carro, mas não entrou.

- Desde quando dirige? - Ele perguntou, parecendo desconfiar de alguma coisa.

- Hoje é a primeira vez. Mas fique tranquilo, fui e voltei da faculdade sem bater. Tá certo que teve uma hora que quase bati numa árvore, mas na verdade foi engraçado. - Ela falou, o encarando séria. Thomas arregalou os olhos.

- Sophie, se importaria em ir andando, ou de táxi, ou sei lá, de qualquer forma que você não precise dirigir? - Ele perguntou com cuidado, tentando ser sutil.

Sophie sorriu, e sem conseguir se controlar, começou a rir.

- Não se preocupe, Löhnhoff. Eu estava brincando. Dirijo há pelo menos 5 anos. - Ela disse, ainda sorrindo. - Coloque seu skate na mala e entre. - Ela pediu.

Depois de fazer o que Sophie pediu, Thom finalmente entrou no carro e sentou ao lado dela.

- Você tem certeza que sabe dirigir? - Ele perguntou, preocupado.

- Tenho, Thomas. Olhe você mesmo. - Sophie pegou na bolsa a carteira, e de dentro dela tirou a carteira de motorista. Colocou no colo do garoto e sorriu.

Finalmente a menina arrancou com o carro, fazendo com que o garoto sorrisse. Mais uma vez Sophie estava fazendo alguma coisa que ele nunca pensou que ela faria.

- Você dirigindo é uma coisa que eu nunca imaginaria. - Thom confessou, a olhando.

- Não vejo motivos. - Ela respondeu, olhando para frente.

- Pensei que andasse com motoristas pra lá e pra cá.

- Não temos motorista, meus pais acham desnecessário. Eu também acho, na verdade. Dirigir é uma das sensações mais maravilhosas que tenho, me sinto livre, sei lá. Pode parecer bobo, mas gosto de dirigir quando estou mal. - Sophie contou, fazendo uma curva.

- Dirigir ao meu lado deve aumentar mais ainda essa sensação maravilhosa. - Thomas brincou, sorrindo. A morena soltou uma risada baixa e mordeu os lábios. - Você viu a mensagem da Olivia? - Ele perguntou, mudando de assunto.

- Vi. - Ela respondeu, parando num sinal. - Eu estava ocupada, por isso não respondi. - Ela disse, o olhando. - Pra que ela me mandou aquilo? - Perguntou, franzindo a testa.

- Eu fiz com que ela achasse que você era minha namorada, e que tinha acreditado nas coisas que ela disse. Ela falou que poderia concertar o que fez mandando uma mensagem dizendo que ela tinha inventado. Eu só queria saber se ela mandaria mesmo. E ela mandou.

- E agora não está mais com raiva dela? - Ela perguntou, outra vez olhando para frente e acelerando ao perceber o sinal aberto.

- Não, ela é uma boa pessoa. - Ele respondeu.

Sophie não disse mais nada, estava muito concentrada no trânsito. O caminho era longo, não tinha shopping de verdade na cidadezinha onde eles moravam. Thomas ficou a olhando, observava detalhe por detalhe da menina. Ela no volante era linda, parecia mais responsável, madura, mais mulher do que menina. Os cabelos às vezes escapavam de trás da sua orelha e o movimento que ela fazia para colocá-los para trás de volta fazia com que ele a achasse ainda mais linda, sem nem mesmo ter um motivo para isso. Cada gesto dela o atraía mais, por menor que fosse.

Finalmente o carro chegou em frente ao shopping, e um sorriso nasceu no rosto da menina.

- Olá, felicidade! - Ela falou, olhando para porta do lugar através da janela do carro.

- Olá, tortura. - Thomas imitou, desanimado.

Não era a primeira vez que o garoto estava indo ao shopping, além dos pseudo-shoppings que tinham na pequena cidade onde morava já havia ido com Daniel em um da cidade grande, que ficava muito próximo à casa dele.

Depois de estacionar o carro, Sophie foi com Thomas pegar o elevador para finalmente começar as compras. A porta se abriu, e além deles dois só tinha um homem sentado no banco apertando os botões, parecendo ser quem cuidava do elevador. Sophie informou o andar e o homem apertou.

- E aí? - Thom o cumprimentou, entrando no elevador e dando um tapa fraco nas suas costas. O homem o encarou com uma expressão séria e resolveu ignorar. Sophie revirou os olhos e, sem conseguir evitar, sorriu. É, Thomas Löhnhoff também tinha seus encantos. - A educação mandou lembranças. - Ele falou num tom debochado, ao deixar o elevador um pouco irritado.

Sophie, andando atrás dele, colocou uma das mãos em seu ombro.

- Thomas! - Ela o chamou. - Você não precisava ter sido grosso.

- Grosso? Eu cumprimentei o cara e ele não foi capaz de dizer um "oi"! - Ele reclamou, um pouco irritado.

- Esquece isso. - Sophie disse, andando ao lado dele pelos corredores e olhando atentamente as vitrines. - Olha, hoje vamos comprar uma roupa para o jantar de amanhã e algumas blusas, porque isso é o urgente. Mas antes vamos jantar.

- Perfeito, porque estou com fome.

Os dois, então, foram andando para a praça de alimentação. Sophie queria ir num restaurante extremamente caro, mas Thomas negou, e, conseguindo entrar num acordo, eles decidiram ir a um intermediário. Sentaram em uma mesa qualquer do lugar e não demorou muito para que fossem atendidos e fizessem o pedido. Sophie pediu um prato leve, diferente de Thom, que optou por uma coisa completamente gordurosa. O garçom anotou e saiu da mesa.

- Precisamos fazer um acordo antes de começar com essas compras. - Thomas disse, sério. Sophie o olhou.

- Que acordo? - Ela perguntou, colocando uma mecha do cabelo para trás da orelha.

- Eu deixei você escolher minhas roupas e tudo mais. - Ele começou. - Mas vamos nas lojas que eu quiser.

Sophie fez uma careta.

- De jeito nenhum. - Ela balançava a cabeça negativamente. - Que lojas você vai querer? Skate&Cia, Mundo do Skate, Skate.com, Vida de Skatista, I Love Skate? - Ela inventou, debochando e fazendo caretas. Thomas gargalhou. - É sério, você prometeu que ia me deixar mudar seu look.

- Eu sei, e eu vou deixar. Mas você tem que entender que eu não sou como você que tem dinheiro para comprar roupinhas de marca o tempo todo. - Ele explicou, a olhando. A garota bufou, irritada.

- Eu quis que fizesse a mudança, então o justo é que eu pague.

- Sophie, não começa com isso. - Ele pediu. - Não quero ser grosso com você.

Sophie respirou fundo e revirou os olhos.

- Não entendo porque você tem que ser tão orgulhoso.

- Não é essa a questão. Eu só quero que nossa amizade não envolva dinheiro, só isso.

- Não me importo com isso. - Ela disse, um pouco mais calma. - Mas tudo bem, você escolhe as lojas. - A morena se rendeu. - Mas, por favor, nada de skate.

- Certo, nada de skate. - Ele concordou, sorrindo.