A hora do almoço enfim havia chegado. Daniel e Thomas estavam sentados num restaurante comendo e falando de bobeiras. Quase todo mundo da faculdade comia ali, inclusive Olivia. A ruiva estava com suas amigas e parecia distraída. Engano. Ela não estava tão distraída assim. Já tinha olhado para mesa dos dois umas quatro vezes. E lá estava ela de novo.

- Le Blanc está olhando pra cá. - Daniel falou pro amigo. Ele não tinha problema nenhum em não disfarçar, não ligava pra absolutamente nada. E daí se ela percebesse que ele estava falando dela? Thom olhou disfarçadamente pra menina. 

- Não entendi porque implicou com ela hoje mais cedo. - Thomas falou, olhando pra Dan. 

- Não impliquei. Só repeti o que escuto por aí.

- Que ela é um problema? - Perguntou, parecendo interessado. 

- É, ela é o tipo de mulher que sempre fica obcecada pelos caras que sai. - Daniel disse. - É o que dizem, cara! Não sei se é verdade. 

- Ela é bem bonita... - Thomas observou, sem tirar os olhos da menina, que conversava com as amigas no outro lado do restaurante. Dan ergueu as sobrancelhas. 

- Bem bonita? Ela é linda. Exatamente o meu tipo.

Thom riu do amigo.

- É complicado alguma garota não ser o seu tipo. - Ele comentou, e em seguida balançou a cabeça negativamente. - Então ela é sua próxima vítima? 

- Não mesmo! Além de não querer que ela fique obcecada por mim não sou eu que faço o tipo dela, é você. 

E nada mais precisou ser dito. Thomas tinha entendido perfeitamente o que o amigo tinha dito, e resolveu não questionar. 

A outra aula já havia começado, era uma boa aula, o professor entretia os alunos. Thom gostava da matéria, estava prestando atenção e entendendo tudo perfeitamente, até que Daniel o cutucou com o celular. Olhou pra trás sem interesse, provavelmente o amigo faria uma piada sobre o professor.

- Tem uma mensagem, acho que é pra você. Pelo visto eu não sou o único que tem vítimas. - Ele disse, entregando o celular para Thomas e fazendo um gesto negativo com a cabeça em seguida. Deu uma risadinha. 

O moreno nada respondeu, pegou o celular com pressa e olhou a mensagem. Como previa, era Sophie. 

"Posso te fazer uma pergunta?"

"Pode" Escreveu como resposta. 

Que pergunta Sophie Montini teria pra ele? Ficou curioso, bastante. Poderia ser sobre o selinho que deram? E como se fosse proposital, Sophie demorou bastante tempo para responder, mas finalmente respondeu. 

"Por que insiste em mim? Sei lá, em falar comigo. Eu te trato tão mal às vezes e você nunca desiste. Sempre que eu acho que você nunca mais vai falar comigo você me surpreende." 

Thomas pensou, pensou e pensou. Não tinha uma resposta para aquilo. Ele insistia apenas porque insistia. Gostava de conversar com ela, era bom. Pronto, essa era a resposta.

"Gosto de conversar com você." Ele respondeu, com sinceridade. 

"Gosto de conversar com você também" 

Um sorriso brotou nos lábios de Thomas. Não teve como evitar. Como se ele não controlasse os seus movimentos, simplesmente surgiu. Estava distraído, não via nada além do que estava escrito no celular do amigo. Apenas enxergou um palmo a frente do nariz quando viu Olivia o olhando com a testa franzida, virada completamente para trás. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, querendo sair do mundinho de Sophie Montini. 

- Mensagem de amor? - A ruiva perguntou, de forma debochada. Deu uma risada e olhou para porta como se estivesse assustada. - Olha quem está na porta! 

Esperta! Quando Thom olhou para porta a menina puxou o celular da mão dele e leu a mensagem. Um ponto a menos para ela, Thomas não gostava de meninas abusadas. 

- Me devolva, por favor. - Ele pediu, sério. 

- Espera, estou acabando de responder! - Olivia respondeu, rindo. O garoto, antes que ela fizesse alguma besteira, esticou a mão para puxar o celular. - Não adianta, eu já respondi! Mas relaxa, foi besteira! - Ela falou, desviando o celular do alcance do garoto. - Ela é rápida, já até me respondeu! - Thomas queria partir para força, pegar o celular da mão dela de um jeito mais bruto, mas sabia que ali, na aula, não era a melhor coisa a se fazer. E sabia também, que mesmo com raiva, não era maneira de se tratar uma garota. 

Estava irritado demais, ela tinha colocado o celular para baixo, não dava pra ele pegar sem que chamasse atenção do professor. 

- Olivia, estou te pedindo direito, me dê esse celular. É do Daniel, não é meu. - Ele pediu, com o cuidado de não ser grosso. 

A menina virou pra trás e colocou o celular em cima da mesa dele. 

- Sua ficante, peguete, amiga colorida, conquista, amante ou seja lá o que for sua, é abusada, viu? - Ela comentou, antes de virar novamente pra frente. 

Thomas estava preocupado. Que diabos aquela maluca tinha dito para Sophie? Olhou as mensagens, ela não estava brincando, realmente havia mandado algo pra ela. 

"É a namorada do Thommy, queridinha. Ele está ocupado comigo agora, não pode responder." 

Thomas arregalou os olhos. O que ela pensava que estava fazendo?

"Ok, sem problemas :) Apenas diga pro seu namorado que eu estarei no lugar que ele marcou as 18h30 mesmo, ok?"

- Olivia, não faça mais isso. Odeio pessoas que se metem onde não são chamadas. - Ele disse, ainda irritado. 

Olivia revirou os olhos. Estava de costas para Thom, e assim continuou.

- Só fale comigo quando você aprender a brincar. - Ela respondeu. 

Tinha sido apenas uma brincadeira, e isso tinha ficado claro. Mas que tipo de intimidade ela tinha com ele para brincar assim? Thomas odiava brincadeiras desse tipo, e como se não fosse suficiente pegar o celular que nem era dele, ela ainda respondeu a mensagem. Abusada em dobro. 

- Brincadeiras assim eu passo. - Thom falou. 

Olivia não respondeu nada, olhou pra frente e começou a prestar atenção na aula. 

"Sophie" 

Thomas mandou uma mensagem pra Sophie, estava preocupado. Tudo bem que eles não tinham nada, mas não queria que ela ficasse com raiva dele. Não teria motivos, mas ficou preocupado mesmo assim. Ela não respondia. 15 minutos, meia hora... 

"Vou devolver o celular pro meu amigo. Beijos, até mais tarde."

Ele mandou a mensagem outra vez e devolveu o celular para Dan, que pela primeira vez estava prestando atenção na aula. Que bom que Daniel pagava um valor fixo de mensagem por mês para que mandasse quantas quisesse, se não fosse assim ouviria muito do amigo.