O Mistério De Scarabas escrita por Angie Ellyon


Capítulo 9
Mais Mistérios


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora..facul e seus trabalhos --'
Capítulo bombástico!
Boa leitura :)



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John e eu estávamos sozinhos dentro de uma das casinhas dos fundos da fazenda no meio da noite. Pra ser sincera, eu não queria passar a madrugada ali, embora a Vingativa tivesse tirado o meu sono.

John examinava uma pilha de papéis. A luz da vela não fazia um bom trabalho em iluminar o papel já amarelado, e a textura viscosa dos papéis grudava nas mãos.

- Há quanto tempo tem isso? - perguntei.

- Não é a primeira vez que ficamos isolados do resto do mundo. - ele chegou mais perto. - Então, eu comecei a bolar saídas alternativas de Scarabas. Lugares que pouca gente conhece. - ele me olhou. - Talvez possamos trazer sua amiga Lila por uma delas. Sinta-se honrada. É a primeira pessoas que vê isso.

Eu ri.

- E o que você planejou, então?

- A saída mais próxima e rápida no momento é essa - John apontou para o desenho rabiscado de um caminho estreito rodeado por várias árvores e casas. - Por trás da fazenda.

- Eu vi Lila. - contei, me lembrando da visão. - Ela não parecia estar no caminho pela ponte.

- Isso é um bom sinal. - disse ele. - Nesse caso, só precisaremos guiá-la. Mas como a viu?

- Ela me deu um amuleto - falei. - Ela é...muito espiritualista.

- Então, ela já deve conhecer Scarabas antes. - falou ele.

- Não sei dizer - explanei, suspirando. - Lila nunca falou nada daqui.

- Temos que arriscar - ele continuou. - Mas tem um problema. - ele hesitou de repente.

- Qual?

- No meio do caminho, há várias casas abandonadas; como um cemitério. - contou. - E você sabe...a Vingativa pode aparecer por lá...

- Temos que descobrir o ponto fraco dela - palpitei. - Até agora, a única coisa que a deteve foi o amuleto. Fantasmas têm ponto fraco?

- Como esse amuleto foi feito?

- Não sei. Ele só garante que Lila e eu estamos juntas.

Ele fez muxoxo, pensando.

- Talvez seja isso. A união. A amizade. São o ponto fraco de Annie.

- E tem mais, John - eu continuei. - A Vingativa...tentou me atacar hoje.

Ele arregalou os olhos.

- O quê? Por isso veio pra cá?

- E Steve... - engoli em seco. - Bem, foi muito estranho.

- O que aconteceu?

Hesitei por um momento.

- Ele...tentou me agarrar.

Havia algo no rosto de John que não captei de imediato.

- Mas...você prestou atenção? Era ele mesmo?

- Aí é que está - acrescentei. - Aconteceu logo depois que a Vingativa apareceu.

- Muito estranho. - murmurou.

- E tem isso - eu lhe mostrei o celular com a foto da mensagem da Vingativa. John ficou alarmado. - Eu...pela primeira vez, estou com medo, John.

- Calma. - ele disse, cauteloso. - Isso é sério, Valerie. Se ela não pegou a sua mãe, significa que você é...

- A próxima - eu fechei os olhos. - E com certeza, a Vingativa fará por mim e por minha mãe. E vai ser horrível, John! Tenho certeza. Se eu não sair daqui...provavelmente ela me reservou uma morte terrível!

- Shh - ele me aconchegou em seus braços enquanto eu soluçava. - Vai ficar tudo bem. Vamos dar um jeito; vai ver.

Eu o olhei nos olhos, e ele limpou minhas lágrimas. Quando dei por mim, já estávamos nos beijando. Comecei a empurrá-lo para o chão, e acabei ficando em cima dele. John acariciava meu cabelo, e seu beijo ficou mais forte e molhado. Ele deslizou as mãos pelas minhas costas, à medida que eu desabotoava sua camisa e sentia seus músculos. Quando dei um puxão em seu cabelo, ele trocou nossa posições, ficando por cima de mim, me olhando profundamente com puro desejo.

- Você...quer? - sussurrei.

Como resposta, ele acariciou meu pescoço e deslizou para os meus seios. Voltamos a nos beijar freneticamente, explorando o corpo um do outro, enquanto as roupas ficavam para trás.

Eu sentia atração por John? Sim. Eu queria ter feito aquilo? Bem...talvez.

Mas no calor do momento, não houve tempo.

...[...]...

Acordei sentindo cócegas no meu pé.

Abri os olhos devagar, ainda grogue. Estava deitada em cima de um monte de folhas. Ao meu lado, John dormia, completamente nu.

Me levantei, abismada. Então percebi que também estava nua.

Vesti-me depressa, e chacoalhei John. Ele acordou ainda meio tonto.

- Valerie...? - balbuciou ele, bagunçando o cabelo e sorrindo.

- Temos que ir! - eu disse, apressada.

Estávamos ferrados. Muito ferrados. Havíamos passado a noite ali. Pior...havíamos transado ali.

Tapei o rosto, tomando dimensão do problema. Todos já deviam estar acordados - e eu teria muitas coisas a explicar. Se vovô ou vovó descobrissem...

- Levanta, John! - eu o puxei com mais força. Chateado, ele bufou e se vestiu. - Como vamos sair sem que nos vejam?

- Espera. - ele pegou os papéis e saiu pra olhar. Em seguida, fez sinal para que eu saísse. Tudo ainda estava silencioso. - Você vai primeiro. Se me virem por aqui, não vão estranhar. Vai! - disse.

Tropeçando, corri desajeitadamente até os fundos, na cozinha. Observei. Não parecia haver ninguém. Mordi o lábio enquanto dava passos silenciosos e medidos até a sala. Pior, ainda estava com a roupa de dormir - teria que correr e me trocar. Dei uma espiada na sala. Já estavam todos lá. Merda! E agora?

Ou eu aparecia de pijama, ou teria que pular a janela.

- Eu sei o que pode fazer.

- Ah! - me assustei com a voz de Rebecca bem atrás de mim. Ela cruzou os braços, sorrindo ironicamente. - Mas o que...eu só estava...

- Eu sei, eu sei - ela disse com desdém. - Você passou a noite com John.

Suspirei.

- Eu vi você levantar a noite. - continuou ela.

- A Vingativa me atacou! - aleguei.

- Tudo bem - ela permaneceu com um tom na defensiva. - Aí, foi se refugiar nos braços do John... - e deu um risinho. - Todo mundo estranhou, sabe? - ela olhou as unhas. - Mas eu ajudei você.

Eu me aproximei.

- O que você disse?

- Disse que havia levantado mais cedo para ajudar Lauren - contou. - Foi o máximo que consegui.

Eu me aliviei.

- Obrigada. - disse, embora desconfiada.

- Você me deve um favor. - ela falou, e me deu as costas. - Toma. - ela me jogou umas roupas, e me vesti ali mesmo.

Tomei coragem pra aparecer diante de todos. Vovó e vovô comiam alegremente; e Steve, Sara e Claire conversavam quando cheguei.

- Valerie! - vovô me notou, e os olhares se voltaram pra mim. - Como foi com Lauren?

- Bem. - menti facilmente.

Vovó pareceu pesarosa e mediativa ao me olhar enquanto me juntava a eles no café.

- Eu... - engoli em seco. - Vi a Vingativa ontem. E tenho uma prova.

Silêncio.

- Como assim? - vovó quis saber.

Sem mais delongas, saquei o celular para lhes mostrar a foto do aviso de Annie.

E levei um susto ao ver que a foto não estava mais lá.

- Não! - levantei da mesa, checando mais uma vez. Nada. A foto tinha sido apagada; sumido. Não havia nem registro de quando foi tirada. Foi como se não tivesse existido ou acontecido. - Não é possível!

- O que foi? - Claire se preocupou.

- Ontem à noite, a Vingativa apareceu - contei, apressada. - Ela tentou me matar! Ela escreveu na parede que minha mãe foi a única vítima que escapou dela...e que eu seria a próxima!

Vovô me olhou alarmado, e vovó pareceu furiosa.

- Já chega, Valerie. - disse ela.

- É verdade - Steve entrou em minha defesa. - Algumas noites atrás, vi uma figura me observar da janela. Na mesma noite, Valerie apareceu no meu quarto. Só que não era ela. - ele acrescentou rápido.

- Aconteceu comigo também - contei. - Também vi uma figura na janela. E Steve apareceu - eu o olhei, me lembrando. - Mas eu notei, pelos gestos, que não era ele.

- E o que acha que isso quer dizer? - Sara perguntou, um tanto alterada. - Por que a porra dessa fantasma de merda idiota faria isso justo com vocês dois?! O que ela quer dizer com isso?!

- Eu não sei. - falei depois de um tempo.

- Talvez eu saiba o que aconteceu com a foto de Valerie - Steve continuou, procurando algo no bolso. Logo tirou uma câmera. - Eu também procurei pistas. Coloquei a câmera pra filmar a noite toda qualquer coisa que aparecesse. E tive imagens ótimas. - ele suspirou. - Mas no dia seguinte, tudo tinha sumido. As imagens ficaram ruins.

Ele ligou a câmera num chiado. A primeira imagem o mostrava dormindo. Então, a imagem começou a chiar e tremer. A câmera tremeu e se mexeu sozinha. Em seguida, a imagem ficou desfocada, e tudo o que se pôde ver foi a porta se abrir sozinha. Logo depois, uma figura sinistra apareceu, e a câmera escorregou e caiu no chão.

- Meu palpite - Steve guardou a câmera -, é que qualquer coisa que gravarmos ou filmarmos de algo sobrenatural simplesmente desaparece, como se nunca existisse.

Vovó e vovô ficaram calados.

- John viu a foto - revelei. - Ele sabe que não estou mentindo.

Vovô Hector se levantou, pegando o casaco.

- Vocês têm que ir embora. Não podem continuar aqui.

- Não. - eu disse rápido. - A Vingativa não vai parar. Ela vai destruir todos. Todos os que morreram...ela os mantêm presos aqui! - eu me lembrei de Natasha.

Sara se levantou, puxando Steve com ela.

- Valerie. - vovó se levantou e apertou forte minha mão. - Venha comigo.

Segui vovó até seu quarto, e nos sentamos na cama, suspirando.

- Prometi a mim mesma que não mexeria mais nisso. - disse ela. - Mas chegou a hora de nos livrarmos dessa maldição.

- Então você acredita? - ponderei.

- Eu não queria, por causa da sua mãe - ela me olhou. Ao lado dela, a imagem de Natasha apareceu; sorridente, observando a irmã. Vovó não sentia enquanto Natasha tocava em seus cabelos. Mas vovó era sensitiva: se arrepiou por inteira, e Natasha sorriu pra mim. - Ela está qui, não está? - vovó quis saber.

- Sim, vovó - respondi por Natasha.

- Sua mãe sempre soube da Vingativa. - vovó contou. - Ela estudou naquela escola perto do parque.

- E por que ela está fechada?

Vovó hesitou.

- Porque uma garota foi assassinada lá. Uma amiga de Samantha. - ela fungou. - Filha de Cândida.

- Jennie! - eu me lembrei. - Então, você sugere que há pistas por lá?

- Tenha cuidado. - advertiu. - A própria Vingativa morreu lá. Por isso a escola foi fechada. Sua mãe fugiu com seu pai quando estava grávida de você porque sabia o que ia acontecer caso ficasse. Jennie tentou, mas a Vingativa a matou. Sammantha escrevia aquelas cartas como uma espécie de trégua com a Vingativa. Ela sabia que era a próxima. No dia do acidente... - ela engoliu em seco. - Eu fiquei remoendo o ódio por essa assombração. Estava claro que ela a havia matado! Mas aí você afirma que a própria Vingativa revelou que Sammantha foi sua única vítima que escapou...e resolvi lhe falar.

- Obrigada, vovó - eu apertei suas mãos. - Mas eu tenho que ir nessa escola.

Ela me abraçou, e senti meu celular vibrar no bolso.

Velerie! - era a voz estridente de Lila; parecendo um tanto chorosa. - Não consigo chegar até você! Alguma coisa...tá me prendendo aqui!

- Espera. - eu disse com cautela. - Onde você está?

-Em umacabana abandonada, no meio de um cemitério - ela avaliou o local. - Tem algo sombrio por perto... - sussurrou.

- Estarei aí. - disse, desligando em seguida.

Saí às pressas do quarto de vovó quando Claire me acompanhou.

- Aonde vai?

- Atrás de John - respondi. - Tenho que salvar Lila.

- Vou com você - disse ela. - Mas...onde passou a noite?

Fui pega de surpresa.

Claire sorriu.

- Ah, sei. Você dormiu com John, né? - ela notou meu nervosismo. - Você e ele...transaram mesmo?

- A Vingativa me caçou - falei. - E John apareceu.

- Aham. Sabe quem não gostou muito disso? Steve. - ela disse num tom que não entendi.

- Como assim o Steve?

- Sara e ele discutiram. - contou ela. - Ela reclamou porque ele estava sempre falando de você. Se ela não gostava de você antes, agora piorou. - ela me olhou e, percebendo minha cara confusa, revirou os olhos. - Vamos, Valerie. Nunca percebeu? Ligue os pontos. Steve é apaixonado por você. Sempre foi; desde o colégio. Todo mundo sabia disso. E por que acha que a Vingativa escolheu logo vocês dois? Porque são um casal de verdade.

- Até parece - eu me virei pra ela, inconformada com a ideia. - Steve e eu não nos amamos.

- Mas ele te ama. - respondeu ela. - E é amor verdadeiro. E isso atrai a Vingativa.

Engoli em seco, e balancei a cabeça.

- Vamos resgatar Lila.

E nem o tempo parecia a nosso favor. Era como se fosse chover, e já era de tardezinha. Era a Vingativa - seu humor estava refletido no tempo. E um dia cinza nunca era sinal de algo agradável.

- Precisa correr se quer resgatar sua amiga Lila - Natasha apareceu caminhando ao meu lado. - Annie a aprisionou.

- Me dê cobertura. - sussurrei, e ela assentiu, concordando e sumindo em seguida.

John ajeitava a caminhonete e logo nos notou e apontou para o tempo.

- Isso está mal.

- Temos que ir agora. - eu disse.

- Com esse tempo?

- É a Vingativa - Claire falou. - Ela quer nos atrapalhar.

John sacou o mapa do bolso.

- Não é longe daqui.

Eu suspirei, e entrei na caminhonete.

- Vamos nessa.

John cantou os pneus enquanto entrávamos escuridão adentro da floresta e trovões rugiam sob nossas cabeças, como um breve aviso de que a Vingativa estava bem atrás de nós.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews se gostaram, please!
Fortes emoçoes no prox capítulo!
Até lá!



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