Não podia ser. Orihime pensou um pouco, será que tudo que aconteceu depois de seu resgate não tinha sido apenas um longo sonho? Tirou essa ideia da cabeça quando viu que estava em seu pijama ao invés do vestido com o padrão dos Arrankars. Mas então porque estava ali? Era impossível ter sido sequestrada de novo. Será? Depois do estranho acontecimento com o hollow, e da voz que ouviu em sua cabeça, Inoue não deveria duvidar de mais nada nesse mundo insano. A garota andou pelo pequeno quarto, tentando não relembrar todas as coisas ruins que aconteceram no período que ela passou em Hueco Mundo, ate que sentiu uma terrível presença atrás dela. Não era Aizen, mas era alguém tão terrível quanto. Ulquiorra Schiffer, tão frio e indiferente quanto ela conseguia se lembrar. Ele não se movia ou falava, parecia apenas estar analisando-a ou esperando que a ruiva tomasse uma atitude.

Orihime: V-Você?

Ulquiorra: Qual o problema mulher, não esperava mais me ver? Não é um pensamento totalmente ilógico, mas como pode perceber eu estou bem aqui.

Orihime: Mas você está morto! Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas eu sei que o Aizen está preso e você está morto! E alguém morto não pode me machucar.

Ulquiorra: Quem falou em violência física por aqui? Pelo visto você ganhou um pouco mais de coragem depois desse tempo. Será que sua força aumentou? Não, de acordo com as informações de Aizen-sama isso ainda não aconteceu. Então deve ser pela possível evolução do seu relacionamento com Kurosaki Ichigo. Tinha esquecido-me completamente de suas crenças que sentimentos são a grande diferença entre a vida e a morte.

Orihime: Me responda, o que está acontecendo!

Ulquiorra: Tentando disfarçar o assunto, pelo visto sua insegurança continua a mesma. Você acha que aquele homem pode desenvolver os tais ‘‘sentimentos’’ por você só porque aquela shinigami disse?

Orihime: Cale a boca! Me deixa em paz!

Ulquiorra: Para sua informação, é bem provável que ela esteja tão interessada quanto você.

Orihime: A Kuchiki-san nunca diria que vai me ajudar se fosse assim. Eu confio completamente nela.

Ulquiorra: Esse é o grande problema que lhe impede de evoluir: Você confia demais em todos. Mas sua mente lhe diz não é mesmo? Ela te avisa que seres humanos, shinigamis, hollows, ou qualquer outra coisa só se importam com si mesmos. Isso se chama instinto de sobrevivência, e apesar de ser mais observado em animais irracionais também existe nos racionais.

Orihime: As coisas não são do jeito que o Aizen quer!

Ulquiorra: A questão não é o gosto de Aizen-sama, ele apenas trata as coisas do jeito que elas são. E o fato é que você sabe muito bem que nenhum dos seus ditos companheiros se importa com você.

Orihime: Não vou permitir que fale deles, meus amigos vieram me salvar quando eu fiquei presa aqui!

Ulquiorra: Te salvar exatamente de que? Porque com exceção daquelas duas Arrankars e de Grimmjow que descumpriram ordens diretas de Aizen-sama, ninguém nunca a machucou mulher. Eu mesmo não fiz absolutamente nada mesmo depois de você ter me dado um tapa, e ambos sabemos que eu poderia.

Orihime: Se eles são tão maus como você diz, porque se machucaram e quase morreram para me salvar?

Pela primeira vez Orihime viu alguma coisa na expressão inalterada de Ulquiorra. Sarcasmo.

Ulquiorra: Você é mesmo tola nessa forma atual. Eles queriam salvar a si mesmos. Você é muito poderosa mulher, mais até do que eles sabem, é obvio que seus ‘‘amigos’’ não queriam que o Aizen-sama ficasse com você. Mas vamos tentar ver pela sua lógica: Se eles se importam tanto com você, já perguntaram pelo menos alguma vez se você conseguiu superar tudo que aconteceu durante sua estadia em Las noches? Porque pela lógica, alguém que foi ‘‘sequestrada’’ não deveria superar tão facilmente.

Orihime desistiu e se encolheu num canto, as lagrimas fluindo de seu rosto. Não ela não queria acreditar naquilo, mas o Espada de olhos verdes era bastante esperto, estava justamente utilizando todas as fraquezas e inseguranças da ruiva para manipulá-la.

Orihime: PORQUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO TUDO ISSO? E PORQUE O AIZEN CONSEGUE FALAR COMIGO? ME DIGA O QUE É ISSO TUDO!

Ulquiorra: Ainda não é a hora adequada para você saber mulher.

Orihime: Então o que vai fazer? Apagar minha memória de novo? Eu recuso!

Ulquiorra: São as ordens de Aizen-sama, e nesse caso seus poderes não iriam funcionar.

Orihime: Se eu não posso lembrar porque continuam aparecendo?

Ulquiorra: Eu irei repetir: Em breve ira saber. Até lá, não será necessário lembrar-se exatamente das minhas palavras ou das de Aizen-sama, você mesma pensará nisso. Agora vá.

A garota desapareceu (tecnicamente ela nunca esteve lá, não exatamente) deixando o arrancar pálido sozinho. Mas não por muito tempo, pois ele se dirigiu até a sala principal, onde Aizen Sousuke estava.

Aizen: Cumpriu o objetivo Ulquiorra?

Ulquiorra: Sim, agora será uma questão de tempo até que ela seja consumida por seu próprio desespero.

Aizen: Não fale desse jeito, apenas vai vir à tona a verdadeira Inoue Orihime.

Ulquiorra: Certo. O senhor acha mesmo que isso vai funcionar Aizen-sama?

Aizen: Claro, aquela garota é a chave para o novo mundo. Eu soube desde que pus meus olhos nela, que havia algo de interessante. Mas não me passou pela cabeça naquele momento que seria algo tão poderoso. Só precisamos ter paciência, e em breve o sol de Las noches irá brilhar com força total.