Os Potters e a Pedra Filosofal escrita por clawsprincess


Capítulo 3
Capítulo 3 - As cartas de ninguém


Notas iniciais do capítulo

último de hj



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Apesar das cinco semanas sem jantar, como insistissem em dizer que não sabiam o que ocorrera, Harry e Aly também ficaram no castigo de escola-armário, armário-escola; nem sequer podiam transitar pela casa.

Na altura em que lhes foi permitido sair do armário, já havia começado as férias de verão. Que bom, dois meses longe de Duda e sua turma certo? Errado, eles continuavam visitando Duda e perseguindo os gêmeos durante as férias, de forma que assim que se viram livres do castigo Harry e Alison adquiriram o hábito de andar no parque da cidade onde não eram atacados por haverem muitas pessoas por perto.

Num desses passeios, Harry e Aly brincavam na gangorra do parque.

- Como é que alguém como Dudley pode ser líder de qualquer coisa, mesmo de uma turminha idiota? - perguntou Aly, se referindo à turminha de Bullies de que Dudley era líder, e essa turminha era a responsável por perseguir os irmãos.

- Deve ser porque ele é o maior.

- E mais burro.

Os dois caíram na gargalhada.

Nos últimos dias o consolo dos gêmeos em relação às visitas da turma de Dudley fora saber que agora só os aguentariam nas férias. Duda iria para a Smeltings, uma escola particular da cidade, e Harry e Aly para a escola secundária. Era o fio de esperança que eles tinham: fazer amigos. Ninguém na escola nova sabia da existência de Dudley ou da turma deles e talvez assim Harry e Alison conseguissem ter uma infância legal.

Lá pelo meio das férias Dudley começou a achar graça no fato de Aly e Harry irem para a escola secundária e resolveu tirar sarro disso. Mas a tirada que ganhou de volta não teve preço:

- E aí priminhos? Fiquei sabendo que na secundária os veteranos metem a cabeça dos novatos no vaso no primeiro dia de aula. Querem praticar?

Alison deu um sorrisinho maldoso: esperara a vida inteira para tirar sarro de Duda.

- Não obrigado. - disse Harry. - O vaso é muito pequeno.

Duda fez uma cara de quem não entendeu. Alison resolveu explicar:

- É que o coitado do vaso nunca recebeu nada tão grande e ruim como a sua cabeça, é capaz de passar mal.

Os gêmeos riram e se afastaram antes que Dudley entendesse a piada.

Depois desse sarro, Harry e Aly se viram mais empolgados para a nova vida que começava, como se tivessem levado uma injeção de ânimo, literalmente. Nada os deixou para baixo, nem mesmo quando os Dursley saíram para comprar o uniforme novo de Dudley e deixaram os gêmeos com a Sra. Figg, afinal, quando ela quebrara a perna fôra por causa de um de seus gatos. Tropeçara em um deles, e parecia não gostar deles tanto quanto antes. Deixou Harry mexer à vontade na televisão e ensinou Alison a fazer tricô.

Pela noite, Duda desfilou com seu uniforme novo da Smeltings pela sala: casaco marrom-terra-vermelha, calças laranjas, sapatos marrons lustrosos, chapéus de palha e uma bengala de madeira. Alison logo pensou que Dudley ia achar um jeito de bater nos alunos com aquela bengala quando os professores não estivesses olhando.

Os comentários mentais de cada um foram:

Válter: "Ah, lá vai ele para a melhor escola de todos, exatamente como o papai aqui..."

Petúnia: "Me lembra Válter com essa idade... Ah, bons tempos."

Alison: "Quanta breguiçe... Se eu tivesse que me vestir assim iria presa por violar no mínimo uns vinte códigos de moda..."

Harry: "Obrigado Senhor por me mandar para outra escola e não me obrigar a vestir uma coisa dessas... Eu ficaria muito ridículo..."

- Filho... O papai está tão orgulhoso...

Harry e Aly sentiram como se tivessem partido costelas só pelo esforço para não rir (ou melhor, gargalhar) da situação. Dudley parecia um espantalho de tão ridículo, e a pose com o peito estufado deixava a situação ainda mais idiota.

Pelo dia seguinte, Aly e Harry levantaram-se com um cheiro tenebrosamente horrível no ar. Ao chegar na cozinha, encontraram Tia Petúnia mexendo uma grande caldeira com tecidos e uma água cinza.

- O que é isso? - perguntou Harry. Como sempre que os gêmeos Potter lhe faziam perguntas, Petunia franziu o cenho e contraiu os lábios.

- O uniforme novo de vocês.

- Não sabia que tinha que ser tão molhado. Ou cozido. - disse Harry. Aly girou os olhos em desaprovação.

- Não seja burro Harry! Ela está fervendo para tirar a sujeira.

- Não e não. Estou tingindo de cinza umas roupas velhas, vão ficar iguaizinhas às dos outros quando eu terminar.

Os gêmeos tinham sérias dúvidas a respeito, mas acharam melhor não discutir e se assentaram para tomar café. Harry ficou pensando em como seus planos de fazer amigos poderiam ser arruinados ao chegar na escola parecendo que usava a pele de um bebê elefante, quando de repente o barulho da portinhola indicou que haviam chegado o correio.

- Apanhe o correio Dudley. - ordenou Vernon.

- Mande a Alison pegar.

- Apanhe o correio Alison.

- Mande o Harry pegar. - Harry fitou a irmã com uma expressão incrédula, enquanto ela comia uma maça e lia um livro qualquer que achara nos descartes da biblioteca.

- Apanhem os dois.

- Mande o Dudley pegar. - disseram os gêmeos juntos.

- Cutuque-os com a bengala da Smeltings, Duda.

Os gêmeos se levantaram e foram até a porta fugindo da bengala. Com o livro debaixo do braço e segurando a maça com a outra mão, Alison se abaixou para pegar o correio e foi passando as cartas até...

Srta. Potter,

O Armário Sob A Escada,

Rua dos Alfeneiros 4,

Little Whinging,

Surrey.

O coração dela pulou. A carta estava endereçada em uma tinta verde-musgo e tão perfeitamente descrita que não tinha como ser para outra pessoa além dela. Seu rosto se iluminou: nunca na vida recebera uma carta, nem mesmo cobranças da biblioteca, sempre entregara os livros no prazo.

Pegou sua carta. Harry ao passar pelas cartas descobriu que também havia uma para ele:

Sr. Potter,

O Armário Sob A Escada,

Rua dos Alfeneiros 4,

Little Whinging,

Surrey.

Os gêmeos caminharam pelo corredor com os olhos grudados em suas respectivas cartas, sentaram-se na mesa cheios de expectative. Porém, no exato instante em que rasgavam o envelope Duda gritou.

- OS GÊMEOS RECEBERAM CARTAS! PAI, MÃE, ELES RECEBERAM CARTAS!

O caos reinou. Dudley tentava a todo custo descobrir do que se tratava e pegar uma das cartas para ler. Petúnia e Válter se desesperaram ao ver o brasão que lacravam as cartas e tentavam pegá-las, e Harry e Aly lutavam para ficar com suas correspondências. Depois de muitos berros, puxões de cabelo, mordidas, socos, chutes e pontapés, os Dursley adultos seguravam as cartas no alto. Petúnia entregou a que estava com ela para o marido e pôs as três crianças para fora.

Então começou uma batalha visual entre os três para espiar pelo buraco da fechadura. No fim, Dudley ganhou, Harry se colou no chão para ouvir pela fresta entre o chão e a porta e Ashley grudou a orelha na porta.

- Ah Válter, o que vamos fazer?

- Eu não sei! Não sei, estou pensando...

- Nós juramos, ao recebê-los em nossa casa cortaríamos pela raiz esse mundo estranho!

- Já sei! Devemos ignorá-las, fazer de conta de que não estamos interessados... Entende?

- Não estou muito certa com isso... Essa gente faz cada coisa...

- Decidido!

Válter abriu a porta e foi até a sala com as cartas na mão. Os três se puseram em seu encalço. Ao chegar no cômodo, ele acendeu o fogo elétrico e jogou as cartas lá.

- Foi engano. - disse o homem. E saiu, deixando Harry e Aly desolados.

Mais tarde, os dois discutiam o assunto assentados em sua cama dentro do armário.

- Não foi engano Harry! Estava perfeitamente endereçada!

- Eu sei! Mas porque será que os Dursley não querem nos deixar lê-las? Será que é de algum parente desconhecido...

- Talvez. Como saber?

- Será que vão tentar entrar em contato de novo? Temos que ficar de olho.

- Eu sei e...

Nesse momento bateram na porta do armário. Harry abriu, era Válter.

- O que quer? - perguntou Alison, rude. Seu tio fez uma cara brava,de quem estava prestes a começar a dar uma bronca, mas logo em seguida sua espressão se suavisou e ele forçou um sorriso.

- Sabem, Petunia e eu estamos pensando e... bem... vocês dois... Estão crescendo. Estão grande demais para um armário, uma cama só. Vão se mudar para o segundo quarto de Dudley. Imediatamente.

E saiu.

Harry e Aly precisaram apenas de uma viagem para mudar todas as suas coisas para o andar de cima, e Aly rapidamente se ocupou em redecorar o local colocando toda a tralha de Duda para fora e arrumando a grande cama de casal, essas coisas. Ela tinha um pendor para tudo que envolvesse cozinha e transformações, então o quarto foi de depósito de bagunça para quarto super bem decorado em minutos.

Harry se largou em uma mesa brincando com uma bolinha de meia.

- Sabe Ash, sempre admirei sua facilidade com tudo que envolve mudanças. Você se adapta com facilidade.

- Em compensação sou péssima com coisas práticas. Não sei nem varrer a casa.

Eles riram, mas não estavam tão felizes quanto queriam. Até um dia atrás dariam tudo para estar ali, mas agora preferiam continuar no armário com as cartas do que ali em cima sem elas.

Pela manhã, Harry e Aly desceram para a cozinha e encontraram a porta fechada, Dudley do lado de fora e a mesma discussão.

- O que aconteceu? - perguntou Harry para o primo.

- Mandaram outras cartas para vocês dois.

Os irmãos começaram a esmurrar a porta e a berrar, mas logo pararam para ouvir a discussão:

- ... e agora endereçada ao "Menor Quarto da Casa"! Estamos sendo vigiados Válter!

- Acalme-se, nada de desespero, vamos continuar ignorando.

E as cartas foram queimadas no fogão.

Pela noite, os gêmeos voltaram a discutir o assunto:

- Nos escreveram de novo! - começou Alison.

- Sabem que não lemos as primeiras cartas...

- Sabem que nos mudamos para o quarto.

- Então com certeza sabem que também não lemos estas.

- Vão tentar de novo. Temos que fazer algo!

Harry sorriu:

- Eu tenho um plano.

Às seis da manhã o despertador soou baixinho, mas alto o bastante para por Aly de pé. Ela cutucou Harry até que ele também se levantasse e eles descerem como gatos no escuro, e de meias para não fazer barulho nenhum.

Pretendiam esperar o carteiro do lado de fora da casa, receber primeiro a correspondência e ler na rua mesmo. Porém, no caminho, Harry pisou em algo - algo vivo - que berrou e agarrou os tornozelos de cada um deles. Válter dormira no capacho para impedi-los de fazer exatamente o que pretendiam.

O homem os mandou para a cozinha, onde Alison foi terminando o café e Harry lavando a louça. Meia hora depois o correio foi entregue bem no colo do Sr. Dursley e ele foi até a cozinha, onde rasgou nada menos que seis cartas, três para cada, bem na frente deles e levou os pedaços para o vaso sanitário.

Neste dia Válter ficou em casa ao invés de ir trabalhar. Pregou a portinhola do correio, resmungando coisas como "se não puderem entregar as cartas vai estar tudo resolvido". Petúnia parecia discordar, mas achou melhor não discutir.

Ela estava certa, no dia seguinte doze cartas para cada um foram enfiadas pelas frestas das portas, janelas e até mesmo por um buraco de rato.

Válter ainda mais irritado fechou todo e qualquer pequeno espaço que tivesse na casa.

A situação ficou realmente desesperadora quando o leiteiro entregou confuso quatro duzias de ovos para Petunia pela janela da cozinha, e ao quebrá-los para fazer uma omelete ela viu saírem cartas de dentro deles, enroladinhas, uma em cada ovo. Aly adentrou a cozinha bem a tempo de ver a tia picotar os pergaminhos no processador de alimentos.

Harry e Alison mal se aguentavam de nervosismo, a garota tivera um ataque de ansiedade e como sempre fazia quando ansiosa começou a cantarolar músicas por todo lugar onde passava, e balançava a perna direita freneticamente ao se sentar. Harry comia a toda hora e assaltava a geladeira durante a noite. Nenhum dos dois dormia direito.

No domingo, Válter se sentou no sofá com um semblante alegre demais, para  gosto dos gêmeos.

- Hoje é um dia muito bom. Muito bom mesmo. Sabem por quê?

- Porque domingo não tem correio? - resmungou Harry cutucando um buraco no carpete da sala.

- Exatamente. Nada de cartas. Nada de correspondências. Nada de endereços verdes escritos "O Menor Quarto Da Casa". Nada. Nadica de na... - nesse instante um ruído começou a sair da lareira e ao se aproximar, Válter foi derrubado ao chão por uma enxurrada de cartas.

Então a casa começou a ser invadida por elas, entravam pela lareira, arrebentaram as tábuas das janelas, a caixa de correio... o chão estava coberto com centenas delas, e Harry e Ashley tentavam apanhá-las, mas Petunia agarrou a garota por trás e Válter segurou Duda e Harry, um com cada mão, enquanto berrava.

- AGORA CHEGA! FOI A GOTA D'ÁGUA! NÓS VAMOS EMBORA PARA BEM LONGE! IMEDIATAMENTE! JÁ!

Minutos depois, Válter vigiava as três crianças dentro do carro e Petúnia ia voltava com mochilas de poucas roupas para os cinco. O Sr. Dursley dirigia resmungando e vez ou outra fazia uma curva repentina ou mudava de direção, para "despistá-los". Pela noite, todos se viram dividindo um quarto de hotel.

De manhã, ao pagar a conta Dursley recebeu a notícia:

- Alguns de vocês são Srta. e Sr. Potter? Eu tenho centenas destas na recepção... - e balançou uma carta.

- Eu pego a correspondência. - disse Vernon, pegou todas as cartas e jogou no primeiro lixo que achou.

Eles continuaram viajando. Duda começou a entrar em colapso, não costumava ficar tanto tempo assim longo de sua televisão:

- Hoje é segunda! Quero ver o Grande Humberto se apresentar, quero estar em algum lugar que tenha televisão!

Harry e Alison sentiram os estômagos revirarem. Se era segunda, e dava para confiar que Dudley soubesse os dias da semana por causa da televisão, o dia seguinte era terça-feira e aniversário dos gêmeos.

Não que fosse interessante, eles geralmente ganhavam cabides e meias velhas, mas não é sempre que se faz onze anos.

Depois de um bom tempo, o crepúsculo pairava no céu e uma chuva fina caíaa do céu escuro e assustador. O moço do rádio prometera uma tempestade para a noite, o que não era nem um pouco animador. No momento, Petúnia, Harry, Ash e Dudley estavam parados no meio de um matagal. Válter saíra para comprar algo há muito tempo e ainda não voltara.

Depois de mais um longo tempo, o homem apareceu na janela do carona.

- Saiam, achei o lugar perfeito para nós, e comprei algo para comermos depois.

Em poucos minutos eles se viram na beira do mar, em frente a um casebre miserável em uma ilha que parecia prestes a ruir.

- Um senhor teve a bondade de nos emprestar seu barco a remo.

- Papai enlouqueceu, não foi mamãe? – Duda mais afirmou do que perguntou com a cara gorda assustada.

Logo se viram acomodados no casebre. Válter largou cinco pacotes de um papel amarelado na mesa, um para cada um e um outro fino e comprido. Os pacotes continham uma embalagem de cereal e uma banana para cada um. Vernon tentou acender a lareira com as embalagens de cereal, mas não conseguiu.

- E então, aquelas cartas viriam a calhar agora, não?

Estava de muito bom humor, crente de que ninguém os encontraria lá. Internamente, aborrecidíssimos, os gêmeos foram obrigados a concordar.

Mais tarde, Válter e Petúnia haviam se acomodado na cama encalombada no patamar de cima do casébre, Duda no sofa do andar térreo e Harry e Aly dividiam um lençol ralo na parte mais macia do assoalho.

- Ei Harry, olhe. - disse Alison, indicando o mostrador do relógio de Dudley. Faltavam dez minutos para a meia noite.

- Eu queria saber o que está havendo. Por que estão escondendo simples cartas de nós?

- Nem gostam da gente. Se for um parente qualquer querendo nos levar embora, deviam simplesmente deixá-lo nos levar e acabar com tudo de uma vez.

- Vai ver quando voltarmos a casa vai ficar entupida de cartas e vamos conseguir surrupiar uma.

- É. Quem sabe.

Eles ficaram mais um longo tempo em silêncio. Quando faltavam dois minutos, Aly desenhou um bolo na poeira do chão e Harry fez as velinhas e escreveu "Happy Birthday". Eles cantaram parabéns e exatamente quando faltavam dois segundos...

- Faça um pedido. - eles disseram juntos. Ambos pediram a mesma coisa. A carta.

Assim que sopraram as velas um barulho ensurdecedor soou do lado de fora da casa. Alguém batia na porta.

Aly abraçou a Harry com medo, trêmula.

- Feliz aniversário Aly...

As batidas se tornaram mais intensas.

- Feliz aniversário Harry.

A porta desabou.

O queixo dos irmãos caiu ao ver quem estava no portal.


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