Megaman Saga escrita por Guilherme Walnut


Capítulo 2
Conexão Zero - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Agora sim, neste capítulo a história entra com tudo. A todos apenas devo dizer: Bem vindos a Celleron!



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Espirais infinitas contornavam a visão de Alry. Algo parecia estar próximo, era o fim daquele buraco de minhoca? Sim e como que viessem do nada, ele e seu novo amigo robô foram jogados num telhado forrado com palha. Cuspindo feno pra todo lado, ele se levantou e esfregou o rosto, logo depois constatando que realmente acertou o caminho para Celleron. Um pequeno erro e eles se perderiam numa dimensão qualquer.

Mais aliviado, olhou ao seu lado e viu X debruço, imóvel. Será que não aguentou a viagem no tempo e desligou? Pensou Alry, mas ao tocá-lo, a repentina virada de cabeça ao estilo da menina do exorcista, o fez dar um salto pra trás.

– Aaaah! - Gritou Alry. Só ai X finalmente se pronunciou:

– Então é essa a reação ao se viajar no tempo? Vou anotar... - Disse o robô, já se levantando e teclando em sua Touch Screen no braço direito.

– Ehr... Deixa pra lá - Alry então deu uma olhada a sua frente e correu pelo telhado, saltando-o - Vem, guardião, me segue! - E eles partiram dali, de telhado em telhado.


A urbanização aparentemente era muito parecida com o mundo em que X está acostumado. Os mesmos tipos de construções, as mesmas vilas, os mesmas praças, os mesmos becos. Foi num desses becos, que eles desceram. Alry olhou bem por entre os muros preocupado com alguma coisa.

– Vamos, não há nada aqui - E ainda com muito cuidado, sempre olhando pra trás e pra frente, ele começou a andar pelas vielas.

– Você parece estar com medo de alguma coisa... - Disse X, mas Alry fingiu não escutar e de repente parou. Luzes vindas das vielas revelavam a presença de algo.

– Droga! - X percebeu sua aflição e tomou a frente.

– Vamos ver do que você tem medo...

– Não! - Gritou Alry.
Correndo, X parou já mirando o canhão na virada da viela e bem... Se surpreendeu

– É com isso que você está preocupado? Hehe... - Era uma pequena sirene com lanterna, semelhante a aquelas que policiais usam em seus carros, só que com dois olhos e dois bracinhos minúsculos.

– Não deixa eles... - antes que Alry pudesse avisar, o bichinho já iluminou X, que ainda rindo dele, não reparou que isso acionou um alarme - ...te iluminarem.

– O quê? - De repente, armas pré-carregadas começaram a sair das paredes e metralhar o inimigo, no caso X, que antes de ser fuzilado, foi puxado por Alry para a sombra novamente.

– Esse lugar é todo armado e vigiado, principalmente nesse horário, a ordem é pra matar! - X ficou espantado, porém também aliviado, por ter sido salvo. De agora em diante também ficou atento e pelas sombras, continuaram a caminhada.

– Então sabe do paradeiro de Zero? - Perguntou Megaman X. Alry novamente tentou passar despercebido, mas X então parou ao seu lado - Se você continuar a manter esses segredos assim, então não teremos mais o que conversar.

– Sabe essa cidade, Celleron, costumava se manter bem com a exploração de nossos minérios. Todos trabalhávamos para que tudo desse certo, porém um dia, um grupo de nômades, cheios de apetrechos tecnológicos invadiu a cidade e dominou tudo, deixando meu povo a sua mercê...

– Eu sinto por você e seu povo, mas... O que isso tem a ver com meu parceiro, Zero? – Calma, calma, eu chegarei lá. Depois de muito tempo abusando de nossos recursos e explorando nossas minas, eles decidiram ficar e se estabelecer aqui, passando a nos controlar desde então. Passamos meses desesperados sem poder reagir, mas num dos dias em que eu e meus parceiros mineradores fomos obrigados a procurar pedras preciosas para os nômades, acabei achando um cristal e não me pronunciei, guardando-o comigo. De repente uma intensa luz no alto dos montes do norte nos chamou atenção. Era um clarão que até cegava nossos olhos e foi então que se aproximando e com cautela, encontramos um robô caído, no meio de uma pequena cratera causada pela forte queda.

– Um robô? Esse robô era o...

– O Guardião Vermelho, assim o chamamos. Bom primeiramente achamos que era mais uma das engenhocas dos nômades, mas quando um de meus parceiros partia pra alertá-los, algo me disse que aquela não era a melhor atitude. Foi então que sem pensar nas consequências convenci uns aliados a apanhá-lo e o levamos a uma caverna, meio longe dali, pra nenhum nômade nos perturbar. Você é louco! Um deles me disse e o ignorei, analisando aquela máquina. Parecia estar desligada, porém ao mirar sua testa, vi um vidro quebrado.

Sem conseguir obter nenhum sinal de que aquilo funcionava, acabei desistindo e então o coloquei de pé, encostado na parede da caverna. Estava quase intacto, a não ser o vidro quebrado em sua testa. Foi ai que lembrei daquele cristal que acabará de achar e para enfeitar o coitado do robô quebrado eu coloquei o cristal lá. Na mesma hora a pedra se agarrou ao robô de um modo que não consegui mais tirá-la e quando vi ela brilhava forte e assustado me afastei, apenas vendo um clarão mais forte ainda, que me fez até cair no chão.

Ao olhar pra cima, lá estava ele, com seu brilho intenso e avermelhado, agora de pé. Se antes possuía apenas alguns arranhões, agora estava novo em folha e parecendo uma máquina de guerra. Foi ai que comecei a me tocar e ficar com medo do que aquilo poderia me fazer, mas ouvi vozes de fora da caverna. Ei Alry, já sabemos que você achou alguma coisa e está tentando esconder de nós! Eles gritaram. Eram capangas dos nômades, como aqueles dois que nos atacaram. Ao ver o robô, ameaçaram chegar perto, mas ele sacou uma espada enorme, que me assustou e me arrastei pelo chão pra sair do caminho. Os nômades confiantes demais riram e um deles jogou uma granada esférica de eletricidade, para prender o robô, pelo menos na intensão, pois ele num só movimento com a espada a cortou no ar. Segunda tentativa com três granadas esféricas e todas partidas em pedaços ainda em curto no chão. Decidiram então ir pra cima e o robô teve tempo de guardar a espada e desviar, vindo parar ao meu lado e depois saltando e disparando tiros acertou o outro. Ainda se virou sacando a espada novamente e esperou ser atacado pra contra-atacar, rachando o colete de metal do nômade em apenas uma passada da espada. O coitado começou a correr assustado e conseguiu fugir.

– Agora não me resta dúvidas, é Zero, foi ele quem você encontrou e restaurou com um cristal! Mas onde ele está? Ele fugiu depois disso? Te atacou? - X começou a perguntar a Alry já o pegando pelo pescoço.

– Ei, calma ai - Pediu Alry e X o soltou, mais tranquilo - Eu estava morrendo de medo dele depois do que vi. Foi então que ele, ainda com a espada na mão, se aproximou de mim e eu fiquei imóvel. Ele então disse "Foi você não foi?" apontando para sua própria testa. De algum modo ele sabia que eu havia o restaurado. Porém, ele não sabia direito quem era e onde estava, apenas que eu o restaurei. Eu então fiquei mais confiante em m aproximar e o levei comigo e mais uns poucos amigos confiáveis pra ainda mais longe dali. Antes dele chegar, ninguém se metia cm os nômades, mas depois de ver o que ele fez, uma pequena ponta de esperança brotou no meu coração. E talvez no de todos que estavam junto comigo.

Com sua memória danificada, o robô aceitou ficar e aos poucos foi conhecendo nossa história, assim como você está conhecendo agora. Ele se tornou um de nós, passou a se preocupar com o ataque nômade. Eu e os outros ainda íamos aos minérios, para não levantar suspeitas, mas quando voltávamos, o Guardião Vermelho nos instruía sobre como deveríamos nos proteger. Aos poucos fomos aprendendo também a não só nos defender, mas também atacar. Passamos a acreditar que poderíamos sim enfrentar os nômades. Estava formada a aliança rebelde, liderada pelo Guardião Vermelho.

Primeiramente começamos a defender o povo das brincadeiras dos capangas dos nômades. Mas sempre sutilmente, muitas vezes nem sendo vistos, quando algum deles ameaçavam agredir um dos nossos, os impedíamos com as táticas ensinadas por nosso líder e depois saímos de cena. Isso foi dando certo até a hora que o fato de nossa existência chegou até os ouvidos do chefe dos nômades.

– Chefe? Então esses nômades eram um grupo bem organizado? Quem é esse chefe?

– Sim, eram. Ou melhor, são! Seu chefe é conhecido como Trevian, impiedoso e sedento de riqueza. Lidera seu grupo nômade de região em região, sempre sugando tudo que o local tem a lhe oferecer. Ao ver o quanto abundante é o minério aqui em Celleron, ele decidiu ficar mais tempo do que está acostumado, fixando seu território.

A principal força de Trevian e seu exército era a tecnologia, mas ele não contava com a vinda do Guardião Vermelho, que com o material que nós coletamos, começou a criar coisas ainda mais avançadas que o exército de Trevian, a partir das variedades de cristais que nós temos aqui em Celleron. Um bom exemplo disso é a Ampulheta, que me permitiu viajar no tempo em busca do Guardião Azul, você!

– Mas como? A memória não estava danificada? Como ele foi se lembrar de mim? - indagou X.

– Ele apenas se referia a você como o Guardião Azul, por se parecer muito com ele e ser azul. Parece que alguma coisa ainda estava salva em seu banco de dados quase perdido. Ordenou que eu usasse a Ampulheta para te procurar em caso de emergência.

– Emergência? Qual emergência? - Perguntou X. Alry ficou um instante calado. Nesse momento estava abatido como se lembrasse de algo que não queria lembrar.

– É melhor conversarmos depois. Aqui tem nômades de sentinela shiiiiiu! - Desviando da conversa, Alry ficou atento. E X que estava na frente observou a sombra, que possivelmente era de nômades se aproximando.

– Alry. Acho que são nooô... - X foi interrompido pelo puxão que levou do outro, que por uma porta de frente com o beco, o jogou pra dentro de uma casa.

Megaman X caiu num piso de madeira e ainda no chão, ao olhar pra frente, viu um par de pernas, aparentemente femininas e foi seguindo pra cima até ver uma jovem, completamente espantada o olhando.

– Éh eh... o guar... o guaguar... - Ela não conseguia se pronunciar.

– Sim é o Guardião Azul! - Tratou logo de dizer, Alry, antes que a moça tivesse um troço.

– Mah mah... Mas ele é ainda mais lindo que o Vermelho! - Ela exclamou, se abaixando - Deixe-me ajudá-lo a levantar...

– Não precisa. Eu posso me levantar sozinho...

– Eu disse que vou ajudá-lo a levantar! - Exclamou estérica, fazendo X concordar na hora - Agora vou te levar pra o seu quarto, você precisa descansar, veio de muito longe? - Ele olhou para Alry na tentativa de que ele fizesse alguma coisa, mas o mesmo deu de ombros.

– Eu vim de outra dimensão - A jovem olhou pra ele e começou a rir.

– Muito engraçado, Guardião, muito engraçado! - Ela ainda ajeitou o travesseiro e ficou esperando ele deitar, só depois saindo do quarto. O detalhe é que X é um robô e robôs não precisam dormir - Se precisar de alguma coisa é só me chamar.

Ainda na sala, Alry se aproximou da lareira. aproximou as mãos para esquentá-las e ouviu passos vindos da cozinha.

– Imagina só se fossemos robôs, não sentiríamos frio, nem calor, nem dor, nem nada, seria um maravilha não é mesmo? - Um senhor, velho, de cachecol e blusa, cabelos brancos e uma caneca na mão.

– Como está pai? - O senhor o abraçou.

– Eu estou até bem, na medida do possível - Alry o abraçou mais forte ainda. A imagem da moça num calabouço voltara a sua mente.

– Prometo que a trago de volta...

– Eu sei, filho... Eu sei.


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Notas finais do capítulo

Pra quem ler, muito obrigado, se quiser deixar uma sugestão ou critica, são sempre bem vindos, ou também algo que não entenderam, eu explico.
Valew mesmo, até o próximo chapter!!!



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