Lily Petuny Evans

—Bem no meio da campina, sob o salgueiro, uma cama de grama, um macio e verde travesseiro— cantarolou enquanto apoiava-se no tronco da macieira que havia em seu jardim.

—Lily, poderia calar a boca por favor?— seu melhor amigo, Severo pediu tapando os ouvidos.

—Eu não sou tão ruim assim— murmurou fechando a cara.

Severo apenas riu enquanto bagunçava os cabelos levemente arruivados da garota, era impressionante, uma garota do distrito 12 que tinha os cabelos ruivos, ela era a única para ser sincera.

—Por que você sempre insiste em bagunçar meus cabelos?— perguntou ajeitando as madeixas lisas.

—Ainda não entendo como você é ruiva— falou fazendo uma cara pensativa.

—E agora porque eu sou ruiva você tem que bagunçar os meus cabelos?— perguntou irônica.

—É só que eu fico impressionado com eles— disse pousando os olhos cinzentos nos olhos verdes da garota —e você tem olhos verdes, você realmente não é do distrito 12— disse rindo levemente.

Aquele sorriso, como Lily amava aquele sorriso, sentia borboletas se formarem em seu estômago toda vez que via o sorriso de Severo, ele podia ser seu melhor amigo, mas isso não mudava o fato de ela estar completamente apaixonada por ele.

—Por que está me olhando com essa cara de sonsa?— perguntou rindo debochadamente —sou muito atraente para você?

—Sonhe querido— disse se levantando.

—Onde pensa que vai Evans?— perguntou levantando-se também.

—Me arrumar, como você deveria ir fazer também, hoje é dia da colheita, já se esqueceu?— perguntou tirando qualquer resquício de terra que houvesse ficado nas sua roupas.

—Ah sim, a colheita— disse com a voz um pouco tensa, também se levantando.

—Não precisa se preocupar, tem noção de quantas crianças pegaram tésseras?— perguntou andando lentamente.

—E você não pegou nenhuma, seus pais são professores, faz parte de uma das famílias mais ricas do distrito— disse vagamente.

—Exatamente, eu não vou ser sorteada— disse sorrindo —hey, eu tenho dezesseis anos, tenho só mais três colheitas pela frente, depois me junto a você no time de quem não corre mais o risco de ir para os Jogos— disse sorrindo abertamente.

—Mal posso esperar— falou sinceramente.

—Ok, agora chega de me prender aqui, eu tenho que me arrumar, e você também— disse cruzando os braços e fingindo irritação.

—Não tenho que me arrumar, a câmera nem ao menos vai apontar para mim— disse dando de ombros.

—De qualquer modo, eu tenho que me arrumar, então eu já vou indo— disse andando em direção a porta de entrada.

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—Está linda, querida!— a mãe exclamou ao ver a filha descer com um vestido verde, sapatilhas azuis, e um rabo de cavalo alto.

—Obrigada— falou alisando o vestido.

—Devo me preocupar com os garotos?— o pai perguntou se aproximando.

—Não seja bobo— murmurou rindo.

Todos seguiram para o local da colheita.

Nathan Fregstrong

—Ainda lendo isso, Nathan?— a mãe adotiva perguntou entrando no quarto silenciosamente.

—Claro, afinal fala sobre o meu passado não é mesmo?— perguntou fechando o diário que pertencia ao seu falecido irmão que ele nem ao menos chegou a conhecer.

A mãe apenas sorriu enquanto acariciava as costas do garoto.

—E seu urso, nunca vai largar dele?— perguntou dirigindo o olhar para o ursinho de pelúcia que se encontrava na cabeceira da cama do garoto.

—Não— disse sinceramente enquanto ria.

—Tudo bem— falou se levantando —acho bom você começar a se arrumar.

—Eu também acho— disse colocando o diário de lado e se dirigindo para o banheiro —mãe — chamou antes de entrar no banheiro.

—Sim?— perguntou antes de entrar no banheiro.

—Deseje-me sorte— pediu sorrindo.

—Boa sorte meu anjo— falou jogando um beijo em sua direção.

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—Que irmão lindo que eu tenho!— a irmã adotiva mais velha Lucia exclamou apertando suas bochechas.

—Lucia eu tenho o dobro do seu tamanho, não combina você fazer isso comigo— disse rindo a afastando a irmã.

—Vocês dois, parem de brincar, ou vamos nos atrasar para a colheita— a mãe adotiva falou severa.

Eles apenas assentiram enquanto seguiam para o local da colheita.

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Sarah Fenty era uma representante animada demais para o distrito mais melancólico de Panem, esse ano usava uma saia de paetês verde e uma blusa extravagante no tom de laranja fluorescente, sem contar o salto rosa altíssimo, a maquiagem exageradamente colorida e a peruca roxa metálica.

—Bem vindos, bem vindos, sejam todos bem vindos!— exclamou animada como de costume —feliz Jogos Vorazes, e que a sorte esteja sempre ao seu favor!

Logo depois o mesmo vídeo de sempre foi passado.

—Agora chegou o meu momento favorito!— exclamou com um sorriso exagerado no rosto— o momento de escolhermos os tributos!— praticamente gritou dessa vez enquanto dava saltinhos —primeiro as damas, alguma voluntária?— como ela esperava ninguém se manifestou, o distrito 12 nunca havia tido voluntários, não era hoje que teria, então depois de muito enrolar, ela escolheu um papel e leu-o em alto e bom som —Lily Petuny Evans!

A garota arregalou os olhos mais do que o normal, queria morrer, queria morrer ali mesmo, não era possível, ela tinha seu nome apenas cinco vezes dentro daquele globo, apenas cinco vezes, ela procurou por Severo e quando finalmente achou seu rosto perdido na multidão encarou-o com lágrimas nos olhos, como se estivesse pedindo ajuda, mas ele simplesmente fez um sinal com a cabeça para ela subir, afinal, não havia nada que ele pudesse fazer.

—Suba aqui queridinha, não tenha vergonha!— Sarah exclamou procurando algum sinal de quem quer que fosse a garota que havia sido sorteada.

Sarah continuou parada, na esperança de que ninguém soubesse que ela era a garota que havia sido sorteada, porém quando as garotas que se encontravam na sua frente começaram a abrir caminho, foi impossível não notarem que ela era Lily Petuny Evans.

Ela continuou parada,s em se mexer, ela não sabia ao certo por que ela estava fazendo aquilo, mas continuou parada como uma estátua, até que dois pacificadores vieram e praticamente a arrastaram para o palco.

Ao chegar nas escadas, ela continuou paralisada.

—Venha queridinha, temos que terminar a nossa cerimônia!— Sarah exclamou tentando soar dócil, mas a irritação era explícita em sua voz.

Ela estendeu a mão para Lily e fez uma cara de nojo ao perceber o quão suada a mão da garota estava, e praticamente teve que arrastar a garota para cima.

—Bem, agora os garotos!— exclamou um pouco sem graça limpando na saia a mão que havia segurado a mão suada da garota —voluntários?— novamente ninguém se pronunciou, então ela tirou um nome de dentro do globo masculino —Nathan Fregstrong!

O garoto olhou assustado para o palco, enquanto os garotos que estavam a sua frente abriam espaço para ele passar, ele caminhou a passos vacilantes até o palco, aceitando a ajuda de Sarah, que agradeceu mentalmente pelas mãos do garoto não estarem suadas como as da garota.

—Aplausos para Lily Petuny Evans E Nathan Fregstrong, os tributos que representarão o distrito 12 na 46ª Edição dos Jogos Vorazes!— exclamou animada fazendo os tributos apertarem as mãos enquanto nenhum aplauso era ouvido da plateia.

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—Lily!— a mãe entrou desesperada na sala onde a filhas e encontrava.

—Mamãe— a garota murmurou aos prantos.

—Oh Lily— a mãe sussurrou abraçando-a.

—Me ajuda— a garota pediu com a voz rouca.

—O que espera que eu faça?— a mãe perguntou também começando a chorar.

—Filha— o pai murmurou com os olhos cheios de água.

—Papai— a garota murmurou de volta.

—Lembre-se, você pode ganhar isso— o pai encorajou-a abraçando a mesma.

—Como? Em quarenta e seis anos de Jogos Vorazes, apenas uma pessoa ganhou— murmurou engasgando-se com as palavras.

—Você sabe usar um arco e flecha— o irmão mais velho falou acariciando os cabelos da garota.

—Prometa que ao menos tentará Lily— a mãe pediu com os olhos vermelhos e inchados devido ao choro.

—Tempo esgotado!

—Eu prometo!— a garota exclamou com a voz falha antes de seus pais serem arrastados para fora.

—Lily!— Severo entrou correndo e abraçando a garota.

—Severo— a garota retribuiu o abraço apertado —achei que não viria.

—Esperava que eu deixasse você partir antes mesmo de dizer adeus?— perguntou com a voz embargada —você pode ganhar Lily!

—Como?— perguntou levantando o rosto para observar o rosto que agora não continha o sorriso que ela tanto amava.

—É a garota mais inteligente que eu conheço, isso vale mais nos Jogos do que qualquer outra coisa,a te mesmo força física— disse acariciando o rosto pequeno e delicado de Lily.

Lily fechou os olhos diante ao toque, foi aí que ela percebeu, estava indo direto para a morte, era agora ou nunca, ela tinha que contar.

—Eu preciso te contar algo— disse se separando levemente dele, enquanto ele fazia sinal para que ela continuasse —eu te amo— murmurou quase inaudivelmente .

Sem mais nem menos Severo colou seus lábios nos lábios dela, em um beijo apaixonado, no qual tentou transmitir todos os seus sentimentos.

—Tempo esgotado!

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—Nathan!— a mãe adotiva entrou seguida da irmã.

—Não me façam chorar— pediu segurando as lágrimas.

Elas apenas assentiram enquanto chegavam perto.

—Era de Laura— sua mãe adotiva entregou o colar com a lua minguante de prata que pertencia a mãe verdadeira de Nathan.

—Obrigada— o garoto murmurou deixando uma lágrima solitária escapar de seus olhos.

—Eu coloco para você— a irmã sussurrou prendendo o colar no pescoço do irmão —eu vou deixar a adaga de prata que era do seu irmã rápido antes que mamãe veja, trate de conseguir levá-la escondida para a arena— sussurrou quase inaudivelmente quando prendeu o colar no pescoço do irmão, que apenas assentiu.

—Tempo esgotado!— uma pacificador exclamou abrindo a porta enquanto Lucia colocava discretamente a adaga no colo do irmão e saía.

Não houveram mais visitas para Nathan.