Jenna Sulis

—Vejam só se não é a linda Raio de Sol?— ouviu uma voz masculina mais ao longe seguida de um assovio.

Ela simplesmente deu um sorriso para quem quer que tivesse a elogiado e seguiu para dentro de casa.

—Jenn, até que enfim, onde você estava?— o irmão mais novo, Pedro, perguntou com a expressão preocupada.

—Fui tomar um ar, estava me sentindo sufocada— disse fechando a porta.

—Preocupada com a colheita?— perguntou sentando-se.

—Sim, aproveite que ainda tem onze anos e não corre o risco de ser sorteado— falou sentando-se ao lado dele.

—Nem me fale, só de pensar que ano que vem já corro o risco de ir para os Jogos eu sinto medo— falou fazendo uma cara de espanto.

—O que os dois estão fazendo aí parados? É dia da colheita, vocês tem que se arrumar, sem contar que temos que chegar mais cedo já que o pai de vocês é prefeito!— a mãe exclamou irritada.

Jenna deu um sorriso debochado e seguiu para as escadas.

—Cuidado Pedro, pode não estar com o nome naquela bola de cristal, mas o verdadeiro perigo pode estar aqui— disse correndo direção ao banheiro.

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—Está linda filha— o pai falou observando a filha que usava um vestido branco rodado que se destacava em sua pele morena.

—Obrigada— disse sorrindo minimamente.

A relação de Jenna com seus pais não era das melhores, uma vez que quando sua irmã mais velha foi aos Jogos eles não deram tanta importância devido a ela ser considerada a ovelha negra da família.

—Onde está Thomas?— perguntou procurando pelo irmão mais velho.

—Ele já foi, disse que se fosse nos esperar se atrasaria— a mãe disse dando de ombros.

—Então vamos, antes que confirmemos as suspeitas dele?— Pedro perguntou segurando a mão da irmã.

Todos concordaram enquanto seguiam para o local da colheita.

Hunter Cardashian Crow (http://www.theplace2.ru/archive/chris_zylka/img/Chris_Zylka_303.jpg)

—Hunter, querido, o café está pronto!— sua mãe, Merydth, gritou para o garoto que ainda se encontrava dormindo.

—Bom dia mãe— disse sonolento dando um beijo estalado no rosto de sua mãe —bom dia pai.

—Bom dia filho— os dois responderam em uníssono.

—Preparado para a colheita?— o pai perguntou casualmente enquanto uma expressão de medo atravessava a face do garoto.

—Mac!— a mulher repreendeu-o.

—Ah, desculpe-me, eu havia me esquecido— o pai falou sem jeito.

—Tudo bem pai, eu já fui cinco vezes para a colheita, não é como se só porque eu peguei tésseras a mais esse ano eu vá ser sorteado— disse com um sorriso torto.

—Exatamente querido!— a mãe animou-o —por que não vai se arrumar agora, em?

—Boa ideia, assim você se acalma um pouco, eu e sua mãe já vamos nos arrumar daqui a pouco também— o pai disse sorrindo.

Ele apenas assentiu enquanto se encaminhava para o banheiro.

Após fazer sua higiene, se vestiu com uma blusa de um amarelado gasto, feita de botão. Com uma calça de alfaiataria e simples sapatos muito bem engraxados.

—Estou pronto!— exclamou quando chegou na sala.

—Ótimo, então vamos, arranjaríamos um belo de um problema se nos atrasássemos— a mãe disse ajeitando o vestido verde água.

—Querida, eu já disse que está linda, não precisa ficar se arrumando a cada cinco segundos— o pai disse rindo ternamente enquanto abraçava a esposa.

No mesmo clima feliz de sempre eles seguiram para o local da colheita.

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Austin Dellair era um dos únicos representantes masculinos dessa edição, possuía o cabelo lotado de cachos verde limão, Um terno completamente brilhante no tom dourado, os sapatos eram de um tom azul turquesa, e possuía a pele completamente tingida de branco, motivo pelo qual ficou conhecido como palhaço.

—Bem vindos, bem vindos, sejam todos bem vindos— disse com o típico sotaque da Capital —feliz jogos vorazes, e que a sorte esteja sempre ao seu favor!

Logo depois o mesmo vídeo de sempre foi passado, sendo seguido de algumas piadinhas costumeiras, que irritaram um pouco o representante.

—Agora chegou o grande momento de escolher os tributos que representarão o distrito 11 na 46ª Edição dos Jogos Vorazes— disse dando saltinhos —primeiro as damas, alguma voluntária?— como ninguém se pronunciou, ele enfiou a mão no fundo do globo de vidro, tirou um papel, e depois de muito enrolar falou o nome da garota escolhida —Jenna Sulis!

A garota abriu e fechou a boca diversas vezes, ela tinha ouvido direito? O nome que ele disse foi Jenna Sulis? Isso só poderia ser um engano, ela era a filha do prefeito, seu nome estava lá apenas uma vez, sua irmã já havia ido aos Jogos, era quase impossível que mais alguém da família fosse sorteado.

A garota só saiu de seu transe quando dois pacificadores vieram em sua direção.

—Eu consigo andar— disse forçando um sorriso, mas teve certeza que saiu mais como uma careta.

Caminhou com passos vacilantes até o palco, e pode ouvir alguns comentários como “que pena, era tão bonita”, ou então “e lá se vai uma das únicas garotas sorridentes do distrito”, mas apenas ignorou-os, subiu ao palco com a ajuda de Austin, que mandou um sorriso simpático para a mesma, que ela tentou retribuir, sem muito sucesso.

—Agora os garotos, algum voluntário?— perguntou dirigindo-se ao globo de cristal que continha o nome dos garotos, como novamente ninguém se pronunciou ele repetiu o processo de minutos atrás — Hunter Cardashian Crow!

O garoto congelou no lugar, mas não estava tão surpreso, de certo modo era como se ele já esperasse por aquilo, lutou contra as lágrimas que teimavam em cair e se dirigiu para o palco, aceitando a ajuda de Austin para subir.

—Aplausos para os tributos que representarão o distrito 11 na 46ª Edição dos Jogos Vorazes, Jenna Sulis e Hunter Cardashian Crow!— exclamou fazendo-os apertarem as mãos.

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—Jenna!— o irmão entrou correndo no lugar.

—Pedro!— exclamou abraçando-o fortemente.

—Isso é só um sonho, isso é só um sonho— o garoto repetia para si mesmo enquanto chorava.

—Não é um sonho— a irmã disse levantando seu rosto —é a realidade.

—Filha— a mãe falou com a voz embargada —prometa-nos que vai vencer?

A garota apenas assentiu forçando um sorriso.

—Você é inteligente Jenn, aposto que consegue sair viva— o irmão mais velho encorajou-a.

—É filha, mostre do que os Sulis são capazes— o pai falou também forçando um sorriso enquanto lutava para as lágrimas não caírem.

—Eu sei— murmurou também lutando contra as lágrimas —por favor, não me façam chorar, eu tenho que parecer forte!

Eles apenas assentiram enquanto a abraçavam, ficaram assim até um pacificador entrar e dizer que o tempo estava esgotado.

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—Hunter!— a mãe exclamou aos prantos enquanto corria para abraçá-lo —me desculpe, eu não deveria ter pedido para você pegar tésseras.

—Não se culpe, talvez fosse o meu destino ser sorteado— disse enquanto as lágrimas corriam livremente pelo seu rosto.

—Não, é tudo culpa minha, é tudo culpa minha!— exclamou ainda chorando.

—Querida, acalme-se— o pai pediu com a voz embargada enquanto afastava delicadamente a esposa.

—Pai— Hunter chamou coma voz embargada.

—Sim— o pai sussurrou chegando mais perto.

—Prometa que cuidará dela— pediu apontando para sua mãe.

—Assim como eu sempre fiz— disse enquanto também chorava.

—Tempo esgotado!

Não houveram mais visitas para Hunter.