Kate estava acabando de colocar seus pertences no malão. Nessa manhã, ela iria para um colégio novo. Colégio, internato... The Way Academy. Ela abrigava todo o tipo de pessoa e todo o tipo de talento. O que "todo o tipo de pessoa" significa?! Significa bruxos, semideuses, vampiros, e por aí vai. Kate era uma bruxa. Uma bruxa que sabia atuar — Bizarro, não?!

Ela vinha de Hogwarts, uma escola para bruxos muito conhecida. Apesar de a Sonserina ser sua casa, ela não se considerava uma pessoa má. Vingativa e ambiciosa sim, mas não má.

Sua coruja, Summer, pousou no parapeito da janela. 

— Já caçou? — Kate perguntou, se adiantando até ela e fazendo carinho em sua cabeça. Summer tinha pelagem negra e algumas penas brancas no final de suas asas. Kate amava aquela coruja, pois fora o último presente que sua mãe lhe dera antes de morrer. Laura morreu de causas naturais. Pelo menos é o que o pai de Kate lhe disse. Mas ela nunca soube se era verdade. Talvez seu pai tenha achado melhor amortecer a queda. Afinal, ela só tinha sete anos na época. Summer piou.

— É, eu sei — Kate suspirou, deitando-se na cama. — Mas precisamos esperar papai chegar, não posso aparatar, só tenho 16 — Kate ansiava para que seus 17 anos chegasse. Assim, poderia aparatar e desaparatar sozinha, já que 17 anos é a maioridade bruxa. Aquela lei de que magia fora de Hogwarts era proibida não era válida na The Way Academy, já que Hogwarts era uma parceira do colégio — alunos promissores eram encaminhados para a The Way quase que imediatamente por McGonagall —, e metade do corpo docente é bruxo. 

Quando Kate contou aos amigos que iria para a The Way, todos a parabenizaram. Todos, exceto Neville Longbottom — seu atual namorado —, que gritou a plenos pulmões no salão principal que ela não poderia lhe deixar em seu último ano escolar.

— Vamos filha — seu pai estava na soleira da porta. 

— Vamos! — ela levantou-se, animada — Espera. Summer, pode levar um bilhete para Neville para mim? — pediu, e sua coruja pareceu sorrir. Ela adorava Neville tanto quanto a dona. Ou talvez estava animada com o fato de ir á Hogwarts novamente. Kate não saberia dizer. Ela pegou um papel e escreveu rapidamente: 

"Estou saindo. Fique bem. Por favor, venha me visitar nos finais de semana. Te amo."

Enrolou o bilhete na perna de sua coruja e a observou alcançar voo. Virou-se para seu pai, que segurava suas malas com uma das mãos, a outra estendida para ela, e a segurou. Sentiu um leve puxão na boca do estômago, típico de aparatação, e um segundo depois estava na frente do portão de ferro da The Way Academy. Kate estava impressionada. Era um castelo á moda antiga. Era menor que Hogwarts, mas ainda sim enorme. 

Dentro dos portões, a entrada era enfeitada com um jardim cheio das mais belas flores. O castelo era ladeado por um lago, límpido e brilhante á luz do Sol. Vira até alguns alunos mais adiantados brincando com uma bola em sua margem. Será que era permitido mergulhar?

— Filha. O interfone. — Seu pai riu, indicando um interfone ao lado de uma das colunas do portão. Kate acordou de seu devaneio, piscando algumas vezes para se acostumar á claridade do Sol e tocou o interfone. Com um chiado, o portão abriu.

— Quer que eu vá com você? 

— Não, pai, está tudo bem. — deu um meio sorriso nervoso. 

— Tudo bem então. — seu pai lhe deu um abraço, beijando-lhe o topo da cabeça. — boa sorte.

— Obrigada — a garota se desvencilhou do abraço do pai e caminhou a passos largos até a entrada. Olhou mais uma vez para trás. Seu pai já havia ido embora. Suspirou fundo, endireitando-se. É agora ou nunca, pensou, e entrou de vez na recepção. Mais uma vez, ficou maravilhada. Bancos, máquinas de salgadinhos e refrigerantes e tudo imaculadamente limpo. Algumas pinturas, provavelmente de alunos artistas pendiam em uma das paredes. Nas outras, retratos de alunos famosos: Jennifer Aniston, Demi Lovato, Lionel Messi, Steve Jobs... Então quer dizer que todos eram o "tipo" diferente. 

A sua frente, havia um balcão com quatro filas: Bruxos, Cavaleiros de Dragão, Criaturas Sobrenaturais e Semideuses. 

Kate se encaminhou para a primeira, onde haviam somente duas garotas. Elas acabaram de preencher suas fichas e saíram, ás risadinhas, pelo corredor da direita. 

— Posso ajudar? — Kate virou-se para a recepcionista. Uma mulher atarracada, e gorda, com uma cara que lembrava uma Doninha. No crachá, lia-se: Semideusa, filha de Ares, Mônica. Era melhor não mexer com ela. Mônica mantinha uma expressão de tédio. Kate engoliu em seco, tentando reprimir a vontade de sair correndo. Tudo aquilo era tão intimidador. 

— Sou Kate — sua voz saiu dura, confiante. Agradeceu a Merlin mentalmente — Kate Night. Estou aqui para a minha vaga integral em artes cênicas e dança. 

— Ah sim — Mônica lhe entregou um papel e uma caneta — assina aqui no "x" e se encaminhe para o corredor á direita. Lá é o auditório. — Enquanto Kate andava lentamente para o auditório, teve certeza de que essa escola mudaria o rumo de sua vida. Pela primeira vez, ela tinha medo do que estava para acontecer. E medo era uma palavra proibida em seu dicionário. Ela era boa em fazer amigos, mas ainda melhor em cultivar inimigos.