Everything's Not Lost escrita por Madrigal


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, pessoa, eu devia estar postando em Oásis! Eu sei! - que por falar nisso está quase com o capítulo finalizado, quase.

Mas tive esse surto imaginativo de madrugada enquanto ouvia Coldplay, tive que escreveê-la! E postar, é claro.

Enfim, vamos a historia!



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When I counted up my demons

Saw there was one for every day.

With the good ones on my shoulde,

I drove the other ones away



– Você... – O suspiro rompeu toda barreira sonora do aposento – Ah, esquece. Não é um bom modo de começar toda essa estupidez.



Após o dito, mãos aturdidas bagunçaram os cabelos castanhos dourados compulsivamente, deixando quase como um ninho de passarinho. Absolutamente emaranhado. Uma risada completou o ambiente.

– Eu estou completamente insano. – Riu mais um pouco – É isso que ela me fez! Isso é o que eu fiz comigo mesmo. Coisa de gente estúpida.

Seu dedo indicador direito rodeou a borda do copo lentamente, enquanto o silêncio voltava a reinar e sua respiração era a única coisa cortante.

– Mais estúpido que isso? É difícil.

Tateou os bolsos por breves segundos e logo após achou. “Oh. Velho amigo.” Pensou, enquanto tirava o maço de cigarros de lá. Uma unidade rapidamente fora arrancada para fora e presa em seus lábios. O barman lhe estendeu o isqueiro e ascendeu. ”Dear Lord.”

– Como eu sentia falta de estar morrendo aos poucos com essa fumaça. – Soltou o ar poluído e denso de seus pulmões pela boca e nariz. – Começando por uma lista de coisa estupida de “não deixar de fazer por sua garota traíra” é abandonar seus vícios! Não vale a pena, no final, ela vai te dar um pé na bunda por um cara de feição de dor de barriga e só restam esses aqui, os seus velhos amigos que você abandonou!

O barman riu e concordou. Incontestavelmente.


When you thought that it was over,

You could feel it all around,

And everybody's out to get you


– Mas sabe que isso não foi o pior? Claro que a parte de ser traído é horrível. – Crispou os lábios – Eu tenho minha cota de demônios pessoais. Eu tenho essa maldita escuridão aqui dentro, tão incontrolável com um furacão! E eu fiz dela, Rose, a minha salvação. Eu a pus em um pedestal! Depositei todas as minhas esperanças, usei ela como minha luz para afastar minhas trevas. Burro, eu sei. Por que, me diga você caro amigo, como usar de luz alguém tão sombrio quanto você? – Seu copo estava cheio novamente e ele bebericou mais um pouco – Aí você tem um confronto com a realidade. Não é fácil, não, não. E todos os seus demônios voltam sobre você, uma nuvem tão densa negra que lhe tapa a visão.

O gosto do whisky misturado com o cigarro deveria ser pavoroso para os outro, porém, para Adrian, tinha um gosto saudoso. O gosto de tormenta interior e indiferença exterior. Tinha gosto de cinismo, o que era tudo que havia dentro dele no momento. E rancor.

– Eu disse a ela tudo o que me sufocou. Eu disse que ela havia me destruído e tudo que eu havia feito fora amar ela como um cego. Eu deveria estar me sentindo um pouco aliviado e com mais raiva dela, não? Essas palavras ficam aqui ecoando e tudo que penso é: Você é o grande culpado. E sou. Estupidamente sou. – Tragou mais um pouco – Enfim... É isso, o fim.

– Pois é, meu amigo – O Barman disse pela primeira vez desde o começo de sua confissão – Não é o fim. É apenas o começo, a vida está sempre nos dando começos e mais começos. E no fim, sempre o sofrimento.

– Ela dizia que tinha o sorriso comedor de homens. Dá pra acreditar que me envolvi? Que, na verdade, corri atrás?

– Está mais para sorriso esmagador de corações.

Uma risada seca – uma das milhares que havia soltado durante a noite – soou.

– É verdade. Quando ela sorria era tudo bem surreal e só aumentava aquela imagem perfeita que eu havia montado sobre ela.

– É o poder maligno delas, Adrian. – Disse apático – E depois, nós homens, que levamos a fama. O amor é utópico, o mundo é.

Quando Adrian descobriu sobre Rose e Dimitri, pensamentos como esse que escutara passaram por sua cabeça, mas, escutando de outra pessoa foi como se pudesse pensar com clareza e deixar a frustração de lado. Nada disso era verdade.

O mundo não era utópico, o mundo era cruel e nu, sem mascaras. Todos sabiam que constantes atrocidades podem ser submetidos diariamente, o mundo, na verdade, é o ambiente-consequência do que humanos são - consequência de como os humanos amam ou quando o deixam de fazer.

E o amor... Ah! Esse sentimento devorador. Ele com certeza é real, tão real que dói o peito, tão real que pode matar. Ele não é utópico ou ruim, nem cruel nem nada da má fã que o expõem. Ele é apenas o amor, e quem não o pratica é incompleto. Há pessoas que o fazem de maneira errada, há pessoas que ainda estão aprendendo manuseá-lo e há pessoas o que finge e são essas que o denigrem.

Ele pensou em discordar da linha de raciocínio de seu provisório amigo, todavia, não lhe pareceu válido. Deixou-o com sua ilusão e a vida se encarregar de ensiná-lo, como estava fazendo com ele.

– A vida segue sempre nos ensinando, não? Às vezes brutamente – Comentou e viu o Barman dar-lhe de ombros, sem se importar com a mudança repentina de assunto e a frase, contextualmente, sem coerência. Era uma das incumbências de seu trabalho, ouvir as filosofias embargadas dos bêbados.

O seu copo, que até então não havia percebido estar vazio, fora logo preenchido. Ele tomou todo o liquido em uma golada só e sentiu sua garganta arder pela velocidade. Grunhiu auditivamente.

– Pode encher de novo. – Bradou.

Os olhos apáticos do Barman lançaram-se em direção ao relógio, eram quase seis horas da manha. Suspirou, coçando os olhos. O sono já estava abordando o pobre homem trabalhador.

– Nós temos de fechar. – Crispou os lábios.

A mão grande e pesada do homem pousou nos ombros de Adrian acompanhada de “desculpe” mínimo. Adrian balançou a cabeça, dando de ombros.

– Tudo bem.

Levantou sem pressa, alinhando a roupa ao corpo. Pegou o maço do balcão e, antes de guardar, tirou mais uma unidade. Maneou a cabeça e o Barman entendeu, estendeu-lhe pela ultima vez naquele dia o isqueiro, dando a Adrian sua mais antiga e fiel companhia.

Com seu estúpido sorriso cínico, deixou o bar e toda sua lamentação ficara ali, naquele bar, com aquele homem. Ele continuaria estupidamente esconder seus demônios internos e sua dor. Estupidamente como sempre fez, pensando que, um dia - uma hora, um momento ou sei lá -, melhoraria.


Cos if you ever feel neglected,

And if you think that all is lost,

I'll be counting up my demons, yeah.

Hoping everything's not lost





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Notas finais do capítulo

Okay, o que foi isso? Eu amo o Adrian! Amo! Meu personagem favorito, gosto de todo o desenvolver dele, da personalidade, tudo!

E fiquei com o coração quebrado de estar quebrando o coração dele! Mesmo assim, gostei do rumo da história, está aí tudo o que penso sobre essa situação.

Apesar de achar uma puta sacanagem o que a Rose fez, ele no fundo sabe, ele meio que fez isso consigo mesmo. Tenho certeza que ele sabe disso...

Enfim, mais uma história que divago de mais, segue a mesma linha de "I'll never forget you" muhahaha. Apesar dessa ser UO e a outra UA.

Comentem, me inspirem, me critiquem - educadamente -, qualquer dessas opções ou outros é válido! ♥