Apartamento 312. escrita por Sarinha


Capítulo 11
Capítulo 11 - Plano Perfeito




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Rachel implorou para que Quinn lhe contasse como ocorreria o plano, mas ela não lhe disse nada. Nessa circunstância, era realmente difícil confiar que tudo iria dar certo, ela sequer acreditava sobre o quanto estava sendo ingênua. Havia dado uma chance a Quinn a qual ela não merecia, então a loira traiu sua confiança, ela a perdoou e estava lhe dando outra chance. Talvez isso tivesse a ver com toda a  atração que sentia por ela, ou talvez realmente quisesse fazer com que a convivência delas desse certo.

Também teve que implorar para que Lotta aceitasse a proposta de voltar ao seu apartamento para conversarem com mais calma. Ela aceitou, em respeito ao talento de Rachel e deixou isso bem claro. 

Quando Lotta chegou em seu edifício, Rachel teve de descer até lá para buscá-la e lhe levar até o apartamento. Ao descer as escadas, fez duas pequenas preces para que desse tudo certo. Estava jogando suas chances pro alto, essa era a única e mais arriscada maneira de poder conseguir sua ingressão no Vocal Gold. Entrando no apartamento, encontrou Quinn vestida apenas com uma camisa moletom velha e short, lia um livro de autoajuda. Rachel não fazia ideia do que ela estava fazendo, então apenas fechou os olhos e esperou que tudo desse certo.

- Você é Lotta Anderson, não? - deixou o livro sobre o braço do sofá, e levantou-se.

- Sim, sou... - ela afirmou, com receio do que Quinn poderia fazer.

- Rachel não para de falar de você! Sempre ressalta o quanto é maravilhosa, adoraria ver uma de suas apresentações! - sorria empolgada.

- Esta falando sério? Oh, você também é maravilhosa, Berry! - encostou a mão em seu ombro, dando ênfase ao que dizia.

- Sente-se no sofá, Rachel deixou alguns cupcakes no forno especialmente pra você. - continuou - Vou lá ajudá-la a ver se esta tudo bem com eles, já volto.

Rachel franziu a sobrancelha, lembrando-se do fato de que não havia feito cupcakes, e não tinha paciência alguma para criar doces. Quinn a arrastou até a cozinha.

- Escute, preparei alguns cupcakes para que ela experimentasse, não se preocupe, modéstia parte meus cupcakes são muito bons! Fique um pouco aqui enquanto converso com Lotta.

- Céus, eu nem faço ideia do que esta fazendo. - disse, confusa.

- Mais tarde você entenderá. Apenas não subestime minha inteligência, você sabe desde o Mckinley que eu sou uma genia - piscou, voltando até a sala.

- Você voltou! - Lotta sorria.

- Sim... Deixe-me sentar ao seu lado! - sentou-se - Bem... Sabe que Berry é a minha heroína, não?

- Heroína? Mas... Por quê? - perguntou, curiosa.

- Sou uma dependente! - Quinn  abaixou a cabeça e segurou o rosto, em uma perfeita atuação.

- Dependente? - Lotta assustou-se. Foi criada em uma realidade onde nunca lhe faltava trocados no bolso e as pessoas se tornavam más só por amanhecerem em festas, isso para ela era espantoso.

- Sim, entrei para o mundo das drogas em Ohio, as más influências me levaram a isso. Rachel teve a mesma criação que eu, mas nunca se desviou para esse caminho ruim e sempre esteve centrada em seu sonho de vir para cá. 

- Isso é maravilhoso da parte dela! - bateu palminhas em comemoração - Mas porque moram juntas?

- Ela sempre esteve lutando pela minha recuperação. Em Ohio, conseguiu fazer com que eu deixasse o crack! - deu ênfase a última frase, mentindo novamente - Confesso que não me livrei totalmente dos meus vícios, mas ela têm sido solidária comigo e me dado forças... Alguns dias são um verdadeiro inferno, mas ela esta lá, disposta a me fazer reerguer.  Ela morava em Forest Hills, se mudou para cá porque eu não podia pagar meu aluguel... Acredita?

- Quanta generosidade! - concluiu.

- Sim, muita. Hey, eu lhe peço perdão se não deixei que você fizesse sua visita para Rachel semana passada, acontece que as vezes sou um verdadeiro problema para ela, não consigo controlar isso!

- Sinto muito por você, - suspirou, sentindo-se mal com a atuação de Fabray - deve ser realmente duro viver como uma viciada.

- Sim, é... Mas Berry esta sempre por perto, é muito importante ter sua ajuda. Ela é milagrosa! Levou uma drogada sem perspectiva de carreira para Julliard.

- Você faz faculdade em Julliard? - surpreendeu-se.

Ela assentiu com a cabeça.

- Legal... - continuou - Agora, quero aproveitar que esta aqui e Rachel não voltou para lhe perguntar sobre algo que me interessa muito. Como Rachel era em Lima? Digo... Como via seu futuro, sua carreira? 

Quinn celebrou internamente, pois Lotta havia feito exatamente a pergunta que ela adoraria responder.

- Ah, isso você vai querer saber... Foi Rachel quem construiu o Glee Club no Mckinley! - mentiu - E eu inclusive fiz parte desse clube. No começo, éramos um bando de desajustados na escola, eu mesma já apanhei das garotas populares diversas vezes - mentiu - e ela me defendeu. Berry nunca pensou na possibilidade de deixar o clube, mesmo nos momentos difíceis... E com isso, acabamos chegando as nacionais! 

Quinn se sentia culpada por um lado. A garota estava sendo atraída como um peixinho em sua rede de mentiras. Ela sabia que o New Directions não foi fundado por Rachel e que sua glória foi resultado de muito suor coletivo.

- Vocês foram os New Directions, não é? Ouvi muito falar desse grupo. 

- Sim. Eu e Rachel entramos no clube como perdedoras, e ao sair do Mckinley éramos, junto dos outros membros do New Directions, as rainhas da escola. - seus olhos brilharam, pois dessa vez o que ela dizia era verdade e relembrar disso era como tirar um momento de glória do bolso e revivê-lo.

- Cheguei com os cupcakes. - disse a morena, aparecendo da porta para a cozinha.

A verdade é que ela não estava tão calma e feliz. Encontrava-se amedrontada, dando um tiro no escuro, saltando de um precipício sem saber onde poderia parar. Sabia que Quinn era ótima com planos pois armou muitos para ela e essa justamente esse fato que a deixava pior. E se essa fosse mais uma conspiração contra Rachel Berry? Ela não sabia nem mesmo como deveria agir, já que Fabray estava sendo imprevisível por não ter lhe contado o que diria à Lotta.

- Ótimo! Eles parecem maravilhosos. - tomou a liberdade de pegar um da bandeja para si.

- Bem... Sobre o que conversaram? - Berry cruzou as pernas, pegando seu cupcake e dando uma mordida. Ela ouviu tudo o que tinham dito antes de chegar, mas se fazia de desentendida pelo bem de sua carreira.

- Quinn estava me falando sobre tudo o que você fez por ela... Sempre soube da sua ótima reputação em NYADA, mas não sabia que você era uma pessoa tão boa. - admitiu, limpando o canto dos lábios.

- Contou, Fabray? - sorriu ironicamente pelo fato de que a única coisa que havia feito por ela era ir morar no Brooklyn.

- Sim! - disse Quinn - E sabia que Rachel é vegan? Ela sempre coopera pro bem e pela vida dos animais. 

- Uau, é tão raro ver alguém que pense neles. - Lotta comia seu segundo cupcake, sem receio de parecer mal educada, ela se sentia em casa.

As três conversaram por horas a fio. O assunto fluía espontâniamente, sem rumo algum. Logo, estavam falando sobre suas vidas pessoais e as barreiras encontrara nos cursos que faziam em suas respectivas faculdades. 

Descobriram que Lotta havia nascido em NY e foi criada ser uma grande artista. Gostava da Broadway, porém, seu sonho era lecionar e inspirar jovens para brilharem, seus pais respeitaram isso. Namorava com um garoto que estudava engenharia na "Rensselaer Polytechnic" e tinha vindo de Nashville, sua família tentava controlar sua vida e não aprovava o namoro, mas ela ia contra todos eles em nome do amor que sentia pelo garoto. O casal tinha uma "matching tattoo" de um pássaro. Lotta gargalhava alto com o bom humor de Rachel e se identificou em muitas coisas com Quinn.

Quinn e Rachel relatavam os fatos em perfeita sintomia, e mesmo sem haver tido ensaio ou combinado algum, as histórias eram contadas de forma igualitária. Não era difícil mentir, já que ambas sabiam o quanto Berry merecia a vaga. Colocá-la em um pedestal era apenas um detalhe que lhe ajudaria a chegar lá.

- Bem, garotas... Foi ótimo o tempo que passamos juntas, mas eu tenho muitos afazeres hoje! - levantou do sofá, apanhando sua bolsa.

- Ei, leve alguns cupcakes! - correu até a cozinha e voltou com um tupperware em mãos, colocando os bolinhos confeitados ali.

- Rachel, pode me levar até a portaria do prédio?

- Mas é claro. - pegou o objeto da mão de Quinn e abriu a porta para Lotta, saindo do apartamento.

As garotas foram de elevador até o térreo, Lotta chamava atenção dos outros moradores dali pelas roupas de marca e a perfeita aparência. Ao chegar na porta, ela se manifestou.

- Bem, imagino que já esteja melhorando da sua pneumonia, não é? - perguntou.

- Sim, aos poucos estou ficando cada vez melhor. - sorriu, ansiosa para voltar à NYADA.

- Ótimo. Se cuide, quero você recuperada para nosso ensaio! 

- Ensaio?! De que ensaio está falando? - perguntou, curiosa.

- Do ensaio do seu novo clube de canto. - piscou, acompanhando o sorriso dela.

- O quê?! Fala sério? Sou a nova membra do Vocal Gold?

- Exatamente. Parabéns, Berry! Eu não poderia escolher garota melhor. - a puxou para um abraço de comemoração.

- Obrigada, obrigada, obrigada... Prometo que não vou te decepcionar! - apertou sua mão.

- Sei que não vai, por isso te coloquei no V.C! Agora vou aos meus afazeres... Melhore depressa! - recomendou.

- Pode deixar, logo logo estarei em NYADA de volta. - acenou, voltando ao apartamento.

Rachel subiu até o seu andar de escada, pois não aguentaria esperar até que o elevador chegasse, com tantos andares, ele demoraria um pouco. Quando chegou no corredor de seu apartamento, já se encontrava ofegante e suando. Sabia que aquilo não era apropriado visando que ela tinha pneumonia, mas sua felicidade era tão grande... Abriu a porta brutalmente, e vistou Quinn parada à sala, esperando que ela chegasse.

- Eu consegui, Quinn, eu consegui! - gritou - A vaga é minha, sou a nova integrante do Vocal Gold! - foi até ela, lhe dando um abraço de gratidão. 

Com a força de suas pernas, Quinn foi empurrada pra trás e ambas acabaram caindo no sofá. Rachel imediatamente retirou as mãos que apertavam a cintura da loira para agarrar seu ombro, caindo então por cima dela. O corpo delas se chocaram, causando um enorme impacto entre as duas... Não físico, mas sim interior. O coração de Rachel batia como da primeira vez que viu Finn Hudson, e Quinn se segurava para não avançar o sinal. O hálito doce e quente da loira era provocativo, e ela mal podia acreditar que realmente estava se sentindo atraída. Sem pensar muito, Fabray pôs a mão que estava no ar na cintura da morena e fez um movimento de carícia. Rachel queria chegar mais perto, queria alcançar o que desejava mas não podia. Tinha medo. Medo de ser precipitada, medo de estragar o relacionamento que estavam conseguindo construir, medo porque o que estava sentindo era totalmente novo e queria guardar aquilo dentro de si, pelo menos por um tempo. E ela sabia que Quinn queria o mesmo, aquela proximidade não era atoa. Mas não era tão simples... Ela não era um garoto com a qual podia simplesmente marcar um encontro e depois ir pro motel. Ela era especial demais pra isso, e Rachel ainda tinha que entender o que sentia. Abaixou a cabeça, desviando seus lábios dos dela e logo ergueu-se de seu colo, sentando ao lado. Com uma risada forçada, fez com que os ares do lugar mudassem, voltando ao normal.

- Parabéns, Rachel! Você merece isso mais do que ninguém... - ajeitou a camiseta que havia sido desarrumada com o impacto do corpo de Berry.

- Não sei nem como te agradecer, Quinn... - sorriu, fazendo com que a loira sorrisse junto.

- Sabe que não precisa me agradecer, certo? Isso é só minha oferta de desculpas por tudo o que te fiz passar no Mckinley, e pelo lance da maconha...

- Mas você não precisava... Você fez cupcake, fingiu ser drogada e mentiu sua vida inteira só pra que eu entrasse!

- Sim, e faria de novo, porque você merece. - lhe tocou o nariz.

- Você foi genial com seu plano... Fala sério, você é perfeita! O que não consegue fazer? - gargalhou, brincando.

- Um dia acharemos uma resposta para esse mistério! - gargalhou junto - Eu sugiro um jantar aqui em casa, com Kurt e Blaine para comemorar sua nova conquista, o que acha?

- É uma ótima ideia. - aceitou - Vou ligar para Kurt...

- Não antes de tomar seus remédios, mocinha! - apontou para a caixa que ela havia deixado na mesinha de centro, com os horários e remédios correspondente a eles enumerados por Quinn Fabray.

- Tudo bem, vamos lá... - abriu a caixa, procurando pelo remédio que teria que tomar, quando parou com uma cartela de comprimidos na mão - Ei, Fabray!

- Sim? - deu um passo atrás, quando estava a caminho de seu quarto.

- Nós somos amigas? - perguntou.

- Acho que sim... - sorriu, virando as costas novamente.


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