Eragon respirou pesadamente. Abriu os olhos e enxergou o teto. Ele sentiu um peso extra no peito e quando levantou a cabeça Arya estava debruçada sobre ele e chorando.

Não sentia mais a dor na barriga. Saphira rosnou e levantou o pescoço para cima. Fírnen estava ali perto e ele começou a esfregar a sua cabeça na dela quando ela acordou. Eragon colocou a mão no cabelo negro da elfa e ela levantou a cabeça com grossas lágrimas caindo. Ele conseguiu sorrir.

–Está tudo bem. – ele afirmou.

–E-Eragon... – ela estava confusa. –Mas... você...

Eragon a tirou delicadamente de cima de seu peito. Ele se levantou mais confiante do que imaginava. Saphira abriu as asas, e ela parecia bem maior do que da última vez que ele a vira. Galbatorix estava lutando contra... não era Oromis. Era Murtagh. Ele estava todo machucado, mas o Rei não parecia preocupado. Oromis estava ali sim, mas estava sentado com os olhos fixos no Cavaleiro vermelho e seu braço sangrava. Glaedr agora lutava contra Shruikan e Thorn tentava ajudar, embora tivesse uma asa quebrada. Galbatorix olhou para Eragon confuso.

–Eu tinha matado você. – ele disse.

–O único morto aqui é você. – Eragon disse pegando a espada. Ele se virou para a elfa. – Cuide de Oromis.

–Hã... claro claro. – ela disse e saiu correndo até o mestre.

Oromis se segurou nela e Galbatorix abateu Murtagh com um único golpe. Eu vi algo atrás dele, Nasuada apareceu do nada e o feriu no ombro. Ele a segurou e torceu seu pulso. Ela gritou. Murtagh gritou um encantamento e ele a soltou.

–Ei Rei. – Eragon falou em tom debochante. – É comigo que você vai lutar.

Galbatorix o olhou e tentou entrar em sua mente. Eragon e protegeu com pouca força, afinal, tinha muitos encantamentos para proteger. Ele atacou o Rei. Sentiu o poder fluindo até a espada e conseguiu se igualar ao Rei. Travaram uma longa batalha e ele por golpe de sorte ou pela ajuda do conhecimento dos dragões conseguiu cruzar as espadas e desarmar Galbatorix. O Rei pareceu confuso.

–Então você acha que agora vai me matar?

–Não. Você não vai morrer, eu não o matarei.

Eragon abaixou a espada.

Saphira.

Certo.

Saphira rugiu e se pendurou na parte de baixo do pescoço do dragão negro e ele começou a cair. Fírnen pulou em suas costas e Glaedr arranhou suas asas. Logo o dragão estava no chão. Ela ficou perto da cabeça dele enquanto os outros o prendiam no chão.

Os dois uniram sua mente e seus conhecimento. Moldaram um encantamento poderoso, que só seria possível com a ajuda de todos os antepassados. Eles não estavam sozinhos, o poder de todos que tinham caído... iriam se voltar contra Galbatorix.

Eragon gritou o encantamento e Saphira também.

Galbatorix caiu de joelhos e começou a gritar e Shruikan se retorceu.

Eragon se sentiu fraco e cambaleou.

–O QUE VOCÊ FEZ? – Galbatorix tapou os ouvidos.

–Fiz você entender.

Saphira quase caiu se Fírnen não estivesse do lado dela. Eragon sentiu um braço ao redor dele para que não caísse, era Arya. Ela parecia preocupada.

–FAÇA ISSO PARAR! – o Rei gritou.

Então antes que pudesse notar Galbatorix formulou outro encantamento.

–Waise néiat!

Deixe de existir.

Ele não teve muito tempo para pensar. Ele precisava proteger todos, e quando começou sentiu Oromis proteger a todos. Galbatorix e Shruikan desapareceram e o teto começou a ruir. Glaedr pegou seu Cavaleiro, assim como Thorn que pegou Murtagh e Nasuada. Eragon ajudou Arya a montar em Fírnen. Então todos saíram do castelo. A batalha havia terminado, mas parecia ter sido horrível. Os dois exércitos estavam destruídos, embora os Varden gritassem quando os dragões passaram. Glaedr foi o primeiro a pousar (na verdade ele quase desabou no chão) e os três pousaram. Eragon sentou ao lado de Saphira, ela colocou a cabeça perto dele. Ela piscou cansada.

Conseguimos pequenino.

Sim, conseguimos.

Ele ficou um tempo parado. Depois se virou para os outros, mas principalmente para Oromis. Isso o preocupou. Ele saiu correndo até o elfo. Ele não estava bem. Arya estava do lado dele.

–Oromis...

–Você conseguiu. – o elfo sorriu de leve. – Eu não sei como, mas de um jeito você conseguiu. Ele se foi, mas eu temo não poder ficar também.

–Oromis... – Eragon no fundo sabia que mesmo com toda a sua sabedoria e a dos dragões não poderia curá-lo. – Eu consegui com a ajuda dos antigos. De todos os dragões e Cavaleiros que já existiram. Eu recebi a ajuda de Umaroth.

–Então... de algum modo eles ajudaram... eu sei que vai conseguir trazer de volta a Ordem dos Cavaleiros.

–Sim eu vou mestre. Obrigado por tudo. Espero que nos encontremos novamente depois dos portões.

O elfo sorriu gentilmente para Eragon e então lançando um último encantamento para anular o de Galbatorix ele se foi. Glaedr se aninhou no Cavaleiro e ficou imóvel. Arya começou a chorar assim como Eragon. Até Murtagh havia chorado um pouco. Eragon se levantou depois de um tempo. Ele tocou a cabeça do dragão e ele começou a brilhar até cristais os cercarem. Assim como o tumulo de Brom.

–Tudo bem? – ele perguntou á Arya.

Ela enxugou os olhos e assentiu. Eragon se virou para Murtagh, que cuidava do pulso de Nausada.

–Tudo bem? – ele perguntou aos dois.

–Sim. – ela conseguiu sorrir para o Cavaleiro.

–Bem, agora vamos recomeçar. – Eragon disse aliviado.

–Sim. – Arya concordou.

Os três dragões voaram sobre a cidade. Arya caminhou ao lado dele, até ele a puxar para mais perto.

–Tudo vai ficar bem. Oromis está no paraíso, embora você vá acreditar que isso não exista. Eu vi, bem, uma parte dele. Falei com Umaroth e eu sei que posso de algum modo treinar os próximos Cavaleiros. Além de que... – ele olhou de relance para seu dragão que conversava com Fírnen. – Saphira me esconde algo, e eu irei descobrir. Talvez ela saiba onde há outros dragões. Talvez as coisas serão melhores do que imaginamos.

–Espero que sim. – ela concordou.

Ela relaxou sobre o abraço dele e não se afastou até encontrarem Os Varden. Ela levou Nasuada e disse que cuidaria dela. Murtagh ficou receoso ao encontrar Ajihad e Orrin mas ele o fez. Eragon contou tudo para os dois assim como para a Rainha Islanzadi e para o Rei Anão. Eles agradeceram e depois um criado o levou e Murtagh para uma tenda. Murtagh o abraçou antes de entrar na sua. Eragon não sabia onde Saphira estava, apenas tomou banho e comeu uma lauda refeição. Ele ficou deitado olhando para o teto e pensando em tudo, reorganizando os pensamentos, tanto os seus quanto os que tinha adquirido e descobrindo coisas como se sempre soubesse disso. Quando estava quase caindo no sono Arya entrou. Usava um vestido claro e curto e ela parecia em paz.

–Desculpe se eu o acordei.

–Tudo bem. – ele sorriu. – E Nasuada?

–Com o pai. Ela está melhor.

–E você também. Quer conversar? – ele perguntou se levantando.

–Ah... acho que sim. – ela se sentou do lado dele. – Me conte tudo.

Então Eragon contou tudo mesmo.

–É, você parece mesmo diferente. Talvez tenha sido isso.

–E mais uma coisa. Eu e Saphira... descobrimos. Nossos verdadeiros nomes.

–Ah que maravilha! – ela sorriu para ele.

–Você... quer saber? – Eragon perguntou um pouco envergonhado.

Ela o olhou um pouco espantando.

–Isso seria uma honra, eu o guardarei comigo e ele morrerá comigo. – ela disse na língua antiga.

Arya se aproximou dele e disse seu nome. Eragon o ouviu como um eco em sua mente. Era um nome poderoso. Então ele fez o mesmo. A elfa ficou um tempo paralisada e sorriu levemente.

–É um bom nome. Mas não creio que seja o mesmo de quando encontrou Saphira.

–Não.

–Você cresceu.

–Eu tive que crescer.

Eragon sentia algo diferente, uma conexão grande entre ele e a elfa além de admiração e a suposta queda que ele tinha por ela. Ele meio receoso se aproximou dela e a abraçou. Ela não falou nada mas também retribuiu o gesto. Ele não soube quanto tempo ficou ali com a elfa, mas em algum momento ela acabou dormindo. Ele a colocou delicadamente deitada ali. Ele deitou do lado dela e mesmo com a possibilidade dela o matar de manhã, seu cansaço o pegou e ele acabou caindo no sono também.