Collin já dormia há uma hora e minhas pálpebras já pesavam também. Afastei a cortina e vi que já era noite. Saí do quarto e encontrei Naoume sentada do lado de West. 

-Naoume, se importa de ficar aqui essa noite? - perguntei - Eu estou um pouco cansada.

-Tudo bem querida. - ela sorriu - Vá pra casa, já gastou tempo demais com o Collin.

Eu sorri e me virei. Já estava no estacionamento destrancando meu fusca quando fui parada por alguém me chamando. Me surpreendi completamente ao ver que era West. 

-Ei, - ele falou parando ao meu lado - Tiffani né? - eu assenti meio assustada e ele riu - Não precisa ficar assustada. Só quero conversar. 

-É que eu estou meio cansada hoje, West. - falei.

-Eu sei, mas é rápido. - ele suspirou - Prometo.

-Tudo bem. - sorri - O que foi?

-Então, eu vi que você realmente ama meu irmão. Eu acho que pelo jeito que a minha conversa com ele se sucedeu, você não tem boas conclusões sobre mim. - assenti, ele até parecia ser legal mas eu não o conhecia - O problema é que, eu sei que mesmo tendo uma boa explicação para ter ido embora, e eu tenho, o Collin não vai mais me aceitar.

-O que eu tenho a ver com isso? - perguntei me escorando no capô do fusca.

-Quero te dizer meu motivo, se meu irmão te escolheu, você é uma boa pessoa então se você disser que vale a pena me reaproximar da família, eu o faço, se não...

-Olha, fico lisonjeada com o pedido mas, quem sou eu para julgar algo que não cabe a mim julgar? 

-Você está certa, mas só quero que saiba que eu quero o melhor pro meu irmão e pra minha mãe. Acho que fiquei com medo quando você disse "eu não sei do que serei capaz" ou coisa assim.

-Relaxa, sou inofensiva. - eu ri - Ou não. 

Ficamos um tempo em silêncio até eu pedir para ele ser breve, queria ir para casa.

-Bem, quando descobri que meu pai estava doente, me senti fraco e impotente diante da minha família. Eu tinha doze anos e não fazia ideia do que fazer. Fiquei desesperado. Eu tive que fazer terapia até um tempo atrás. Foi muita pressão. - ele simplesmente parou de falar e eu olhei para ele esperando por mais.

-Só isso? - perguntei e ele assentiu - Foi mal cara, mas não é um bom motivo. 

-Eu sei. - ele riu - Talvez no fundo eu quisesse me livrar dos meus problemas. 

-Foi uma ótima e nem tão produtiva conversa, sinto muito não poder ajudar, mas eu tenho que ir. De verdade.

Entrei no fusca e ele ficou em pé ao lado da janela me olhando. Eu deva ter ficado vermelha afinal tinha um cara gato de vinte e cinco anos mais ou menos me encarando e sorrindo para mim.

-Carro legal. - ele falou e saiu.

Talvez ele fosse legal.