Dois dias. Quarenta e oito horas para o casamento de Harry e Ginny. E Harry estava em Dubai com Charlotte para uma serie de reuniões. Ginny ficou um tanto brava por essa viagem surpresa na semana do seu casamento. Harry não poderia adiar as reuniões, planejava tirar uns dias de folga após o casamento e uns dias para ficar em casa ajudando Ginny quando os meninos nascerem, sua única escolha foi após o chá de bebê e ir para casa fazer as malas para viajar no último voo da noite.

–Nossas passagens estão confirmadas para amanhã? Harry perguntou cansado a Charlotte quando eles saiam da última reunião do dia.

–Sim, essa foi a sua última reunião. Charlotte conferiu sua agenda. –Pegamos o voo das oito horas da manhã e chegamos em Londres a tempo de almoçar.

–Ótimo, terei umas horas para dormir antes de ir para a minha despedida de solteiro. Ele olhou no relógio, pensando apenas na vontade de voltar para hotel e dormir, mas também estava com fome e merecia um jantar. –O que acha de um jantar de comemoração? Pela ótima viagem que tivemos.

–Acho que merecemos um jantar. Ela sorriu aceitando o convite.

Harry levou Charlotte a um dos melhores restaurantes de Dubai, precisavam encerrar esta cansativa semana com um bom jantar e qualquer conversa que não envolvesse assuntos do trabalho. O restaurante estava cheio, tiveram que esperar no bar até que uma mesa estivesse livre, aproveitaram este tempo para tomar um Martini e relaxar.

–O senhor e a senhora gostariam de fazer o pedido? O garçom perguntou ao acomoda-los na mesa.

Eles aceitaram o cardápio e fizeram o pedido. O garçom recomendou um vinho para acompanhar o jantar. Enquanto a entrada não chegava, Charlotte foi ao banheiro e Harry ligou para Ginny.

–Olá! Harry ficou feliz em escutar a voz dela. –Está voltando para casa?

–Hoje foi a última reunião, estarei em casa amanhã a tarde. Ele respondeu. –Como foi seu dia?

–O mesmo de ontem, ninguém me deixou fazer nada. Ginny disse emburrada. –Amanhã papai me prometeu levar na floricultura! Será o meu presente de casamento. E o seu dia?

–Bom presente. Harry riu, sabia o quanto estava sendo difícil para Ginny ficar de repouso forçado e longe da floricultura. –Mais uma reunião chata durante todo o dia, agora estou jantando com Charlotte e depois irei dormir, meu voo irá sair bem cedo.

–Está jantando com Charlotte, então? Ginny tentou disfarçar, mas deixou evidente o seu ciúme. –Bom jantar para vocês.

–Ginny, não seja ciumenta. Ele pediu, no fundo acha divertido esse ciúme que ela sentia por ele. –É apenas um jantar.

–Eu não sou ciumenta! Ela disse brava, mesmo querendo saber mais sobre o jantar, não iria perguntar.

–Eu pedi sopa de entrada e frango com legumes, Charlotte pediu salada e peixe. Estamos tomando um vinho que o garçom sugeriu e agora eu estou falando com você enquanto Charlotte foi ao banheiro. Disse Harry, sabendo que sua noiva estava se segurando para não perguntar. –Melhor assim?

–Eu não queria saber nada disso.

–Tudo bem, mas agora já sabe. Ele sorriu sentindo falta dela. –Posso te ver amanhã?

–Não! Ela respondeu rapidamente. –Dá azar ver a noiva antes do casamento!

–O casamento é sábado. Harry riu. –Não acha que já quebramos muitas tradições antes desse casamento? Você está grávida, nós já moramos juntos...

–Eu sei, mas será que podemos manter apenas essa tradição? Ginny queria muito vê-lo, mas gostaria de manter assim. –Além do mais, você deve descansar, Ron e Teddy estão realmente muito animados para a sua despedida de solteiro.

–Não será nada demais, apenas vamos há um pub e beber.

–Bom... Eu não preciso te lembrar o que aconteceu na última vez que você fez isso, afinal você irá se casar comigo.

–Como poderei me esquecer da linda mulher que eu derrubei cerveja e a levei para casa? Harry brincou a fazendo rir. O garçom voltou trazendo as entradas e Charlotte voltou do banheiro. –Meu jantar chegou, ligo para você amanhã quando chegar. Boa noite.

–Bom jantar e até o nosso casamento. Sem atrasos, Harry James Potter!

Charlotte sentou-se a mesa e eles começaram a comer. O restaurante era muito agradável, assim como a comida e a companhia que um estava fazendo ao outro.

–Muito nervoso para o casamento? Ela perguntou durante o jantar.

–Não muito, talvez na hora eu fique. Harry respondeu com um sorriso bobo no rosto, apenas pela menção do seu casamento. –Só quero voltar para casa e me casar.

–Ginny é a sua alma gêmea, então?

–Alma gêmea, amor da minha vida... Eu não sei qual nome chamar, mas só sei que é com ela que eu quero acordar e dormir todos os dias pelo resto da minha vida.

Harry havia sido sincero, ultimamente andava pensando sobre isso e nada o deixava mais feliz em saber que se casaria com a pessoa certa, em breve teria filhos com ela, e o mais importante, os amava como nunca pensou que poderia amar alguém. Charlotte teve a certeza de que nada adiantaria fazer, Harry nunca iria se apaixonar por ela, ele amava Ginny.

–Você irá sentir exatamente o mesmo quando encontrar a sua pessoa. Harry continuou. –Eu sei sobre as fofocas e comentários sobre nós no trabalho, só quero que saiba que eu não me importo. Charlotte, você me ajudou muito nesses meses, me poupando de viagens para eu poder ficar com Ginny. Eu não poderia ter escolhido alguém melhor para trabalhar comigo, então obrigado.

–Obrigada você, Harry. Charlotte agradeceu emocionada, o sentimento que tinha por ele não era amor, mas sim admiração pela pessoa que ele se tornou. –Por ter me escolhido.

Após o jantar eles voltaram para o hotel, precisavam estar cedo no aeroporto. Uma boa noite de sono antes de horas dentro de um avião era o que ambos precisavam.

O sol de primavera começava a aquecer e iluminar o dia, e Ginny já estava acordada, feliz porque iria sair de casa. Por conta da viagem de Harry, Ginny passou a semana na casa dos seus pais, Molly pediu para a filha voltar antes de se casar e sair oficialmente de casa.

–Bom dia! Ela cumprimentou os pais ao descer na cozinha para o café da manhã.

–Bom dia! Molly a serviu com panquecas e chá. –Onde estava escondido esse bom humor a semana toda que eu não o vi?

–Escondido dentro da gaveta, mas hoje ele apareceu porque o papai irá me levar para a floricultura! Ginny sorriu e antes que sua mãe falasse alguma coisa, ela continuou. –E não tente estragar meu passeio, porque é o meu presente de casamento, certo pai?

–Sim, Ginny. Arthur sorriu pela felicidade da filha de poder sair de casa e explicou a esposa. –O que eu poderia fazer, Molly? Você conhece a sua filha e sabe que ela é capaz de convencer qualquer um!

–Então a deixe sentada a maior parte do tempo e principalmente, não a deixe fazer nenhum esforço! Molly ordenou ao marido. –Escutou, Arthur?

–Sim, Molly. Ele respondeu voltando à atenção para o seu jornal e sussurrou para a filha. –Não me meta em problemas com a sua mãe, escutou mocinha?

–Pode deixar, pai. Ginny piscou recordando de quando era criança e seu pai falava a mesma frase quando ela queria fazer alguma coisa, mas sua mãe não deixava e Arthur a encobria.

Ginny não pode deixar de sorrir, o amor que seus pais sentiam um pelo outro, mesmo depois de tantos anos de casados com bons e maus momentos, o amor era exposto a cada troca de olhar ou em cada simples gesto de carinho. Era isso que Ginny também queria para a sua vida com Harry.

A floricultura estava movimentada como sempre, a primavera trazia as mais belas flores e as pessoas queriam estas flores para alegrar suas casas. Arthur descarregou as flores do dia da sua camionete enquanto sentada Ginny dava ordens a Adam e o seu mais novo ajudante, Sirius, de onde deveriam deixar as flores.

–Você manda demais, Ginny! Sirius reclamou, estava há dez minutos carregando vários arranjos de flores, pois ela não havia escolhido o melhor lugar para deixa-las.

–Coitado do Harry. Adam comentou antes de um olhar repreendedor de Ginny lhe atingir. –Mas eu adoro trabalhar com você!

–Ginny! Arthur a chamou entrando pela porta da floricultura acompanhado por alguém. –Um cliente especial soube que você está aqui e faz questão de ser atendido por você.

–Olá, Peter! Ginny levantou com a ajuda de Adam da cadeira e cumprimentou Peter com um caloroso abraço.

–Senti sua falta, Ginny. O senhor disse carinhosamente. –Não que Adam tenha me atendido mal, mas falta a sua presença aqui.

–Também senti sua falta, Peter. Fico feliz em saber que Adam está cuidando bem das suas flores.

–Então como vão esses meninos? Ele perguntou acariciando a barriga dela.

–Eles chegam nas próximas semanas. Ela respondeu aliviada. –Já está na hora ou minhas costas não irão aguentar.

–Bom, então você não deveria estar aqui em pé, vá se sentar. Peter ordenou. –Tem bastante gente para me atender.

–Certo. Ginny concordou, ficar alguns minutos em pé já a deixaram cansada. –Espero você e sua esposa no me casamento amanhã!

–Estaremos lá, querida! Ele respondeu.

Com um pouco de atraso, Harry chegou a Londres no meio da tarde. Tinha alguns documentos para levar ao escritório e resolver algumas questões pendentes antes de tirar licença. Dispensou Charlotte de acompanha-lo até o escritório, não era necessária a presença dela, então Harry a deixou ir para casa descansar, seria apenas uma rápida passagem.

–Olá, estranho! Sirius perguntou surpreso ao ver o afilhado entrando na floricultura. –O que faz aqui?

–Posso perguntar o mesmo. Harry achou divertido ver o padrinho com as mãos sujas de terra, arrumando as flores em um vaso e vestindo um avental florido. –Achei que iria aproveitar a sua aposentadoria.

–Ginny precisava de ajuda e eu cansei de ficar em casa, então aqui estou eu! Ele respondeu entregando o vaso para a cliente. –Fizemos Ginny ir descasar lá em cima.

–Obrigado. Harry agradeceu contente pelos cuidados a Ginny. Antes de subir, Harry pegou uma flor e foi ao encontro dela.

Fazia tempo que Harry não subia ao apartamento que Ginny costumava morar, algumas coisas haviam mudado ou ido embora, muitas delas estavam temporariamente no apartamento que Ginny havia se mudado ou na casa de Harry. Ginny dormia tranquilamente na sua antiga cama, Harry deitou-se ao lado dela e depositou vários beijos pelo rosto dela.

–Ei, acorda. Ele continuava a beija-la. –Ginny...

–Harry... Ela sussurrou sem abrir os olhos. –Você está realmente aqui ou eu estou sonhando?

–Eu estou aqui, você não está sonhando. Harry respondeu sorrindo. –Senti sua falta.

–Eu também. Ginny abriu os olhos e ficou olhando séria para ele. –O que você está fazendo aqui? Eu não pedi para mantermos uma tradição?

–A tradição diz que o noivo não pode ver a noiva no dia do casamento ou vê-la com o vestido de noiva. Ele explicou divertido. –Eu pesquisei e como você não está com o vestido, então não tem quebra de tradição alguma.

–Se você diz. Ela sorriu por tê-lo ao seu lado depois de tanto tempo. –Como foi a viagem?

–Podemos falar disso depois? Harry se aconchegou melhor ao lado dela, fechando os olhos cansadamente. –Gostaria de dormir um pouco.

–Claro. Ginny fez o mesmo e fechou os olhos. –Os meninos sentiram a sua presença.

–Olá, Theo e Nathan. Ele acariciava a barriga de Ginny antes de pegar no sono. –É, é bom estar de volta. Vocês se comportaram?

O sono durou o suficiente para recarregar as energias de ambos até Hermione e Ron entrarem no apartamento para acorda-los. Harry tomou um rápido banho, vestiu a última roupa limpa que tinha na mala, despediu-se de Ginny e saiu com Ron para a sua despedida de solteiro. Hermione levou Ginny para a casa de Molly e Arthur, pois havia um chá de panela esperando pela noiva.

Harry relutou o máximo a ideia de ter uma despedida de solteiro, achava desnecessário principalmente pelo cansaço da viagem. Mas ele estava equivocado, foi divertido sair apenas com Ron, Teddy, colegas do trabalho e da época da faculdade, até mesmo Sirius, Arthur, Remus e Steven foram e se divertiram. Eles ficaram até tarde bebendo e fazendo brincadeiras sobre a próxima fase da vida de Harry que o esperava.

Para Ginny a noite foi menos agitada e sem cervejas ou bebidas alcoólicas, somente a companhia de sua mãe, Hermione, Olivia, Tonks, Emma e algumas amigas de infância. Ginny abriu os presentes que recebeu, utensílios culinários, objetos de decoração para a futura casa que Harry e ela teriam, escutou conselhos e dicas para o futuro do casamento. A festa não durou muito, Ginny precisava descansar, pois amanhã o dia começaria cedo com todos os preparativos para o casamento.

Era a última noite de solteiro para Harry e Ginny. Ambos dormindo pela última vez em seus quartos de infância, com várias memórias e momentos vividos para chegarem até este momento. Eles estavam prontos para oficialmente começar juntos a nova fase da vida deles.