Proposal escrita por Carter James


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!
Tenho uma história de como eu consegui terminar de escrever essa one-shot. Sabe quando você quer ler fics que não são do seu casal favorito, só para dar uma mudada? Eu e Alice começamos a tentar ler Percabeths nesses últimos dias e o resultado foi fail total. Não conseguimos achar nenhuma Percabeth boa, o que nos fez querer escrever em nossos projetos Percabeths, para relaxar. E isso deu em Proposal, a primeira one-shot da minha trilogia (ai como me sinto, LOL) "Fases da vida".
Espero que gostem e que comentem :3



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CAPÍTULO ÚNICO

Percy começara a pensar nesse assunto quando estava caindo pelo poço sem fundo que era o caminho para o Tártaro. Para falar a verdade, desde que seu namoro com a Annabeth foi “oficializado” que ele começou a pensar nesse assunto.

O tempo que passara no Camp Jupiter apenas atenuou o fato de que talvez, um grande ou pequeno talvez, que ele e Annie teriam um futuro juntos. E talvez pudessem construir uma família ali.

E não apenas saindo juntos, ou estarem juntos, mas juntos juntos.

Ele estava pensando em noivado. Em casamento. Em uma família que eles poderiam conceber um dia.

Seus sonhos poderiam ser estragados a qualquer minuto, e isso o estava deixando maluco. Ele queria apenas ser um cara normal, com uma namorada normal e com uma vida normal.

Ok, na prática, ele era bem feliz do jeito que vivia, mesmo que isso rendesse muitas horas comendo ambrosia e tomando néctar. E tirando o fato de que o risco de morte era mais de 95%.

Principalmente quando decidira seguir Annabeth até o Tártaro. Não foi exatamente algo para se escolher, mas tudo – tudo – valia a pena quando se tratava de Annabeth.

Não pensara nem um pouco em deixa-la cair sozinha. Porque tudo estaria bem ao longo que estivessem juntos.

E ela nunca mais ficaria longe dele. Nunca mais.

O caminho para o Tártaro era longo. Assombroso. A única coisa que importava era a mão de Annie que ainda segurava a dele.

E seria assim até que a morte os separasse. Ou mais que isso.

...

Ganhar. Ganhar nunca fora uma coisa plausível. Porque, vamos lá, eram semideuses contra gigantes e Gaia.

Como na Batalha pelo Olimpo, ele ganhou mais uma vez. E ele não acreditava que era possível que ainda estivesse vivo e inteiro. E que Annabeth continuava viva e inteira.

- C’mon, Percy, vai perder a comemoração! – chamou-lhe Grover.

- Já vou. – sorriu para o amigo.

Olhou para suas próprias mãos para provar que estava mesmo acontecendo. Eles estavam todos bem.

Correu para se juntar ao que sobrou dos acampamentos no Olimpo. Não o Empire State Building, mas o Monte Olimpo da Grécia, apenas para não se confundirem. Porque acreditem, Percy se pegava confuso alguns vezes.

Se pudesse contar um dos momentos mais felizes de sua vida, aquele, com certeza, estaria entre os primeiros.

Mesmo que poucas pessoas tenham sobrevivido, aqueles que ali estavam, se encontravam extremamente aliviados por ainda poder respirar.

Muitos choravam pelos amigos e irmãos perdidos, mas quando se é um semideus, não se esqueça: a dor faz parte.

- Percy.

- Katie! – foi surpreendido. – E aí?

- Hm, Lord Poseidon meio que está te procurando. Pediu para que todos o ajudassem. – contou. – E eu não sou muito de contrariar um dos Três Grandes, mesmo quando ele não é apreciado pelos romanos a nossa volta.

O filho do Deus dos mares rolou os olhos internamente. Seu pai querendo interromper suas comemorações? Não que fosse a primeira vez.

- Obrigada, Katie.

Ela deu de ombros e foi se encontrar com Travis.

Percy observou o território. Seu pai estaria como Netuno ou Poseidon? Katie pode ter falado que “Lord Poseidon” estava lhe procurando, mas a filha de Deméter estaria certa ou apenas falando o nome grego porque lhe era mais fácil?

- Filho.

- Oh my gods! – colocou a mão no coração. – Você quer me matar, pai?

Poseidon deu uma risada.

- Nunca mataria o herói do Olimpo. Quem seria morto depois seria eu. E eu não quero ir para o Tártaro, pelo o que você me disse... – tremeu.

- Há-há, nem me lembre. Então, o que tem para me dizer?

O Deus o olhou assustado.

- Como sabia que estava querendo te dizer algo?

- Pai, você colocou todos os semideuses me procurando. – ergueu a sobrancelha.

- Graças aos deuses, pensei que você tinha aprendido a ler meus pensamentos. Seria um estrago. Saberia dos meus planos com Ate- esqueça.

Percy o encarou confuso, mas deixou passar. Deixasse que seu velho tivesse sonhos com Lady Atena o quanto quisesse.

- Então, o que é?

- Eu soube que tem planos que envolvem Annabeth. Li sua mente algumas vezes para me divertir.

Se Percy estivesse tomando alguma coisa, teria cuspido tudo na cara de seu pai. Então, digamos que graças aos Deuses ele não estava. Arregalou os olhos.

- Então você viu quando eu...? – corou até o fio dos cabelos.

- Não! Por Zeus, não. – balançou a cabeça. – Percy, eu sei que você é um adolescente cheio de hormônios. E sei que vocês dois tiveram muito tempo no Tártaro para fazer-... o que vocês tiveram para fazer. Mas não é disso que eu estou falando.

- Não? – sua expressão era de interrogação.

Poseidon colocou a mão no ombro de seu filho. A lerdeza foi puxada do seu lado, ele presumiu.

- Casamento, filho.

Uma onde de entendimento percorreu seu rosto: - Aaaaah. – Percy engoliu em seco.

- Eu já pensei bastante nisso. Mas eu acho que somos jovens demais e...

Seu pai discordou com a cabeça.

- Quando se é o que você é, Percy, nunca se é cedo demais.

O garoto suspirou.

- Então, o que eu faço, pai?

- Oh, criança, proponha a ela, é claro! – falou em tom de obviedade.

Percy sorriu e assentiu.

- Mas como eu faço isso?

O Deus dos mares deu de ombros. Aquilo não era com ele. Ele não era uma garota semideusa para saber o que garotas semideusas queriam em sua proposta de casamento.

- Eu não sou a deusa do casamento. – tentou dar uma indireta.

- E você conhece uma? – encarou-o com os olhos brilhantes.

A expressão de Poseidon era de “Meus deuses, você está brincando comigo?”.

- Minha cunhada, filho. – revirou os olhos. “Realmente pensei que ele não era tão lerdo assim... Minha culpa, pressuponho”, pensou.

- Você quer dizer... Não. Não! Hera odeia Annabeth.

Um trovão soou. Percy gemeu de indignação e amaldiçoou mentalmente por ter sangue dos deuses.

- Apenas ela vai te ajudar propriamente. Claro que poderá perguntar para Afrodite também, ela não se importará. E suas amigas, Piper e Hazel. – acrescentou, por último.

Percy olhou para um ponto atrás do deus. Annabeth conversava com Piper animadamente e sorriu com a cena.

- Eu me lembro de quando fui apaixonado dessa forma. – suspirou Poseidon e abriu um sorriso. – Espero que você e Annabeth se arranjem.

- E eu desejo o mesmo para você e Atena. – apertou a mão estendida do pai.

- Shhhh! Os deuses conseguem te ouvir. – mas ele estava com a expressão mais marota possível.

E agora, Percy precisava de ajuda da deusa que mais o odiou, da deusa que mais o assustava e ainda teria de contar seus planos para suas amigas.

Incrível.

...

Voltando a Nova York para seu ano final no colégio – ele não acreditava que iria realmente completar o colegial e depois ir a uma faculdade –, Percy tentou encontrar o melhor jeito para conseguir uma audiência com Lady Hera.

Afinal, o que a deusa gostava além de vacas e de empurrar/jogar filhos do penhasco?

Acabara de chegar à escola, quando o chamaram.

- Hey, Percy! – cumprimentou uma voz.

Virou-se para olhar a pessoa.

- Rachel! Está de volta a Goode?

A última vez que vira a amiga fora na batalha, e na comemoração depois dessa, porém não tivera a chance de ir conversar com ela. A ruiva soltou um suspiro de irritação.

- Sim, depois de muito brigar com o velho. – rolou os olhos e colocou as mãos na cintura. – Senti falta do ar de Nova York. – respirou fundo ao dizer essas palavras.

- Yeah, eu também.

Rachel pegou suas mãos e começou a dar pulinhos de alegria, o que não era muito de seu feitio.

- Quando você vai dizer a ela?

- Ahn? – suas sobrancelhas se juntaram em confusão.

Ela deu um tapa em sua própria testa. Primeiro: toda aquela história envolvendo as duas e depois isso? Seu melhor amigo precisava mesmo de uma pancada na cabeça para ver se seu cérebro conseguia funcionar no ritmo normal.

- A proposta para a Annie! Fique tranquilo, eu não contei para ela. – piscou.

- Como você...?

- Eu sou o Oráculo, dãaa.

“Como ser o Oráculo fosse a resposta para tudo”, reclamou internamente, “tenho certeza que certo deus deu a língua entre os dentes”.

- Eu sinceramente não sei, Rach. Acho que preciso de um encontro com Hera, ela me contaria o que Annabeth gostaria. – disse com um gosto amargo na boca.

- É, isso é exatamente que eu diria. Porque eu tampouco sirvo para conselhos casamenteiros.

- Mas você e Annabeth são amigas...

Rachel levantou a mão em um sinal de “pare”.

- Eu sou o Oráculo, não se esqueça que eu sou totalmente proibida de me envolver romanticamente com alguém.

- Lorde Apollo é alguém...

A garota bateu o pé no chão e cobriu a boca do amigo com a mão.

- Shhhhh! Não existe nada entre mim e Apollo! – fuzilou-o. – Ele está tentando conquistar Artemis, seu bobo.

Ele levantou as sobrancelhas.

- E por que você está tão vermelha? – riu.

- Não dê uma de espertinho, Jackson. – cruzou os braços, ainda corada. – É impossível que eu tenha um relacionamento, e você sabe disso.

Ainda risonho, Percy concordou.

- Se você diz... – rendeu-se. Olhou para seu relógio-escudo.  – Preciso ir para as aulas.

- Hm, eu acho que posso conseguir a sua audiência com Hera, na verdade. Se você quiser. – avisou ela, antes de ele partir.

Seu rosto se contorceu em resignação e irritação ao mesmo tempo.

- Seria de grande ajuda. Como?

Rachel sorriu, convencida.

- Eu sou o Oráculo.

...

Esfregou as mãos uma na outra. Percy olhou para os números do elevador e finalmente colocou o cartão para que o botão 600 aparecesse.

Ele não sabia o que Rachel havia feito, mas estava feliz por ela ter.

“A música continua péssima”, constatou. “Por que Apollo não muda logo isso?”. Bateu o pé no chão do elevador, repetidas vezes, impaciente.

Quando a porta se abriu, ele ficou nostálgico. Era a segunda vez que subia até o andar do Olimpo sozinho. Lembrou-se de quando fora acusado de ser o ladrão de raio e teve de levar a arma de volta. Toda a pressão.

Bons tempos.

Deu um olá para as ninfas e deuses menores que o observavam passar.

Respirou fundo e entrou no Salão. Continuava tão grande quanto das outras vezes, mas nunca pareceu tão assustador.

Hera o estava esperando com um brilho malvado no rosto e seus seis metros de altura. “Exibida”, mas engoliu o pensamento.

- Percy, querido. C’mon over here. – pediu.

Enquanto andava até ela, Hera decidiu diminuir e ficar do tamanho de uma pessoa normal. Cansou de assustá-lo, presumiu.

- Então, você finalmente quer fazer A Pergunta para Annabeth Chase? – perguntou com desdém.

- Sim, senhora. – lembrou-se do conselho de Rachel de não irritá-la, se quisesse ajuda.

Hera convocou duas cadeiras e o fez sentar. Suspirou e jogou o cabelo para trás do ombro.

- E você, Percy Jackson, sabe que eu não gosto muito da filha de Atena, não sabe?

O garoto apenas assentiu, a contragosto. Ele sabia muito bem o quanto de inimizade havia entre as duas. Ele estava entre uma das brigas.

Não foi uma experiência muito saudável.

- Mas sabe que eu sou a deusa do casamento e é meu dever ajuda-lo, não?

Uma chama de esperança acendeu em seu peito.

- Obrigada, Lady Hera.

- Tanto faz. – pigarreou. – Em minha opinião, e lembre-se de que eu não trabalho com o sentimento amor, eu acho que você deve fazer a proposta em um lugar que tenha algum significado aos dois.

Percy tentou absorver as palavras ditas pela deusa.

- E como ela é uma cria de Atena, fale palavras que também tenham significado. Não tente ser espertinho, porque isso não a fará ficar impressionada. – continuou, enumerando os itens nos dedos da mão.

Ele começou a ficar assustado, mas tentou esconder.

- O que mais? – fez uma expressão pensativa. – Não se esqueça de ser você mesmo, Percy. Porque é o que ela gosta em você.

Então Hera estava sendo legal com ele? Super normal, mas Percy não estava reclamando. Há coisas na vida, como elogios vindos dessa deusa em especial, que você não precisa entender, e sim, apreciar.

Um lugar especial... Embaixo do lago onde deram o melhor beijo subaquático de todos os tempos? Era uma possibilidade. Palavras significativas... A única coisa que ele conseguia se lembrar era “você baba quando dorme” e isso não era uma coisa muito animadora.

- Obrigada, Lady Hera. – levantou-se e fez uma reverência. – Foi de grande ajuda.

Ela sorriu em resposta. Percy se virou para sair.

- E Percy Jackson? – deu meia volta. – Eu acho que seria de grande interesse seu de que Afrodite é uma das pessoas que deveria falar. Não sei onde ela pode estar, contudo, acho que você sabe como encontra-la.

Concordou e deu um adeus com a mão. Ele tinha algumas ideias de como conseguir falar com Afrodite.

...

Piper estava sentada à frente do chalé de Afrodite/Venus (após os acampamentos serem tragicamente destruídos, resolveram fazer um que tivesse ambos semideuses gregos e romanos), lendo algum romance de Nicholas Sparks.

A rainha da beleza – como Leo a chamava – tinha finalmente conseguido se entender com o caso Reyna/Jason e entendeu que o filho de Júpiter gostava mesmo dela, e não da filha de Bellona.

- Hey, McLean. – cumprimentou ao sentar ao seu lado.

- Percy, olá. – colocou uma mecha atrás da orelha. – O que veio fazer aqui? Não devia estar em NYC?

- Hã... Eu meio que preciso que consiga que sua mãe fale comigo, e é meio urgente.

Piper riu.

- Ohhh, e para que precisa de minha mãe se tem uma cria dela logo a sua frente? Sabe que nós temos alguns de seus poderes, e podemos ajudar. – piscou.

Percy corou. Daqui a pouco estaria contando para todos do acampamento que iria pedir Annabeth em casamento ASAP. E seria motivo de piada dos Stolls pelos próximos cinquenta anos, no mínimo.

- Não sei se devo te contar, Pipes.

- Você não precisa se quiser. – enrolou uns fios de cabelo no dedo. – Mas eu poderia ajudar, sabe? – piscou os olhos inúmeras vezes, em um ato de ser fofa/sensual.

Ele iria abrir o bocão, mas mordeu a língua. Ela estava...? Não. Impossível. Ela não ousaria... Ou ousaria?

- Hold on, hold on. – pediu. – Está usando seu charme pra cima de mim?

Piper fez cara de ofendida, com direito a mão no coração. Drama queen.

- É isso que você pensa de mim? Que eu sou uma aproveitadora dos meus poderes?

- Mais ou menos. – levou um soco no braço. – Oy! Não precisa ser agressiva.

Ela rolou os olhos.

- Ok, eu estou curiosa. Quer me contar logo? Por favor?

As possibilidades daquilo acontecer? Nulas. Até que se lembrou de quando seu pai lhe disse que poderia pedir ajuda a suas amigas, se precisasse. Amaldiçoando sua consciência, suspirou, derrotado.

- Alright. Eu estou meio que querendo pedir a Annie em casamento...

Piper cobriu a boca e deu um grito abafado. Saltou de seu lugar e começou a dar pulinhos femininos.

- Não! Sério mesmo?! OH MEUS DEUSES, ISSO É TÃO-

- Shhh! – cortou ele. – Quer que o acampamento inteiro saiba? Inclusive a dita cuja?

Ela abaixou a cabeça, envergonhada.

- Desculpe. Mas eu posso ajudar, sério. Eu sei como eu gostaria de ser proposta, por exemplo. Se Jason, um dia, me propusesse, eu gostaria que fosse de uma forma romântica. Como criando um caminho de rosas até ele, para que eu seguisse. Que ele se ajoelhasse como nos filmes... – contou com o ar sonhador.

O estranho era que Percy não conseguia visualizar a si mesmo fazendo aquelas coisas para Annabeth. Não que ela não fosse merecedora de tal coisa, ela era e muito, mas não era bem o estilo deles. Não mesmo. Por outro lado, conseguia ver Jason e Piper nessa situação.

- Você é mesmo filha de sua mãe, não é? – fez piada.

- Awn, obrigada! – ela levou como um elogio. – Espero ter ajudado. E sim, eu vou tentar me comunicar com a minha mãe e te falo o que acontecer.

Percy deu um sorriso agradecido e assentiu. Observou Piper entrar em seu chalé e pensou como seria ver Afrodite em pessoa de novo.

Que seus hormônios estivessem ao seu favor.

...

Engolindo em seco, Percy caminhou até a limusine branca característica da deusa. Mesmo depois de todos aqueles anos, ela não trocou de carro. Ele esperava que não fosse Ares que fosse o chofer, para tirar uma com a cara dele. Seria a gota d’água.

Lembrou-se de sua conversa com Piper, depois que ela conseguiu falar com a mãe.

- Olha, Percy. Eu sei como a minha mãe é, e por favor, seja educado. Não que você não seja, não é isso o que eu estou falando. Não caia em sua conversa, por mais que seja difícil.

- Eu já falei com Afrodite antes, Piper.

- Não importa. Agora que a guerra acabou, os poderes dos deuses estão voltando aos poucos, por isso, não sei com quanto ela estará. Ela tentará te confundir, porque é assim que o amor age.

- E eu estava com medo de Hera.

- Shh! Não brinque com a situação, ok? Estou sendo uma amiga. Então, voltando. Fale o que tiver para falar e não insulte o amor. Ela ficará muito brava. Está na TPM.

- Hã?

- Esqueça. Sério, Percy. Você tem o maior azar do mundo.

- Por quê?

- Porque ela gosta de você e de Annabeth.

Como se os dois fossem Helena e Paris. Eles não eram. Eles não estavam mortos. Sua história não era trágica. E tudo estava bem. Eles não eram os novos troianos.

Apenas não.

- Percy! Entre e se acomode. – falou a voz da deusa, quando abriu a porta.

Desconfortável, se aprumou no assento do banco de trás e tentou não olhar fixamente para Afrodite. Estaria perdido se o fizesse.

- Então... Eu soube que irá pedir a jovem Annabeth Chase em casamento, estou certa?

Balançou a cabeça, concordando. Ouviu-a batendo palmas de animação. “Tal mãe, tal filha”, pensou.

- Eu sabia! Vocês fazem um casal tão lindo, é muito bom que tenham escapado de todos os obstáculos ainda com essa chama de paixão-

- Amor. – corrigiu Percy, fazendo o erro de olhar para cima pela primeira vez. – O que nós temos é amor.

Deusa Afrodite não tem uma aparência específica, na verdade. Naquele ano em que Percy a encontrara pela primeira vez, ela não tinha. Mas naquele momento, ela adquiriu uma cara extremamente parecida com...

- Annabeth?

Ela riu. O som era melodioso, e ele poderia escutá-lo por muito tempo sem cansar.

- Oh, então é assim que apareço para você? Bom. Quer dizer que ela é a mulher mais bonita do mundo para você.

- Ela é mesmo.

Afrodite deu um gritinho e apertou as bochechas do rapaz.

- Awn! Você é tão fofo! Não é a toa que são o meu casal preferido. Perdendo apenas para...

- Helena e Paris? – completou ele.

- Na verdade, não apenas eles. – Percy se sentiu confuso. – Há também James e Lily. Você não os conhece, mas não é sua culpa. Quase ninguém dá bola para eles. Coitadinhos, morreram tão jovens... – a voz dela ficou embargada.

Percy se desesperou.

- Não chore!

- Não se preocupe, estou bem. Eu nem devia ter tocado nesse assunto. Não é deste mundo. – sorriu. – Agora vamos falar de você e Annabeth. Já tem algo planejado?

Ele negou com um movimento com a cabeça. Mesmo pedindo ajuda para todas as mulheres que conhecia, não conseguia nenhuma ideia concreta. Na verdade, as coisas que elas lhe falaram estavam complicando cada vez mais a situação.

- Pah! Lerdinho que nem o pai. Já falei para o Velho das Algas se separar logo de Anfitrite e correr atrás de Atena! Mas ele me escuta? Nope.

O garoto pensou em seu pai e seus pensamentos sobre a deusa da sabedoria. Pelo o que ele entendeu, não eram nada puros.

- Percy Jackson, você é um herói extraordinário, você sabe disso, não sabe?

Ele avermelhou com o elogio. Ele, extraordinário? Percy apenas tentava fazer as coisas do jeito certo. Às vezes, nem isso ele conseguia. Arriscaria meio mundo, tudo por quem amava.

- Você é. E saiba que Annabeth te ama, de verdade. Qualquer coisa que você fizer, ela vai adorar.

Percy sorriu.

- Obrigado, Lady Afrodite.

...

A última pessoa que restava saber da opinião era sua amiga Hazel. Ela tinha problemas demais, porém continuava sendo uma aposta útil. Nascera no começo do século vinte e sabia muitas coisas sobre mulheres (sem envolver o feminismo). O que serviria muito bem para Percy.

Achar Hazel não era a tarefa mais difícil do mundo. Sendo filha de Hades (quer dizer, Pluto, e há diferenças), chamava tremenda atenção. Ainda mais por cima de ser uma das sete da profecia.

E por suas pedras preciosas continuarem aparecendo por onde andava.

- Hazel! – chamou-a. A garota estava na frente do chalé de Hades/Pluto, o número 13, observando a paisagem.

Ela virou-se ao ouvir seu nome.

- Olá, Percy. – o jeito que ela falava ainda era um pouco estranho. – O que me deve sua ilustre presença?

- Não conte para Annabeth. – alertou ele, primeiramente. – Mas eu planejo, hm, você sabe.

Hazel colocou as mãos na boca e deu um tapa na cara do amigo. Percy recuou assustado e massageou a bochecha direita.

- Para o que foi isso? – resmungou.

- Você veio falar desse assunto com uma garota que veio do século vinte? Você não tem noção mesmo, Jackson! – cruzou os braços na altura do peito, encarando-o descrente.

Ele não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Nenhumazinha.

- Eu nem sei do que você está falando! – defendeu-se.

Rolando os olhos, Hazel lhe deu um cutucão forte no ombro, e depois vários outros seguidos.

- Pare com isso, sua louca!

- Não me venha com essa, Percy! A única coisa que te irei dizer é: use proteção. É isso o que vocês falam, não?

Com as engrenagens de seu cérebro funcionando ao máximo, o garoto finalmente entendeu o que a amiga estava se referindo. Teve vontade de rir com o problema de comunicação e tratou de se explicar logo, antes que Hazel voltasse a ataca-lo.

- Hazel. Hazel. Eu não estava falando disso. Estava falando de casamento. Proposta de casamento, na verdade.

Uma sombra de realização passou pelo seu rosto, enquanto ela se desculpava. Pediu para que Percy entrasse no chalé e lhe contasse tudo. Uma pena que ele não sabia o que tudo significava, porque ele não tinha absolutamente nenhuma ideia planejada.

- Sabe, Percy, eu ia dizer que eu os acho um pouco novos para se casar nesse século. Mas, não. Vocês não são. – constatou Hazel, pensativa. – Vocês passaram por coisas que pessoas de oitenta anos não passaram. E além do mais, passaram juntos.

Ele sorriu ao lembrar-se de tudo o que acontecera nos últimos anos. Tecnicamente, era normal para um semideus. Passar por situações de vida ou morte, quer dizer.

- É. – disse sonhador.

- Então você quer meu conselho? – Hazel levantou as sobrancelhas. – Mas você já pediu ajuda para todas as pessoas mais especializadas no assunto, pelo que me contou.

- Você é minha amiga. E preciso do máximo de ajuda que conseguir, te garanto.

Ela riu.

- Realmente. – os dois riram. – Você é meio lerdo para fazer coisas.

- Annabeth diz que eu sou lerdo para tudo.

- Também.

Rindo mais um pouco, Hazel finalmente adquiriu uma expressão séria. Devia estar pensando que aquele era um assunto muito importante e que deveria estar sendo mais profissional. Ficou feliz por Percy procura-la, mesmo tendo a ajuda da Rainha dos Céus, Rainha da Beleza, filha da Rainha da Beleza e sua melhor amiga que no caso era o Oráculo. Enquanto ela era apenas uma filha de Pluto.

- Eu não sou muito boa com isso, eu confesso. – falou ela. Percy pouco acreditava. Todas as garotas eram boas com esse tipo de assunto, ou isso era apenas o que ele pensava. – Mas você deve fazer o que seu coração mandar, fazer o que você quiser. Eu te conheço a muito pouco tempo comparado com Rachel ou as deusas, porém consigo ver que Annabeth te ama e que gostaria de qualquer coisa que você fizesse.

Percy suspirou. Elas diziam tudo isso, o que era muito bom para seu ego, mas na verdade não era uma grande ajuda. Ele queria que lhe dissessem o que ele devia fazer, e pronto. Não era um homem de ideias românticas, a não ser patéticas, como seu primeiro encontro “oficial” com Annabeth.

Deuses, aquilo fora terrível.

- Hazel, para ser bem sincero, a única coisa que eu queria era que me falassem como eu deveria fazer o pedido.

Ela colocou a mão em seu ombro, em um gesto de solidariedade que ao mesmo tempo dizia: “há coisas que você descobre sozinho”.

- Isso ninguém pode te contar exatamente. Sinto muito. – deu um sorriso pequeno.

- Obrigada de qualquer jeito, Hazel. Uma hora a ideia chega.

- Esse é o espírito.

...

Percy jogou-se de frustração em sua cama, em New York. Depois de sair do Camp Half-Blood quando terminou de falar com Hazel, a única coisa que desejava era um tempo para pensar.

Esse tempo não existia no chalé 3.

Sua mãe ainda não chegara da sessão de autógrafos na Barnes & Nobles da 5th Ave. Seu romance estourou após algumas semanas de lançamento e ele estava orgulhoso. Era o sonho dela.

Sua vontade era dormir e não acordar por no mínimo doze horas. Quem sabe uma ideia não vinha? Se bem que ideias tiradas de sonhos são completamente furadas e não dão absolutamente nada certo.

Ainda mais quando se é um meio-sangue.

Fechou os olhos e em poucos minutos caiu na sua merecida soneca do dia.

Pensamentos nebulosos e coisas sem sentido foram seus sonhos e fora despertado por uma porta sendo batida.

- Percy? Você por aqui? – a luz vinda do corredor ardia em sua córnea. – Pensei que passaria o final de semana no acampamento.

- Também estou surpreso, mamãe.

Sally tinha manchas na mão direita, por tanto assinar com caneta permanente e um sorriso estampado em seu rosto.

- Parabéns pela sessão de autógrafos. – disse ele. – A primeira de muitas.

Ela o abraçou e sentou-se ao seu lado, afagando os cabelos negros do filho. Cafuné de mãe. Há coisa melhor?

- Foi tão incrível, Percy. – começou. – Eu me senti tão importante e vi que meu trabalho valeu a pena. Deve ser assim a sensação de salvar o Olimpo duas vezes. – piscou.

- Acho que a sua é até maior. – brincou.

Sally o abraçou de novo.

- Quer comer alguma coisa? Estava pensando em fazer macarrão e depois cookies azuis.

Percy suspirou, tentando soar dramático.

- Eu não estou muito a fim de comida azul hoje, mãe.

Ela o encarou, preocupada, e colocou a mão em sua testa, como se estivesse medindo sua febre (ou loucura).

- Você não está quente. – constatou.

- Não tem nada de errado comigo.

- Mas você não quer comida azul! – desesperou-se Sally. – Isso é o fim do mundo, Perseus!

Ele riu da reação da mãe e negou novamente que não tinha nada de errado. Uma expressão de compreensão passou pelo rosto de sua mãe.

- O que está pensando, Percy? O que aconteceu?

Respirou fundo e olhou a mãe nos olhos.

- Eu vou pedir Annabeth em casamento.

Sally pareceu em choque por alguns segundos e depois bateu palmas animadas, seguidas de risadas alegres demais, o que o estava assustando um pouco. Nunca viu sua mãe em um estado tão feliz quanto naquela hora. Acalmando-se após a revelação, colocou as mãos nas bochechas do filho.

- Você cresceu tão rápido, Percy. Parece que foi ontem que você de doze anos conheceu Grover. Ou quando você comeu aquele giz azul, pensando que fosse um doce de alcaçuz. – lembrou com nostalgia.

- Agh, nem me fale disso. Ainda sinto o gosto na minha boca. – e mostrou a língua.

Mãe e filho riram.

- E agora é um homenzinho crescido que tem seu próprio carro! E que vai pedir a namorada em casamento. – sorriu docemente. – Eu quero netos, não se esqueça.

Percy corou com o comentário e tentou retrucar, mesmo sabendo que não podia. Era sua mãe, afinal de contas. Seu dever era lhe dar netos.

- Até agora eu não sei o que fazer, mãe. Eu não sei como fazer o pedido. – confessou. – Eu a amo, mais do que tudo, mas realmente não faço a mínima ideia de como fazer a pergunta.

Ela colocou a mão no queixo e pensou por um tempo. Percy queria gritar de alegria. Finalmente iriam lhe dizer o que fazer!

- Há coisas que ninguém pode te dizer. – disse, por fim. Ele acabou mais frustrado que antes, e isso era dizer muito. – Mas lembra-se quando eu disse que seu pai falou que pararia a maré por mim?

- Sim... – concordou. – Aonde você quer chegar?

Sally bufou e levantou-se caminhando para fora do quarto.

- Percy, eu sou sua mãe, porém até eu fico preocupada com a sua lerdice em relação às coisas de vez em quando.

Fechou a porta, deixando Percy com seus pensamentos. Mas quer saber? Até que ele tinha pegado a ideia.

Ou quase isso.

...

Quando marcou um encontro na praia do Acampamento com Annabeth, Percy já tinha uma ideia de como seria A Proposta. Convidara a namorada para um piquenique a beira do mar, com direito a espumante de maçã e alguns cupcakes azuis.

Calma, que ele não seria burro ao colocar o anel dentro de um dos bolinhos.

Estava ligeiramente adiantado em relação à hora em que disse que estaria no ponto de encontro. A cesta pesava um pouco e as pessoas do acampamento o observavam como se ele estivesse maluco. O fato de ninguém fazer piquenique devia ser a resposta para tamanha “espionagem”.

Começou a retomar seu plano, tentando encontrar palavras melhores e mais românticas, até ser parado no meio do caminho por uma coluna de fogo que o fez saltar para trás três metros.

- Jackson. – a deusa da sabedoria foi o resultado da queima. – Quer dizer que eu sou a última pessoa a saber de seus planos com a minha filha?

Percy engoliu em seco e esperou o pior. Atena estava com o seu olhar mais mortal, com os braços cruzados na altura do peito. E para piorar, estava usando roupas gregas, para assustá-lo ainda mais.

Ainda bem que não decidiu ficar com cinco metros de altura, porque ele estava quase urinando nas calças.

- E então? Não deve desculpas a sua futura nora? – levantou as sobrancelhas, esboçando um quase sorriso.

Respirando aliviado, Percy assentiu.

- Desculpe, Lady Atena.

Ela fez um gesto de descaso e estalou os dedos, trocando a túnica branca por jeans e blusa azul.

“Atena é apenas fachada”, concluiu mentalmente.

- Engula seus pensamentos, fedelho. – reprimiu.

Percy colocou a mão na boca, se defendendo. Esqueceu-se por poucos segundos que deuses conseguiam ler pensamentos. Uma das inúmeras vantagens de se ter um traseiro divino.

- Seu dever era pedir a minha permissão primeiro, sabia? – fuzilou-o nos olhos. – São as regras.

- Pensei que eu deveria pedir a permissão para o pai, que nesse caso está em São Francisco.

- Na ausência do pai, pergunta-se a mãe. – retrucou. Ficaram por um tempo se encarando. – Onde está a pergunta?

Percy se deu por vencido. Atena era uma pessoa realmente inteligente, e não adiantava um garoto com inteligência mediana tentar discutir com ela. Seria ainda mais burrice sua se tentasse.

- Eu tenho sua permissão, Lady Atena, para me casar com Annabeth?

E se a deusa dissesse não? Ele continuaria com o plano do mesmo jeito? Mesmo contra vontades divinas? A resposta seria: sim. Contra tudo, o amor dele e de Annabeth. Nada o impediria disso.

- Minha filha o ama, o que eu ainda não entendi. – Atena soprou a franja dos olhos. – Então sim, Seaweed Brain.

- Graças aos deuses. – murmurou.

Ela riu de sua reação.

- Agora vá, Percy. Não deixe Annie esperando. – piscou.

Atena piscou para ele. O fim estava próximo, ou era apenas uma coisa no olho dela? Percy deu um aceno com a mão e virou-se para retomar seu caminho.

- Jackson! – ele parou. – Não se atreva a machuca-la, entendeu?

Percy soltou uma risada.

- Nunca, minha senhora! – segurou firme a cesta e correu para a praia. Já estava alguns minutos atrasados e Annabeth era uma daquelas pessoas que não suportava atrasos.

E ele mesmo não queria se atrasar para o compromisso de sua vida. Ou a primeira fase dele.

...

Sua futura noiva batia o pé impaciente e olhava constantemente para o relógio. Percy respirou fundo e se preparou para a briga eminente que os dois poderiam ter. Claro que não poderia culpar a mãe dela, afinal, ainda tinha medo de Atena. E de sua cabeça divina leitora de mentes.

- Percy Jackson! – lá vinha. – Está atrasado! E você ainda me disse que era importante. Tive que deixar os meus projetos de lado, vão levar mais tempo para serem feitos... – reclamou.

Ela era tão linda que ele poderia começar a babar ali mesmo, sem precisar dormir. Não precisava usar saias ou vestidos para conseguir alcançar o mais alto padrão de beleza.

- Desculpe, Wise Girl. Fui parado no meio do caminho. – não mentiu, apenas omitiu.

Colocou a toalha quadriculada na areia e tirou as comidas da cesta. Annabeth pareceu desistir de discutir e juntou-se a ele, sentando após a arrumação.

- Por que decidiu fazer isso, Seaweed Brain? – sorriu ao ver o que ele havia preparado para os dois. Diferentemente de sua reação ao atraso. Percy às vezes desconfiava que todos sofriam de bipolaridade, os semideuses.

Ele deu de ombros, segurando um grunhido de antecipação, tentando aparentar naturalidade.

- Vai ter de esperar para saber. – respondeu misterioso.

Percy conseguia escutar as engrenagens de sua namorada funcionando, tentando entender o que estava acontecendo. Com a capacidade de lógica dela, logo iria descobrir seus planos e ele queria manter a surpresa.

Tratou de fazê-la conversar sobre o dia-a-dia e do tempo que ficaram sem se ver – uma semana, mais ou menos – e o que estavam fazendo. Annabeth podia falar de seus desenhos por eras.

- O que você vai ser, afinal? – perguntou ela, quando acabou de contar sua parte.

- Salvador dos deuses já não é o bastante? – brincou. Ouviu um trovão de longe e pediu desculpas mentalmente. – Não sei, na verdade. Talvez algo relacionado ao mar.

- Biologia marinha? – exemplificou, enquanto mordia um pãozinho.

- Quem sabe.

Percy realmente tinha que começar a pensar nisso. Quando os dois estivessem formando uma família, ele teria de trabalhar. A ideia de ser apenas um adolescente o assustou, porém, entendeu que aquilo era apenas uma segurança de que ficariam juntos. Não necessariamente teriam de se casar logo depois que ela aceitasse a proposta.

“Não seja bobo, Jackson”, repreendeu-se por pensamento, “e nem se atreva a voltar atrás”.

Annabeth limpou a boca com o guardanapo e começou a encará-lo, como se quisesse ler seu pensamento e saber realmente o que estava acontecendo naquele dia.

- Então. – disse ela.

Percy sorriu amarelo. Devia começar logo. Respirou fundo e pediu para que ela se levantasse.

- Você pode ficar olhando para o mar, por favor?

Sem responder algo, a filha de Atena pousou o olhar nas ondas. Ele respirou fundo e se concentrou. Não sabia se o que estava tentando fazer era possível, não quando era apenas um semideus e se reprimiu por não ter perguntado ao pai como fazê-lo.

Pensou em coisas monótonas, paradas. Tempo que não correu, relógio que não andou.

O som de surpresa de Annabeth foi um ótimo resultado. Sem abrir os olhos, esperou sua deixa vir.

Se tudo tivesse dado certo, alguém entregaria a encomenda e ele faria o pedido. Até naquele momento, tudo estava indo bem.

Sentiu um cutucão no ombro.

- O quê? – perguntou a Annabeth.

- Tem uma coisa se mexendo na água. – alertou.

Tudo ficou mais brilhante para Percy. Seu plano consistia na parada da maré como um sinal, para que alguém do reino de seu pai trazer o anel, o qual ele pediu para que fizessem.

Nem acreditava quando a ideia lhe veio na cabeça.

Uma nereida da corte de seu pai emergiu da água e chamou Annabeth com a mão. Uma pequena ostra foi entregue e ela a fitou por um tempo até finalmente aceita-la e abri-la. Percy se ajoelhou na frente dela.

- Annabeth Chase. – começou, quando ela virou para encará-lo, com uma expressão chocada ao segurar o anel entre os dedos. – Eu acabei de parar a maré para você. Depois de tudo que passamos juntos, não acho que haveria outra forma de terminar essa fase de nossas vidas para começar a próxima, juntos. – estava saindo melhor do que pensava. – Quando nos encontramos na primeira vez, eu a havia comparado com uma princesa. Será que você deixaria esse plebeu virar um rei ao seu lado?

O clichê era quase palpável, mas Percy não ligava. Precisava mostrar um lado seu naquele momento que poucas pessoas conheciam e que ele mesmo não estava acostumado.

A expressão de Annabeth era sem preço. Ela começava a chorar e tentava escutar tudo o que Percy dizia ao mesmo tempo.

- Sei que somos jovens e inconsequentes, mas depois de tudo que passamos, nos últimos anos, acho que temos experiência com a vida o suficiente para darmos esse passo. – ele soltou uma risada. – E aqui estou eu, fazendo um pedido que vai mudar nossas vidas (eu espero que para melhor), fazendo papel de idiota romântico para saber se você, Annabeth, quer se casar comigo. – inspirou fundo. – Você aceitaria ser a mulher da minha vida?

Ela ficou sem reação por cerca de trinta segundos, o mínimo que Percy precisava para começar a se preocupar. Todas as possibilidades de rejeições haviam passado em sua cabeça – inclusive uma que envolvia sua humilhação eterna -, até que Annabeth reagiu.

Dando-lhe um tapa no braço, ela pulou em cima de Percy e o abraçou, enquanto chorava. O beijou de leve e ele pensou que estava no paraíso, o sentimento de alívio perpassando por seu corpo como milhões de volts.

- Sim! Sim, sim, sim. – respondeu. - E eu diria sim em todas as línguas, mas você não entenderia, Seaweed Brain.

Percy riu com a piada e colocou o anel no dedo dela.

- Por um momento pensei que você iria recusar, Wise Girl.

- Quase o fiz. – contou. Ele arregalou os olhos, mas ela o calou, o beijando. – Brincadeirinha.

Os dois foram distraídos por todos do acampamento batendo palmas. A nostalgia do dia em que começaram a namorar era visível. Mesmo passando anos, as pessoas do acampamento iriam continuar a espionar o casal favorito deles.

- Parabéns, cara! – falou Grover. Nico, Jason, Leo e Tyson faziam sinais de positivo atrás dele.

Percy e Annabeth gargalharam, abraçados.

- Precisamos começar com a preparação! – gritou Piper, sobrepondo todas as vozes. – Tem de ser o casamento do século, com muitas flores, branco, convidados, palavras bonitas...

- Desencalhou primeiro que todo mundo, hein, Annie! – até Thalia estava lá. Percy desconfiava de Piper por ter uma boca grande, mas ficou satisfeito ao ver seus amigos juntos.

A família toda reunida na casa deles. Como deveria ser.

Fim. (da primeira parte) 


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Notas finais do capítulo

Então, eu e Alice estamos no twitter agora. Pois é. Eu pensei que depois de esquecer a senha do meu twitter velho nunca mais faria outro. Errado. Agora vocês podem nos ver falando sobre novos capítulos de exchanges, novas ones, sobre nossas vidas miseráveis (a minha, pelo menos) e sobre o que estamos lendo/escrevendo no dia *--*. Soltaremos spoilers e seremos fangirls frenéticas (como sempre).
Sigam-me no twitter @fictionalcarter e no tumblr addictive-memories (links no meu perfil). E sigam Alice @lilyinfallible e grau-adler.
Até a próxima!