X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 20
Soberania


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Demorei, e peço desculpas. Foi um fim de ano agitado, rs. E já estamos chegando ao fim dessa fic. Ou pelo menos, chegando ao fim dessa primeira etapa na história. Espero que gostem. Beijos.



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Alice encarou Erik por um tempo que facilmente poderia ter sido mais longo do que todos os meses que ela passou em reclusão. Ele pretendia tirá-la de lá? Como Erik faria isso? Ela fitou as mãos deles, colocadas uma sobre a outra, separadas apenas por aquele vidro cruel e indigno.

Ora, Alice se considerava culpada. Estava no lugar certo, cumprindo a pena certa. Mas já ficara presa por sete meses, sofrendo e suportando calada as angústias e as dúvidas que lhe foram impostas. Talvez, a justiça verdadeira residisse no fato de ela fugir com quem ela amava. Fugir sem precedentes, para um lugar onde jamais a encontrariam de novo.

– Erik... Tem algo acontecendo comigo. – Alice pensou, com um leve desespero se apossando dela. A ideia de uma fuga parecia abstrata e surreal naquele momento.

– Eu sei. E nós dois sabemos que isso não vai parar tão cedo. Vou tirar você daqui... Teremos nossa liberdade. – Erik comentou telepaticamente, e seus olhos ficaram vagos, desfocados.

Alice sentiu seu coração palpitar de maneira irregular e sonora, diferentemente de como palpitara nesses últimos meses.

– Eles têm dispositivos de segurança... Felizmente, alguns feitos de metal. Eu vou ativá-los. Em seguida, algumas peças de metal vão... Voar. Tem uma nave nos esperando. Eu planejei tudo... Nós alcançaremos nossa liberdade. – Repetiu Erik, explicando o seu plano. Ele tinha o semblante firme e imponente, mas ao mesmo tempo parecia ter os pensamentos ligeiramente frágeis.

Isso acontecia porque a liberdade de Alice e a dele próprio dependiam do sucesso daquele plano. Não era hora de pensar em falhas. O fracasso não podia ser uma possibilidade.

Alice suspirou, fitando de soslaio as marcas em seus braços.

Liberdade... Essa palavra tem sido algo bem distante da minha vida ultimamente.

Erik, então, virou-se de modo a encarar Alice. Ele a fitava de maneira intensa, profunda, suas íris sincronizadas com as dela, urgentes em transmitir uma mensagem. A mensagem de que eles conseguiriam sair dali. Tudo o que Erik queria resumir no olhar que mantinha em Alice era isso: Para ela ter fé, porque um reino de soberania e liberdade chegaria para eles. Além disso, eles ficariam juntos. Mostrariam que tudo o que fora feito para separá-los era vão, nulo, fraco... Erik manteve o olhar penetrante para ela e pensou, de maneira clara e resoluta:

– Eu lhe trarei ela de volta. Porque, você... Alice, é a liberdade que eu escolhi para mim.

Alice lembrou-se de agarrar-se a esse pensamento, como se tudo em sua existência fosse vinculado a ele. Lembrou-se de acreditar em cada momento que passara ao lado de Erik, perdida em seus olhos e em suas falas impossíveis de se interpretar. Lembrou-se da imagem daquele homem incompreendido salvando-a tantas vezes, e buscando nela o que nunca encontrara em vida. Lembrou-se de Erik e de suas mãos entrelaçadas de verdade – não como estiveram segundos antes, separadas por uma placa vítrea - mas verdadeiramente unidas, ansiando pelo toque que proporcionariam. Lembrou-se de Erik e ela num momento de união, desejando possuírem-se arduamente. Lembrou-se de tudo isso, e depois perdeu a noção do que era real e do que estava sendo produzido por sua mente, num momento de ansiedade.

Porque Alice ouvira um estrondo. Um barulho de explosões sequenciais tomando conta daquele ar pressurizado, numa prisão no meio do espaço sideral. Ela lembrou-se de ter cambaleado, sentindo fortes tonturas. Além disso, não podia confiar em sua audição, porque ela parecia desrregulada, alternando entre sons fracos e fortes. Alice também fechou os olhos, apoiando-se desajeitadamente na primeira parede que encontrou, a fim de não cair. Em seguida, conseguiu distinguir precariamente sons de vidro sendo estilhaçado e de sirenes de emergência.

Alice não tinha certeza, mas deveria ter batido a cabeça. Uma dor aguda e persistente tomou conta dela, de modo que ela não conseguiu reprimir um grito. Além disso, a sua visão estava turva, imprecisa. Ela percebeu apenas fumaça no ar, e tremores que dominavam as paredes e o chão. Depois disso, focalizou Erik no mesmo lugar em que ele antes estivera. Ele tinha a mão direita na direção da cabeça, e a outra estendida na frente do corpo. Com uma súbita percepção, Alice deduziu que o plano de Erik tivera início. Mas a dor de cabeça dela pareceu se intensificar, e deixou-a sem condições de reagir ou de pensar. Ela apenas sentiu, com uma tímida alegria, que as mãos firmes e hábeis de Erik agora a pegavam do chão. No entanto, tudo ainda estava muito nublado e confuso.

Uma mistura de imagens e sons provocava total torpor em Alice, e ela só conseguiu agarrar-se a Erik, da mesma maneira com a qual se agarrara às últimas palavras dele.

•••

Sempre da mesma forma. Uma desagradável repetição. Sempre a mesma exposição de sua fragilidade, do seu perigo insano, e da sua instabilidade física e emocional. Era assim que Alice se sentia naquele momento. Ela tinha medo. Um medo justificável, era verdade. Ela não tinha noção do que acontecera, de onde estava, ou com quem.

Entretanto, teve alguns desejos imediatos. O primeiro deles: Que ela não tivesse estado inconsciente por tantos meses, como ficara da outra fatídica vez. Outro desejo: Que ela não estivesse nas instalações frias e aritficiais da ESPADA.

Concentrando sua fé nesses pensamentos, Alice descobriu que tinha alguma parte de si mesma que estava consciente e em pleno funcionamento. Assim, ela tentou usar seus sentidos para detectar qualquer informação sobre onde estava. Usou sua audição, mas com resignação percebeu que esta ainda estava ligeiramente danificada. Insistindo, ela não ouviu ruídos de explosões, nem de vidros se partindo no ar, ou de sirenes. Houve apenas o barulho comum de turbinas de um avião em funcionamento. Depois disso, ela ousou abrir os olhos.

Suas pálpebras estavam pesadas, sua mente sobrecarregada e seus pensamentos conflituosos. Talvez por isso ela tenha demorado tanto para abrir os olhos. Contudo, ao fazê-lo, deparou-se com algo confortavelmente comum.

Uma ala de enfermaria. Mas nem todos os aviões comuns deviam ter alas médicas como aquela, tão bem equipadas. Alice devia estar na enfermaria de algum jato dos X-Men. Ela ficou surpresa por ter feito tal dedução, considerando a sua precária situação física e psíquica. As paredes do avião eram de um cinza escuro, e havia os mesmos equipamentos médicos que ela já conhecia. Alice estava numa cama, mas não havia nenhum aparelho conectado a ela. Esse era outro fato que a confortou ainda mais. Ademais, olhando por uma estreita janela, ela observou um céu azul límpido. Ela deveria estar no planeta Terra, o que novamente a inundou de uma paz inexplicável.

Dessa maneira, ela soltou um longo suspiro de alívio. Não importava como – embora ela realmente estivesse curiosa -, ela tinha saído da ESPADA. Apenas saíra. Erik a resgatara. E, depois de tantos sons em choque, depois de tantas dores e sofrimentos, depois de tantas explosões reais e imaginárias, ela ficou feliz por estar num lugar dominado pela paz e pela tranquilidade. O silêncio era sinônimo de sua liberdade.

Depois de alguns minutos assim, repousando e deixando que seu corpo se recuperasse gradualmente de todos os danos, Alice voltou a dormir. Era isso o que ela ficou fazendo na maior parte do tempo. Acordando e dormindo. De alguma forma, não parecia real. Ela tinha a impressão de que, a qualquer momento, a enfermaria desapareceria e ela encararia à sua frente, novamente, uma barreira energética que a confinaria novamente, devolvendo-a à sua sina e ao seu castigo.

Em uma das vezes que acordou, ela ficou a observar seu braço. Talvez aquelas marcas nunca fossem sumir. No seu antebraço esquerdo, havia três furos lineares, provocados por agulhas. E na base de seu pulso, nesse mesmo braço, havia a marca de onde seu chip estivera. Bom, não estava mais. Isso era bom. Deviam ter tirado isso dela assim que a fuga fora completa. Mas deixara marcas... Um quadrado perfeito, com ranhuras.

– Deve estar se fazendo muitas perguntas...

Alice deixou escapar um ruído de exclamação, ao ser tirada de seus devaneios por aquela voz. Contudo, era apenas Erik que entrara na sala. Alice, inconscientemente, lançou um sorriso para ele. Um sorriso que significava mais do que ela jamais conseguiria expressar.

Erik andou até a cama dela, e se postou ao seu lado. Ela tentou se levantar, mas hesitou. Achou que ele a repreenderia, e a mandaria deitar-se de maneira ríspida. Mas isso não aconteceu. Erik dificilmente reprimia-a. Ele deixava ela ser o que era, simplesmente. Alice não deixou de reparar nesse fato.

Assim, ela sentou-se na cama. Esperou para ver se alguma aversão ocorreria, como dores de cabeça ou náuseas. Nada. Então, ela se levantou, reparando que trajava sua roupa comum de X-Men. Não usava roupas de prisão. Esse fato a alegrou indiscutivelmente.

– Lê mentes agora? Como sabe que tenho muitas perguntas? – Alice perguntou. A voz dela parecia ter mudado. Há quanto tempo ela não formulara alguma pergunta assim para alguém?

Agora, Alice e Erik estavam de pé, um de frente para o outro. Ele sorriu, mas sua expressão agravou-se num ímpeto de raiva, quando ele fitou as marcas no braço dela. Hesitante, Alice abaixou os braços, tirando as marcas do campo de visão de Erik.

– Não preciso ler sua mente para entendê-la agora, Alice. – Erik comentou, acariciando os cabelos dela.

– Bom, obrigada. – Ela sussurrou contra o peito dele, ao envolvê-lo em um abraço. Aquele era o lugar que mais tinha poder sobre ela, o lugar que a tranquilizava. Estar abraçada com Erik. Ele correspondeu ao abraço, beijando com urgência a testa dela, sentindo que uma parte de si agora estava novamente completa, íntegra. Desse modo, eles se olharam durante algum tempo. Novamente, parecia irreal, impossível, eles estarem ali sem nada para impedi-los.

– Eu te fiz uma promessa. Era meu dever cumpri-la. – Erik comentou de maneira superior, brincando com uma mecha do cabelo dela.

Mas outras perguntas menos importantes surgiram na mente de Alice, e ela indagou:

Estamos sozinhos?


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Quais são suas teorias para o que virá pela frente? :D



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