POV Melinda.

-Beatrice... amanhã, eu vou até a cidade para fazer compras. Decoração do quarto dos bebês... quer ir? - falei com uma pontada de orgulho.

-Escutei bem? - ela parecia não respirar. - Bebês? - ela enfatizou a letra "s".

-Acabamos de encerrar uma briga, não queremos promover outra, certo? - Riley interviu antes que eu pudesse me pronunciar. 

-Tem razão. - ela relaxou os ombros. - Não quero brigar novamente. Mas de qualquer jeito, eu não poderia acompanha-los. Prometi de visitar uma amiga da Universidade, Brandy. Ela está na casa de seus pais em Londres, e a viagem é de uma hora. Não conseguiria voltar a tempo! Desculpe.

-Tudo bem. - sorri.

Talvez a ideia de Beatrice não ir conosco às compras fora ótimo. Ela, provavelmente, ficaria fazendo comentários desnecessários.

-Bom, até mais. - ela se despediu e saiu do quarto, fechando a porta atras de si.

Ficamos quietos por alguns minutos, e eu estava me sentindo sufocada com o assunto "Beatrice, a ex de Riley."! Eu precisava saber se Riley sentia algo ainda por Bea... Mas eu não conseguia falar. As palavras se recusavam a sair.

-Bom, vou confirmar se meu pai vai conosco amanhã, fazer as... compras. - sai correndo dali, quase tropeçando em meus próprios pés, e fechei a porta desesperadamente. 

Encostei minhas costas na porta branca, gelada. Por incrível que pareça, eu não fico mais à vontade com Riley. É como... se o namorado de uma amiga minha muito próxima, estivesse traindo-a comigo. Mas, não! Aquele é meu namorado. Aquele é o pai dos meus filhos. "Coloque isso em sua cabeça, Melinda.", falei para mim mesma.

Desci as escadas correndo e me deparei com papai gritando com a televisão.

-O Sanders estava livre! Pelo amor de santo Deus! - ela bateu o punho na almofada cor creme, que estava em seu colo.

-Assistindo NFL? - perguntei com os olhos na tela.

-Sim! Steelers vs. Dolphins! - ele disse, com os olhos grudados na televisão. - Quer assistir? Tá um jogo espetacular! Os Steelers estão na frente, pela graça de Deus! GO STEELERS! - assustei-me com o grito.

-Ah, certo e não obrigada! Pai, posso lhe perguntar uma coisa? 

-Diga. - agora ele olhava para mim. Sério.

-Vai amanhã comigo e com Riley, comprar as coisas para o quarto? 

-Ah, filha! Não poderei ir!

-Porque?

-Tenho trabalhos para fazer, planilhas para terminar... enfim, muita coisa!

-Porque não pede para sua secretária? É para isso que serve ela por lá, certo? 

-Claro... mas ela está de folga. A mãe dela está passando por uma doença terrível! Esqueci-me do nome...

-Que seja! - falei. - E como que vou fazer compras amanhã, Sr. William?

-Darei meu cartão de débito amanhã para você.

Bati palmas, mas ele logo interviu.

-Não compre qualquer coisa hein! - alertou-me. - Primeiro as mobílias, tintas e coisas para decoração e depois alguma coisa pra vocês, ok? Lembre-se que estará lá pelos meus netos! - ele se sentiu orgulhoso ao falar "netos". Sorri.

-Tudo bem pai! - beijei sua bochecha máscula. - Assim que acabar o jogo, me diga se os Steelers ganharam, certo? - falei subindo as escadas.

-Porque? Não torce para eles!

-Apenas curiosidade.

-Tudo bem! Falo para você amanhã, quando entregar o cartão! Boa noite querida!

-Boa noite papai!

Percorri o corredor, não muito longo, e parei em frente a porta. Meu coração começou a acelerar e um aperto no tal órgão, começou a aparecer. Porque isso estava acontecendo comigo? Talvez nervosismo, ou receio de se sentir magoada ao saber se Riley amava - ainda. - Beatrice. "Cale-se! Pare de bobeira e vá já para cama!" pensei.

Abri a porta determinada e a fechei, com um pouco de força acima do normal.

-O que houve? - Riley perguntou. - Aconteceu algo?

-Ahmm... nada de mais. Papai não poderá ir conosco fazer... compras. Ele terá que fazer algumas coisas a respeito de seu trabalho...

-Ah, certo... e como vamos pagar tudo?

-Ele vai me dar o cartão de débito dele, amanhã antes de irmos. 

Minha boca ficou seca de repente. Estranho. Deitei-me na cama e desliguei o abajur. Eu ficava me remexendo, levemente, na cama. Não conseguia tirar o assunto "Beatrice, ex de Riley." de minha mente.

-Está tudo bem? - Riley me perguntou, passando a mão em minha cintura.

-Está... apenas pensando no que Bea disse sobre...

-Mim? - ele completou.

-É. Se não fosse eu, vocês ainda estariam juntos! Felizes. 

-Não é culpa sua! Eu a escolhi. Não exatamente, mas parte de mim escolheu. Eu poderia muito bem me envolver contigo sem Beatrice saber. Sem nenhuma de vocês saberem uma das outras... ou pelo menos nenhuma das duas soubessem que eu era de vocês duas...

Eu me perdi em suas explicações, mas fingi que intendera tudo.

-Contei a Beatrice, que não estava mais apaixonado por ela, porque eu não queria magoa-la.

-Mas deu no mesmo... - falei.

Ficamos em silêncio.

-Eu amo você, ok? Eu não gosto mais de Beatrice, apenas como bons amigos! Não vou embora, não vou deixá-la e você sabe disso! Nem que me implore, ou me espanque, deixarei você! Ao menos que eu morra antes de ti. Só quero que saiba: Eu amo você! - ele apontou para mim, no meio da escuridão, mas consegui sentir seu dedo pousando em meu peito.

Esperei um pouco, pra olhar para ele. Não conseguia enxerga-lo nitidamente, mas eu o via. Ele estava sério, e suas palavras eram sinceras.

-Eu te amo. - foi o máximo que eu conseguia dizer. Beijei-o.

Seu sorriso, basicamente, iluminou ali. Aquele sorriso que ofuscava de qualquer um que estivesse por perto.

***

-Bom dia! - ouvi o barulho das cortinas sendo abertas e a claridade inundou o quarto. - Levante!

-Deixe-me dormir mais um pouco! - falei cobrindo a cabeça com o lençol.

-Se dormir mais um pouco, não conseguiremos pegar as lojas vazias e com estoques. - ele fez cócegas em mim e eu ri.

-Não quero mais ir. Estou cansada. - falei manhosa.

-Awn, minha bebê está com "pleguiça" está? - ele tirou o lençol de meu corpo e beijou-o por inteiro.

Depois que ele terminou a seção "Beijo", virei de barriga para cima e assenti com a cabeça e fiz biquinho. Ele me pegou no colo, me levou até o banheiro que fiava no mesmo quarto e me sentou na pia.

-Mereço uma recompensa? - ela falou ficando entre minhas pernas.

-Claro. - beijei-o e depois empurrei ele para trás. - Agora eu tenho que tomar meu banho.

-Certo, te encontro ali no quarto.

Fechei a porta. Tomei meu banho tranquilamente, lavei meu cabelo com xampu de morango silvestre, - meu favorito. - sequei-o e voltei ao quarto. Não percebi se Riley estava ali, ou não. Vasculhei meu armário e peguei uma calça cor creme, uma blusa simples marrom e um tênis All Star de cano alto. Coloquei uma jaqueta preta e meu boné. Depois que a claridade bateu em meu rosto novamente, decidi colocar um óculos de sol, também. 

http://fashion.me/maah-camargo/snips/370739.635128231800000000

-Pronta? - Riley disse se levantando da cama. Eu realmente, não prestei atenção nele.

-Sim!

Saímos do quarto, de fui de encontro com papai para que ele desse o cartão de débito. Mais uma vez, ele me alertara sobre "Netos primeiro.". E fomos até a cidade.

Continua...