Batalha Real - Matar ou Morrer! escrita por Stark


Capítulo 22
Fúnebre


Notas iniciais do capítulo

O Jogo traz a morte, e leva o sentimento macabro do medo e da tristeza para aqueles que ainda não sucumbiram à ela.



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17 horas e 2 minutos de jogo...

Amanda estava reunida com Luciano, Delhidiani e Heloísa na Confeitaria do quadrante H-7, ela observava em silêncio os seus três amigos igualmente silenciosos caminharem pela cozinha em círculos. Eles pareciam tão preocupados, assim como ela também estava. Mas não podia deixar isso transparecer, de certa forma se sentia responsável pelos três, afinal, fora ela quem tivera a ideia inicial de formar uma aliança. “Nós quatro vamos morrer... Vamos morrer... Vamos morrer...” Ela pensava sem parar. Toda vez que observava para a pistola com silenciador de Delhidiani em cima da mesa, ela sentia calafrios. Era como se a morte estivesse olhando diretamente para ela.

– Então é isso? – Heloísa quebrou o silêncio – Vamos ficar aqui parados esperando a morte?

– A gente já conversou sobre isso... – Disse Luciano chateado.

– Mas não resolvemos nada! – Retrucou Heloísa.

– Eu acho que podemos agir... Mas no momento certo. – Amanda respondeu calmamente, tentando transmitir segurança, mas notou que sua voz saíra tremida.

Heloísa se sentou em uma cadeira retraída, ficou encarando o nada por alguns segundos, e começou a chorar descontroladamente. Os seus colegas a observavam em silêncio, todos já haviam passado por aquilo, mas ninguém sabia realmente como reagir a essa situação.

Amanda olhava para o relógio, o tempo parecia se arrastar, ela observava os ponteiros... 5 minutos... 10 minutos... 20 minutos... 40 minutos... 1 hora... 1 hora e meia... Cada movimento do ponteiro parecia pesar uma tonelada, e ela permanecia em completo silêncio, observando seus colegas caminharem de lá pra cá, derramando lágrimas de tempo em tempo. Ela olhava para os colares em seus pescoços, e o arrepio que sentia ao contemplar a pistola com silenciador lhe invadia o corpo... Era como se o futuro estivesse na sua cara, e aqueles colares metálicos lhe indicassem um destino inevitável.

***

Helia estava na loja de roupas no quadrante I-9, deixara o uniforme escolar e a calça jeans de lado e agora vestia uma elegante blusa de um ombro só e um shorts. Olhava-se no espelho e suspirava, desapontada por não ter encontrado a blusa verde-claro que vestia no seu número, estava alguns números acima. Caminhou até os cintos da loja e escolheu um fino de couro com fivela dourada, não era para os shorts, colocou por o cinto por cima da blusa para demarcar a cintura, e agora a blusa parecia ter sido feita para ser usada daquela forma.

Gostava de dar um toque especial as coisas, sentia que precisava deixar as coisas de uma maneira genial, e em geral, as deixava, se lembrando das apresentações com o grupo de teatro da escola, nos momentos em que tinha que fazer algum ajuste de última hora no figurino. Olhou-se novamente no espelho e sorriu. O chocolate estava realmente fazendo efeito, e não sentia-se mais tão preocupada. Foi até a sua bolsa e deu mais uma mordida em outra barra. Não queria ser possuída pela tristeza novamente. Sentia que fazer isso era de certa forma, entrar no Jogo.

***

Vinícius deixara seu esconderijo no bosque e vagava pela cidade no quadrante F-6, tentara aguentar ao máximo no seu esconderijo, mas sua cabeça estava doendo tanto que não sabia se conseguiria se manter de pé se não fizesse alguma coisa. Os músculos do seu corpo estavam doloridos e seu sentia-se fraco, não podia ser sede, tinha certeza de que havia se hidratado com frequência. Acreditava que pegara um resfriado na noite anterior, ao passar horas ao relento em baixo da chuva. Estava começando a ficar doente, e se não fizesse alguma coisa, seu desempenho no jogo estaria prejudicado.

Sentia que era um daqueles momentos que definiriam se ele iria fracassar ou obter êxito no jogo, era um movimento arriscado, mas pretendia chegar até a farmácia e conseguir medicamentos. Certamente lhe manteriam forte o suficiente para continuar no jogo. Mas a visão da cidade sob aquele sol escaldante lhe causava calafrios, e a queimação em seu estômago piorava.

Ele olhou para frente, e avistou no cruzamento da Farmácia um corpo, caído no asfalto. “Não... Por favor, não...” Ele pensou, se aproximando do corpo. Chegou ao cruzamento e reconheceu Gabriela.

– Gabriela... Mas... Quem? – Ele disse para si mesmo, tentando pensar em quem teria feito aquilo. Sem forças pra se manter em pé, se ajoelhou ao lado do corpo e sentiu lágrimas quentes caírem de seus olhos. Lembrou-se do corpo sem vida de Murilo no capô do carro. A morte era uma coisa tão feia... Tão... Macabra.

Observava os olhos abertos da garota, e por compaixão os fechou, tentara enganar o seu cérebro que ela estava apenas dormindo, mas o buraco feito a bala na cabeça da colega não lhe deixavam. Pegou as mãos da colega e as colocou no peito, perto do coração. Não sabia exatamente o por quê de estar fazendo aquilo, mas sentia que não podia deixa-la do mesmo jeito que perdera a vida, sentia que precisava dá-la alguma dignidade, algo que mostrasse a quem estivesse assistindo que ela era um ser humano, com sentimentos, com um universo inteiro dentro si... Com... Vida.

– Por que fazem a gente passar por isso? Por quê? – Ele perguntou, para si e para as câmeras.

***

Gabriel caminhava pela calçada no quadrante F-4, sentia que procurar uma pessoa pela cidade era como encontrar uma agulha em um palheiro. Por mais que caminhasse, não encontrava ninguém. Ele sentia que precisava encontrar alguém, que precisava entrar no jogo, e jogar para vencer. Não fazia sentido se não fosse para vencer, não é mesmo? Precisava passar por cima de tudo e todos, e só desse jeito iria chegar vivo no final. Sentia-se cansado, suas pernas já começavam a doer, mas não podia desistir, precisava se manter forte e continuar.

Virou a esquina à direita, foi quando avistou metros a sua frente outro aluno. De imediato reconheceu Vinícius, no cruzamento da Farmácia, ajoelhado próximo corpo de outro aluno. Correu alguns passos, ergueu a arma e disparou. Ouviu-se o barulho alto de tiro, mas não acertara Vinícius, que, desorientado, levantou-se olhando para os lados. Foi quando ele finalmente avistara Gabriel.

***

Vinícius estava no cruzamento da Farmácia, sentia que a morte se aproximava cada vez mais dele, agora se sentia tão estúpido por ter saído pela cidade em plena luz do dia, por impulso começou a correr para a esquerda. Estava indo em direção à Avenida quando tropeçou em um buraco na calçada e caiu, seu corpo foi projetado pra frente e arrastou-se pela calçada. Não sentiu dor nenhuma, apenas um grande desespero ao tentar se levantar e perceber que seu tornozelo estava extremamente dolorido. Acabara de torcer o tornozelo? “Não, não, não...” Pensava desesperado. Olhou para a palma de suas suas mãos e elas estavam sangrando, a calçada havia raspado uma camada da pele.

Precisava sair dali, mas não conseguiria correr até a Avenida, tentou caminhar, mas a dor em seu pé esquerdo foi mais forte que ao se levantar. Começou a pular em um pé só, e apoiou-se em uma coluna do prédio da Farmácia, foi quando viu uma porta de vidro aberta, era o único lugar em que chegaria a tempo. Começou a caminhar mancando rapidamente, e sentia que seu pé se desprenderia do resto da sua perna.

***

Gabriel estava correndo ofegante, virou a esquina à direita em frente à Farmácia, e ali viu Vinícius, entrando no prédio. “Você ainda não conseguiu me despistar...” Demorou poucos segundos até chegar à porta de vidro e ver Vinícius metros a frente subindo as escadas. Disparou outra vez, mas Vinícius continuara correndo. Correu até a escada e começou a subir o lance de escada rapidamente, virou à esquerda e viu uma porta se fechando, Vinícius acabara de entrar ali. Correu pelos degraus e chegou até a porta, abriu-a com violência e encontrou-se em um a espécie de escritório, Vinícius estava do outro lado da sala, olhando-o em estado de choque e respirando rapidamente. Gabriel ergueu o braço e mirou em Vinícius.

– Últimas palavras? Infeliz. – Gabriel disse.

Uma lâmina comprida passou em frente aos olhos de Gabriel, e em uma fração de segundos ele viu o seu antebraço se desprender do corpo e cair no chão. A arma disparou ao bater no piso e causou um barulho ensurdecedor. Gabriel estava atônito, o quê acabara de acontecer? Foi quando Daniel apareceu em sua frente, segurando uma espada, a causadora de seu ferimento. Olhou para o seu antebraço jorrando sangue e abaixou-se para pegar sua arma. Foi quando sua mente foi engolida pela escuridão.

Sobreviventes: 19 e contando...


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Comentem! O próximo sairá o mais breve possível.



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