Batalha Real - Matar ou Morrer! escrita por Stark


Capítulo 1
O Programa


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo vemos o anúncio da 2ª edição do Programa no Brasil e a turma que foi sorteada.



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O locutor do Programa narrava animado os acontecimentos, enquanto a turma do 3º ano A da escola G. C. Ramos embarcava no ônibus na praça ao lado da escola, que os levaria até o litoral para a viagem de formatura.

– Alô, alô telespectadores. Sejam bem-vindos à 2ª edição do Programa, este ano foi sorteada uma turma do sul do país, parece que neste momento os alunos estão embarcando no ônibus, eles não suspeitam de nada até agora. Pensam que estão indo a uma simples viagem de formatura, mas mal sabem eles o que os aguardam.

***

Já dentro do ônibus, ao fundo, Daniel (garoto nº 4) avista Vinícius (garoto nº 14) e o chama.

– Ei Vini! Vem rápido, antes que o Eduardo sente do meu lado. Não vou suportar a viagem inteira ele aqui tentando fazer graça.

– Isso é típico. Você viu o Felipão?

– Ainda não entrou no ônibus... Ah, olha ele aí!

Felipe (garoto nº 7) acabara de entrar no ônibus segurando um violão.

– Eu trouxe meu violão.

– Por favor, não toque sertanejo porque o Gabriel vai vir aqui e começar a cantar - disse Vinícius apreensivo. Eduardo (garoto nº 6) acabara de entrar no ônibus e se dirigiu ao fundo.

– E aí pessoal! Felipão, como de costume, trouxe o violão. Ainda bem que eu trouxe meu notebook e os fones de ouvido, hehe.

– É. - Disse Daniel, olhando para Vinícius indignado, que se segurava para não rir da situação. Na mesma hora, Gabriel (garoto nº 8) avista Felipe ao fundo do ônibus.

– Epa, um violão! Toca um sertanejo aí pra eu cantar.

Dessa vez, foi Vinícius quem olhou indignado para Daniel, que se esforçava para não cair na gargalhada.

Nos bancos da frente Helia (garota nº 11) tirava fotos de Eloise (garota nº 7), Gabriela (garota nº 9), Giane (garota nº 10), Izabela (garota nº 13) e Kézia (garota nº 16). Helia, a presidente de classe estava muito empolgada.

– Isso aí galera! Animação, urrul! Demorei pra caramba pra organizar essa viagem, vamos nos divertir finalmente!

– Urrul - Comemorava o grupo de meninas.

Alguns bancos atrás, Gustavo (garoto nº10) olhava pelo vidro da janela do ônibus a praça em frente à escola, não a escola em que estudavam, uma que ficava em frente a igreja, a poucos metros da escola onde estudavam. Ele observou um jipe do exército em frente ao Teatro da cidade, o que o exército estaria fazendo ali? Mas não deu muita importância, afinal, depois que a ditadura tomou conta do país era comum ver o exército presente nas ruas da cidade.

Cezar (garoto nº 2) conversava com Kézia (garota nº 13)

– Ansiosa pra viagem? - Perguntou Cezar.

– Bastante - Disse Kézia sorrindo - Finalmente esse ano está terminando...

– Ainda bem... Mas acho que vou sentir um pouco de falta da escola.

– Eu também, mas ano que vem tudo vai mudar nas nossas vidas... Eu fiz vestibular pra umas 500 universidades! - Kézia disse rindo.

– Verdade, daqui pra frente tudo na nossa vida vai mudar... - Cezar concordou.

Quando todos os alunos embarcaram no ônibus, o motorista ligou o veículo e no mesmo instante todos os alunos começaram a cair no sono.

– Olha pessoal, eu já tô com muito sono desculpa. Vou dormir já. - Disse Vinícius enquanto fechava os olhos, sem perceber que os demais estudantes já haviam caído no sono. - Bom... pelo... menos... não vou... precisar... ouvir... o Gabriel... cantar... - E apagou.

***

O locutor do programa continuava animado.

– Parece que o gás já surtiu efeito, todos os alunos adormeceram. A cidade está sendo evacuada nesse exato momento, isso porque este ano a competição acontecerá no centro da cidade, isso mesmo! Eles serão levados de volta para sua própria escola, onde receberão a notícia de que são os "felizardos" sorteados para o Programa, a partir de então, sairão da escola onde o jogo finalmente terá início. Quem leva a melhor esse ano? 35 competidores até a determinação de um único vencedor, é matar ou morrer. Já fizeram suas apostas?

***

Cezar (garoto nº 2) acordou com uma leve dor de cabeça e os olhos embaçados, não sabia exatamente onde estava, mas foi reconhecendo o local conforme sua visão ia voltando ao normal. Ele estava de volta à escola, na sua sala de aula, sentado no lugar de costume. A princípio pensou que fosse uma espécie de sonho, porém, aos poucos foi percebendo que os seus colegas iam também aos poucos acordando sem saber por quê haviam voltado à escola.

– Por quê nós voltamos pra escola? Já anoiteceu? – Perguntava Amanda (garota nº 2), que parecia tão confusa quanto todo mundo.

– Eu acabei dormindo um pouco. O quê eu perdi? – Falava Vinícius, enquanto limpava os óculos na camisa.

– O meu violão sumiu, alguém pegou ele - Exclamava Felipe, desesperado.

– Isso é uma pegadinha? – Perguntava Izabela (garota nº 13), com um pequeno sorriso no rosto, achando que tudo não se tratava de uma brincadeira muito bem armada. Helia percebe uma espécie de coleira metálica no pescoço da amiga.

– O que é isso no seu pescoço? – Ela perguntou enquanto apontava para a coleira. – Eu também estou usando essa coisa!

Izabela olha ao redor, e percebe que todos os alunos estavam usando as mesmas coleiras metálicas.

– Pra quê serve isso?

– E eu vou saber? – Disse Helia assustada. Tinha impressão de já ter visto aquilo em algum lugar.

Nesse instante um homem entra na sala, cercado por soldados armados. A turma inteira os observava assustados, quando o homem lhes chama a atenção e começa a falar.

– Atenção classe! Por favor atenção... Deixem-me apresentar, nomes não são importantes, me chamem de General. Quero começar dizendo que vocês irão achar os próximos dias um tanto quanto interessantes, digamos assim. Cada um vai lidar com essa situação de uma maneira diferente, alguns vão fazer de tudo para vencer, outros vão fugir de maneira covarde, uns vão enlouquecer, há aqueles ainda que irão querer encontrar a força em grandes números. Os aconselho fortemente contra isso, pois a confiança se torna algo frágil e facilmente se quebra. Acredito que vocês já saibam do que eu estou falando.

Helia havia escutado atentamente aquelas palavras, já compreendeu o que o General dissera, mas não queria acreditar. Ela acompanhou a edição anterior do Programa, assim como o Brasil inteiro, e sabia das regras, aquele era um Reality Show macabro, não era possível que tivessem sido escolhidos. O General apanhou um canetão e começou a escrever no quadro "AI-BR".

– Ato Institucional Batalha Real. Vocês estão sendo assistidos por todo o Brasil, 35 alunos lutam até a morte, até restar apenas um sobrevivente. Sejam bem-vindos ao Programa!

A turma explodiu em diferentes reações, alguns alunos choravam desesperados, outros riam da situação, achando que tudo não passava de uma pegadinha, outros ficaram mudos e sem reação.

– Silêncio porra! – Gritou o General dando um tiro no teto, desta vez todos perceberam que aquilo não era brincadeira. – Bom, como eu ia dizendo, nesta edição do Programa vocês terão o privilégio de se enfrentarem na sua própria cidade. Não se preocupem, todas as casas da região da arena foram evacuadas e posso lhes garantir que ninguém interromperá a diversão de vocês. Agora vamos as regras: Cada um de vocês receberá uma bolsa contendo tudo o que vão precisar, água, bússola, lanterna, relógio e uma arma selecionada aleatoriamente com a qual vocês poderão, digamos assim, eliminar os concorrentes.

Helia estava sentada em sua carteira chorando, era tudo muito surreal, não iria suportar aquilo acontecendo justo com sua turma, precisava fazer alguma coisa, queria fazer alguma coisa, mas simplesmente não conseguia, estava muito assustada. "É sempre assim... Quando fico assustada não consigo me impor... Onde está a Giane? Ela sempre soube se impor como vice-presidente, ela sempre foi a voz que me faltava em momentos assim..."

– VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO! - Helia ouviu alguém gritar, mas não era Giane, era Izabela.

– Ah, podemos sim, e vamos fazer. - Respondeu o General à garota.

Izabela se levantou e continuou a falar, a sala inteira estava impressionada com a coragem da colega

– Vocês não tem esse direito... Isso... Isso é CRIME! Nunca fizemos nada a vocês... - Izabela argumentou.

– Aah... Fizeram sim... E como fizeram... - Respondeu o General, e acionou um retro-projetor que mostrou no quadro da sala uma foto, dos alunos da escola em uma manifestação contra a ditadura militar. Ele continuou a mostrar mais fotos, alunos e professores da escola gritando e erguendo cartazes. Passou mais algumas fotos e disse

– Aqui, encontrei a senhorita. - E o General mostrou uma foto de Izabela na manifestação. - Então, senhorita... Izabela, não? Recomendo que volte para o seu lugar agora mesmo e se comporte, igual aos seus coleguinhas.

Izabela tinha lágrimas escorrendo dos olhos, precisava fazer alguma coisa, mas se sentia tão impotente, não podia deixar as coisas ficarem assim.

– Vou avisar só mais uma vez - O General disse, sacando a arma e mirando na garota.

Vinícius se levantou, não acreditou que tivesse realmente feito isso, o General o olhou com frieza enquanto mantinha a mira na garota, Vinícius foi em direção a Izabela e a conduziu ao seu lugar.

– Não adianta... - Vinícius disse a Izabela, e depois voltou ao seu lugar.

O General ficou olhando para a sala em silêncio, e continuou.

– Muito bem, depois dessa interrupção, vamos dar continuidade as regras.

Em seguida, o General mostrou uma lousa com o mapa do centro da cidade, porém dividido em quadrantes que iam de 1 a 10 e A a J.

– Este é o mapa da cidade, a qual vocês, acredito eu, já conheçam muito bem. A cidade, porém, foi dividida em quadrantes iguais, e a qualquer momento alguma dessas áreas podem ser designadas Zonas de Perigo. Por exemplo, 1-A, agora é uma Zona de Perigo. – O General marca um X na área 1-A do mapa na lousa – Quando for anunciada uma Zona de Perigo, deixem tal área dentro de 5 minutos. Se demorarem, o colar que estão usando explodirá e vocês serão eliminados da competição, digamos assim. O chão da escola é Zona de Perigo permanente assim que o último de vocês deixar o perímetro. Ah! Os colares também nos enviam sinais vitais e monitoram sua localização. Portanto, se em 24 horas não houver nenhuma eliminação, todos os colares serão detonados e todos morrerão. Que pena.

A sala estava em completo silêncio, ninguém ousava dizer uma única palavra. O general pega uma prancheta e retorna a falar.

– Alguma pergunta? ... Não? ... Ótimo! Todos vocês irão sair da escola em intervalos de 5 em 5 minutos. Que a diversão comece!

Sobreviventes: 35 e contando...


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Notas finais do capítulo

O que acharam da história? Comentem! No próximo capítulo vamos ver como a turma reagirá ao descobrir que estão participando deste jogo macabro.



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