A Batalha Do Labirinto - Brittana escrita por Ju Peixe


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde:) Fantasmas, apareçam. Eu gosto dos comentários de vocês.



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Nada seria melhor do que fazer uma longa viajem com a minha namorada. Exceto pelo fato de que ela estava irritada.

Cada vez que eu tentava tocá-la ou coisa do tipo, ela se afastava de mim. Não consegui descobrir muito, ela não queria conversar comigo. O que eu soube foi que não haviam descoberto mais nada sobre Blaine e que Kurt ainda estava na mesma, procurando Blaine por conta própria. Aquilo não vai dar certo. Quinn, Finn e Joe estavam no acampamento, o que me deixou um pouco mais animada.

Peguei o telefone de Santana emprestado para ligar para a minha mãe. Graças aos deuses ela não estava em casa, então deixei uma mensagem na secretária eletrônica. Deuses, eu não quero nem ver a cara dela quando descobrir o que eu fiz.

– San… - Chamei. Ela continuou olhando para a janela do carro. – Pode olhar para mim?

Ela não respondeu, mas virou o rosto em minha direção. Seus olhos carregavam um misto de ciúmes e algo que eu não consegui identificar. Acho que ela estava se controlando para não brigar comigo por alguma besteira. Isso doía um pouco.

– Lembra como a gente brigava por qualquer coisa quando nós começamos a namorar? – eu perguntei arrancando um pequeno sorriso de seus lábios.

– Lembro. – ela respondeu.

– Eu não quero voltar a fazer isso. – murmurei – Só… deixe-me saber quando algo estiver incomodando você. Tipo agora.

Santana suspirou e eu puxei seu rosto contra o meu peito. Ela abraçou minha cintura e ficou em silêncio. Eu sentia a sua respiração suave contra o meu corpo, o que me deixava confortável.

– Eu fiquei com ciúmes. – ela murmurou.

– Eu sei. – respondi.

– Eu tenho medo que você se apaixone por alguém melhor do que eu. – ela sussurrou.

– Isso é impossível, San. – respondi beijando o topo de sua cabeça. – É impossível porque não existe ninguém melhor do que você. E você precisa entender que eu amo só você, e a única pessoa no mundo que eu quero é você.

Ela abriu um sorriso mais suave, mas não estava completamente convencida. Às vezes era muito difícil lidar com ela. Mas mesmo assim, eu ignorei os seus medos e tomei seus lábios para mim. Não me importei se o taxista fosse achar estranho duas meninas com dezesseis anos se beijando no banco de trás do carro, eu precisava dos lábios de Santana nos meus por pelo menos alguns segundos. Eu precisava ouvi-la dizer que me amava, eu precisava sentir seu corpo junto do meu, eu simplesmente precisava dela. E às vezes eu me sentia fraca por causa de todos esses sentimentos que eu tinha por ela. Às vezes eu tinha medo que ela não me amasse de volta. Mas eu nunca deixei esses medos nos atrapalharem, eu sempre soube lidar com eles. Eu a amava tanto que estava disposta a ajuda-la a lidar com todos eles, custasse o que custar. Eu só queria que ela confiasse em mim do mesmo jeito que eu confio nela.

Não demoramos muito para chegar ao acampamento. Na verdade, demoramos mais para convencer o taxista a nos deixar descer do carro. Ele não conseguia ver através da névoa, então achou que nós tínhamos enlouquecido por querer descer no meio do nada, e ainda por cima sozinhas.

Santana entrelaçou nossas mãos e subimos juntas até o topo da colina. O dragão guardava a árvore, junto do Velocino de Ouro. Da última vez que eu o vira, ele estava com cerca de dois metros. Agora, estava com pelo menos o dobro disso.

– Ei, Peleus. – Cumprimentei, fazendo uma carícia na cabeça do animal. – Senti sua falta.

O dragão ronronou (sim, dragões ronronam) e nós duas entramos no acampamento. Estava tudo como eu havia visto da última vez. Os campistas treinando, conversando, os sátiros tocando suas flautas. Nada parecia anormal, exceto de que havia algo errado. Eu podia sentir a tensão no ar, como se fosse palpável. Santana percebeu a minha expressão preocupada, mas a ignorou. Ela puxou minha mão e levou-me até a casa grande.

– Vem, B. Temos que avisar Will que você está aqui. – Ela disse enquanto me puxava pelo acampamento.

Deixei que ela me guiasse para dentro da casa. Na varanda, um homem gordinho e baixinho estava sentado com um copo com Coca Cola. O agradabilíssimo Sr. D levantou os olhos para mim com um sorriso irônico.

– Britney Spears! Samantha Gomes! – Ele cumprimentou com uma falsa animação. – Ao que devo o desprazer de sua visita?

Santana revirou os olhos e eu até cogitei corrigi-lo, mas não adiantaria muito. Era assim desde que eu me lembro.

– Precisamos falar com Will. Onde ele está? – Santana perguntou calmamente.

– Ah, sim. Não está aqui. Agora, sumam daqui.

Educado como sempre. Não me surpreendi, então apenas puxei Santana pela mão e saímos da casa. Passei os olhos pelo acampamento, mas não encontrei meus amigos. Suspirei e caminhei em direção à arena. Treinar um pouco sempre me acalma.

Dei algumas passadas longas e parei abruptamente. Na arena, um cão infernal mordiscava um brinquedo de plástico gigante. Eu gelei. Não que eu nunca houvesse visto um antes, mas é que quando os vejo minhas experiências não são nada boas. Procurei Contracorrente em meu bolso, mas Santana impediu que eu a destampasse.

– Não faça isso. – ela murmurou.

– Por quê? Tem um cão infernal logo ali, San. E se ele atacar…

– Não vai atacar ninguém, Brittany. – Ela disse calmamente. – E na verdade, é ela. A Sra. O’Leary fica ofendida quando a confundem com um cachorro.

– O quê? – perguntei incrédula. – Do que você está falando?

– Eu preciso que você conheça uma pessoa. Mas agora guarde esta espada, vai assustá-la. – Santana respondeu colocando minha mão de volta em meu bolso.

Deixei que ela me guiasse até o campo de batalha. Um homem grisalho, que aparentava ter seus quarenta e poucos anos, brincava com a cadela. Ele estava em boa forma por ser um homem mais velho, devo admitir. Trajava uma armadura grega e exibiu um sorriso quando avistou Santana e eu.

– Britt, este é Quintus, nosso novo treinador. – Ela disse. – E aquela é a Sra. O'Leary, seu animal de estimação.

– Hm, prazer. – eu falei, aceitando a mão que ele estendia. – Desculpe, mas como…

– Eu tenho um cão infernal de estimação? – Ele completou sorrindo.

– É.

– Longa história. Envolve alguns brinquedos de morder e… bem, algumas mortes.

Assenti e prendi meus olhos na cadela. Desculpe, mas não é todo o dia que eu vejo um cão infernal sendo carinhoso com um semideus.

– O que tem nas caixas? – Santana disse, tirando-me de meus pensamentos.

Segui seus olhos escuros e encontrei algumas caixas com inscrições gregas. Elas estavam tremendo. Foquei meus olhos e li o que estava escrito.

RANCHO TRIPLO G
FRÁGIL
ESTE LADO PARA CIMA

Ao longo da parte de baixo, em letras menores: ABRA COM CUIDADO. O RANCHO TRIPLO G NÃO SE RESPONSABILIZA POR DANOS PATRIMONIAIS, MULTILAÇOES OU MORTES EXCRUCIANTEMENTE DOLOROSAS.

– Uma surpresinha para o treino de vocês amanhã à noite. – ele respondeu, dando de ombros.

Santana suspirou e assentiu. Passei o braço ao redor de sua cintura e a puxei para mais perto de mim. Quintus arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada. Não sei por que, mas eu tinha uma sensação estranha quanto a ele.

– Quintus, onde está Will? – Santana perguntou.

– Atrás de vocês. – O homem grisalho respondeu.

Virei-me e encontrei Will com um sorriso no rosto. Ele estava com a sua habitual armadura grega e acenou para nós duas quando nos viu.

– Brittany! – Ele cumprimentou – Vejo que já conheceu Quintus.

Assenti e me despedi do homem, que apenas acenou com a cabeça. Santana e eu caminhamos ao lado de Will, enquanto eu explicava sobre as empousai.

– Surpreendente que você tenha saído viva. – Will disse. – Ainda mais surpreendente que tenha sido salva por uma mortal.

Senti meu corpo gelar. Pude ouvir os dentes de Santana rangerem, mas Will pareceu não perceber. Abracei-a mais firmemente, mas seu corpo não relaxou.

– Depois discutiremos isto com mais detalhes, Finn irá querer ver você em sua audiência. O Conselho dos Anciões do Casco Fendido já está esperando. – Will disse apertando o passo.

– Espere, que audiência? – perguntei.

– Sobre a busca de Pan. – San explicou. – Eles precisam decidir o destino de Finn. Você verá.

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Mal adentrei os bosques e fui recebida por uma loira que me ergueu do chão. Gargalhei e abracei Quinn de volta, tentando colocar meus pés no chão.

– Me solta, cabeça de vento! – pedi me debatendo.

– Cale a boca, cabeça de alga, ou eu vou te atirar rio abaixo. – ela retrucou, me colocando no chão.

– Eu também senti sua falta, Q. – disse com um sorriso.

– Eu sei. É inevitável. – ela respondeu. – Venha, o menino-bode está esperando.

Caminhamos até uma área do bosque cheia de flores selvagens. Eu nunca havia vindo aqui, era realmente bonito. Finn estava no meio de três sátiros velhos e extremamente gordos, e parecia estar contando uma história. No chão, ao redor deles, estavam Kurt Hummel, uma menina que eu nunca vira antes e Rachel Berry. Rachel abraçava a menina, que parecia estar encharcando sua camiseta laranja do acampamento com lágrimas. Olhei para Quinn que murmurou algo como namorada do Finn. Santana inclinou-se no meu ouvido e sussurrou Sugar, o que eu imaginei que fosse o nome de sua namorada.

Finn apoiava-se nervosamente em seus cascos, distribuindo seu peso ora no direito, ora no esquerdo. Ele segurava sua camiseta laranja nervosamente, e por um segundo eu achei que ele fosse comê-la. Finn sempre comia quando estava nervoso.

Os sátiros discutiram com ele sobre alguma coisa de ele ter apenas mais uma semana e depois deram a reunião como encerrada. Finn caminhou desanimadamente em nossa direção e lançou um sorriso fraco ao me ver. Aproximei-me e apertei-o em meus braços. Senti que ele precisava de um abraço agora mais do que ele já havia precisado em todo o tempo que nos conhecemos.

– Ei, menino-bode. – Cumprimentei.

– Oi, Britt. – Finn respondeu fungando.

Eis uma coisa que precisam saber sobre Finn. Ele é a pessoa, ou sátiro, mais emocional que eu conheço. Ele chora quando fica frustrado, quando se machuca ou até quando está irritado. Mas nunca o vi chorar quando ele está se sentindo humilhado. Não sei por que, não entendo tão bem assim. Acho que é uma coisa de sátiros.

– Sabe que existe outra opção. – Kurt falou, se pronunciando pela primeira vez.

– Do que vocês estão falando? – perguntei.

– Depois, Britt-Britt. Agora vem, está quase na hora da inspeção. – Santana disse, me puxando.

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Agarrei a mão de Santana e corri desesperadamente em direção ao meu chalé. Não era exatamente justo que eu fosse receber a inspeção, sendo que eu havia chegado hoje. Mas não havia tempo para discussão, eu precisava arrumar o meu chalé o mais rápido possível. Veja bem, o mais arrumado dos chalés tem direito a tomar banho primeiro, o que significa água quente garantida. O mais desorganizado… bem, faz algumas tarefas irritantemente desagradáveis.

Eu imaginei que meu chalé estaria exatamente como eu o deixara. A minha cama ainda bagunçada, com papéis de doces espalhados por ela, minha armadura despedaçada aos quatro cantos do chalé, minhas roupas… bem, melhor não comentar. Deuses, meus braços iriam ficar destruídos de tanto lavar pratos.

Corri o mais rápido que pude, puxando Santana para dentro do chalé. A inspetora da vez seria Mercedes Jones, filha de Apolo. Ela era legal, mas era maníaca por limpeza. Deuses, eu estava ferrada.

No instante em que entrei no chalé, parei de me desesperar. Avistei Joe com um avental florido e luvas de limpeza com uma vassoura na mão. Ele tinha um lenço prendendo os cabelos compridos e cantarolava uma música qualquer que eu não consegui reconhecer. Para falar a verdade, ele era bom nisso. Tinha uma voz afinada para um ciclope.

No segundo em que me viu, Joe largou a vassoura no chão e correu em minha direção, erguendo-me no ar.

– Britt! – Ele grasnou alegre.

– Ei, grandão. – respondi sorrindo. – Ugh, cuidado com as minhas costelas Joe!

Ele me soltou, ainda com um sorriso largo no rosto. Olhei em volta do chalé. As camas estavam arrumadas, as roupas guardadas, a fonte e o chão limpos, a minha armadura e o meu escudo estavam devidamente guardados e ainda tinham algumas flores na janela.

– Joe, você arrumou tudo! – Comemorei, abraçando meu irmão.

Santana nos observava da porta com um sorriso no rosto. Joe pareceu feliz ao vê-la e ergueu-a do chão também, em um abraço de urso. Ela riu e logo caminhou para os meus braços, deixando-me abraça-la.

– Minha nossa. – Alguém disse atrás de mim.

Mercedes entrou no chalé, deu uma rápida olhada ao redor e depois sorriu.

– Parabéns, Brittany. Ou Joe, devo dizer. – ela cumprimentou e depois saiu.

Eu sentei na minha cama, contra o peito de Santana, e passei horas conversando com ela e Joe, botando o papo em dia. Foi bom depois de quase ter sido morta por duas líderes de torcidas e de ter posto fogo na escola do namorado de minha mãe.

Depois disto, Santana saiu com Quinn e Rachel e eu fui com Joe para a Arena. Quintus me ensinou alguns golpes com a espada enquanto Joe brincava com a Sra. O'Leary. O cara era bom. Eu não consegui desarmá-lo uma única vez.

– Você sempre foi um espadachim? – perguntei.

– Eu já fui muitas coisas. – Quintus respondeu.

Algo me chamou atenção nele. Tinha uma mancha rocha em seu pescoço, parecia um pássaro.

– O que é isto no seu pescoço? – Disse.

Indiscreto, eu sei. Mas este é um dos defeitos do SDAH. Eu tenho tendência a ser assim.

– Um lembrete. – ele respondeu, dando de ombros. – Agora, do início.

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Tive alguns problemas para dormir à noite. Santana descansava a cabeça em meu travesseiro e eu estava deitada em seu peito, mas mesmo com na mais confortável das posições eu não conseguia pegar no sono. O caso de Blaine ainda me incomodava, então eu levantei da cama e caminhei pelo chalé quando ouvi uma voz. Por favor, deposite um dracma. A voz vinha da fonte, que tremeluzia com uma forma de arco-íris. Peguei um dracma e joguei na imagem.

– Ó Íris, deusa do arco-íris, mostre-me… seja lá o que você quiser me mostrar. – Falei.

A fonte tremeluziu e eu vi Blaine Berry. Ele jogava pedaços de papel no fogo — cartas de troca de Mythomagic, parte do jogo pelo qual ele tinha sido obcecado no inverno passado. Blaine tinha doze anos, talvez treze agora, mas ele parecia mais velho. Seu cabelo estava curto, em um corte militar. Seus olhos estavam negros. Sua pele azeitonada havia se tornado mais pálida. Ele vestia jeans preto rasgado e uma jaqueta de aviador, que era vários números maior, aberta sobre uma camiseta preta. Seu rosto estava sujo, seus olhos um pouco selvagens. Ele parecia um garoto que vivera nas ruas.

Esperei que ele olhasse para mim, mas ele não me viu.

Blaine jogou outra carta nas chamas azuis.

– Inútil – ele resmungou. – Não posso acreditar que já gostei disso.

– Um jogo infantil, mestre. – outra voz concordou. Parecia vir de perto do fogo, mas eu não podia ver quem estava falando.

Blaine olhou para o rio. Na margem mais distante havia uma praia de areia negra envolta em nevoeiro. Eu reconheci: o Mundo Inferior. Blaine estava acampando na margem do Rio Styx.

Mas que diabos ele estava fazendo ali? Aquilo parecia ser um ritual, mas não entendi ao certo do que.

– Não há como trazê-la de volta. Estou certo? – ele perguntou.

– Bem… - A voz respondeu. – Há uma maneira.

– Como?

– Uma alma por outra alma. Mas precisa ser a alma de alguém que já escapou da morte. – A voz explicou.

– E como eu faria isso? – Blaine disse rispidamente.

– Primeiro precisa da alma. E acho que tenho a opção perfeita.

– Mas isto não é assassinato? – Blaine perguntou.

– Não olhe desta forma. Veja como justiça. Você dará a vida de volta a alguém que nunca deveria ter morrido e tirará a de alguém que já deveria ter ido há tempos.

– Tudo bem. – Blaine suspirou. – Qual é o seu plano?

A imagem tremeluziu. Deposite mais um dracma para continuar a mensagem. Não havia mais nenhum dracma comigo, então a fonte simplesmente escureceu e eu fiquei absorta no silêncio e na escuridão mais uma vez. Não entendi quem ele queria trazer de volta. Sua irmã estava bem, e que eu saiba eles não possuíam outra família.

Mas o que me preocupou foi a segunda parte. Lembrava-me de apenas uma pessoa que já havia escapado da morte. Eu mesma. Quando Anna se sacrificou no meu lugar e morreu antes que eu pudesse fazer alguma coisa.

Blaine viria atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Aprovado?