Sorte ou Azar? escrita por Sídhe


Capítulo 1
Sr. Vestido


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui estamos mais uma vez. Agora vai ser só uma short, talvez de três capítulos, no máximo, pois não quero me atrapalhar com as outras fics. Aliás, só fazendo um anúncio básico, estou nestas outras duas fics, também leyna:
http://fanfiction.com.br/historia/354004/O_Gelo_e_o_Fogo/
http://fanfiction.com.br/historia/300550/Light_a_Fire/

Boa leitura!



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Mais uma peça quebrada para consertar. Lea pensava que talvez fosse sorte, ou azar, se for contar pelo lado que o descanso seria menor, ter tanta coisa para fazer. Desde que aceitara o trabalho no Acampamento Júpiter, os lucros vinham melhorando. Passou a mão na testa, sujando-a sem querer de óleo.

Lea tinha olhos castanhos - gostava de pensar que eram como dois potes de chocolate derretido, que sempre faziam ela ter água na boca -, cabelos escuros e cacheados, meio selvagens e que quase eram na linha do ombro, com a pele bronze destacando que ela vinha diretamente do Novo México. Magra ("Atrativos" que é bom, nem tanto), baixa e com um senso de humor que faria até um guarda britânico rir. Vestia uma camisa sem botões branca, que deixava aberta até o fim do pescoço na esperança de parecer mais atraente, e um short com suspensórios. No momento, trabalhava como a mecânica oficial dos romanos.

– Lea - A voz de alguém disse, entrando no bunker. Ela tirou a chave de fenda da cabeça de Festus, o seu antigo dragão que tentava a todo custo refazer seu corpo, e se virou, ainda no chão e coberta de sujeira. Entrando marchando pela porta apareceu o pretor da Quinta Coorte, Ryan, que fazia ela ter sérias dúvidas de que um dia poderia arranjar um namorado. O garoto tinha cabelos curtos, no estilo romano, e um porte atlético digno de um lutador. Mas o que mais encantava a Lea não era nem a expressão séria de sempre dele ou como a linha da mandíbula era sempre forçada, e sim os olhos. Duas obsidianas, negras e profundas. Ryan usava uma armadura dourada sob a toga roxa, com vários distintivos e medalhas, mas a capa de pretor o destacava. Ao pé dele, os dois cães caminhavam à seu lado.

Em geral, os cães sempre rosnavam para os outros, mas Prata e Ouro sempre a recebiam com as línguas de fora e os rabinhos abanando.

– Olá, meninões. Tudo bem lubrificado? - Ela disse quando eles pularam para cima dela, ainda sentada no chão. As pessoas sempre se levantavam para falar com Ryan, porque ele realmente intimidava a todos e era alguém de respeito. Lea só sorria zombeteira para ele.

Ryan a observou lá de cima, ignorando que os cachorros estivessem sempre pulando de um lado para outro.

– Espero que não esteja muito ocupada, preciso de um serviço. - A voz grave dele era como música para os ouvidos dela. Se ela tinha uma queda por ele? Não. Um tombo do precipício, para ser mais exata. - É de suma importância, então desejo que possa fazê-lo.

– Pode mandar, Sr. Vestido - Lea deu um sorriso, colocando a chave no cinto e se levantando, dando batidinhas na cabeça de Festus. - Estou à disposição.

Ryan poupou a si mesmo ter de rebater sobre a toga não ser um vestido e prosseguiu.

– Quero que seja minha acompanhante no baile do Festival da Fortuna.

Lea piscou algumas vezes, quis beliscar a si mesma ou dar um tapa na própria cara. Ao invés disso, o que saiu foi:

– Tem certeza que o seu elmo não está apertado demais?

Aquilo era impossível. Mais ainda, era algo que não aconteceria nem em um universo alternativo em que ela fosse um garoto e estivesse chamando uma pretora para sair. Ryan apenas contraiu os lábios num sorriso sem dentes. Lea definitivamente ficou sem reação, porque Ryan jamais sorriria para ela.

– O pretor deveria ser acompanhado do outro, caso sejam de sexos diferentes, mas Jeyne certamente irá com seu namorado. - Ele falou, tenso e analisador como sempre.

Lea levantou uma sobrancelha.

– E então você veio me chamar para ser a sua parceira, hein? - Ela disse, sorrindo de orelha a orelha. A garota fez uma cara confusa depois - Mas há tantas garotas melhores. Aposto como muitas gostariam de ser a acompanhante de vossa pretoreza aqui. - Ela colocou uma mão na nuca, mexendo com os cabelos cacheados em nervosismo.

– Eu pedi à você. - Ryan falou, sem muitas explicações. Lea não estava acreditando muito se aquilo era verdade, mas quem disse que iria negar? Nem em sonhos se negava uma coisa daquelas. Ryan tinha um olhar que, mesmo severo como o usual, pedia uma resposta.

Lea sorriu, suspirando.

– Tudo bem, Sr. Vestido. Desde que prometa que vai usar calças.

Ryan deu um sorriso de concordância, se mostrando feliz por ela ter aceito a proposta.

– Até amanhã à noite - Ele disse, formal, fazendo um leve aceno de cabeça em sinal de respeito. Como ele é certinho, pensou Lea. E bonito, acrescentou mentalmente.

O festival da Fortuna era na manhã seguinte, e à noite haveria o tal baile.

– Bem, bem - Ela disse sorrindo, esfregando as mãos dentro das luvas de manipular, voltando a atenção para a cabeça gigante de dragão - Festus, acho que vou ter que arranjar um vestido.

Ela só não viu que, ao sair da sala, ele desfez o sorriso, andando até a principia onde ocupava, sozinho, uma das frias cadeiras de pretor.



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Notas finais do capítulo

#créditos: A frase "Tudo bem, Sr. Vestido. Desde que prometa que vai usar calças." veio da glitterizada da ReynaValdez numa de nossas conversas leynáticas.

E então? O que acharam da ideia? Mereço (minha clássica lista): um review, uma recomendação ou um chute no traseiro?