Hades estava no sofá fumando um charuto, alheio a tudo, inerte em seus pensamentos, foi quando percebeu que alguém tinha sentado do seu lado, se virou e viu Nico.

- O que foi meu filho? – Deu uma última tragada e colocou o charuto no cinzeiro e se virou para o seu primogênito.

- Pai, o que ouve entre você e Perséfone?

- Como assim meu filho, não houve nada, entre mim e ela está tudo bem.

- Não pai, não está não, vocês não estão casados nem há 1 mês e mal se falam.

- Nico – Hades deu uma pausa, ele sabia que mais cedo ou mais tarde tinha que conversar com o seu filho sobre isso. – Eu não vou mentir para você, há mais ou menos 1 semana, eu encontrei Perséfone com Dionísio.

- Como assim pai? Eu não consigo entender.

- Eu estava chegando em casa quando ouvir gritos do seu primo, que falavam que era para Perséfone se afastar, quando eu abri a porta, eu vi tudo.

- Ah, e você acreditou que ela agarrou ele? Pelos Deuses pai, você já viu o tamanho dela, onde ela iria arrumar tanta força, e Dionísio tem fama, se alguém está errado nessa história, e ele e você por acreditar na sua esposa.

- Não é que eu não acredite, é que eu vi, eu vi Dionísio tentando se livrar dela!

- Pai, ela te ama, você pode ver isso no olhar dela, a feição de Perséfone muda quando ela fala ou está perto de você. Eu não seu como você ainda dúvida disso.

-Meu filho, eu não osso ignora o que aconteceu, Dionísio é meu sobrinho, porque ele faria algo desse tipo comigo? Infelizmente eu acho que vou começar a dar ouvidos a Despina. – A melancolia se alastrava no rosto de Hades.

Nico passou a mão no cabelo, ele não acreditava que seu pai podia acreditar em uma história como aquela.

- Pai! Você vai se arrepender, tudo isso não passa de algum tipo de armação! Isso deve ser ideia de tia Hera.

- Nico, não me interessa que você não goste de Hera, mas acima de tudo ela é sua tia! Ela ajudou muito todos nós depois da morte da sua mãe e Bianca

- É – Nico estava usando agora um tom sarcástico. – Talvez se elas não fossem irmãs, mamãe e Bianca poderiam estar vivas.

Hades não acreditou que tinha escutado aquilo, realmente Nico tinha passado do limite. O pai não pensou duas vezes e levantou a mão em direção do filho, mas antes de cometer a ação o jovem exclamou:

- Isso, me bata, Hera iria adorar isso. Finalmente ela conseguiu separar nossa família, ela deve está cada vez mais próximo do seu objetivo, seja ele qual for.

Hades abaixou a mão, estava tentando se acalmar, não queria se precipitar.

- Pai. – Nico estava se virando para sair do aposento. – Pense nisso, você têm que enxergar a verdade ou mais tarde vai se arrepender.

Nico rumou em direção à porta. A verdade era que ele não conhecia sua madrasta há muito tempo, mas sabia que ela era uma boa pessoa, então decidiu que iria falar com Despina, queria tirar aquela história a limpo. Também ia ser uma ótima desculpa para ver aquela jovem tão interessante e misteriosa.

Agora Hades tinha muito mais para refletir, ascendeu o charuto novamente e começou a vagar pela sala. Acima de tudo ele amava aquela jovem de longos cabelos pretos, que quando soltos pareciam dançar no vento. Sim, ele estava decidido, iria falar com Perséfone, cada segundo que ele passava longe dela, era um segundo perdido.

Sabia que a qualquer momento sua esposa iria passar pela aquela porta. E ele iria se ajoelhar e pedir perdão por não ter acreditado nela. Agora era só uma questão de tempo.

***

Desde que o casal chegou em casa não trocaram muitas palavras, e o mau humor de Ariadne parecia só aumentar, ela nunca foi a esposa romântica, mas aquilo já era demais.

- Querida, eu não entendo, porque você está tão calada?

“ Ariadne não se casou com Dionísio por amor, ela se casou porque ele era sua única opção. Há uns 2 anos atrás um jovem tinha aparecido por lá, e esse jovem era Teseu, ah, quando seu olhar bateu com o dele foi aquele tipo de paixão arrebatadora, depois de alguns dias ele já lhe fazia juras de amor eterno, ela não conseguiu resistir a aquele charme, se entregou completamente para aquele relacionamento. E isso foi sua desgraça, a cidade era pequena, e logo ficou sabendo dos encontros entre os amantes. Não demorou muito para ela ficar mal vista, mas aquilo não a incomodava, ela tinha o seu amor do seu lado. Mas para Teseu aquele relacionamento era passageiro, logo o estágio iria acabar e ele iria voltar para sua cidade, e dentro de alguns anos iria se casar com uma jovem inocente. Quando Ariadne recebeu a notícia chorou, e como chorou. O homem da sua vida estava indo embora , mas, infelizmente essa não foi a pior parte. A pior parte foi seu pai ter praticamente enlouquecido quando soube que sua única filha não iria conseguir se casar, porque nenhum homem queria se relacionar com ela, depois da fama que ganhou. Mas nem tudo estava perdido, ainda tinha Dionísio , que há um bom tempo vinha tentando conquistar o coração da jovem, e viu nessa tragédia a oportunidade de se sair vitorioso.”

- Dionísio, me poupe, não precisa se preocupar comigo, eu só fui visitar meus pais na nova cidade deles.

- Eu sei, mas isso já fazem alguns dias, e você ainda têm a expressão de quem não dorme direito.

- Sim,  eu estou cansada, a viajem foi longa e desgastante, mas não preciso de ninguém me fazendo perguntas.

Aquilo lhe doía a alma, ele a amava, mas não importava o que ele fazia, ela só pensava em Teseu.

Dionísio aproveitou que tinha recebido uma carta da sua sogra que lhe parabenizava pelas boas novas. Então ele decidiu que não iria esperar a boa vontade da sua esposa e perguntou logo.

Recebi uma carta da sua mãe. – O vinicultor tentava mudar de assunto.- Ela disse que vice têm uma ótima notícia para me contar.

- Velha fofoqueira. – Ariadne bufou.

- Mas querida qual e a notícia? – Ele perguntou curioso enquanto tentava manter a conversa.

Ela teria que contar. Afinal não conseguiria  esconder uma notícia como essa para sempre.

- Estou gravida e não me chame de querida!

Aquela notícia foi a melhor que ele tinha recebido em toda a sua vida, apesar do seu espirito aventureiro, ele sempre sonhou em ser pai, estava tão feliz que ignorou o último comentário da usa esposa.

- Você deve está radiando de felicidade!

- Na verdade não. – Fala ela rispidamente. – Só fiz minha obrigação de esposa, assim não preciso escutar sua mãe e você reclamando que eu ainda não tive filhos.

- Mas você ama essa criança?

- Amo como amo o pai dela. – Ela falou secamente!

- Você é uma má agradecida! Eu te tirei de um futuro sem esperanças, e é assim que você me agradece?

- Eu nunca te pedi nada, foi você que sempre correu atrás de mim!

E eles continuaram discutindo, o vinicultor não queria admitir, mas cada palavra que sua esposa proferia dizendo que não queria aquela criança lhe cortava a alma. O bebê não merecia aquilo.

                                          ***

Ariadne sai da sala no mesmo momento que Hera está entrando, as duas acabam se batendo, mas a nora não se dá ao trabalho de pedir desculpa, e segue enfurecida para o seu quarto.

- O que aconteceu com sua esposa? Nem um bom dia a criatura me deu. – Hera falou enquanto sentava do lado do seu filho.

- A senhorita simpatia está gravida.

- Mas isso é maravilhoso! Talvez essa raiva que ela está sentindo agora seja devido essas mudanças. – Hera falou interrompendo o filho.

- Não mãe, ela não está feliz! Quantas vezes eu vou te que te lembrar que ela não me ama! Que está comigo porque eu era sua última opção!

Dionísio já estava começando a perder o controle novamente. – Ela odeia essa criança! Como ela pode odiar esse bebê? Eu sei que ela não deve sentir nada por mim, mas o neném também é dela. – Ele jogou sua cabeça para trás tentando se acalmar.

- Dionísio! – Hera elevou o tom da sua voz. – Eu não te criei para você ser um bebê chorão! Se ela não te  ama, faça ela amar! Me poupe! Foi você que quis esse casamento, você sempre soube que além de não gostar de você ela era mal falada! Mas mesmo assim você quis esse casamento! Agora não fique chorando pelos cantos dizendo que ela não te ama! – Hera deu uma pequena pausa. – Mas enfim, eu não estou aqui para me meter na sua vida de casado, estou aqui para falar do seu querido tio Hades.

- Você não vai mesmo desistir dessa ideia não é? – Dionísio se levantou pegou uma taça de vinho a encheu e voltou a se sentar.

- Claro que não vou, essa é só a primeira parte do plano!

- Bem a primeira parte está funcionando, ele quando passa por mim não se dirige nem uma palavra, só um olhar de “eu quero te matar”.

- Ah! Isso é ótimo!

- Ótimo? Mãe, o quão sádica você é?

Não você morto, mas Hades com raiva. Agora podemos seguir com a segunda parte do plano!

- Que seria? – Dionísio deu mais um gole no seu vinho.

- Matar seu tio! – Hera respondeu em uma calma assustadora.

- Dionísio cuspiu o vinho que estava bebendo, conseguindo se engasgar.

-Você é louca? Eu concordei em tentar separar Hades de Perséfone, para a mesma não ter direito a herança, mas eu pensei que nós iríamos esperar que ele morresse de tristeza.

- Morrer de tristeza? Você é algum idiota? Nós precisamos desse dinheiro agora! – Hera ficava cada vez mais inquieta.

- Mãe! Não! – O filho tinha deixado a taça de vinho de lado.

- Ah! Você e seu sentimentos! Mas vamos deixar para falar sobre isso mais tarde.

- Não mãe! Ele é meu tio, eu não vou matar ninguém, e nem você, pense nas consequências! A falta de dinheiro te enlouqueceu? – Dionísio se levantou e começou a andar de um lado para outro desesperado.

- Exagerado ... Mas sim, vamos para a cadeia. Temos que tira seu tio Poseidon de lá.

- O que foi que ele aprontou dessa vez?

- Atena, o que podia mas ser.