Califórnia escrita por Terpsicore


Capítulo 2
"Há uma doce melodia aqui..."


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaaa. Já tive dois reviews e fiquei muito feliz. Resolvi continuar com mais um capítulo. Se eu tiver mais reviews, continuo de novo. Se não, me sinto meio triste de escrever pro nada, né?
Enfim, espero que gostem.



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                                              Dia 2


Era uma linda manhã de verão, e eu certamente iria aproveitar e sair para dar uma caminhada, cantar com os pássaros e, ERROR. Esqueça tudo isso. O que eu realmente fiz foi dormir a manhã inteira, atirada na cama como uma condenada e babando no travesseiro.

Muito maduro, você deve estar pensando. A verdade é que Jason havia me levado em casa pela manhã, e não havíamos dormido a noite inteira. Ei! Não pense besteira, nós não fizemos nada além de conversar (nos beijamos algumas vezes) e rir.

Eu estava tão cansada da festa ontem e de ter caminhado a tarde inteira, que quando deitei na cama, já estava sonhando. Quando acordei, meio grogue, tentei lembrar do dia anterior. Algo com... polpa de suco?

E então a verdade veio, como um sapato atirado na sua cara. E quando o sapato bateu na minha cara, eu fiquei realmente alarmada. Eu tinha beijado (algumas vezes) e dormido na casa de um cantor famoso que eu conhecera em apenas, hum, deixa eu ver, UM DIA!

Pressionei as têmporas, como se isso fosse mudar o passado. Infelizmente, as têmporas ficaram ali, quietinhas. Malditas. Quando percebi que não podia fazer nada em relação a aquilo, resolvi levantar. Tomei um banho, desejando que aquela banheira fosse "Bessie", a banheira de Jason.

Quando terminei de me vestir, alguém bateu na minha porta. Se fosse Jamie, já estava planejando aplicar um golpe Chuck Norris nele, mas era minha mãe. Jennifer, mais conhecida como Jen, era uma pessoa totalmente pacífica, a menos que você insulte algum personagem de livro que ela goste. Mamãe sempre fora compreensiva e ao mesmo tempo responsável. Nas horas vagas, viajava no mundo da lua.

– O seu quarto está mais decente do que o do seu irmão. Quando ele vai tomar jeito? - perguntou ela entrando no meu quarto. Nem mais um "posso entrar?" eu recebo?

– Você não conhece mesmo ele. Argh. Jamie é uma mutação de animal com humano que não pode ser adestrado.

– Claro - ela riu. - E então? Como foi a festa ontem?

Contei a ela sobre a boate e sobre Brandon, mas omiti a parte da briga de Jason e o pequeno detalhe em que eu dormi na casa dele. Oops. Na verdade, pela expressão dela, acho que sabia que eu não tinha ficado até aquela hora na festa. Mesmo assim, ela confiava em mim.

– Então... - ela começou, mas meu celular tocou naquele momento. Nervosa, vi que era Jason. Atendi e fui para o outro lado do quarto.

– Jason?

– Jason morreu. Aqui é a funerária.

– Cale a boca Jason. Que foi?

– Idiota. Agora não vou mais ter convidar para ir ao cinema comigo. Filme de Terror. Pipoca com manteiga. Apenas duas pessoas normais. Sem famosos. Quer dizer, teria eu, mas isso não ia contar já que...

– Jason, você está falando coisas sem sentido. Cale a boca um minuto.

– Suco com polpa extra. Cadeiras confortáveis. Podemos bater nas pessoas que gritarem...

JASON! Que horas você me pega aqui?

– *barulhos de riso* ás 19:00.

– Até

E desliguei na cara dele. Que irritante. Além do mais, minha mãe observava tudo de longe, desconfiada.

– Deixa eu adivinhar... seu mais novo amigo cantor famoso Jason Grace? - perguntou rindo.

– Exato. Jason Irritante Grace - suspirei.

– Posso ver que ele é legal, pude perceber na nossa conversa de ontem. Não tem um ego gigante como os famosos. Você devia dar uma chance a ele - ela piscou e saiu do quarto.

E eu fiquei parada ali, estupefata. Desde quando minha mãe era TEAM JASON?


Eram três horas da tarde, e eu realmente não fazia ideia do que estava fazendo em um parque cheio de mosquitos, sob um calor ardente, carregando uma coleira de cachorro. PS.: aquilo não era um cachorro, era um urso polar gigantesco e irritadiço.

Você deve estar se perguntando POR QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ COM UM CACHORRO? Acalme-se caro leitor da minha história trágica e nada decente. Tudo começou quando eu terminei de almoçar e fui passar um tempo no saguão do hotel, como uma ótima hóspede. Eu queria que fosse assim, mas na verdade só estava interessada na ótima coleção de palavras cruzadas daquele hotel, WOW! (Eu amo palavras cruzadas). Bem, foi mais ou menos assim:

– Menina! Menina! - uma voz esganiçada me chamou. Virei-me para encarar o ser que ousava atrapalhar as minhas palavras cruzadas. Fiquei surpresa ao ver uma velhinha enrugada, vestindo vários casacos de lã (apesar do calor de matar), e segurando uma coleira com um cachorro gigante e peludo.

– Oi? - perguntei meio incerta.

– Menina, acabaram de me ligar, Miles sofreu outra queda, jogando golfe, é claro. Eu sempre lhe digo "Miles! Isso não é coisa para pessoas da sua idade. Mas ele não me ouve." - ela despejava frases como uma metralhadora. Oh meu Deus.

– E... ? - tentei não soar mal educada. Não sei se funcionou.

– Preciso que alguém cuide do Docinho, aqui. Pode fazer isso por alguns instantes? - então seus olhinhos brilharam, e ela fez uma carinha bonitinha que eu não consegui resistir.

– Claro, eu cuido dele - eu disse prestativa, mas no segundo seguinte me arrependi. A expressão da mulher se desfez e ficou autoritária.

– Leve-o ao parque, ele vai gostar. Aqui está a pazinha dele. E o ossinho. Até mais, fofinho - ela me entregou uma pazinha vermelha e um osso todo mordido e se foi, gritando enfaticamente: - Miles! Miles!

Pazinha? Ossinho? Docinho? Parque? Miles? Eu mereço mesmo. E então Docinho latiu e babou no meu sapato. Então resolvi levá-lo ao parque, achando que seria uma boa ideia.

Mais tarde, foi comprovado que Docinho não era nada doce. O cachorro era um elefante que empacava em tudo e babava em qualquer superfície que encontrasse. Uma máquina babadora-empacadora-gigante.

– Docinho! Volta aqui seu infeliz! - gritei perseguindo o animal por todo o parque. Docinho pulava/corria feliz, até que esbarrou com tudo em um garoto. A calça do adolescente ficou toda babada, e eu pensei que o garoto ia se vingar do animal (a esperança é a última que morre), mas ele simplesmente tomou a coleira em suas mãos. Cheguei correndo até eles, esbaforida.

– Desculpa... Docinho... monstro... babão... pazinha - tentei falar ao coerente enquanto ofegava. O garoto apenas riu e disse que estava tudo bem. Eu o analisei. Ele tinha cabelos pretos encaracolados e a pele morena, como se estivesse muito bronzeado.

– Docinho, hein? - perguntou fazendo carinho no cachorro. - Adoro cachorros.

– Ele é meio... agitado. Só estou com ele por uma tarde - sorri, meio sem jeito.

– Leo - apresentou-se estendendo a mão.

– Meu n... hã... Piper - apertei sua mão. Eu estava meio nervosa. Ando conhecendo muitos estranhos ultimamente.

– Bem, preciso ir - falou casualmente. - Estou no Parc 55 Wyndham San Francisco.

– Sério? - perguntei espantada. - Eu também!

– Sério? Maneiro! Então vamos juntos até lá? - ele sorriu sinceramente.

Então eu e Leo voltamos juntos para o hotel, e Docinho pareceu se comportar melhor na presença dele. Máquina babadora. Leo e eu rimos todo o caminho, ele era muito divertido. Descobri que ele tinha dezessete anos, e estava passando as férias na Califórnia também. Quando chegamos ao saguão do hotel, ele se despediu e disse para nos encontrarmos novamente, eu assenti e concordei sinceramente.

Fiquei esperando a velha enrugada com Docinho, e ela não tardou a aparecer. Parecia um pouco abalada e um tanto desgostosa. Vinha resmungando algo sobre "fazer o que sua idade permite".

– Muito obrigada, menina. Você é muito gentil. Docinho sentiu falta da mamãe? Ele é um amor, não é mesmo?

– Ah... claro, um amor. Então... Miles está bem? - perguntei para ser educada.

– Está, o idiota. Mas aparentemente eu sou "uma velha chata que não aprecia o golfe", hunf - disse e saiu resmungando. OK. Essa tarde não pode ficar mais estranha.


Depois de passar o resto da tarde ouvindo música, finalmente me arrumei para ir ao cinema com Jason. Eu estava decidida a fazer as coisas certas hoje, não, bem... não dormir no apartamento dele. As 19:05, Jason chegou e eu entrei rapidamente em seu Lexus.

– Olá irritante - disse me acomodando no banco do carona.

– Olá Pipes - ele deu um sorriso largo, que fez meus músculos queimarem. Estava lindo, é claro. Seus olhos me fitavam com tanta intensidade que eu cheguei a corar.

– Então... qual é o filme? - perguntei, tentando espantar minhas patéticas sensações.

– Mama - ele disse simplesmente, dirigindo.

– Mama? - levantei uma sombrancelha. - Tipo, mamãe? Você vai me levar para ver um filme de terror chamado mamãe?

Ele revirou os olhos.

– Na verdade, é sobre um espírito-monstro em uma floresta que cuida de duas menininhas órfãos.

– Ah.

– Brandon me ligou, hoje de manhã. Ele perguntou se nós não queremos ir a um jantar na casa dele. Vai um monte de pessoas e tal. Tipo uma festa na piscina - ele sorriu.

– Ah, bem... - tentei argumentar. De repente percebi que havia um "nós" no meio daquilo, e que eu estava sendo colocada no meio de muitos planos. Jason entendeu a minha expressão.

– Olhe, se não quiser ir, entendo. É só que não é nada de mais, vai um monte de pessoas, que nem eu mesmo conheço. Você pode levar alguém se quiser... - ele parecia incerto nessa última parte.

– Na verdade, eu gostaria de levar sim - falei, calculando planos mentais.

– Quem?

– Um... novo amigo meu - sorri, pensando em Leo.


Jason estava certo, não tinha nada de mamãe naquilo. Que horror aquele filme. Decidi me concentrar mais na pipoca e... bem, no braço de Jason em volta de mim. Aquilo me deixa nervosa e tensa, ele estava tão perto que eu inalava o seu perfume (que era muito bom, por sinal). Tinha certeza que se virasse o rosto um pouquinho, eu o beijaria. Tentei não arriscar.

No meio do filme, resolvi ir ao banheiro. Desci as escadas cautelosamente, e não podia enxergar nada no escuro. Andei por um corredor, certa de que era o caminho para a saída, mas acabei chegando em mais dois corredores para escolher. E assim, andando por milhares de corredores, eu me perdi em uma sala de cinema pequena. UHUl!

Derrotada, decidi ligar para Jason:

– Oi? - perguntou ele confuso. Por que eu estaria ligando para ele do banheiro?

– Jason! Eu... eu meio que me perdi - tentei falar baixo.

– VOCÊ SE PERDEU NO BANHEIRO? - ele gritou e deu uma gargalhada, e pude ouvir várias pessoas fazendo "shhh" e "cale a boca".

– Sim, são muitos corredores. Quer parar de rir e me ajudar? - perguntei desesperada, enquanto ele continuava rindo.

– Estou indo - e desligou. Resolvi ficar parada. Minutos depois, algo tocou o meu braço e eu gritei.

– AH! IÁ! - por reflexo dei um tapa na coisa.

– AI! Sou eu, sua maluca - disse a voz de Jason, baixinha.

– Epa. Enfim, como saímos daqui? - perguntei aliviada.

– Não sei como você consegue se perder aqui, sério - ele deu um sorriso. - E talvez você não queira sair daqui.

Depois de ele ter quase me grudado na parede, entendi o que estava fazendo. Quando seu rosto ficou a centímetros do meu, eu disse:

– Ah não, espertinho - ri e comecei a fugir. Pude ouvir Jason xingando e correndo atrás de mim, e ri mais ainda. Eu saí num corredor com uma porta na frente, que sem pensar, abri e entrei correndo, com Jason em meu encalço. Infelizmente, estávamos parados na frente da telona de cinema, projetando nossa sombra por toda a tela.

Milhares de pessoas começaram a nos xingar, e saímos correndo dali, envergonhados. É claro que, quando estávamos quase na saída, tive que tropeçar, empurrando Jason que foi para o chão junto comigo.

Como estávamos fora da vista das pessoas, ficamos sentados, absorvendo os últimos acontecimentos. Quando seus olhos encontraram os meus, nós começamos a rir muito, atirados no chão como duas crianças. Eu já estava quase sem folêgo, quando ele conseguiu me roubar um selinho. Rapidamente, meu corpo ficou mais tenso, mas quando notei que ele ainda estava rindo, tudo voltou ao normal. Pulei em cima dele, aplicando-lhe um golpe de judô, e rolamos pelo chão, rindo mais ainda.


Era quase meia-noite, e eu e Jason estávamos na Baker Beach. Se você não conhece, ou nunca visitou San Francisco, a Baker Beach é uma praia em que se tem uma vista ótima para observar a Golden Gate Bridge, uma ponte gigantesca, que é considerada uma das sete maravilhas do mundo.

Jason e eu sentamos na areia e ficamos observando o mar. Em certo momento, não sei como, já estávamos deitados na areia, observando as estrelas. Jason disse-me que quando criança, queria estudar astronomia.

– Eu queria ser astronauta - contei-lhe. Era o meu sonho, quando eu ainda achava que a lua era feita de queijo. Maldito Tom e Jerry. Ele riu.

– Você não tem cara de astronauta. Você tem cara de... fazendeira.

– O que? - perguntei espantada. - Você tem cara de pedófilo.

– Você tem cara de prostituta.

– Você tem cara de mendigo.

– Você tem uma cara muito bonita.

Aquilo me pegou tão de surpresa, que eu corei violentamente. Não sabia se queria enforcá-lo ou beijá-lo. Nenhuma bipolaridade, certo?

– Você tem uma cara muito feia - eu disse para quebrar o gelo. Atacar as pessoas é o meu forte. Fazer o quê.

– Tem certeza? - ele perguntou se aproximando de mim, contendo um sorriso.

– Absoluta - falei meio engasgada. Zeus, Hades, Poseidon, qualquer um, me ajude.

Então ele me beijou, um beijo doce e lento, tão diferente de ontem a noite, que pude perceber que era isso mesmo que ele queria. Queria me mostrar que nós não éramos para ser algo impulsivo, só físico e ardente. Tentava me dizer, que gostava mesmo de mim.

Com esse pensamento, sorri. Ficamos muito tempo naquela praia, e não tive ideia de quanto tempo. Só ficamos olhando as estrelas, sem se preocupar com o mundo lá fora.




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Notas finais do capítulo

Gostou? Odiou? Comente! Até mais, pessoassssssss



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