Califórnia escrita por Terpsicore


Capítulo 1
01. "As primeiras impressões não são decisivas".


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaaaaa pessoas. Essa é a minha primeira fanfic aqui, desculpem se estiver totalmente errada. Apenas deem uma chance, por favor. Bem, boa leitura.



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                                           Dia 1

Tudo aconteceu enquanto eu estava de férias na Califórnia. Meus pais resolveram viajar por um mês, comigo e meu irmão Jamie, e eu até que não estava achando tão ruim. O único problema até agora, era o irritante do Jamie, o clima que eu não estava acostumada e a comida. Acredite, eu não gosto de saladas, mas a comida daquele lugar era abominável, então passei os primeiros três dias comendo essas coisas verdes. Argh.

O hotel em que estávamos hospedados era bem luxuoso, consequência da famosa "poupança de viagem" que meus pais juntavam, com seus salários de escritores de free-lancer, e então a cada cinco anos viajamos para algum lugar legal. E, a cada cinco anos, Jamie e eu travamos uma batalha mortal discutindo sobre para onde vamos passar as férias. Na maioria das vezes, ele ganha, por ser o caçula.

Jamie, o idiota, é um ano e meio mais novo que eu, embora não pareça ser assim. Ele tinha quinze, e eu dezessete. Normalmente, as pessoas costumam dizer que somos gêmeos, pois sempre tivemos mais ou menos a mesma altura, e por sermos muito iguais de personalidade e de aparência física, morar na mesma casa que a gente não dá muito certo. A menos que você seja mentalmente instável - o que não espero que seja -, e queira aguentar brigas e socos todos os dias.

A questão é, ele estava sendo mais irritante do que o normal naquele momento. Isso é possível? Não sei como. Estávamos separados em três quartos diferentes do hotel, um para os meus pais, um somente meu, e o outro para Jamie. Apesar de o quarto de Jamie ser no fim do corredor, uns cinco quartos depois do meu, eu conseguia ouvir o barulho estridente da sua guitarra elétrica estúpida, adentrando o meu quarto como um parasita irritante.

Furiosa, eu sai do meu quarto, de pijama mesmo. (PS.: Nunca julgue uma garota furiosa, descabelada e de pijama colorido, andando tranquilamente pelo corredor do seu hotel). Tentei girar a maçaneta, mas a porta estava trancada. Meigamente, esmurrei a porta três vezes. O som horrível parou subitamente, e um Jamie só de bermuda abriu a porta.

– Posso ajudar? Ah é você - sua voz era preguiçosa e indiferente, acho que estava tentando ser um tipo de rebelde. Quando ele ameaçou fechar a porta de novo, eu, com meus instintos ninjas, a empurrei com toda a força, fazendo-o cambalear para trás. TIMING PERFEITO! Adentrei o quarto e comecei bravamente o meu discurso:

– Você acha que está em casa? Nenhuma, nenhuma pessoa nesse hotel quer ouvir essa sua guitarra horrível, acredite. Vão nos expulsar por desacato aos ouvidos dos outros - comecei a olhar em volta, e aquele quarto parecia um lixão, como ele conseguira transformar aquilo em um completo caos em apenas três dias, eu não sabia.

– E eu te perguntei alguma coisa? Agora sai daqui, você está invadindo a propriedade privada do sr. Jamie, seu rei.

– Jamie, sério, você não pode tocar a toda essa altura!

– Para você, é sr. Jamie.

Fiz uma expressão de pura fúria e, se pudesse incendiar pessoas com os olhos, ele já estaria em cinzas. Seus olhos cor de chocolate me fitavam com rebeldia, e seus cabelos revoltos e repicados cor de bronze balançavam como se concordassem com cada fala daquele idiota. Eu já estava acostumada, mas novamente a nossa semelhança física me espantou. Seus olhos e cabelos eram exatamente iguais aos meus, exceto que meu cabelo era muito longo, mas repicado como o dele.

– Cansei de você. Divirta-se com essa coisa que você chama de instrumento musical. Eu, papai e mamãe vamos almoçar por aí, e você não está convidado - falei raivosa e saí daquele quarto, e pude ouvir apenas um "beleza" descontraído vindo dele.

Tomei um banho relaxante no meu quarto do hotel, fantasiando se poderia levar aquela banheira para casa. Coloquei uma calça jeans justa, botas marrons e uma blusa azul-escura justa, com algumas franjinhas que pendiam. Torci para que não me confundissem com um caubói moderno.

Minha mãe e meu pai me esperavam no saguão do hotel, ambos lendo alguma coisa, o que mais gostavam de fazer, tipo, todo o tempo. Mamãe ergueu os olhos da revista Curiosidades & afins, e levantou uma sobrancelha.

– Jamie?

– Trancado no quarto, no meio do lixão, tocando uma coisa que ele chama de guitarra. Só de bermuda. Ignorante. O Jamie de sempre.

Minha mãe suspirou. Ela ficava constantemente brava com esse novo comportamento de Jamie, que meu pai chamava de "hormônios adolescentes masculinos", mas logo voltava a sua paciência de sempre, afinal, amava muito ele. Como e por quê, era o que eu queria saber.

– Ele logo vai parar com isso, Jen, é a idade. Li isso no Pais e adolescentes: como tratar a fase por etapas– ele falou aquilo como sempre, com confiança e como se fosse o maior sábio do mundo, mas ao mesmo tempo como um cientista louco. Na verdade, ele parecia mais ou menos uma junção dos dois.


Uma hora depois, estávamos almoçando na praça de alimentação de um shopping enorme. Como pais são vegetarianos, e já que eu vinha comendo comida de coelho por três dias, resolvemos escolher um buffet apenas de saladas para o almoço. Não estava lá muito bom, mas comi mesmo assim. Logo depois, meus pais rapidamente fizeram planos de visitar todas as livrarias do shopping, o que era normal. Como eu realmente não queria fazer parte dos seus diálogos de intelecto e teorias sobre coisas de filosofia, disse a eles que levassem o tempo que precisassem (o que seria um longo tempo), e que iria passear pela cidade para conhecer tudo.


Primeiro, me dirigi ao banheiro do shopping e escovei os dentes. Eu tenho meio que um TOC sobre isso, mas isso não vem ao caso. Depois, saí perambulando por toda a cidade. É legal observar as pessoas apressadas no seu dia-a-dia, quando você está de férias. Vi lugares e lojas surpreendentes no centro da cidade. Parei até para ver uma orquestra de crianças pobres, e como era muito encantador, lhes deixei uma nota de vinte.

No final da tarde, cansada, eu procurei um café, para sentar e tomar alguma coisa. Tinha acabado de receber uma mensagem de meus pais "Achamos uma feira de livros usados, vamos demorar mais um pouquinho. Se quiser, não precisa nos esperar. Aqui tem Charles Dickens e Jane Austen, oba! Beijos, m&p." Aparentemente, transformar mamãe e papai em siglas, faziam eles parecer descolados. Eu não tinha muita certeza disso.

Encontrei uma lanchonete bastante convidativa, e entrei sem pensar duas vezes. O balcão estava cheio de letreiros coloridos sobre hamburgueres e sucos de frutas. Estranho. Pedi um suco de laranja com polpa extra. Enquanto esperava, fiquei pensando em como decoraria o lugar, se a lanchonete fosse minha.

– Você sempre pede suco de laranja com polpa extra? Porque eles são horríveis - disse uma voz musical e bastante agradável ao meu lado. Surpresa, virei-me e vi um garoto de cabelos cor-de-mel me encarando furtivamente. Ele parecia ter uns dezessete, dezoito anos. Pisquei algumas vezes, sem saber o que responder, e devo ter parecido bastante boba.

– Você sempre interroga pessoas sobre as bebidas que elas tomam? Porque isso não é legal - não sei porque pareci tão na defensiva. Parabéns, você ganhou o prêmio de atacar garotos sem motivos para isso. Eba!

O garoto ergueu as mãos em rendição:

– Só estava dando uma dica, garota. Acontece que sou perito em sucos - algo na sua voz e no seu rosto e nos seus olhos cor-de-mel fazia eu pensar que já conhecia ele. Mas não fazia ideia da onde.

– Ah é? E por quê? - mas antes de ele responder eu já sabia a resposta. Ele era aquele cantor famoso que eu vira um tempo atrás no DVD de minha prima Nicole. A menina era totalmente fissurada por ele, e colava pôsters de seu rosto na parede do seu quarto. Eu o achara normal.

– Sou Jason Grace, fiz uma propaganda de sucos com polpa e sou...

– Cantor - completei rapidamente - vi você no DVD da minha prima.

– E gostou? - perguntou, erguendo uma sombrancelha. Parecia estar se divertindo.

– Ainda não tenho uma opinião - disse, sincera. O que? Eu não estava na defensiva.

Meu almadiçoado suco com polpa extra chegou e interrompeu nossa conversa estranha. Agradeci o balconista e sentei-me ao lado do cantor curioso e irritante.

– Já que não tem uma opinião, eu poderia cantar para você... - começou ele, mas eu o interrompi de novo.

– Ou eu poderia comprar seu CD - suguei um pouco do meu suco pelo canudinho, mas a polpa extra não deixava o pobre líquido subir. Me amaldiçoei mentalmente. Maldita polpa extra.

– Você é sempre tão rude quando conhece as pessoas? - perguntou ele suspirando.

– Só quando é um cantor metido e irritantemente perito em polpa extra.

Ele riu suavemente, mas parecia inquieto.

– Metido? Olha, você está entendendo errado. Vamos começar de novo, pode ser? - suplicou ele. Olhei-o de cima a baixo, e resolvi dar-lhe uma chance. Ele não parecia tão irritante assim. Concordei com a cabeça, fazendo-o dar um sorriso com os dentes brancos e perfeitos.

– Olá, sou Jason Grace e tenho dezoito anos. Sou do signo de Touro - ele se apresentou e estendeu a mão para que eu apertasse. A exclusão da sua profissão me fez sorrir e ver que ele queria mostrar que não era apenas um cantor. Ri quando ele disse que era de Touro.

– Piper McLean. Dezessete. Aquário - ri enquanto apertava a sua mão.

– Então, Piper McLean, está de férias na Califórnia? Eu teria reparado se alguém tão bonita assim morasse na minha cidade - falou confiante. Os poucos centímetros que eu tinha conseguido subir do suco com polpa desceram rapidamente quando eu engasguei. Corei instantaneamente. Tentei não parecer embaraçada e manter a voz confiante. Acho que não pareceu muito certo.

– Na verdade, caro Grace, eu estou mesmo de férias. Moro em Denver e vim passar um mês de férias aqui. Cidade bonita. Comida horrível. Sucos com polpa extra. Habitantes irritantes - sorri e pisquei para ele. Por um momento, seus olhos brilharam e ele me estudou com atenção, e eu, é claro, desviei os olhos. É super normal encontrar um cantor super famoso em uma super lanchonete e ele começar uma super conversa com você enquanto você tenta não parecer super embaraçosa.

– Sabe Piper, gostei de você - ele disse repentinamente. Oh meu Deus, não. Com certeza, eu deveria ter ido embora no momento em que ele disse isso. Mas eu não fiz isso. O que fiz foi conversar com um estranho por horas, e surpreendentemente, descobrir que ele não era tão ruim assim. Na verdade, ele era muito legal.


– Pipes, foi muito engraçado - ele gargalhou. Tínhamos passado as últimas quatro horas apenas conversando. Eu estava no meu terceiro suco de fruta com polpa extra, e cada vez que pedia mais um, Jason me olhava com divertimento. Nós contamos tantas coisas um para o outro, que se eu parasse para pensar iria embora naquele momento, ultrajada por estar conversando tanto com aquele estranho. Mas a verdade, é que eu estava adorando. Jason era extremamente legal e engraçado, e parecia que já éramos amigos de anos. Quando notei, já tinha contado todas as minhas histórias embaraçosas de criança.


– Pipes? Desde quando tanta intimidade? - ergui a sombrancelha com descrença. Ele consultou o relógio.

– Quatro horas, cinquenta minutos, doze segundos.

– Esperto, né? - ri. Segundos depois, tudo desabou. Lembrei que eu tinha uma vida além daquele cantor - Ah não! Meus pais!

– O que tem eles? - perguntou preocupado.

– Eles devem estar preocupados. Espere um minuto, vou ligar para eles - levantei da cadeira (tínhamos mudado para uma mesa, para ficarmos mais confortáveis) e sai da lanchonete para fazer a ligação lá fora. Notei que Jason me estudava de longe. Sorri com esse pensamento.

– Alô?

– Oi mãe.

– Piper, onde você está? - perguntou ela, sua voz era preocupada.

– É, mãe, sabe o que é...

Eu expliquei toda a história a ela. Mas ela não acreditou na história do cantor famoso.

– Mas mãe, é sério!

– Me deixe falar com ele então.

– Então está bem.

Eu não queria deixar ela falar com Grace, mas injustiça exigia medidas drásticas.

– Justin, minha mãe não acredita que eu encontrei você. Ela acha que eu estou mentindo.

Ele franziu a testa por um momento, e então riu. Estendeu a mão para o telefone. Como eu, ele se distanciou, e eu não entendi o que tanto ele e minha mãe falavam. Fiquei o observando. Ele podia ser irritante, mas era irritantemente bonito. Seus traços físicos eram perfeitos, até para um cantor famoso. Vou admitir que minhas pernas ficaram um pouco bambas enquanto eu o olhava. Quando ele começou a voltar para a mesa, eu rapidamente assumi o controle de novo.

– E então? - perguntei pigarreando.

– Tudo certo. Ela acredita e agora confia em mim. E mais, deixou você ir em uma festa comigo hoje á noite. Não é incrível?

– Festa? Que festa? - arregalei os olhos.

– Eu vou em uma festa hoje a noite. Faz um mês que a boate de um amigo meu foi inaugurada e venho promentendo a ele que iria lá dar uma olhada. E você vai comigo, não é mesmo Pipes? - ele disse aquilo com tanta confiança que fiquei desconcertada. Uma festa. Com Jason. Ok, esse dia realmente melhorou muito se formos ver como começou. Início do dia: um irmão idiota tocando guitarra. Fim do dia: uma festa com um cantor famoso, lindo e legal e meu amigo. Ok, as coisas podem continuar assim na minha vida.

– Eu adoraria, mas, não vão... ? - tentei questionar, mas ele entendeu.

– Me reconhecer? Fontes confiáveis afirmam que eu estou passando meu tempo de férias em algumas ilhas no Caribe.

– Fontes confiáveis?

– Sim, eu mesmo as criei. Venha Pipes - ele riu e eu (mesmo achando estar louca) deixei ser levada por Jason Grace.


Eu estava aturdida. Surpresa. Desconcertada. Muito, muito maravilhada.


Jason havia me levado até o seu apartamento, era um pouco afastado do centro da cidade, ficava numa rua tranquila, provavelmente barulhos estridentes como a guitarra de Jamie não chegavam até ali. Definitivamente, era luxuoso. O apartamento era simples, mas os móveis eram caros, dava para perceber. A sala era um pouco menor que a minha casa. Uma bancada de mármore separava a sala da cozinha, e o lugar tinha três quartos e dois banheiros.

Grace reparou no meu olhar surpreso e me contou aquele era o seu apartamento preferido. Ele tinha outros, é claro, nas cidades que mais frequentava, e casas na praia, mas aquele era o seu favorito.

– A que horas vamos para a festa? - perguntei ansiosa.

– Acho que chegaremos lá a meia-noite - ele calculou mentalmente. Suspirei.

– Estou vendo que voltarei para o hotel só amanhã.

– Não se preocupe, prometi para sua mãe que a levaria em segurança para casa - ele piscou para mim.

– Esses cantores famosos, tao confiantes, persuasivos... - revirei os olhos e ele riu.

– E também muito legais! - ele me levantou como se eu fosse um saco de batatas e me carregou nos ombros enquanto eu gritava e me debatia. Nada legal. - Agore você pode usar o banheiro á vontade, e usar a minha banheira super power luxuosa. Ela se chama Bessie.

– Você deu o nome da sua banheira de Bessie? - perguntei confusa e achando graça. Ele me mostrou a língua e fechou a porta do banheiro. Eu a tranquei por segurança. Nunca confie em cantores famosos como Grace. Eles são espertinhos.

Aquele banheiro definitivamente era maior que o meu quarto. Quase ri do que eu havia pensado pela manhã, de roubar a banheira daquele hotel. A "Bessie" de Jason era mil vezes melhor, e eu nunca tinha tomado um banho tão relaxado na vida. Quando terminei, me enrolei em uma toalha pendurada ali. Só então percebi uma falha no plano. Eu não podia pisar numa festa com aquelas roupas que viera. Comecei a entrar em pânico. Destranquei a porta e abri apenas uma fresta. Sem saber o que fazer, gritei com a voz esganiçada:

– Ei! Hum... Jason! Você pode vir aqui um pouquinho?!

Jason apareceu rapidamente, e estava tão lindo que meu coração quase saiu pela boca. Meu corpo inteiro quis se derreter ali mesmo, mas eu tentei me controlar e pigarreei.

– O que foi? Precisa de ajuda no banho? - perguntou ele malicioso. Mas pude ver que estava brincando.

– Haha. Engraçado. Escuta, eu não posso ir na festa com essas roupas que vim - falei meio desesperada.

– Ah. Entendo. Bem, acho que posso resolver o seu problema, Pipes. Vem. - ele acenou com a mão para eu o seguir. Eu fui, mas só depois lembrei que estava de toalha. Devo ter parecido o pimentão mais vermelho do mundo. Pude perceber seus olhos me analisando, e quis fugir dali. Evaporar.

Grace me levou até um dos quartos, onde eu entrei, confusa. Lá dentro tinha um monte, digo, um monte, araras de roupas, todas elegantes e lindas e perfeitas, e eu estava maravilhada e sem fala.

– Eu estou com uma nova marca de roupas. Não sei se vai dar muito certo, nem está a venda ainda. Esses são os testes finais. Bem, escolha o que quiser - ele disse sorrindo. Andei por aquele quarto como se estivesse num reino encantado. Tinha mais que roupas de festa. Eram roupas muito legais de festa.

Demorei no mínimo uns 10 minutos para escolher o que iria usar, e acabei optando por um vestido curto preto justo, mas elegante, meiga-manga, com as costas abertas. Quando me virei para apresentar minha escolha para Justin, peguei ele olhando para a minha bunda. Eu tentei disfarçar para mim mesma que não era, mas com certeza era. Ele parecia hipnotizado. Pigarrei.

– Grace!

– Hã? - ele olhou para cima rapidamente - Ah já escolheu?

Revirei os olhos, descrente. Garotos são muito idiotas. Até os famosos.

– Fora! Eu preciso me trocar - eu falei brava e o empurrei para fora do quarto, enquando ele dizia algo realmente inteligente como "hã dã".

O vestido caiu perfeitamente em mim. Fiz uma maquiagem básica com as poucas coisas que carregava na bolsa, e calcei um sapato de salto alto da linha de coleção de roupas. Quando sai, Jason me esperava impaciente na sala. Novamente, ele parecia hipnotizado olhando para mim. Me analisou de cima a baixo, como se eu fosse um objeto de estudo muito interessante. Que cara-de-pau. Eu queria bater nele com alguma coisa. Uma guitarra elétrica, talvez.

– Vamos? -perguntei impaciente, tirando-o do seu transe.

– Claro - ele disse ainda meio abobalhado.

O carro de Jason era um Lexus preto reluzente e eu me senti alguém famoso quando entrei naquele carro. Talvez carros de famosos são o que dão a confiança para eles, fazendo-os sentirem importantes. Pelo menos, eu me senti.

– Cara, eu queria muito ser famosa. Deve ser legal - arquejei ao ver a mini-televisão portátil no Lexus de Jason.

– Nem sempre. Ás vezes nos sentimos sozinhos, mesmo com todos aqueles fãs. Eu pelo menos me sinto - sua voz era triste, como se aquilo tivesse sido por muito tempo parte dos seus pensamentos. Me senti mal por ele.

– Ah que isso, se eu tivesse uma "Bessie" seria feliz - tentei descontrair, e deu certo, ele riu de verdade.

– Ah, talvez você possa usá-la mais vezes - ele disse ainda sorrindo, e continou a dirigir.

Achei que, discretamente, aquilo havia sido uma promessa.


Pense em um lugar lotado de pessoas, todas com roupas lindas e caras e pessoas lindas e caras, todas dançando loucamente, em um lugar moderno e enérgico. A boate de Brandon era literalmente para pessoas que podem pagar por roupas descartáveis e sua máquina de chicletes particular.


Brandon parecia um cara de negócios, que sabia exatamente o que as pessoas queriam. Tinha pele morena e os cabelos negros, um corpo atlético e um sorriso indulgente. Falava com você como se analisasse se você era um ótimo acordo ou um projeto desastroso. Mas Jason parecia gostar muito dele. Dava para notar que eles eram amigos de longa data, e sabiam lidar um com o outro.

– Finalmente meu amigo famosinho veio visitar o pessoal do baixo nível! Faz quanto tempo, Grace? - perguntou ele dando um tapinha nas costas de Jason, enquanto apertavam as mãos. Baixo nível? Então eu devo ser uma moradora de rua.

– Não sei, um ano? Mas vejo que baixo nível isso aqui não é não - riu Jason olhando em volta - Cara, essa boate está o máximo.

Brandon pareceu perceber que eu existia e ergueu as sombrancelhas.

– Veio acompanhado Jason? É sua namorada ou é a minha futura esposa? Você escolhe - piscou ele para nós dois.

– Ah. Desculpem. Brandon, Piper, Piper, Brandon. Ela é uma... hã grande amiga. Nada de esposa, Brandon - ele riu, mas pela sua voz, algo do que Brandon dissera havia o incomodado. Quase sorri com aquilo. E também Jason dissera que eu era uma grande amiga, sendo que fazia apenas um dia que havíamos nos conhecido. Na verdade, pareciam anos.

– Ah, que pena. Sabe Piper, Jason pode ser bem ciumento. Mas nós podemos fugir dele depois - ele deu um sorriso divertido e piscou para mim. Claro que era brincadeira, mas mesmo assim fiquei meio envergonhada. Jason parecia inquieto.

– Hã... claro - eu disse. O celular de Brandon tocou.

– Então perfeito! Tenho que atender, aproveitem a festa! - gritou ele por cima do barulho ensurdecedor e afastou-se, sendo engolido pela multidão. Jason agora parecia feliz de estarmos sozinhos.

– Dançar? - convidou.

– Óbvio, idiota.


Já tinham se passado umas duas horas, e a festa ainda estava no seu auge. As pessoas nunca paravam de dançar, e a música era energizante e fazia você querer dançar loucamente. WOW. Ok, eu estava muito animada. Naquele momento, Jason vinha trazendo mais dois copos de bebida colorida. Embora eu não soubesse o que era aquilo, era muito bom.


– Mais? Você quer me deixar bêbada, Grace? - perguntei, mas ainda assim, tomei um gole.

– Só um pouquinho. Talvez você perca esse seu jeitinho irritante - disse sorrindo. Arregalei os olhos com descrença.

– Eu? Irritante? Vá comprar um espelho - falei, e minha voz parecia tão confiante que ele gargalhou. A música agora era uma batida frenética. Eu não conseguia parar de dançar, e comecei a dançar mais loucamente. O que a bebida não faz.

– Opa, acho que eu te embedei mesmo. Sem querer. Mas gosto de você assim - ele tentou gritar por cima do barulho da música.

– Eu sou legal de todas as formas - ri, brincando. Os olhos deles brilhavam e seu tom de voz mudou. Ele pegou minha mão (que formigou imediatamente) e me fez dar um giro completo, trazendo-me para perto dele.

– Concordo com você.

Agora tínhamos parado de dançar. Todos a nossa volta continuavam movimentando-se, agitados. Eu estava praticamente colada em seu peito, e ele me segurava tão junto ao seu corpo, que nossos rostos ficaram na mesma altura. Seu olhar era brilhante e seu rosto estava duro. Pude analisar cada traço daquele belo rosto, meus olhos o fitando intensamente. Finalmente, parei na sua boca, e percebi que ele olhava para a minha também.

Alguma força do fundo do abismo do meu corpo se descontrolou, e eu senti um impulso forte, confiante, e não podia mais me controlar. Em movimentos rápidos, coloquei minha mão em sua nuca, e o puxei para perto, tocando seus lábios. Ele me correspondeu no segundo seguinte.

Uma de suas mãos brincava com meus cabelos e a outra apertava forte a minha cintura, e eu estava queimando, derretendo. Seus lábios eram macios e quentes, e se ajustavam maravilhosamente aos meus. Sua língua adentrou minha boca, e ele tinha um hálito doce e de menta. O que eu senti nos segundos seguintes, eu nunca tinha sentido em toda a minha vida. Mas claro, como em toda a minha vida, algo teria que atrapalhar.

– Jason! Jason! Cara... Ah! Aí está você. Opa - ouvi a voz rouca de Brandon, e eu e Jason nos separamos subitamente - Cara, não era uma grande amiga? Nós íamos casar.

Jason parecia meio enfurecido, mas tentou disfarçar rindo sem-graça.

– É... é, desculpa aí. Então... ?

Brandou sorriu como se nada tivesse acontecido.

– Preciso um minuto de você. Já devolvo ele, Piper - disse e simplesmente saiu. Jason parecia meio contrariado, mas foi, me lançando um olhar frustrado. Eu ri da sua cara e ele deu um sorrisinho. E foi. E eu fiquei ali, como uma idiota. Fiquei parada, molemente, não sabendo o que fazer. Meu rosto ainda estava quente, assim como todo o meu corpo. Minha cabeça girava e o meu estômago nem se fala. Precisava de um suco forte com polpa extra.

Ainda parada como uma boba, consegui roubar um copo daquelas bebidas coloridas da bandeja do barmen mais próximo. Não conseguia pensar direito. Enquanto isso, um garoto alto e forte, estava me encarando furtivamente, na maior cara-de-pau. Ele nem disfarçava. Comentou algo com o amigo ao lado. Eu resolvi sair dali. Estava mesmo parada como uma idiota ali no meio das pessoas que dançavam. Fui até a parede mais próxima e me escorei nela, tomando um gole da minha bebida.

– Sozinha? - perguntou uma voz grossa, tão subitamente que eu pulei, assustada. Era o cara que estava me olhando, ele havia me seguido. Era só o que me faltava.

– Na verdade, não - respondi simplesmente. Não sabia se estava mesmo sozinha.

– Você não parece ter muita certeza. Você é muito linda - ele me analisou de cima a baixo de novo, como se eu fosse um prêmio. Soltava frases como se não soubesse continuar a falar. Eu tentei me afastar, mas ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e segurou a minha nuca com os dedos fortes. - Você é mesmo muito bonita, garota.

Antes que eu pudesse protestar, ele forçou a minha cabeça para frente, enquanto eu lutava para sair dali. Quando ele chegou perto, percebi. O cheiro forte de bebida rondava sua boca. Aquele cara estava muito bêbado. O garoto estava prestes a enconstar seus lábios nos meus, quando algo o atingiu, e eu consegui me livrar da prisão de seus dedos, que já estavam machucando a minha cabeça.

– Ai - exclamei, ao tocar a parte de trás da minha nuca. Olhei a cena. Justin aparentemente havia dado um soco no rosto do garoto, que caíra aos meus pés. Brandon, que vinha atrás de Jason, estava estupefato.

– Cara, qual o seu problema? - perguntou o garoto no chão. Ele provavelmente não entendeu o que tinha acontecido, acho que sua bebedeira o confundia.

– Ela não queria, não percebeu? Ela está comigo - falou, e sua voz parecia cheia de raiva e séria. O pobre garoto bêbado não entendia direito o que estava acontecendo, e tentou se levantar, mas para sua maior tristeza, agarrou a minha coxa para se segurar e se levantar, o que provavelmente foi um erro, porque eu pulei assustada, e, Jason, ainda mais enfurecido, deu outro soco - que parecia realmente muito forte - no rapaz, que caiu novamente.

Brandon, que ainda estava estupefato, pareceu ter despertado.

– Ei, ei, ei, nada de brigas rapazes. Você - apontou para o garoto bêbado - fora, Jason, pare de dar socos no pobre rapaz. Piper não tem culpa de ser linda - e revirou os olhos. Grace pareceu se enfurecer ainda mais. Eu, naturalmente, fiquei parada feito uma besta quadrada.

Quando os nervos de Jason se acalmaram e Brandon chamou os seguranças, que colocaram o garoto para fora da boate, eu susurrei no ouvido de Jason que queria ir embora. Ele acenou com a cabeça, parecendo concordar completamente.

– Ei, Brandon, sua boate é o máximo, de verdade. Vou vir aqui mais vezes, prometo. Mas Piper e eu estamos cansados e vamos embora. Tudo bem? - Jason falou, e parecia normal de novo.

– Ah, cara, obrigado por virem, foi muito legal da parte dos dois. Desculpe o incidente. Esses caras filhinhos de papai acham que podem vir e... enfim, obrigado mesmo. Apareça mais vezes Piper, adorei conhecer você. Noiva? - ele perguntou esperançoso. Eu ri. Apesar de Brandon ser um pouco desconfortável, eu gostei muito dele.

– Claro. Até mais. Prometo voltar nesse lugar incrível. Desculpe, por bem... até - dei um abraço nele, que surpreso, retribuiu. Jason também se despediu e pediu desculpas. Quanto estavamos nos afastando, ele gritou "Ei, Grace, me liga!".

Entramos no Lexus de Jason em silêncio. Eu estava grata por Jason ter me defendido, mas também parecia algo... desconfortável. Quando já estávamos na metade do caminho do apartamento dele, onde eu iria pegar as minhas roupas que deixara lá, Jason desabafou.

– Piper, eu... eu sei que não devia ter batido naquele cara. É só que, você não parecia estar gostando, e admito, que senti um pouco de ciúme - ele disse, completamente triste. Uma chama se acendeu no meu peito.

– Um pouco? - ergui a sombrancelha.

– Tá legal, muito - ele deu um meio-sorriso - é só que, foi impulsivo. Parece que nos conhecemos a anos, e não posso acreditar que faz tão pouco tempo. Eu... você, já é muito especial para mim, eu não poderia...

Ele parecia não estar sabendo como se expressar. Eu o interrompi.

– Jason, na verdade, eu tenho que te agradecer pelo que fez. Porque, eu não estava gostando mesmo, e não queria, e bem, tem você também, e eu... você também é muito especial para mim, Grace - falei, meio engasgada. Os olhos de Jason brilharam.

Agora estávamos entrando na garagem do apartamento. Subimos as escadas rapidamente. Jason destrancou a porta, e no momento em que a fechou, ele se virou e me colou junto ao seu corpo. Começou a me beijar ardentemente, e meus pulmões já não tinham mais ar. Agora meu corpo inteiro estava formigando e eu me agarrei aos seus cabelos. Sua língua explorava cada canto da minha boca, e estávamos tão entrelaçados que eu podia sentir o seu coração batendo.

Jason me segurou pelas coxas e fez minhas pernas envolverem seu quadril. Ele me levou até o seu quarto, onde me deitou na cama. Continuávamos a nos beijar ardentemente, e então eu consegui o virar, para que ficasse embaixo de mim. Mais alguns minutos depois, nossos corpos extremamentes quentes, tivemos que tirar um minuto para recuperar o fôlego. Nós dois sabiamos que não iam passar de beijos naquele dia, mesmo que fossem quentes. Ainda não. Mesmo assim, resolvemos aproveitar um pouco um ao outro.

Naquela noite, não dormimos. Eu deitei ao seu lado, e ficamos conversando. Ele estava sem camisa e eu estava deitada em seu peito. Jason acariciava a parte das minhas costas em que meu vestido era aberto. Conversamos sobre muitas coisas, rimos, e é claro, nos beijamos. As horas passaram tão rápido que achei muito estranho e triste quando chegou a manhã. Sabia que logo teria que ir embora. Mas poderia aproveitar mais um tempo com Jason, realizada por aquele dia anterior, que começara com um irmão bagunceiro, e se tornara o melhor dia da minha vida.



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Notas finais do capítulo

Gostou? Comente por favor, assim continuarei a história. Aceito críticas construtivas hahaha. xoxo



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