Castigo escrita por Kalhens


Capítulo 12
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura o//
E, quando terminarem de ler, eu quero que vocês repensem toda a história, pensando que desde o começo eles já estavam nessa situação :3



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Bateu na porta, pacientemente.

- Ah. Pensei que fosse o Matt...

Desnecessário dizer que Mello não gostou nada nada disso.

Calculado.

Near deu passagem para que o loiro bufante invadisse mais facilmente o quarto, fechando a porta atrás do mesmo, ciente.

- Você veio buscar as coisas?

- Você sabe que não.

Não se deu ao trabalho de concordar.

Observou vagamente Mello sentar-se em sua cama, enquanto se aproximava de uma parede qualquer, esperando.

Apenas uma luz de cabeceira estava acesa, dando um ar soturno à cena.

Algo de maligno, algo de impróprio.

Algo de solene.

Familiar.

- Então. Você acha que o L sabe?

- Agora eu tenho certeza-enrolava um cachinho, olhando para o nada- provavelmente foi por isso que sugeriu as mãos dadas.

- Então, agora ele tem certeza.

- Provavelmente.

Viu Mello assentir, os cabelos lisos fazendo uma bonita curva ao redor do rosto pensativo.

Eram poucas as expressões que Near se permitia. E, de todas as pessoas, Mello era provavelmente a única que as conhecia.

Como aquela.

Aquele desgosto pintado de ódio que se deixava mostrar apenas num curvar diferente dos lábios finos e por um ângulo diferente entre as pálpebras dos olhos negros.

Era o mais próximo de ‘’ciúmes’’ que se poderia encontrar naquele rosto sempre indiferente.

- Qual o problema?

Aprendera, com o tempo, a lê-las. Eras sutis. Eram raras. E eram sempre suas.

Tal qual elas... as ações... coisas preciosas.

O enrolar de cabelos. O Desviar de olhos. Mesmo o jeito de se sentar. Isso qualquer um da mansão podia tomar sem muito esforço.

Mas aquela pequena violação de padrão, quando Near forçou contato contra seu corpo, aboletando-se em seu colo, sem permissão, dando-lhe ciência do peso do corpo e da proximidade dos rostos... Ah, aquilo era coisa que só Mello já vira. E ele gostava de saber disso.

- O que você quer?

Não esboçou reação. Na primeira ou segunda vez, chegara mesmo a se assustar. Mas, com o tempo, você se acostuma.

Near desceu os lábios em direção aos seus. Não de um modo cálido ou inocente. Nem mesmo profundo ou significativo. Era apenas um beijo.

Nada além disso.

Se muito, a paga para sentir seu corpo envolvido pelos braços de Mello.

Há quanto tempo haviam se enfiado naquela relação?

Nenhum dos dois lembrava direito.

‘’ - Não é uma questão de ganhar algo, Mello. Eu só estou enjoado de ter você por perto. É doloroso, fisicamente falando. E irritante, também.

- E você acha que eu estou com você porque eu gosto!?

Não, sabia que não.

‘’

Não era bonito de se ver.

Mello lambia de modo faminto a pele fina do pescoço de Near, enquanto este se limitava a sentir, apertando-se mais contra o colo de Mello, os tecidos roçando.

Não era sequer agradável se se ouvir.

‘’ Odiava isso. Eles se entendiam. Simplesmente. Talvez por serem as duas únicas pessoas de mentalidade próxima naquele lugar, talvez por serem quase que iguais, se entendiam.

Sabia. Sabia perfeitamente bem que se trabalhassem juntos seriam os melhores.

E odiava o fato.

Se resumia a som de carne, tecido e mobília. Empurrada, puxada, esgarçada, mordida, úmida, nojenta. Não se permitiam falar.

Mesmo quando Near sentia aqueles dedos finos comprimindo a pele com força o bastante para deixar um hematoma, apenas trincava os dentes.

‘’ - ‘’Nós’’ não falamos sobre nada, Mello. Você resolveu que assumiria a culpa comigo e tomou a minha frente quando fomos falar com Roger.’’

Mesmo quando Near fechava as coxas desnudas contra o corpo esguio de Mello, e lhe tomava a boca com fúria e fome, Mello não se permitia reclamar.

Ali, naquela guerra silenciosa, não eram rivais. Nem amantes. Nem amigos nem amores. Era apenas carne, calor e contato. Permitiam-se isso. Precisavam disso.

‘’ O motivo que tornada a situação insuportável demais era outro.

O fazia sentir-se humilhado e desconhecer aquele idiota que se fazia passar por Mello em lapsos de irritação.

Sabia que ele estava ali por pena.’’

Por isso, o castigo lhes fora insuportável.

Ali, seu acordo era infringido. As mãos se tocavam, os corpos se sentiam. Mas conscientes. Sem desculpas ou acordos. De um modo menos baixo e egoísta.

Doloroso.

‘’ Permitiu-se perceber os dedos dele contra sua mão.

Por tanto tempo os apertara, e só agora os sentia‘’

Havia algo ali a ser dito. Depois de tudo aquilo, havia um vazio que só palavras poderiam preencher.

‘’ Talvez, Mello ainda tivesse algo a dizer.’’

Quando acabaram, Near se deixou ficar na cama enquanto via o outro recolher as coisas que viera pegar.

Viu sua silhueta negra abrir a porta e sair. Apenas. Como sempre.

Fechou a mão, sentindo os dedos livres.

‘’– Era só um jogo idiota, oras- bufou- ele só queria ver como nós agiríamos numa situação de risco real.’’

Bom, pensou, amargo. Agora sabiam.


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Notas finais do capítulo

Não me batam!
Eu sei que eu deixei muitas pontas soltas, e muitas coisas sem resposta.
E mesmo esse epílogo, eu não gostei realmente do final dele, mas é isso mesmo //apanha.
Qualquer coisa, sintam-se livres para reclamar :3
Espero que tenham gostado.
Eu gostei (não que isso importe).
Adeus,
Kalhens.