Nina Graham

Eu estava caindo...caindo... do... céu.

– Mãe? Mamãe?

Gritava, mas nem sinal. Abro os olhos estou num quarto... no meu quarto Dean está a meu lado, enroscado em mim. Estranho, tudo esta tão... confuso, me mexi um pouco e Dean saiu de cima de mim ainda dormindo. Sentei na cama atordoada, precisava de um banho longo e quente estou morrendo de frio. Cambaleando fui até a gaveta peguei minha camisola de seda vermelha e fui até o banheiro, onde fiquei debaixo d’água por longos minutos. Realmente estava tudo estranho, minha visão estava diferente tudo tinha mais cor meu rosto no espelho, meus olhos... estão tão claros um topázio, até o piso do banheiro, o sabonete tinha um cheiro tão bom melhor do que antes. Ao desligar o chuveiro por alguns segundos pude ouvir alguém gritar... uma mulher gritava.

– Você estava cada vez melhor nisso! – berrou a mulher.

Nossa, para que tudo isso? Será que não da para ser mais discreta? Temos crianças na vizinhança. Bem é melhor eu deixar a vida alheia e voltar aos meus pensamentos. Até onde sei eu estava morta, lembro-me de ver a morte literalmente, de ver minha mãe e suas belas asas... e de repente estou de volta me sentindo completamente estranha e deslocada, algo em mim não estava direito, ainda tremia de frio como se a morte ainda estivesse me abraçando. Como eu voltei? Por quê? Será que sou um fantasma? Tantas perguntas sem nenhuma resposta por enquanto... A água quente que caia sobre minha pele causava-me deliciosos arrepios,divina. A porta do box se abriu, de imediato senti o perfume de Dean, eu estava de costas ele me abraçou dando beijos em meu ombro e pescoço, virei-me para olhar aqueles olhos verdes e penetrantes que sempre me deixaram louca, combinado com aquele sorriso torto então e nu... Nossa!! É de tirar o fôlego e com aquele olhar e sorriso caloroso eu me convenci de que estava mesmo viva. Ele me abraçou enquanto a água quente caia sobre nossos corpos, nos olhamos por um tempo.

– Nem acredito que você está aqui. – sussurrou. – Por um momento pensei que... – uma pausa. – Me perdoe pelas coisas horríveis que eu disse, só quis te proteger...

– Sabe o quanto doeu ouvir tudo aquilo, imaginar você com outras mulheres?

– Shh – ele encostou levemente seus lábios nos meus. – e você não sabe o quanto foi duro falar tudo aquilo. Quando te vi minha vontade era de te jogar na minha cama e trancar bem a porta para Sammy não entrar, queria dizer o quanto senti sua falta mas ao invés disso fui um completo idiota. Se eu tivesse feito isso você não teria morrido.

– Sim você foi um completo idiota e sim eu não teria morrido. Mas porque eu voltei? Quem me trouxe de volta?

Ele engoliu em seco, e não sei como só sei que escutei seu coração se acelerar.

– Eu rezei, implorei... estava prestes a fazer um pacto quando vi uma igreja e fui até lá. Rezei e pedi para Deus te trazer de volta eu não aguentava a dor e a culpa de ter te matado e por mais que você diga que não, sim eu me considero culpado. Alguns dias depois anjos me procuraram e disseram que iam te trazer de volta, porque sua missão aqui ainda não acabou... – outra pausa. – tem muita coisa que você não sabe e eu vou te contar, mas não agora. – ele me abraçou novamente. – Agora só quero te curtir um pouco.

Nossa! Anjos me trouxeram de volta, uau! Minha missão ainda não acabou, que missão será essa?

– Bem então já que estou de volta por sua causa porque você pediu, isso supera toda sua idiotice.

– Então isso significa que estou perdoado?

– Só se me prometer que nunca vai me deixar.

– Eu prometo, com todo o amor que nunca vou te deixar.

Ao dizer essas palavras colocou minha mão em seu peito e a manteve ali seu coração cada vez mais acelerado assim como o meu. Nos beijamos por um tempo um beijo cheio de emoção e até mesmo lágrimas, minhas lágrimas, porque estou chorando? Eu estava cansada não sabia por quanto tempo fiquei dormindo ou morta, sei lá, só que estava morrendo de cansaço todos os meus músculos doíam, mas ter Dean assim tão perto cheio de desejo e malícia no olhar... não deu para resistir e logo começamos nossa “comemoração” pela minha volta, ali mesmo dentro do box sempre quis experimentar em um lugar diferente e aproveitei muito bem. Embora estivesse exausta e com sono eu queria mais e mais, nossa era como se tivesse uma fogueira dentro de mim e Dean é claro, não reclamou e sempre me dava mais.

– Senti tanta falta do seu cheiro – sussurrou mordendo minha orelha e puxando um pouco meu cabelo deixando meu pescoço exposto beijando-o e mordendo-o.

– Ahh! Com certeza também senti sua falta, embora eu não tenha... ahh.. muita certeza. Principalmente desses momentos.

Rimos e em mais ou menos meia hora, já estávamos nos trocando.

– Porque ela está demorando tanto?

– Castiel deixe-a tomar banho pelo menos. – reconheci a voz de Sam.

– Está ouvindo? – perguntei a Dean, ele parou por um momento.

– Não. – sai do banheiro. – O que foi?

– Quem é você? – gritei.

– Calma Nina, temos muito que te explicar. – falou Sam quando entrou no quarto.

– Isso são roupas de dormir? – perguntou o cara, Castiel eu acho.

– Quem é você? – falei novamente, procurando desesperadamente algo para me cobrir, agarrei então o braço de Sammy e puxei ele para minha frente enquanto olhava o cara por cima de seu ombro.

– Eu sou Castiel, um anjo do senhor.

– Você é um... anjo? - indaguei incrédula e decepcionada.

– Sim... você parece meio... desapontada.

– Ah... com todo respeito senhor... é vossa santidade... é... – como chamar um anjo? Pensei.

– Pode me chamar de Castiel. – essa não será que ele lê mentes?

– Ta, olha Castiel é que... não era bem assim que eu imaginava um anjo.

– Terminei! – gritou Dean ao sair da suíte.

– Ah agora entendi. Por isso você demorou tanto, estavam tomando banho juntos aposto que estavam...

– Isso não é da sua conta Castiel. – respondeu Dean.

– Nina muita coisa vai ter que mudar agora, você é quase uma... santidade. – falou Castiel.

– E... eu sou o que?

– Como Sam disse temos muito que conversar.

Dean trocou um olhar com Sam, que logo saiu da minha frente e Dean ficou em seu lugar, estranho...

– Não da para você esperar lá embaixo? Tenho que tirar a camisola.

– Uma camisola muito curta por sinal.

– Que tipo de anjo é você? – perguntei incrédula.

– Qual o seu problema? – perguntou Dean a ele.

– Nina tem que se manter o mais pura e concentrada possível, ela enfrentara uma grande batalha.

– Pura você quer dizer...? – falei sem saber como terminar a frase.

– É isso mesmo.

– Não gostei. – murmurou Dean tristonho, Sammy e eu trocamos um olhar e rimos baixinho.

– Escuta aqui – falei indo em direção ao anjo. – você não vai cair de paraquedas na minha vida e falar se eu devo ou não fazer sexo... entre outras coisas mais eu cuido da minha vida, sempre cuidei. E parem de discutir eu estou cansada quero dormir!

Quando dei por mim estava berrando no meio do quarto, que confusão de emoções pelo menos tinha a atenção de todos.

– Ahhh! Calem a boca! – gritei.

– Mas nos estamos quietos. – sussurrou Sam.

– Não, não vocês.

Em uma fração de segundos eu corri e pulei a janela de meu quarto, aquela vizinha que ficava gritando “Você estava cada vez melhor nisso!”, estava gritando ainda mais aquele cara só pode ser o Deus do sexo nunca ouvi alguém fazer tanto barulho, peguei uma pedra e atirei na janela por incrível que pareça a pedra atingiu realmente a janela quebrando o vidro e fazendo um tremendo barulho e a escandalosa finalmente se calou.

– Tem gente tentando dormir, vai gritar desse jeito no inferno! – berrei no meio da rua. Uau! Como estava frio!

– Isso não foi legal. – falou Castiel ao meu lado colocando a mão em meu ombro e com um estalar de dedos, estávamos no meu quarto. – Olhe Nina, você esta cansada eu entendo foi uma longa viagem de volta, vou deixar você descansar e dormir o quanto for necessário, mas assim quer acordar terei uma conversa seria com você e os outros. Está bem?

– Sim.

Só conseguir responder isso. O que esta acontecendo comigo? Que surto de adrenalina foi esse? Que batalha terei que enfrentar? Tantas perguntas sem respostas cai sentada na cama. Dean e Sammy estavam com os olhos arregalados me encarando.

– É normal esse comportamento dela Dean, as emoções dela estão confusas então se ela começar a berrar e depois chorar é normal.

E antes que Castiel terminasse de falar eu já estava chorando.

– Porque eu estou assim? O que você quer comigo? – choraminguei.

– Nossa, foi rápido. – falou Sam.

– Você tem o bem e o mau dentro de você é mestiça – ajoelhou-se em minha frente. – a pedido de Dean e uma necessidade... celestial, nós te salvamos e quem te trouxe de volta foi Jev, um outro anjo. A questão é que o Apocalipse está se aproximando e você tem que treinar muito seus poderes para ganhar resistência e não fraquejar ao derrotar seu pai.

– Me... meu pai?

– Sim Lúcifer e seu exercito.

Fiquei boquiaberta com aquela informação, sim eu sabia que tinha sangue bom e sangue ruim correndo em minhas veias e que meu pai biológico era o rei do inferno, mas eu não sabia que teria de mata-lo.

– É muita informação para ela Castiel, deixe-a descansar. – falou Dean.

– Tudo bem, amanha continuaremos. – e saiu.

– Eu vou buscar alguma coisa para você comer Nina. – disse Dean, simplesmente assenti e ele saiu do quarto, deixando-me sozinha com Sammy.

– Como você esta? – perguntou sentando do meu lado.

– Não estou nada bem, eu quero chorar, gritar, bater em todo mundo e ao mesmo tempo me sinto frágil – e lá vai eu recomeçar toda aquela choradeira.

– Shh calma, é muita coisa para você processar. Você acabou de voltar à vida e suas emoções estão confusas. – ele tocou meu rosto, secando minhas lágrimas. – Nossa! – tocou meus ombros e braços. – Você está gelada, venha.

Ele estendeu as mãos e eu as peguei, ele tirou os lençóis e fez com que eu deitasse cobrindo-me, em seguida deitou ao meu lado puxando-me para junto dele. Coloquei a cabeça timidamente em seu peito ele passou um braço por mim e deixou sua mão grande e forte em minha cintura, nossa! Nunca tinha reparado que Sammy era tão forte, tão... quente. Seu coração batia rápido e percebi que estava tentando controlar sua respiração, ele afagou minhas costas e apertou um pouco minha cintura, aquilo me causou um arrepio. Droga! Nina controle-se ele é seu cunhado não pense besteira! Maldita ligação de séculos atrás. Eu realmente estava gostando de ficar assim com ele, era como se algum instante de nossas vidas passadas tivesse voltado naquele momento.

– Está melhor assim? – sussurrou.

– Sim.

– Ótimo, você precisa descansar.

Simplesmente assenti. Enquanto o sono não vinha decidi reorganizar meus pensamentos, certo vamos por partes;

1 – Antes de embarcar na viagem de Resgate aos Winchesters, sonhei com meu pai e descobri que: sou descendente de um anjo da guarda, não sou mais puro sangue por que tenho também sangue de demônio nas veias.

2 – Tenho poderes: o dom da morte *tenho que tomar cuidado, se eu viciar posso morrer por causa disso*, e tive uma visão de Sammy arrumando suas coisas para ir embora quando encostei em sua cama e vai saber quantos poderes mais devo ter.

3 – Na missão de Resgate eu falhei e acabei morrendo, mas alguns dias ou semanas depois voltei por que um anjo que usa sobretudo e meu cavaleiro de armadura reluzente, ou melhor meu motorista sexy de Impala reluzente acharam necessário, e por que? Porque sou mestiça tenho sangue bom e sangue ruim dentro de mim e porque minha missão ainda não acabou. Onde está a citação “Deus quis que você voltasse” nisso tudo?

4 – Tenho que matar Lúcifer que por sinal é meu pai-demônio e para isso tenho que treinar física e psiquicamente.

5 – Minha visão, audição, olfato, força e velocidade estão mais aguçados, talvez outros sentidos também estejam.

6 – Meu cunhado e eu temos uma ligação que o tempo, os séculos e séculos não conseguiram apagar, talvez eles já saibam por isso Dean trocou aquele olhar estranho quando Sammy estava em minha frente. E o pior é que Pet falou algo do tipo “Sammy parece ser melhor para você” e para ferrar tudo uma das minhas ultimas palavras a Dean antes de morrer foram “Acho que fiquei com o Winchester errado!.” Essa não! E pior ainda estou deitada nos braços dele e estou gostando, nossos corações não param de acelerar e por mais que eu queria sair de seus braços algo me prende, o sentimento de séculos? O cansaço? Eu não sei, só sei que estou relaxando cada vez mais e o sono vem vindo cada vez mais forte...