Uma luz entrava pela pequena fresta da janela, acordei no susto já passava de meio dia. Fui até uma loja e comprei um terno preto, gravata azul escuro com listras brancas na transversal.

— Quer ver os sapatos senhor? – perguntou a vendedora.

— Claro.

Ela trouxe os sapatos, custavam cem dólares mais duzentos do terno, droga ainda tinha isso e o dinheiro que eu havia ganhado só dava para pagar o terno e comer um x-bacon. Voltei ao provador e comecei a fazer poses na frente do espelho.

— Nossa eu estou um gato!

Tirei o terno e coloquei na sacola de compras, tirei os sapatos e arranquei o lacre de proteção, um roubo a mais ou a menos não ia fazer diferença e joguei os sapatos na sacola. A vendedora estava atendendo outra pessoa, fui até o caixa e tirei o terno da sacola.

— Só isso senhor? – perguntou ela.

— Sim só isso. – Ela colocou o terno em outra sacola. – Na verdade gostaria de ver aquele perfume também. – apontei, o perfume estava atrás dela quando se virou para pegar, peguei os sapatos da sacola e os coloquei na outra junto com o terno.

— Aqui está. – senti o cheiro, era tão repugnante que até tossi.

— Nossa é bem forte, vou querer só o terno mesmo.

— Tudo bem, volte sempre senhor.

— Claro. Deus me livre voltar aqui, quase deixei meu pâncreas. – falei baixinho a ultima parte.

Paguei a sacola e sai da loja torcendo para que ninguém tivesse visto o que eu havia feito e ninguém viu, respirei aliviado quando cheguei à pousada.

“O que tá fazendo?” mandei um sms, para Nina.

“No salão com o dinheiro da vovó haha, e você?”

“Pensando em você”.

“Que lindo >.<”.

Quando o relógio deu seis horas, entrei no banho. As seis e quarenta vesti o terno, arrumei meu “topetinho” para cima com a ajuda do gel do vizinho que peguei emprestado me olhei no espelho, o olho ainda estava um pouco roxo, muito relutante coloquei um pouco daquele corretivo.

— Olha! Não é que fica bom mesmo? Kate se por acaso você estiver vendo isso, nunca conte a ninguém.

Agora o problema era outro, um carro claro eu tinha a moto, mas ela com certeza não iria querer estragar o penteado e a maquiagem. Fui até o estacionamento da pousada nenhum carro me agradou, dei algumas voltas pelas ruas até encontrar ele um KIA Sportage Branco, com a ajuda de uma faca abri a porta.

— Ainda bem que sai prevenido. – falei ando um beijo na faca.

Fiz uma ligação direta o ronco do motor era espetacular, não se comparava ao do Impala, mas mesmo assim era de mais e fui busca-la.

Toc, toc, toc.

— Oi você deve ser Jeremy, né?

— Não eu... Sim Jeremy sou eu e você é Petter?

— Sim, pode entrar ela já esta terminando. – sentei no sofá, a avó dela me fitava. – Quer um copo d’água?

— Ei garoto a casa é minha quem oferece sou eu. – falou ela.

— Desculpa tia.

— Tia? Por acaso sou irmã da magrela da sua mãe? – cocei o nariz e pigarreei tentando disfarçar a risada. – Desculpe Jeremy, sou Clara Graham.

— Jeremy Salvatore. – falei apertando sua mão.

— Quer um copo d’água querido?

— Ah claro, obrigado.

— Não liga para ela não Jeremy, ela é rabugenta mesmo.

— Eu estou ouvindo Petter, me respeite se não te expulso daqui.

Não consegui segurar a risada.

— Foi mau cara. – falei.

— Ah relaxa.

Ouvimos passos descendo as escadas, levantamos e fomos até lá. Clara já estava com a câmera na mão.

— Que linda a minha neta, espera me deixa bater uma foto.

Ela estava linda mesmo, um vestido lilás tomara que caia que marcava bem a cintura um pouco acima do joelho, a saia do vestido parecia vários tentáculos não havia nenhum detalhe nele, mas ele havia ficado perfeito no tom de pele dela, seu cabelo estava com uma parte presa no topo da cabeça e a outra solta com os cachos bem definidos a maquiagem linda. Ela estava perfeita.

— Ei cara para de babar. – Petter cutucou meu braço, eu havia fitado ela de um jeito que a havia deixado sem graça.

— Venham cá tirar uma foto com ela. – chamou Clara.

Depois da seção de fotos dirigi até a escola.

— Onde conseguiu esse carrão? – perguntou Nina.

— Um amigo me emprestou.

Quando chegamos mais fotos, Petter tratou de sumir deixando-nos a sós.

— Você está linda. – falei puxando-a para mim.

— Você também está lindo, um tremendo gato. – ela piscou envolvendo seus braços em meu pescoço.

— Amanha é seu aniversario, tem algum plano?

— Bom, ainda não pensei nisso acho que vou ao cinema ou sei lá. – uma pausa. – Quanto tempo vai ficar aqui?

— Para falar a verdade eu não sei, não sei se tirar ele da sua casa foi o bastante ou se ele vai tentar alguma coisa. Mas não quero que se preocupe hoje, vamos dançar curtir o tempo que nos resta.

Ela assentiu e deu um sorriso torto.

— Ei Nina, você está linda.

— Obrigada diretor.

— Oi Jeremy, sem ressentimento certo? – apertamos as mãos.

— Sem ressentimento.

— Aproveitem a festa. – e saiu.

E assim fizemos, dançamos todos os tipos de musicas que tocavam desde românticas aos bons e velhos sons do Rock ‘N’ Roll, de vez em quando víamos Petter que sempre estava pegando uma garota diferente. Por causa do meu trabalho nunca parei em uma só escola, por isso nunca tive a oportunidade de ir a um baile desses, era a melhor festa que eu já tinha ido só não perfeita, porque não tinha nenhuma cerveja, mas ganhava até dos clubes de Stripes. A noite passa rápido quando a gente se diverte e infelizmente foi o que aconteceu, o medo de sumir do nada começou a tomar conta de mim, contudo não podia deixar que Nina percebesse. “Por favor, Kate aguente mais um pouco!”. Supliquei mentalmente.