A Primeira Noite escrita por Frida_Selina


Capítulo 2
Pequeno Pecado


Notas iniciais do capítulo

História totalmente ficcional, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
***
A intensão inicial era de uma história única, mas tive a idéia de várias histórias paralelas a cerca do mesmo tema. Espero que gostem ^^



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            Abri meus olhos depois de uma longa noite de sono ou seria um dia de sono, não sei. Cheguei em casa em tão alta madrugada que nem tenho noção que hora o relógio está marcando. Levantei para coar meu café matinal e poder sentir melhor o gosto do cigarro sem gosto algum penetrar em minha garganta me deixado com ânsia de vomito, porque me apeguei a essa merda? Olhei as fotos já desbotadas estampadas na caneca que ganhei há mais de dez anos antes de embarcar para a Europa e tive uma lembrança que puxou outra lembrança e lá fiquei eu tomando meu café e me lembrando de uma história de minha vida que é mais ou menos assim.

 

***

 

Eu estava definitivamente decepcionada com Miguel. O que eu podia esperar? Ele era um homem e homens são sempre iguais, sentem medo de tudo. Medrosos e insensíveis. Uma semana antes da minha viagem para França ele me liga dizendo que não poderá comemorar nosso aniversário de namoro porque vai acampar com os amigos. Tudo bem amor, pode ir, é bom você passar um tempo também com eles, é bom você se acostumar a ficar sem mim. Claro que eu não disse isso, sou mulher e sei engolir tudo a seco. O problema é esconder no fundo da alma e não conseguir tirar de lá nunca mais, criando a doce ilusão de que eu seria uma Dama de Aço, ou titânio, inquebrável. Mas eu sou mulher e sou uma boneca de porcelana. “Boneca cobiçada das noites de sereno”, como cantava meu avô. Não por ser mulher, mas por ser eu, a Aninha. Certa vez minha mãe me disse que Ana significava pequena, dessa forma minha avó seria uma pequena terra, Ana Terra, minha mãe uma pequena lua, Luana, já eu o que eu seria? Uma pequena e só destinada a ser só isso e mais nada.

            Ah, sim, falava de Miguel. Mas eu não quero falar do Miguel, ele me trás muitas pequenas tristezas que eu guardei no fundo do coração já extinto de tantos pedaços que foram roubados, levados a força de minha pequena alma. Chega dessas lamentações de uma pigméia. Vamos falar de Natália, minha doce e amada irmã. Doce porque ela é gentil em todos os atos, amada porque eu a amo acima de tudo e de todos, irmã porque o meu sangue e o sangue dela é nosso, o que prova a enorme cicatriz em minha mão esquerda e na direita dela, marcas do doce amor da irmandade. Natália tem os cabelos de anjo e os olhos de Deus, sinto vindo dela todas as cores bonitas do universo, ela é minha única e eterna inspiração.

            Todos me perguntam se Natália é realmente minha irmã, digo que sim, pois pra mim ela é isso e muito mais. Foi ela que me aceitou naquele 27 de Fevereiro, quem mais iria querer a companhia de uma adolescente chorando as dores do amor? Pois é claro que Miguel não estava mais no meu coração, pois ele não pensava mais em mim. É certo que eu não disse adeus, mas precisava? Enfim, não quero falar dessa pessoa e sim de outra. Natália frequentou minha casa todos os dias daquela semana chuvosa antes que eu partisse para meu intercambio de um ano em Paris. Ela sempre vinha com uma guloseima para comermos e um jogo novo para que eu pudesse me distrair, tirar de minha mente a traição dele. Foram longas aquelas tardes, as tardes em que nossa irmandade foi se tornado cada vez mais estreita, porém mais rígida. Essa irmandade que era de aço, ela que segurava minha vontade de existência, deixar de existir é um mero detalhe, basta querer.

            Foi em uma segunda-feira, lembro-me bem porque foi na terça que embarquei para nunca mais voltar a viver neste país ao contrário do que eu imaginava. Natália estava sentada ao meu lado no sofá da sala, jogávamos um daqueles jogos de vídeo-game em que há uma história em volta de um personagem central e você pode controlar esse personagem, mas a graça era ver a história como em um filme. Nunca fui muito fã de jogos, Natália que me forçou a jogar com ela, o que não passou de uma fase efêmera para mim. Foi em uma dessas pausas de jogo, na qual eu e minha irmã assistíamos atentas a cena central da história onde um casal se beijava em um lago puro anil em uma noite estrelada. Totalmente romântico, não é Nat? Imagina se... fiquei indagando sobre um casal de namorados assistindo aquela cena, claro que estava pensando em mim com ele. Mas ela não, estava pensando em outro casal.

            Natália fez algo que nunca imaginei, olhou profundamente nos meus olhos dizendo algo como “Seria assim.”, curvou sua cabeça em direção a minha e rapidamente roubou de meus lábios um beijo. De imediato me afastei, o que era aquilo? Ela havia pirado? Encarei com estranheza minha irmã que agora era só minha amiga e vendo que ela também me encarava confusa começamos a rir juntas, soltamos gargalhadas até doer. Quando me acalmei, mas ainda vermelha em parte por conta da vergonha e em parte por conta do riso, me curvei em direção a ela, mas com a intenção de lhe dar um abraço, para demonstrar que estava tudo bem. Foi um longo abraço, pude sentir o amor dela em seus braços e uma prévia da saudade que íamos sentir depois de amanhã. Desfazendo o abraço ela olhou em meus olhos novamente e sem dizer nenhuma palavra se aproximou novamente do meu rosto, mas parou no meu do caminho. Entendi o que ela queria dizer, apesar dos risos ela não estava brincando da primeira vez, realmente queria me beijar, então eu cedi. Estávamos sozinhas, ninguém iria poder nos interromper, e que mal havia? Eu estava carente e ela era a única naquele momento que estava ao meu lado, a única que eu queria que estivesse.

            O beijo foi tímido, porém cheio de amor. Com o passar do tempo – e depois de algumas risadas – nossos braços se entrelaçaram em um abraço caloroso, nossos corpos se colaram frete a frete. Não demorou muito para que estivéssemos rolando no tapete da sala ignorando completamente o jogo rolando na tela da televisão. As mãos de Natália agarravam a barra da minha blusa e as minhas acariciavam a sua cintura. Ficamos ali, não sei por quanto tempo rindo de nós mesmas, nos descobrindo no tapete voador de nossos sonhos. Ela me completava, ela era tudo que eu queria por só mais um dia.

            O destino cumpriu sua regra, separando-nos para sempre. O pecado foi lançado, a vontade amoral reprimida, este é o pior pecado, sem orgulho, sem egoísmo, sem vaidade, provocar desejo e depois renunciar conta a própria vontade. Hoje, sou feliz, mas não amo a ninguém, a infelicidade está em sofrer por alguém. Meu amor por Natália permanece intacto, não na marca em minha mão, mas no último pedaço de meu coração que permanece com ela.

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu não revisei, por isso desculpem-me os eventuais erros.
12/09/2009 Revisei já... mas to com muito sono =p



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