A Lenda Dos Encantrios escrita por Any Queen


Capítulo 17
Divino Medo


Notas iniciais do capítulo

Genteeeeee, me perdoem por favor! Eu fiquei dois meses de férias e não escrevi nada! Estou odiando a mim mesma por isso, mas aqui está e espero que goste, tem muita coisa acontecendo nesse capitulo.
A história está acabando, acho que só tem mais dois capítulos e depois vou começar a escrever o segundo. Muita coisa vai ser revelada daqui pra frente.
Espero que gostem e comentem, até me xingando por demorar. Maldita inspiração!



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O trabalho de física estava no chão, como da última vez, eu estava deitada na cama, me contorcendo por causa do pesadelo. Não entendi por que aquilo estava acontecendo, mas era o mesmo dia que eu havia sumido, isso eu tinha certeza. Minha mãe gritou da cozinha, não tinha notado o quanto sentia falta da voz dela até escutar novamente. O meu eu na cama levantou espantada, eu tinha tido o sonho mais nítido com o Jared, porém, agora eu sabia que era ele. O meu outro eu levantou da cama e foi para o banheiro, eu esperava que ele me visse e o mundo alternativo sumisse, mas o meu outro eu só passou por mi como se eu não fosse matéria. Talvez seja isso, tudo uma visão.

Não esperei meu outro eu acabar o banho, desci as escadas com calma e fui até a cozinha, minha mãe estava perto da torradeira e meu pai sentado com um jornal na pequena mesa redonda no meio da cozinha. Minha mãe usava uma blusa de mangas três quarto rosa e uma calça jeans escuras, sua cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Tinha um discreto brilho labial na boca, seu rosto era anguloso, sua boca fina e seus olhos redondos, grandes e azuis.

Meu pai era alto, loiro e com os mesmos olhos azuis, tinha um porte de atleta que abandonou a profissão, o que eu sempre achei estranho já que ele nunca falara de nada que fazia antes dos dois casarem. Minha mãe levou as torradas até meu pai com um rosto triste e puxou uma cadeira para sentar.

– Você sabe... Depois de fugirmos, é hoje.

– Eu sei, minha querida, mas não tem como ser de outra maneira. – ele fez uma pausa, pegou a mão de minha mãe e abandonou o jornal. – Temos que sair antes que ela nos veja, será mais fácil.

– Tenho saudades sabe... – minha mãe estava fungando, tentando disfarçar as lagrimas que caiam levemente no seu rosto – Tenho saudade de como éramos uma equipe, de como éramos todos ligados, de como treinávamos contra o...

Uma batida na porta encerrou a discussão, minha mãe se levantou cuidadosamente, secou as lagrimas disfarçadamente e abriu a porta com um sorriso forçado. Lily entrou sem esperar o pedido, estava do jeito que eu me lembrava.

– Ela está atrasada novamente! – bufa Lily, depois se recompõe – Bom dia, Sr. e Sra. Way.

– Bom dia, Lily, nós vamos ao mercado, pode falar duas coisas a ela? – Lily concorda e minha mãe puxa o ar vagarosamente – A primeira, brigue com ela por estar atrasada, a segunda... Que nós a amamos independentemente do que ela escolha.

Lily faz uma careta e depois abraça a minha mãe com um carinho que só ela tem.

– Claro, sra. Way, tenha um bom dia.

Depois a cena muda. Estava de volta ao meu quarto, não tinha folhas do trabalho no chão, e o meu outro eu não estava se contorcendo na cama, estava sereno. Não tinha nenhuma palavra estranha no meu quarto e nem desenhos, fui até a cômoda e vi o trabalho pronto e perfeito, essa não era eu. O despertador toca e o meu outro eu levanta, aumenta a música e vai até saltitante até o armário e escolhe um vestido que eu nunca escolheria. Vai até o banheiro para tomar o banho, o celular tocou, fui até ele, pelo menos objetos eu conseguia pegar. Tinha uma mensagem nele, uma mensagem do Frank.

Hey, K, festa hoje na casa da Mindy, temos um quarto só para nós.

Não tinha nada de normal naquela frase, o que estaria acontecendo? Frank não era o meu namorado e a Mindy não era a minha amiga, onde estaria Lily? O meu outro eu saiu do banheiro e foi até o celular saltitando, pegou o objeto e sorriu ao ver a mensagem. O que me deu uma ânsia de vomito.

Não vejo a hora. – respondeu.

– Essa não é você! – gritei, mas o meu outro eu apenas ignorou e foi para baixo tomar café, sem preocupações, sem sonhos, sem problemas de adaptação.

– Mas poderia ser você, Clara. – estremeci, aquela voz, a mesma voz que jurei nunca esquecer estava atrás de mim, tinha esperança que eu poderia descobrir quem era o seu portador, mas quando virei, era apenas o meu professor de Química.

– Ele? Você é o meu professor de química? – aquela voz me dava calafrios, toda vez que eu tinha algum pesadelo era aquela voz que estava neles, por que eu não sentia medo?

– Oh, não, Clara, só estou usando o corpo do seu professor para transmitir alguma autoridade, me desculpe pela forma esguia. – Ele sorriu, da forma mais sinistra que eu pude perceber, havia algo naquele gesto, algo que eu preferiria não saber o que era.

Ele tinha razão em dizer que o professor era esguio. Sr. Tucker era um homem de meia idade com cabelos grisalhos, vestia um palito marrom desbotado e calças Jeans velhas. O velho homem não se preocupava em cuidar de si mesmo, só ligava para seus experimentos sórdidos. Tinha um óculos velho e remendado quase caindo, o que não deixava o Ele tão assustador. O que se resumia a sua voz, aquela voz.

– O que... O que você quer? – Ele sorriu e andou vagarosamente, atravessando o quarto e acalcando um de meus desenhos, que agora voltavam para as suas posições originais.

– Sabe, eu poderia acabar com tudo isso. – disse apontando para um dos desenhos – Poderia te dar essa vida, uma vida sem magia, somente você e suas loucuras adolescentes.

– Isso... é ... impossível. – balbuciei.

– Claro que não! Nada é impossível quando se tem tanto poder quanto eu, Clara. Eu poderia te dar tudo isso, seria como se Pórfiron nunca tivesse existido, você não teria sonhos ou preocupações anormais. Seria normal, teria o Frank e não ficaria dividida entre dois meninos, porque nunca teria conhecido o Brian.

– E com isso... Você destruiria toda Pórfiron. – Ele começou a andar em minha direção, com passos tão calmos que era extremamente irritante, tentei chegar para trás até bater na janela.

– E você se importa? Você nunca terá conhecido, tudo será esquecido.

– Eu não posso ser culpada por destruir um mundo inteiro, não quando sou a única a poder salvá-lo.

– Há! – gargalhou – Não acha que pode contra mim? Acha? E segundo, do que adiantaria lutar por um mundo e acabar destruindo o mesmo? Não tem nenhum sentido, eu não sou um psicopata, estou lutando por algo que acredito, algo que deveria ter sido meu.

– Eu também estou lutando, Ele, pena que estejamos em lados diferentes. – Ele sorriu, ainda com seu jeito calmo.

– Presumo que isso seja um não. – não foi uma pergunta, mas assenti do mesmo jeito.

O quarto começou a pegar fogo, os moveis e os papeis se consumiram mais rápido do que deveriam. As chamas arderam envolta do Ele, seus olhos estavam negros, o rosto que demonstrara paciência fora substituído por uma feição de pura raiva.

– Te dei uma escolha, princesinha, você a renegou com tamanha imprudência. Irá se lamentar por ter dito não, cada pessoa que se importa, cada pessoa que conhecer, sofrerá, morrendo ou não. Eu não deixarei você ter alguma felicidade, nada! Tudo será tirado de você. – o teto cedeu às chamas, a madeira apodrecida caiu em cima da minha perna, sufoquei um grito e mordi o lábio inferior. Ele se aproximou e pisou no meu pescoço – Você não dormirá, pois terá medo dos pesadelos, quando fechar os olhos só verá sombras! Vou fazê-la definhar aos poucos, morrendo lenta e dolorosamente. E, quando estiver fraca o bastante – Ele depositou mais força no pé – Verá, imóvel, seu mundo precioso morrer.

– Kassie acorda! Acorda! – abri os olhos procurando desesperadamente por ar, Henry estava sentado na cama do seu quarto me olhando com os olhos arregalados. – Desculpe acordá-la assim, mas precisamos ir. Soube que Garet conseguiu o Comando, você precisa levantar agora.

Não esperei que ele me alarmasse novamente, peguei a capa jogada no chão e segui Henry para fora do quarto.

– Há quanto tempo...

– Meia hora. – Henry estava com a mesma roupa, porém mais abatido e com os cabelos bagunçados. – Escute. – disse parando abruptamente na cozinha – Não temos muito tempo, você vai ter que fazer de tudo para conseguir a ajuda dos Guerreiros, até mesmo contar que é a princesa. – Henry não esperou a minha resposta, correu para a porta segurando meu pulso.

– Minha espada! – Henry bufou e subiu as escadas correndo, voltou arfando com a minha espada na mão direita, peguei o objeto e prendi na cintura, onde era o seu lugar de direito. Corremos para a porta e quando a abrimos, Amélia estava a ponto de abri-la.

– Henry... Onde...

– Desculpe, Amélia, vou ajudar a Kassie.

– Não, você não vai! – disse Amélia em um tom que eu desconhecia, ela estava com um vestido vermelho simples e parecia cansada – Eu aturei essa garotinha essas semanas e fiz o melhor que pude para ela melhorar logo e ir embora para deixá-lo em paz. Henry, essa guerra não é sua! Ela não tinha o direito de colocar você nela, seus pais morreram te protegendo e ela não vai fazer a morte de seus pais serem em vão.

– Não, Amélia! Meus pais me protegeram para que eu pudesse fazer alguma coisa que realmente valesse à pena. Proteger a Kassie é o que eu tenho que fazer, você sempre me disse que sabia meu destino, que consultou o oráculo. Só que nunca me contou o que era, só disse que eu tinha que proteger. Seja o que for, eu sinto que tenho que proteger a Kassie, agora temos que ir – Henry gritou todas as palavras e olhou com o rosto vermelho de raiva para Amélia, que deixou a passagem e andou em direção a rua.

Henry não esperou mais, ainda me segurando pelo pulso correu pela rua com tamanha velocidade que eu quase não conseguia acompanhar.

– Henry! Devagar, eu não consigo... – ele diminuiu o passo e me olhou confuso, como se tivesse acordado de sua realidade paralela, os olhos de Henry estavam inquietos e sua mão ainda apertava fortemente meu pulso, como se temesse soltá-lo.

– Desculpa, eu não sei o que me deu.

Mas eu sabia, ou pelo menos achava. Henry disse que tinha que me proteger, qualquer ameaça que aparecesse algum instinto primitivo seria libertado nele, como quando algo ameaçava a minha vida. Henry estava sentindo a mesma coisa, ele tinha que me proteger e pra isso precisava de algo, algo mais forte que ele mesmo.

– Obrigada... Por me proteger. – sorri tentando amenizar o clima estranho que pairou sobre nós, Henry estava confuso, isso era evidente no seu olhar, como se tentasse lembrar da ultima hora.

– Vamos.

O bar era um lugar, em todos os sentidos, repugnante. O recinto era pequeno e mofado, no meio da floresta quase fora da Cidade. O cheiro de bebida e tabaco se espalhava pelo ar, era possível sentir a metros de distancia. Eu nunca gostei de bares, para mim era sempre lugar de brigas idiotas com homens idiotas, mas se a minha salvação estivesse nele, não seria o cheiro que iria me impedir.

Henry e eu paramos na porta, que estava escancarada e quase caia, o som da música tocada em uma harmonia estranha nos pegou rapidamente. Henry esticou a mão para abrir, mas eu o detive.

– É melhor eu ir sozinha.

– O que? É claro que não! – Henry tentou abrir, mas eu fechei a porta novamente com uma rajada de ar, sem saber ao certo como eu tinha feito aquilo.

– Desculpa, Henry, mas eu não vou te deixar entrar desse jeito.

– Que jeito? Estou completamente normal!

– Eu vou ter usar outro artifício se você não ficar de bom grado. – Henry cruzou o braço e fez uma cara como se me desafiasse.

– Então faça.

Não precisei fazer nenhum movimento, o poder fluiu como água dentro de mim. Encarei o menino e, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele desmaiou. Caiu no chão como se seu corpo fosse feito de gelatina. A questão era: o que eu iria fazer com aquele corpo inerte?

***

O bar imundo estava lotado, com homens fedorentos e bebidas alcoolizadas. Eu achei que seria difícil encontrar os Guerreiros, eu não os conhecia e pensei que todos os homens seriam iguais. Mas assim que entrei os vi, eram maiores que todos os outros, estavam em um grupo de cinco, rindo e debochando da briga que se desenrolava. O único Guerreiro que estava em pé se entregava em uma briga sem propósitos com três outros homens – o que eu achava totalmente injusto para os três homens. O Guerreiro estava em transe com a briga e todos o olhavam igualmente em transe, por isso não notaram quando eu entrei.

Andei até perto da briga, tentando não chamar muita atenção, mas não era preciso, eles estavam em torpor por causa de uma briga idiota. O Guerreiro segurava uma lança do tamanho dos homens, ele estava prestes a cortar a cabeça do homem quando eu agi por impulso.

Aconteceu novamente, como se eu tivesse pleno controle sobre os meus poderes. A descarga de energia fluiu, vazando pelas minhas mãos e indo direto a lança, a fazendo se agitar até explodir em pequenos pedaços. Tudo aconteceu como um borrão, meu poder queria sair, queria ser usado e sentido, eu o entendia, era como uma língua que eu só eu ele compartilhávamos. O Guerreiro olhou para a arma sem entender o que tinha acontecido, o silencio pairou pelo local, ninguém ousava se mexer.

– Quem fez isso? – perguntou o Guerreiro, ele tinha uma voz grave e até ensurdecedora, ele era grande e careca, usava somente calças esfarrapadas e tatuagens no peito, o cobrindo quase por inteiro, seus olhos eram azuis, mas não demonstravam paz.

Todos no bar se encolheram, o Guerreiro estava vermelho de raiva. O certo seria fugir, mas se eu quisesse a confiança e ajuda deles não poderia demonstrar medo, afastei as pessoas a minha frente, estufei o peito melhor que podia e disse:

– Fui eu.

– Ora, ora, uma pequena maga. – o Guerreiro andou batendo fortemente os pés e parou um centímetro de distancia, ele fedia a bebida.

– Não sou maga. – estava tremendo por dentro, o Guerreiro era grande e completamente assustador, mas por fora eu me controlava, olhei para cima e encarei com raiva, porque me confundir com uma maga era um insulto.

– Toler, deixe a menina. – disse um Guerreiro moreno.

– Ela quebrou minha lança, Jay, é melhor ela começar a explicar. – Jay levantou e andou em direção ao amigo, ele tinha grandes cabelos negros com tranças, uma barba mal feita, usava uma armadura velha e uma calça preta suja.

– Quer explicar ao meu amigo como e por que você quebrou a lança dele? – Jay disse preguiçosamente, como se já tivesse feito aquilo várias vezes.

– Adoraria, mas eu não posso falar na frente todas essas... Pessoas.

– Quem não quiser morrer vai sair por aquela porta em 3, 2... – Toler não precisou terminar, os homens estavam tão assustados que começaram a se retirar empurrando uns aos outros, em questão de segundos o bar estava completamente vazio.

Para demonstrar que não estava intimada fui até a mesa mais próxima e sentei.

– Sou uma feiticeira. A última. E preciso da ajuda de vocês.

– Você quebrou a minha lança, eu não vou te ajudar! – Toler gritou, mas Jay o empurrou, um Guerreiro com a pele cor de café se aproximou intrigado.

– Qual é o seu nome, garotinha?

– Clara, Clara Blanchard. – Toler estava prestes a falar algo, mas eu o cortei – Não, não estou mentindo, sou a princesa. – peguei o colar, o tirei e entreguei para o Guerreiro que tinha perguntado. – Preciso realmente da ajuda de vocês.

– Sério? Desde quando a realeza precisa da nossa ajuda? O que eles fizeram por nós? Largaram-nos, como animais! – Toler gritou e quebrou uma cadeira.

– O que meu amigo quer dizer, é que nós queremos um motivo para ajudá-la, queridinha. – o quarto Guerreiro era mais velho, mas ainda sim grande e forte, usando uma armadura prata com uma blusa velha por dentro, tinha cabelos grisalhos e uma cicatriz que passava pelo olho direito, mas estava escondido por um tapa-olho. – Meu nome é Hank.

– Desculpe Hank, um ótimo motivo eu não tenho. Eu sou apenas uma garota que morou sua vida toda em outro mundo, cheguei aqui sem saber de nada, aprendi entre vida ou morte. Meus amigos foram embora, minha melhor amiga me traiu, meu dragão foi preso pelo Ele e se eu não recuperá-lo vou morrer, tentei constatar o Conselho, mas aqueles idiotas quase me mataram. Vocês são minha única esperança. Eu sou a princesa, e assim que recuperar meu dragão vou conquistar o posto a qual me pertence e vou poder dar a vocês o que merecem, alem de poderem acabar com o exército do Ele e ir contra o Garet. Esse é o meu motivo por destruir sua lança.

– Eu disse que precisávamos de um motivo – disse Hank – Não de um ótimo motivo.

Sorri.

– Ainda não aceito você ter destruído a minha lança, mas qualquer chance que eu tenha para destruir aquele desgraçado do Ele, para mim basta. – Toler sorriu para Jay, o amigo retribuiu o sorriso.

– Nós somos Guerreiros, nossa missão é a morte. – Jay foi até Hank e bateu amigavelmente nas costas do amigo. – O que acha Hank? Depois de dezesseis anos voltar a fazer alguma coisa que preste.

– Só se ela me prometer bebidas. – assenti, sem saber ao certo se podia prometer aquilo – O que me diz Jem? – O Guerreiro com a pela cor de café pegou o machado que pendia nas suas cotas e cortou uma mesa em duas. – Creio que isso é um sim. Red? – o quinto Guerreiro apenas assentiu, ele estava quieto até então, sua presença era quase imperceptível, ele era ruivo os cabelos lhe caiam nos olhos, tinha uma cicatriz na garganta e havia um arco com uma aljava em suas costas.

– Está sozinha, princesinha? – perguntou Jay pegando sua espada.

– Não, tenho um amigo, mas o deixei lá fora. – começamos a nos retirar do bar. – Mais uma coisa, estou sendo caçada pelo Conselho, eles vão chegar a qualquer hora e vão querer me matar.

– Estou querendo a chance de enfiar meu machado na cara do Garet há anos. – zombou Jem.

Saímos do bar e vimos uma confusão na Cidade, ela ardia em chamas, era possível ouvir os gritos ao longe, pessoas gemendo e suplicando por ajuda.

– Onde está o seu amigo? – perguntou Toler.

– Ali em cima. – disse sem tirar os olhos da Cidade, o Conselho era pior do que eu imaginava.

– Kassie! – chamou Henry desesperado – Amélia!

***

Era impossível lembrar o dia que tinha corrido tão rápido na minha vida, assim que tiramos Henry da árvore os Guerreiros se lembraram dos cavalos e tivemos que voltar para a Cidade, e alem disso tinha Amélia. Enquanto corria percebi que tinha torturado Henry, fazendo-o olhar para sua Cidade em chamas e pensar em mortes terríveis para a única mulher que cuidou dele. Eu tinha feito sofrer a única pessoa que nunca faria isso comigo.

Assim que chegamos à Cidade os Guerreiros correram para pegar os cavalos, Henry correu para sua casa indo buscar da Amélia, eu não tinha o direito de ir com ele, então fui fazer o que eu faço de melhor. Ser a isca. A praça estava em total desespero, homens armados entravam nas casas e jogavam tudo para fora, batiam nas mulheres e matavam os homens. O Caos estava em todo lugar, eu pisava em pessoas mortas ou pessoas feridas que clamavam por ajuda. Um homem estava prestes a cravar a espada em um homem muito velho,eu não conseguiria não fazer nada, tirei a minha espada da Bainha e cravei no soldado, limpei minha espada sem sentir remorso e adentrei mais na Cidade.

Quase morri dez vezes, para ser exata, flechas voavam e espadas passavam um centímetro de mim. Meu poder me ajudava, mas não ajudava as pessoas ao meu redor, aos poucos os gritos foram cessando, mas com isso, os corpos aumentavam no chão. Quando avistei meu alvo, corri mais rápido e o peguei pelo pescoço, botei minha espada em sua garganta e sussurrei no seu ouvido.

– Olá, Garet. – disse na voz mais psicopata que encontrei.

– Seja inteligente Kassie, bote a espada no chão e não a matamos. – Garet se moveu, querendo se libertar, isso me deu coragem para acertá-lo na barriga, mas não em um lugar fatal, ele urrou de dor e caiu de joelhos no chão. Apertei mais o seu pescoço e gritei.

– Parem de atacar ou eu o mato! – eu reconheci o resto do Conselho, Roterford não entre eles, os homens mandaram os soldados pararem. – Você matou Desmond, seu desgraçado!

– Se você me matar, não será melhor que eu. – apontei a espada para a cabeça dele e apertei contra a sua têmpora. – Rick! – um homem alto e esquio olhou para Garet – Traga o menino.

Estávamos em uma praça, nela havia um chafariz, vermelho pelo sangue das pessoas que caíram nele, de um lado do chafariz estávamos eu e Garet, do outro, Rick e Jeff, o Guarda que ajudara a salvar a minha vida. Os soldados estavam a nossa volta, esperando para atacar, senti Garet rir e tirei uma breve conclusão: sou péssima até em ser uma isca.

– Me solte ou eu mando matar o garoto.

– Você vai matá-lo de qualquer jeito. – olhei para Jeff, os lindos cabelos loiros estavam manchados de sangue, um machucado terrível ornamentava a sua testa, ele estava destruído, fisicamente e emocionalmente, isso era visível. Nossos olhares se encontraram e ele negou, era um gesto quase imperceptível, mas mesmo assim me fez desmoronar.

– Mate-o!

– Não! – gritei, mas era tarde, Jeff caiu inerte no chão, a raiva cresceu instantaneamente em mim, mas Garet se aproveitou do meu momento de fraqueza e se libertou, meus olhos se inundaram de lagrimas. – Eu vou matar você! Todos vocês! – era tanta raiva e ódio que aquilo se libertou, mais forte do que nunca.

Os soldados começaram a tirar, mas um campo de força invisível me protegia um furacão começou, levando todos que entrassem em seu caminho. Corri atrás de Garet, mas a multidão de soldados entrou em minha frente, mesmo com aquilo agindo dentro de mim, seria impossível vencer todos eles. Gritei, gritei tão alto e com tanto ódio que todo o poder que havia em mim explodiu, eu era uma granada, o tempo todo, e Garet a tinha acionado. Os soldados caíram no chão, se protegendo do tornado que eu havia criado, as flechas não conseguiam tomar seu rumo. Pessoas voavam para todos os lados, as casas estavam sendo destruídas e pessoas sendo mortas, eu não conseguia parar, nada me fazia parar.

Até que eu o vi.

Uma forma linda e loira correndo na minha direção, esta me fez acordar e me concentrar só nele.

Era tudo um vulto na minha visão enevoada. O vento parou e os guardas começaram a avançar, mas o meu foco era a forma loira, só ela.

Enquanto eu me concentrava na forma, um cavalo se aproximou de mim, mãos me puxaram e me jogaram em cima do animal, eu não conseguia ver nada direito, tudo era um grande borrão. O cavalo começou a correr e se afastar da praça, mas eu lutava contra quem me segurava, eu não queria sair da praça.

– Espere! – disse enquanto batia na pessoa que me levava – Ele está aqui! – as lágrimas tomaram conta de mim quando eu percebi que era impossível lutar, eu não conseguiria voltar, e nem era a atitude certa a tomar, mesmo assim não conseguia parar de dizer – Ele está aqui.


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Notas finais do capítulo

Bem people, como eu disse acima, A Lenda dos Encantrios está acabando ):), bem como eu sou um autora muito boazinha - mentira - vou revelar para vocês o nome do segundo livro.
A Lenda do Príncipe das Sombras.
Quem será? hahaha, eu acho que vocês vão deduzir no final desse livro.
bjin!