A Lenda Dos Encantrios escrita por Any Queen


Capítulo 16
Sendo levada


Notas iniciais do capítulo

Genteeee, desculpa mesmo a demora terrível! Mas eu acho que passei direto então tenho dois meses livres pela frente só para escrever e ler! Venho pedir por comentários, pq tem gente que lê e não comenta! Honey, talvez só um "ficou legal" ajuda, então, por favor, comente? Ok, vou confiar em vocês.
Enfim, espero que gostem desse capitulo, é bem paradão, mas é importante, no próximo eu prometo grandes revelações e ação acontecendo! Bem, estou a espera, bjss chicos!!
~Ana



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– Então, Mago Desmond da Ordem, assume em pleno tribunal que ajudou na fuga de uma das espiãs do Ele? – Garet falou calmamente para uma multidão que eu não conseguia ver, eram somente borrões na minha visão. Era possível ver os dois magos – Desmond ajoelhado no chão com guardas apontando as espadas para o pescoço dele, suas mão estavam algemadas e seus roupas esfarrapadas, seu cabelo ruivo despenteado e quase todo coberto por poeira. Garet estava na sua frente, confiante e feliz, como se a morte de alguém por ordem injusta fosse bom. – Enfatizando que fez este ato com consciência e lucidez. – acrescentou.

– Assumo. – Desmond respondeu em um sussurro quase inaudível.

– Portanto, com a autoridade a mim concedida de maior cargo no poder de Pórfiron, eu te condeno culpado, culpado pelos seus atos de traição contra nosso Reino de paz. – ele suspirou e segurou um sorriso – Porém... Estou disposto a negociar, se falardes que seus atos impuros foram errados, submisso ao poder do Ele e declarar que ajudou uma criminosa, nós, da Ordem a qual traiu, não vamos condená-lo a morte.

– Queres que eu minta? – o prisioneiro perguntou com tanta calma quanto se estivesse resolvendo algo mais comum do mundo. – Desculpe senhores, estou certo do que eu fiz, e se fores preciso morrer, morrerei!

– Que assim seja! – gritou o líder irritado, ele não havia recebido o que queria, e não podia mais sorrir com isso. – O nosso prisioneiro decidiu, morte será sua escolha, mas... Vou deixá-lo escolher: Guilhotina ou Forca?

– Guilhotina. – Desmond sorriu com a educação de quando se recebe um presente.

– Chamem o Carrasco!

Uma dor estridente atingiu-me em cheio, todo meu corpo latejava de uma sensação escaldante. Escutei um grito, tempo depois percebi que era o meu. Eu queria correr, pular, qualquer coisa que me fizesse sair de onde estava. A dor. Era insuportável, preferia me matar a sentir aquilo. Senti minha força se esvai aos poucos e entre soluços e lagrimas, escutei uma voz:

– Aguente firme... – disse com preocupação – Agora apague, será mais fácil.

Não precisou pedir novamente, em alguns segundos estava apagada, mais visões apareceram.

As Fúrias.

Estavam de volta, agora estávamos em uma sala totalmente preta, sem saída. Elas rodavam a minha volta em uma grande confusão cinza.

– Não há tempo, Filha do Vento. – todas disseram juntas, o ar se agitou na pequena sala preta. Tudo era turvo eu me senti como se não estivesse lá. – A Coroa é a sua saída.

– Que coroa? – perguntei inconsciente, eu não tinha controle do meu próprio corpo.

– A coroa! – elas urraram como se fosse óbvio – Esse objeto só pode ser usado pelo Herdeiro! Use-a! Use-a! – elas gritaram e uma dor alucinante me fez despertar.

– Ela acordou! – a voz de Henry logo me fez ficar atenta – Ela precisa dormir, apagar...

– Calma, querido. – uma voz sensível e diferente veio ao meu lado, eu não tive forças para virar, a única coisa que eu conseguia ver eram borrões e estava com uma sensação de anestesia em todo o meu corpo. – A garota já está dormindo há três dias.

– O ferimento ainda está infeccionado, ela deve estar com dor, eu...

Apaguei novamente, esses clarões repentinos já estavam me irritando, por que eu não tinha controle do meu próprio corpo?

Agora era o Rei, ele estava com as mesmas roupas luxuosas sentado em um trono de veludo vermelho. Ele estava olhando uma coroa dourada cravejada de diamantes. O olhar dele era triste e sem esperança, eu nunca o tinha visto desse jeito.

– Sabe... – ele falava com alguém, mas não havia mais ninguém, pelo menos eu não via ninguém. – Quando você crescer essa coroa lhe caberá – ele suspirou – Não vou ver você crescer, não vou ouvir suas primeiras palavras, nunca poderei ser chamado de “pai”. Espero que Christopher seja um bom pai, você merece um bom pai. – aquela pequena declaração era conhecida para mim, eu tinha certeza que já tinha ouvido aquelas palavras. – Vou deixar algo escondido para você aqui, sei que você vai saber como usar e descobrir o segredo.

Escuridão. Por muito tempo, foi tudo somente escuridão.

“Estou voltando”

Uma voz forte pairou na minha cabeça por muito tempo, aquele timbre nebuloso fez que todos os meus medos viessem à tona. Tudo o que eu mais temia veio em formas de imagem. Estremeci. Queria acordar, fugir e me esconder, queria parar de ouvir aquela voz, mas não adiantava. Quanto mais eu queria me livrar, mais coisas ruins apareciam. “Estou voltando”, eu sabia que nunca mais esqueceria aquela frase ou a voz que a pronunciou.

Um clarão repentino fez dispersar todas as imagens por um momento. Henry estava na minha frente. De costas, sentado na ponta da cama se banhando do sol que entrava abundante pela janela – sem camisa, detalhe que todo garoto que ficava perto de mim estava sem. Eu pude distinguir o pequeno quarto em que estava, era azul com uma janela de madeira, eu estava em uma cama de casal, macia e cheia de travesseiros. Henry estava imóvel e não percebeu que eu havia acordado. Seu cabelo estava molhado e seus músculos se movimentavam com a respiração uniforme, suas costas eram cheia de cicatrizes disformes.

Demorei um tempo até encontrar forças para me mover, mas foi um completo fracasso, a única coisa que fiz foi soltar um gemido e Henry virar surpreso para mim. O garoto me olhou com aqueles intensos olhos azuis e um sorriso mostrando os dentes perfeitamente brancos. Ele se levantou meio sem jeito e ficou de pé ao meu lado.

– É melhor não tentar se mover, seu ferimento ainda está muito ruim. Desculpe a minha vestimenta – ele desviou do meu olhar e procurou algo no quarto – Você está dormindo a uma semana, não achei que acordaria logo agora. – ele desistiu da sua revista no quarto e sentou – Como está se sentindo?

Era difícil responder a essa pergunta, eu estava dormindo a uma semana? Como estaria a minha aparência? Ainda mais com Henry olhando para mim, eu não podia estar tão ruim, não podia. Sem contar a dor. Quando tentei levantar, uma dor alucinante passou pelo meu tornozelo, sem falar do abdômen onde a flecha atingira. Só estava surpresa por não morrer de fome, já estava ficando desesperada por causa de comida a sete dias, como havia sobrevivido?

– Não muito bem. – declarei por fim. Fiz menção de levantar e não deu muito certo, mas Henry me ajudou, e mesmo com a dor, eu consegui sentar e encarar a pessoa que salvara a minha vida. – O que aconteceu?

– A senhorita chegou quase morrendo e chamou por mim, fique tranquila, eles não podem entrar aqui sem o Comando. Chamei Amélia para cuidar da senhorita, ela não conseguiu te curar por inteiro. E nem tente se curar, quem quer que tenha criado os feiticeiros quis que eles não se curassem sozinhos – fiquei surpresa por ele sabe quem eu era. – A flecha provocou uma infecção feia, nós chamamos um curandeiro, mas ele só chegará daqui a três dias. Enquanto isso, terá que ficar aqui.

– Não posso. – disse rapidamente – Obrigado por tudo que fez por mim, mas tenho que salvar meu dragão. – Tentei levantar, mas ao tentar me mover, minha força se esvaiu por inteiro e eu cai novamente na cama, com pontos pretos dançando na minha vista.

– Se a senhorita for agora, se conseguir chegar ao lugar que queres, vai acabar morrendo e matando o seu dragão junto. – ele levantou e sorriu – A senhorita deve estar com fome, vou pegar algo para comer.

– É Kassie.

– Desculpa?

– Meu nome é Kassie, não me chame de “senhorita”, me sinto velha. – ele riu.

– Como quiser, K, já volto. Não levante! – assim ele se retirou do quarto.

Era horrível ficar imobilizada em uma cama – por mais que esta seja incrivelmente macia e de um garoto excepcionalmente bonito – mas a dor era insuportável. Já fazia uma semana, sete dias inteiros. Será que os outros já estavam em casa? Será que Lily tinha contado aos meus pais?

Essas duvidas foram esquecidas quando Henry entrou no quarto. O garoto tinha colocado uma camisa marrom solta e carregava uma bandeja com água e pão, era simples, porém a melhor refeição que eu poderia pedir.

– Você me pegou despreparado, K – disse ele colocando a bandeja no meu colo – Prometo que no jantar será muito melhor. – eu já havia atacado metade do pão.

– Está perfeito! – declarei entre duas mordidas. – Como eu não morri de fome?

– Amélia te alimentou – ele sentou do meu lado e sorriu em jeito – Ela virá aqui depois para ver como a senho.. . Como você está.

– Ela é sua namorada? – ele riu alto com essa declaração.

– Não! Amélia é quase como minha avó – sua expressão se tornou indecifrável – Ela foi a única pessoa que cuidou de mim quando meus pais morreram na Guerra.

– Sinto muito. – um silêncio incômodo pairou por nós durante algum tempo. – Então... Eu não sei muita coisa sobre você.

– Nem eu sobre você, K.

– Então vamos lá, meu nome é Kassie Way, há pouco tempo eu descobri que na verdade me chamo Clara Blanchard... – ele suspirou surpreso – O que foi?

– Você é... É a princesa? – ele levantou sem jeito da cama e começou a dar voltas no quarto nervoso. – Eu não sabia disso...

– Eu posso provar... – levei a minha mão até o meu busto, mas o meu colar não estava lá, depois percebi que não estava mais com as minhas roupas, estava uma blusa braça fina e uma calça marrom que cabia duas de mim, meu pé e meu abdômen estavam enfaixados. – Cadê o meu colar?

– As suas coisas estão aqui – ele se dirigiu até uma pequena mesinha no canto da sala onde estava a minha espada e meu colar, ele pegou e me entregou o pequeno objeto – Foi a Amélia que trocou as suas roupas, estavam sujas e toda manchada de sangue.

– Vem aqui. – ele se aproximou sem jeito e hesitante, sentou um pouco mais afastado e encarou o colar. – Este é o emblema de Arcamant, não é? – ele assentiu e continuou encarando o objeto. – Esse é o Encantrio do Ar, somente um feiticeiro pode usar, e se eu não me engano a ultimo feiticeiro do Ar é o Herdeiro, que sou... Eu.

– É que... Eu pensei que ela tinha morrido, todos dizem isso... A princesa está no meu quarto... – ele tinha começado a entrar em pânico.

– Henry... – peguei a mão dele e o obriguei a olhar nos meus olhos. – Não é um só um mar de rosas, eu quase morro umas três vezes por dia! Têm uns magos querendo me matar, eu não sou desse tempo e nem desse mundo, a minha família está na outra dimensão! Eu não acredito que acabei de declarar isso, meu mundo virou de cabeça para baixo. Meu dragão sumiu, a pessoa que eu gosto foi embora e vai morrer ao dezoito anos, estou completamente sozinha – as lagrimas estavam jorrando, não só por lembrar tudo o que a havia acontecido, mas que todo esse esforço estava fazendo o meu ferimento latejar. – Tem um cara chamado Ele que está destinado a me matar, nada dá certo! Eu queria...

Então Henry fez algo que eu não esperava: Abraçou-me. Com tanta delicadeza que não machucou, seu calor fez-me sentir bem melhor, ele não me conhecia, mas havia me salvado duas vezes. O abraço demorou alguns minutos e eu não reclamei, ele me lembrava tanto Brian. A saudade do garoto veio como um tsunami, queria que ele tivesse ali, por mais que Henry fosse uma companhia perfeita, saber que nunca mais veria e nem sentiria Brian estava me matando mais que a dor.

– Você não está sozinha, agora você tem a mim. – ele se afastou e sorriu – Nunca vou te deixar, é uma promessa.

– É difícil acreditar em promessas... – encostei-me na cama novamente e respirei fundo – Mas vou acreditar em você.

– Ótimo! – o garoto sentou perto de mim e colocou a sua perna de modo a se encostar-se à minha. – Somo oficialmente amigos. É minha vez de falar quem eu sou e a minha terrível história.

– Terrível?

– Todos têm temores e histórias tristes, a minha é parecida com a de um pobre garoto órfão. – ele respirou fundo como se preparasse para algo grande. – Bem... Vou precisar contar desde o começo para você entender. Houve uma revolta, Ele queria o trono e coisas mais, acho que quando se trata do Ele não podemos deduzir nada. Ele fez um pacto com as Sombras, um pacto que os ligava até a morte.

“O pacto permitia que as Sombras saíssem de Demétria viessem a Pórfiron, com um porem... A fome das Sombras só poderia ser saciada com o poder dos Feiticeiros. Entretanto, os Feiticeiros, desde o começo dos tempos, são feitos a partir de sua essência, ou seja, seu poder. As Sombras estavam matando todos os Feiticeiros que saíssem à noite ou estivessem em lugares escuros.“

“O Ele estava ficando mais forte a cada poder roubado, a cada morte, Ele estava conseguindo o que queria e não poderia ser parado, pois a Profecia era bem clara, somente a Filha do Vento poderia vencer ou cair pelas mãos do Ele. O Rei não teria escolha, se ele não o atrasasse o máximo que pudesse, tudo estaria perdido e Pórfiron acabaria em trevas.”

“A medida que ele achou ser necessária foi retirar os poderes dos Feiticeiros, eles ainda têm a essência, só não o poder – é uma coisa estranha – Então seu exército contra o exército do Ele estava completamente em desvantagem... Contudo, essa é a história que Amélia me contou, eu não sei das entrelinhas, ela só contou o que eu deveria saber sobre a morte dos meus pais.”

“Minha mãe era uma feiticeira da Água, conheceu meu pai no Condado, se casaram e ,como manda a lei, ela teve que se mudar para a Cidade do meu pai. A Guerra começou quando eu tinha três anos, minha morreu por uma Sombra. No dia, meu pai tinha saído para forja, eu e minha mãe iríamos fazer um piquenique no Vale um pouco longe da Cidade, estava tudo bem até então, Pórfiron era segura. Vimos o sol se por, talvez esse tenha sido o erro fatal, pois quando ele se vai, toda luz é destruída e só restam trevas, trevas que nunca mais se vão. Ela insistiu que fossemos, mas eu queria ver os tons no céu.”

“Depois do último raio de sol, tudo mais foi escuridão, todo céu foi varrido por uma cor preta, as estrelas nem a lua tinham seu lugar de direito. Minha mãe me pegou no colo e começou a correr, mas era em vão, logo, formas estranhas invadiram meu campo de visão, nos derrubaram. Minha mãe era poderosa, tentou lutar, mas eram muitos, tantos que eu não soube para onde fugir. Ela me escondeu atrás de alguns arbustos e tentou me proteger, mas logo as Sombras a sugaram, ela gritou e esperneou, contudo, segundos depois só havia um corpo sem vida no chão, assim, as Sombras seguiram seu caminho em direção as outras almas.”

“Com meu pai foi diferente, nós estávamos nos escondendo em um grande galpão, protegido por magia, havia muitas pessoas nele. O mesmo começou a pegar fogo, mas nós não nos preocupamos, não podíamos nos queimar. Quando as chamas chegaram perto de nós, notamos que não era fogo, e sim chamas negras. Não tínhamos para onde fugir, as pessoas morriam ao meu lago, eu tinha apenas quatro anos, meu pai me levantou até a janela e me fez pular pra fora, só que era muito alta para ele pular. A última imagem que eu tenho dele, é o olhar esperançoso de que talvez, ele pudesse salvar a coisa mais importante da vida dele.”

“Eu esperei, esperei até a última faísca crepitar dentro do galpão, esperei. Talvez meu pai tivesse conseguido, talvez tudo tenha sido um sonho... – ele fez uma pausa – Algumas pessoas sobreviveram, Amélia por exemplo, meu pai havia salvo sua vida, então ela me criou. Pouco tempo depois meus poderes e de todo mundo tinha sido tirado. Assim eu vivo até hoje.”

Eu fiquei sem reação depois daquela longa história sobre a vida do meu salvador, queria ter algo para dizer, mas o que dizer? Ele tinha visto a morte do pai e da mãe, viveu e ainda vive em um mundo em decadência, quando ele foi feliz?

– Então somos dois com vidas terríveis... – declarei depois de segundos em silêncio.

– Minha vida não é terrível, adoro a minha vida, só sinto falta do poder... Ainda me lembro da sensação, um formigamento subindo até não conseguir mais aguentar.

– Sei como é, é... Bom. – bocejei.

– Pensei que ficaria acordada por uns dois dias. – ele riu e levantou, arrumando a camisa e passando a mão no cabelo loiro acastanhado.

– Eu tive sonhos... E uma voz, o Ele, falando comigo, não tive paz... A voz dele é...

– Impossível de esquecer, eu sei, ouvi essa voz quando minha mãe foi morta. Tenho pesadelos até hoje. – ele suspirou e se encaminhou até a porta. – Tenha bons sonhos, Kit, sonhos são o nosso único refúgio.

Com essa declaração ele saiu do quarto e eu acabei pegando no sono.

***

A voz do Ele me assombrando novamente, sem deixar nenhum medo meus de fora.

Nós vamos nos encontrar, Clara Blanchard, aproveite sua paz.”

As imagens invadiam a minha mente: Morte. Medo. Sofrimento. Tristeza. Dor. Morte.

Era melhor não dormir do que ter que ver todas aquelas imagens terríveis, se toda vez que eu dormisse eu tivesse essas imagens como sonho eu ia acabar ficando louca. Decidi acordar, mas como se decide acordar? Aquilo não era um sonho, era como se eu tivesse controle do meu corpo, controle de tudo, mas não podia parar as imagens, como estar em um cinema. Quando eu decidi acordar, simplesmente abri os olhos.

Já estava escuro e meu estomago roncou novamente, tinha que parar de sentir tanta fome. Quando vasculhei o quarto eu vi que tinha uma sombra no quanto perto da janela, olhando para a janela, pensei em chamar, podia ser o Henry, mas também podia não ser. No final, mandei uma forte rajada de vento e a pessoa ficou presa na parede, mas não consegui aguentar por muito tempo, estava fraca demais.

– Kassie! – quanto tempo alguém não me chamava daquele jeito. A sombra fez magia e as velas do quarto se acenderam. – Não queria te assustar, mas você estava dormindo... Está melhor?

– Roterford! – meu coração ainda estava acelerado – Nunca mais me assuste desse jeito! – ele estava na forma jovem dele, com uma capa típica dele – azul com pedras coloridas – e uma luva preta.

Fechei os olhos e tentei respirar, todo aquele movimento tinha acabado comigo, essa dor já estava me irritando.

– Eu não sabia onde você estava... – ele andou apressado e sentou na cama ao meu lado e continuou a sussurrar – Eu te procurei Kassie, você não me chamou mais, pensei que tinha morrido, sabe... Eu não sei de tudo!

– Desculpe Roterford, mas andei com muitos problemas ultimamente. – apontei para a minha barriga – Não pode resolver isso para mim?

– Não é que eu não queira... – ele olhou preocupado – Está péssimo... – ele continuou hesitando. – Eu não vou obedecer o Conselho!

– Obedecer... Como as...? – minha frase foi cortada ao meio quando o mago pousou a mão na minha barriga e deixou seu poder fluir entre seus dedos até o ferimento, foi uma dor impossível de aguentar sem gritar, eu não queria alarmar Henry, mas não tive como segurar, aquilo era terrível. Quando eu consegui respirar Roterford se voltou para o meu tornozelo, mordi o lábio na hora que outra onda de dor passou por mim, meus dedos do pé se contorceram com a dor estridente. – Avise – disse tentando recuperar o ar depois da dor - quando for fazer isso.

– Desculpe, mas que tinha que fazer isso antes que me arrependesse.

Quando eu ia perguntar o que aquilo significava, uma mulher entrou pela porta. Usava um longo vestido vermelho vinho com detalhes pratas e um chalé marrom, tinha um cabelo grisalho e olhos claramente azuis, que traziam a história e a dor da vida. Roterford lançou-lhe um feitiço que eu não entendi o que dizia e a mulher ficou lá, parada na mesma posição que entrou.

– O que você fez? – me senti extremamente melhor, ainda havia dor, mas ela estava guardada no canto mais escuro possível, levantei da cama e percebi que ainda estava mancando.

– Ela vai ficar bem – ele se levantou e me fez parar de rodar. – Kassie, me escuta, temos sérios problemas.

– Quando não temos? – disse como uma criança irritada.

– Garet está atrás de você, todo mundo em Pórfiron está atrás de você, essa Cidade foi a primeira a ser avisada que se virem você é para entregar a ele, viva ou morta. – ele continuou sem parar para respirar – Ele diz que você é uma espiã do Ele, todos te odeiam por isso, você tem que fugir, todo mundo conhece você. Por que você não foi embora?

– Dracon... Pegaram ele, eu fui a culpada, não podia! Afinal, você disse que eu era a Clara, a herdeira, agora fala que eu deveria ter ido embora?

– Desculpa – ele se jogou na cama – Você só sobreviveu por causa do garoto que mora aqui, e porque aquele guarda lindo, Jeff o nome dele, não contou, mas Garet sabe que você veio para cá, está quase conseguindo o Comando. E quando Garet quer uma coisa... Nada, nada o impede.

– Por que ele ainda não conseguiu? – fui até a janela com intenção de ver a Cidade, mas desisti, alguém poderia me ver, fui até a cama e sentei.

– Para ter o comando, todos da Ordem têm que assinar, tinha gente contra, mas ele está dando um jeito nos outros. – ele fez uma careta como se pensasse no próprio pescoço.

– Eu sei... Ele matou o Desmond. – falei sem expressão, Garet estava no topo da minha lista de morte.

– Desmond morreu feliz, Kassie, tenha certeza disso. – aquela palavras na surtiram efeito em mim. O mago se levantou e olhou pela janela – Tem um grupo de Guerreiros que também odeiam o Ele e o Garet, talvez consiga ajuda com eles para recuperar seu dragão. Eles vivem em um bar aqui, peça ao seu garoto para mostrá-la. – ele veio até mim e segurou as minhas mãos com um olhar esperançoso. – Se algo acontecer a mim... Quero que fique com isso. – quando ele soltou as minhas mãos apareceu uma pedra verde e linda, nunca tinha visto nada como aquilo. – É de família, eu nunca tive filhos, cuide-a por mim.

Assim ele sumiu, deixando purpurina no seu lugar, eu fiquei encarando a pedra, poderia ser a pedra da Profecia... Mas eu conhecia outra pedra verde, essa eu achava que era a da Profecia, já que ela havia me guiado por entre a floresta até o meu destino e agora eu não sabia se seu dono estava vivo ou morto.

– Garota! – uma voz doce e preocupada encheu o ar e eu me dei conta da moça que havia entrado no quarto. Levantei-me e corri para ajudá-la. – Você não está ferida, quem era aquele homem?

– Você deve ser a Amélia. – eu peguei a mão da mulher e a sentei na cama. – Aquele era um mago amigo meu, ele me curou e veio me alertar de um perigo, a senhora está bem?

– Ora veja! – ela se desvencilhou da minha mão e arrumou o cabelo castanho meio grisalho de volta no coque – É preciso mais quem um mago para me derrubar!

– Desculpe... – olhei para o lado sem saber o que falar. – Onde está o Henry?

– Está trabalhando, os guardas estão fazendo hora extra.

– E eu sou a culpada por tudo isso. – abaixei a cabeça e olhei para as minhas mãos – Olha Amélia, eu não queria estar aqui e causando problemas para você e o Henry, ele salvou a minha vida e eu só causei problemas. Prometo, assim que eu conseguir força o suficiente, vou embora e deixar sua família em paz.

– Não tenha pressa garota, Henry gosta de você, ele passa horas aqui no quarto porque acha perigoso deixar você sozinha. Não para de citar seu nome e olha que vocês nem se conhecem, ele adora proteger você, e se não quiser magoá-lo, vai ter que deixá-lo te proteger.

– Mas isso pode acabar muito ruim para ele e para você... Contudo, acho que no momento podemos esquecer isso.

– No momento, você pode ir tomar um banho, está realmente péssima.

***

Duas semanas se passaram, duas perfeitas semanas, sem sonhos, sem perturbações e sem Brian. Amélia ainda era indiferente comigo, não sei se a senhora me aturava pelo seu filho adotivo ou gostava de mim e não demonstrava, mas mesmo assim ela cuidava de mim e brigava quando eu fazia algo de errado. Às vezes ela me encontrava chorando e era amorosa comigo, eu sentia que podia contar tudo a ela, e contei. Amélia trabalhava em uma pequena horta atrás da casa, imperceptível a Cidade, eu sempre a ajudava enquanto tentava melhorar. Ela me ensinou a fazer as comidas de Pórfiron, me ensinou a fazer curativos, tudo o que tinha direito e não reclamava.

Roterford me fazia visitas periódicas, fez umas doze durante o tempo em que eu fui hóspede, assim eu sabia que o mago estava vivo e que não tinha sido descoberto pelo Conselho. Ele nunca falava da pedra ou o que ela fazia, mas sempre olhava para o pescoço onde ela pendia em um colar feito por Amélia.

Amélia, eu e Henry sentávamos toda a noite para jantarmos a comida de Amélia, conversávamos sobre tudo o que tínhamos feito no dia, parecíamos uma família, só que eu sabia que estava me iludindo, eu não podia ficar lá para sempre, eu já estava melhor e tinha que ir, tinha que proteger aqueles me protegeram.

Henry era perfeito, conversávamos sobre as nossas vidas e ele me pedia para contar sobre a Terra, eu contava com gosto, ele era uma das pessoas que você começava a contar e não conseguia mais parar. Quando eu falava que estava com saudade de algo, quando ele chegava do trabalho, chegava trazendo o que eu queria. Ele me falava das lendas de Pórfiron e eu amava, a voz dele me trazia paz. Estávamos cada vez mais ligados, sempre me pegava pensando nele, mas pensar nele era ter certeza que pensaria em Brian. Eles eram muito parecidos fisicamente, toda vez que abraçava Henry, eu lembrava dos abraços de Brian.

Henry me falou do pôr do sol, como ele fazia as cores vibrantes da Cidade se avivarem ainda mais, eu queria ver, mas o garoto disse que era perigoso, a essa hora Cidade vivia cheia. A Cidade era coisa mais linda que eu poderia imaginar, os enormes prédios e casas eram de todos os tons de vermelho, amarelo e laranja, as pedra que enfeitavam o chão brilhavam ao ser tocadas.

No entanto, esse sonho chamejante estava acabando, eu tinha inventado desculpas a mim mesma me impedindo de ir embora. Roterford tinha me curado, mas eu ainda mancava e não tinha força para conjurar nada. Eu já estava melhor, mas a minha vida estava perfeita, não havia sonhos, não havia Ele. Não queria magoar Henry indo embora, mas havia gente precisando de mim.

Tinha decido contar ao Henry aquela noite. Tinha acabado de cuidar do Jardim e estava tomando um banho, depois do banho decidi dormir um pouco. Fui para o quarto de Henry – que não me deixou dormir na sala nem que eu quisesse, pois no dia em que eu dormi na sala eu acordei no quarto dele – e peguei no sono rapidamente.

Estava sentada em um píer em um lago, pouco depois percebi que era o lago Ernest, um lago que eu ia com os meus pais no verão. Um garoto alto e musculoso com um calção de banho sentou ao meu lado. Eu estava com o cabelo preso num rabo de cavalo e o meu biquíni vermelho, meus pés estavam na água morna e agradeciam por isso. O garoto pegou a minha mão e eu sentia pele sempre quente dele, Brian levantou o meu rosto e tirou uma mecha que caía por causa da brisa.

– Sentiu minha falta? – ele perguntou com um meio sorriso, mas eu sentia que ele queria uma resposta séria.

– O tanto que você sentiu de mim. – brinquei olhando para o outro lado do lago, onde havia uma floresta densa e inexplorável.

– Então tenho pena de você. – ele se deteve a fazer algo e depois ficou em silêncio por muito tempo, me olhando de soslaio.

– Por que você está aqui? E logo nesse lago? – a lembrança da minha família fazia o meu coração doer.

– Eu queria te ver... E esse é o único jeito. E o lago? Bem, gosto desse lago. – ele percebeu que eu não tinha ficado muito feliz com a ideia – Kassie... – ele botou a mão no meu rosto e me obrigou a encarar os olhos azuis e profundos que eu não via mais em nenhum lugar – Eu não aguento mais ficar longe de você, a lembrança de você me faz... Arrgg, queria poder fazer o destino, para pode fazê-lo você comigo e não longe e quase morrendo.

– Como sabe que eu quase morri?

– Tive um sonho. – ele sacudiu a cabeça e ficou mais perto, bem perto – Esses sonhos podem ocorrer independente das nossas vontades, esse eu consegui criar, posso senti-la e acordarei com a lembrança, como se isso realmente tivesse acontecido.

– Eu queria que estivesse acontecendo... Sabe... Você e o normal, o que nunca estão juntos. – ele riu.

– Então vamos aproveitar a nossa normalidade, o anormal.

Ele se jogou na água e me puxou junto, estava perfeita para um dia de verão, os peixes pinicavam o meu pé e algas roçavam nos meus dedos. Voltei a superfície e procurei Brian, olhei para todos os lados e tentei procurar um chumaço loiro, mas não havia nenhum, por um momento eu pensei que meu sonho tivesse virado um pesadelo. Contudo, algo me puxou para de baixo da água novamente e me beijou, abraçando-me e tentando nos fundir ao máximo, fazendo carinho nas minhas costas nuas e trabalhando com os lábios perfeitamente em encontro dos meus. Voltamos ao ar e continuamos nos beijando, passei os braços pelo pescoço dele e Brian passou a mão pela minha barriga, depois voltou os lábios para o meu pescoço e começou a beijá-lo, enquanto eu passava a mão pelo seu cabelo molhado.

Fiz uma bolha de ar e continuamos nos beijando debaixo d’água, como eu li em um livro uma vez: “Foi o melhor beijo subaquático de todos”.

– Kassie! – uma voz terna me chamava do outro lado, eu acordei ainda atordoada e percebi que era Henry. – Você estava chorando... Está tudo bem?

Assenti. O garoto estava usando uma capa preta e por baixo uma blusa balofante branca aberta até o final das costelas e uma calça marrom, luvas e uma espada embainhada num cinco de couro.

– Achei que talvez pudéssemos sair. – a ideia me animou, eu não saía fazia duas semanas.

– Mas não é perigoso?

– Eu tenho um plano, pegue a sua capa e eu te espero no estábulo.

Obedeci ao garoto e o encontrei no estábulo com uma carroça, ele sorriu e acariciou o Jack, seu cavalo.

– A primeira parte será meio desconfortante, mas prometo que vai ficar muito melhor depois. – ele sorriu e tirou o pano branco que cobria a carroça, estava cheia de feno – entre aí e não se movimente até que eu peça para sair, confia em mim?

– De olhos vendados.

Entrei na carroça e fomos. O terreno era irregular e eu batia a minha cabeça toda vez que tinha uma elevação, minhas costas estavam em uma posição desfavorável, mas isso tudo era por querer sair, eu tinha que confiar no Henry. Talvez aquela era a hora perfeita para contar, sei que o magoaria, mas eu tinha que ir embora.

De repente a carroça parou, um claridade repentina invadiu os meus olhos e eu demorei um pouco para me acostumar.

– Desculpe, K, mas precisamos ser mais rápidos. – lutei contra a cegueira e saí da carroça com a ajuda do garoto, ele pegou a minha capa e a puxou para cobrir o meu rosto. – me dê a mão e continue confiando em mim.

Assenti e peguei a mão morna e agradável do guarda. Estávamos em um campo, em um enorme campo, passamos pelo gado e depois por uma horta, eu só me deixei levar pelo Henry, não sabia onde estávamos indo. Subitamente, ele parou e ficou na minha frente, se desvencilhou da minha mão e tirou a capa, deu um sorriso travesso e apontou para um cume a nossa frente. Era recoberto por um gramado verde escuro e pequenas flores vermelhas, no alto havia uma árvore, e no galho da árvore havia algo como um deque de madeira com uma escada.

– O que você está aprontando? – o garoto já tinha começado a subir o cume e eu corri atrás dele.

– Você disse que queria ver o pôr do sol. – ele começou a subir de costas me lançando um olhar travesso e sorriu.

– Henry! Você é perfeito! – corri até o garoto e passei os braços pelo seu pescoço e o derrubei na grama meio úmida, nossos rostos estavam separados por um centímetro e eu senti uma vontade súbita de beijá-lo.

Eu ainda estava sorrindo depois da noticia e ele ainda tinha o seu olhar arteiro, mas pouco a pouco meu sorriso se transformou em uma expressão mais séria. Nossos olhos se cravaram um no outro, encarei o oceanos dos olhos do menino e fiquei hipnotizada por um bom tempo. Mas ele olhou para o outro lado quebrando qualquer conexão que poderia ter.

– Você disse que queria ver o pôr do sol...

– Disse – forcei um sorriso – você tem que parar de fazer minhas vontades.

– E perder esse sorriso que você faz toda vez, não, obrigada.

Fiquei sem graça e pedi para não ficar corada.

– Vamos? Está quase na hora. – me senti idiota por ainda estar em cima dele, me joguei abruptamente para o lado e continuei a subir sem olhar para Henry.

Cheguei à árvore e subi a escada, lá, havia uma cesta de piquenique e travesseiros, ele tinha preparado tudo e eu ia estragar.

– Olhe! – Henry falou um pouco alto demais quando chegou ao “deque” arfando. – Já está começando.

Sentei na ponta e direcionei toda a minha atenção ao pôr do sol. O céu já ficava lindo com todas aquelas cores, mas de encontro a Cidade formava uma aurora boreal em tons de laranja, vermelho e amarelo. Desenhos eram formados no céu e circundavam a Cidade, tudo era maravilhoso, mas como o pôr do sol, eles só duraram poucos minutos. Logo, havia um lindo céu estrelado a cima de nós.

– O que achou? – disse Henry logo atrás de mim.

– Foi... – disse procurando ar – Perfeito.

– Sabia que ia gostar. – ele abriu a cesta e tirou uma garrafa de vinho, despejou-a em dois copos e sentou ao meu lado, me estendeu a bebida e sorriu, mas eu não retribuí. – Está tudo bem?

Era a hora.

– Não, Henry, nada está bem. – me virei para encarar o garoto a luz fraca dor luar – Quando eu estava quase morrendo, eu tinha que procurar alguém e você veio na minha cabeça, eu não tinha nada haver com você, só tínhamos nos visto naquela Vila. Enfim, eu não queria nada com você, queria fugir do Conselho e depois ir embora, mas me apeguei muito a você e a Amélia também. No entanto, por mais que eu ame a vida com vocês, eu tenho que ir embora, meu dragão precisa de mim, esse povo precisa de mim. Tenho que ir de imediato, preciso encontrar uns Guerreiros e ir atrás da Delyha.

– Então eu vou com você! – ele sabia que eu ia protestar, então fez algo pela qual eu estava secretamente esperando: tocar naqueles lábios macios.

Eu não tive reação, talvez tenha correspondido um pouco ao beijo, por isso o garoto teve coragem e passou a mão pelo meu pescoço e segurou a minha cabeça. O beijo foi sereno mais intenso, fez meu coração querer saltar de uma estranha alegria que havia se formado. Ele foi carinhoso no toque, mas intenso nos lábio macios, seu hálito tinha o gosto do vinho. Eu pedia que ele não parasse, mas nós dois sabíamos que aquilo não ia a lugar nenhum. Ele se desvencilhou vagarosamente dos meus lábios e fez menção de falar algo.

– Henry... – eu também estava sem palavras.

– Desculpa por ter feito isso, talvez eu tenha forçado muito as coisas...

– Eu só acho que isso não me faria e nem me fez voltar atrás na minha escolha – peguei as mãos suadas do garoto – Nunca pediria para você se arriscar por mim, nunca! Mas sei que você vai de qualquer jeito... – forcei um sorriso.

– É claro que vou! Desde o momento que você chamou por mim eu me sinto responsável em proteger você, quer você queira quer não, K.

– E a Amélia? Ela não vai aprovar isso e você não pode deixá-la sozinha.

– Ela já sabe que eu vou, ela nunca está sozinha... – ele passou a mão livre no cabelo e suspirou – Vamos encontrar os Guerreiros amanhã, eu sei onde estão, mas... Não faço a menor ideia de onde Delyha possa estar.

– Isso eu resolvo. – olhei para a pedra no meu pescoço. – Pode ir descendo? Vou falar com alguém... – Henry já sabia de Roterford, nunca fez muitas perguntas, mas acho que o guarda sempre se perguntou o porquê de eu confiar tanto em um mago.

– Claro. – ele se levantou e beijou o topo da minha cabeça, pegou a cesta e desceu.

Roterford apareceu logo depois, trajando uma capa vermelha e luvas marrons, parecia cansado e tinha olheiras, de mais de uma noite sem sono.

– O garoto vai. – ele riu seco – Sabia, afinal, o destino prega peças, acho que consegui aprender isso.

– O que quer dizer com isso?

– Seu pai quis alguém que se preciso daria vida por você, sabe... Um guardião, eu não sei quem é, mas poderia ser... – ele olhou para Henry perto do Jack – Mas acho que não seja ele... Talvez...

– Talvez quem, Roterford?

– Ninguém, Kassie. Agora vá, vocês precisam encontrar os Guerreiros e ir direto para as ruínas da Cidade do Raio, Delyha está lá, a sua espera. – assim ele sumiu.

Desci as escadas e fui ao encontro de Henry na carroça, mas de repente o mundo ficou turvo e tudo começou a girar, a ultima coisa que ouvi foi Henry gritando o meu nome.

Estava de volta ao meu quarto.


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