Ponto de Vista – Autora

O homem caminhava pelo salão de sua fortaleza com um pouco de ansiedade. Sentou-se na poltrona que estava ali, pois seus servos estavam arrumando todo o local para receber uma pessoa importante. Um homem que diziam ser o próprio medo.

Não sabia o que queria com ele. Na verdade, nem deveria recebê-lo. Se era um dos representantes de uma das vinte e cinco províncias do ar, ter alguém tão abominável como o homem que esperava poderia ser considerado traição. Mas ele não tinha escolha. A vida de sua filha, que estava no acampamento Elementary, entrou em jogo. Não sabia mais o que fazer, mas se perdesse a sua filha, seu mundo acabaria. Por isso concordou em receber Lyxios em seu castelo.

A situação daquele rei não estava boa. Olhou em volta e percebeu que seus servos haviam terminado o trabalho. Assim se dirigiu aos seus aposentos. Andou pelo quarto mais nervoso do que o normal e fez uma breve oração, pedindo aos deuses antigos que o ajudassem nesse encontro com o “medo”.

Um servo bateu na porta com um tanto de ansiedade. O homem ficou em silêncio com mil pensamentos rondando em sua mente.

– Entre. – falou por fim – O que aconteceu?

– Senhor, o homem que estava à espera está no salão de visitas.

O rei arregalou os olhos e soltou um suspiro. Pegou seu distintivo e o espetou na roupa.

– Avise-o que estou descendo.

Seus pensamentos turbilhoavam em sua mente, o que lhe deu uma frustração tão grande que sentia vontade de gritar. Mas uma vida dependia disso. Desceu as escadas e viu o homem de costas a sua frente. Estava usando um terno preto e seus cabelos negros estavam levemente penteados.

– Gostaria de saber o que lhe trás aqui. – O rei disse um tanto nervoso.

– Ora Sr. Selwin. – Lyxios disse se virando e sorrindo sarcasticamente – Não é óbvio?

– Se fosse não estaria perguntando.

Lyxios o olhou com uma fúria surreal. Parecia que naquele momento sua alma estava sendo lida ou até mesmo sugada. Os boatos sobre aquele homem não eram falsos para a infelicidade do rei.

– Suas tropas.

– Como se eu fosse dá-las a você. – murmurou – Sou Lys Selwin, representante da 14ª província do ar. Por que eu faria isso?

– Esqueceu-se da pequena Selwin? – riu o homem – Sinceramente, acha mesmo que eu viria até aqui se não pudesse matar sua pequena Hazel com um estalar de dedos? Não sou burro.

– É presunçoso. E um tanto louco.

– Está começando a me irritar Sr Selwin. – disse Lyxios sorrindo cruelmente – A vida de sua querida filha está em jogo. É pegar, ou largar.

Ponto de Vista – Lucy

– O-o que é isso? – Falei sem acreditar no que via.

Olhei em volta e avistei o acampamento inteiro em chamas. Olhei em volta e vi Tayler correndo ao encontro da irmã que o estava esperando. Depois os dois saíram correndo pedindo que todos se acalmassem. Fiquei totalmente abismada olhando tudo aquilo que acontecia que acabei me esquecendo do que estava acontecendo. Quando me dei conta, uma parte do teto caiu em chamas atrás de mim.

Tentei controlar aquele fogo, mas eu não tinha muita experiência (Obrigada por treinar comigo Ryan...) e não era um fogo comum. Saí correndo e vi meninos tentando controlar as chamas mas sem sucesso. Ouvi um garoto gritando “É ENFEITICADO!” , e todos saíram correndo. Tentei apaga-lo, mas minha água evaporava antes que chegasse nele.

RYAN! Ele estava na enfermaria! Saí correndo em direção ao pequeno prédio branco, mas ele estava totalmente em chamas. Involuntariamente lágrimas começaram a cair. Onde eu fui me meter? Eu preocupada com o Ryan! Saí dali andando. Aquilo não me importava mais. Meu coração estava doendo. E-eu... Eu amo aquele irritante que não deveria ter nascido. Não me importo com essas chamas. Que me levem também!

Fui andando em direção a floresta, o único ponto que não estava tomado pelo fogo. Uma raiva estava crescendo diante de mim. Quem fez isso ia pagar. Lyxios ia pagar. Mas assim que cheguei perto de algumas árvores, comecei a ouvir uma risada cínica. E quando eu olhei... Lá estava ele.

Ryan estava em pé com a faca na garganta de um homem moreno, ele estava a pressionando. Mas o homem estava rindo, apesar de que faltava pouco para rasgar as veias dele.

– Ryan?

Ele me olhou sério e o homem escapou e lançou uma bola de fogo em Ryan que desviou e deu uma rasteira no homem, eles continuavam a lutar até que eu joguei três bolas de água no homem que correu floresta adentro.

– Vem! – Me puxou Ryan com força. Eu me soltei dele e corri em sua frente procurando o tal homem moreno, a única coisa que via era seus cabelos voando, eu os seguia ofegante.

Eu tropecei e cortei o braço, Ryan não me esperou, correu a minha frente, eu levantei e corri atrás dele, ele acabou parando e olhou para os lados e depois para trás.

– ALI! – Gritei apontando para o homem parado que correu ao meu ver gritar.

Ele correu a minha frente e eu ia um pouco atrás, vi que ele ainda carregava a faca. Eu fui a sua frente e pulei em cima do moreno, ralei minhas costas no chão e um galho me furou, ele estava querendo levantar, mas Ryan colocou seu pé em suas costas e o pressionou para o chão.

– Ryan! Quem é ele?

– Eu não sei, estava querendo colocar fogo na cabana.

– Lyxios? - Eu disse sentindo uma raiva crescer dentro de mim - Você veio em ordem de Lyxios?

– Lyxios? O carinha do mal? – Perguntou Ryan franzindo o cenho.

– Agora não garoto! – Exclamei me aproximando de ambos. - Quer novidades de seu amiguinho íntimo e favorito? - Ryan o levantou e não esperou ordem, passou a faca por sua garganta e ele caiu no chão com o sangue saindo. - Ry-Ryan... Ele iria nos falar sobre o que aconteceu!

– Lucy! – Jogou a faca no chão e disse me olhando nos olhos, agora muito sérios me encaravam. - Encare os fatos!

– Que fatos Ryan? Que fatos?

– A guerra começou.