"Se põe sua alma e seu coração em um sonho, o universo conspira para ajudar-te a consegui-lo." – Anahí.

No capítulo anterior:

– Olá Sr Stark, eu sou Helena sua nova assistente. Espero que possamos nos dar muito bem, pois a partir de hoje além de nos vermos todos os dias eu vou passar a morar aqui na mansão.

Tony levou alguns segundos para processar o que Helena havia dito, ele estava perdido no azul dos olhos da menina. Ele sentia desnorteado olhando dentro daquele olhar de lince da garota.

– O que você disse miniatura da Barbie? – disse Stark quando conseguiu voltar a si. – Morar? Pepper você não tinha me falado nada de ao invés de uma assistente, você tinha contratado uma babá para me vigiar.

– Tony, me escuta...

– Escutar? – disse o bilionário interrompendo a ruiva. – Você contratou essa garota porque acha que eu to ficando louco, não é? Mas não Pepper, eu tenho que construir essas armaduras para nos proteger, aliás, para te proteger. E ainda tem mais, onde você achou essa garota? Em um orfanato? Ela tem o que, 15 anos?

Antes que Pepper pudesse responder, Helena disse:

– Bom, primeiramente eu não tenho 15 anos, e sim 19. Segundo, não, eu não vim de um orfanato, eu tenho uma família. E terceiro, eu acho que esse é um assunto para vocês dois resolverem, então se me dão licença eu vou desfazer as minhas malas. – falou Helena dando as costas para Stark, que de modo discreto olhou o corpo da menina. Ele tinha que admitir, a loira além de ser bonita tinha um belo corpo, ela era baixa e magra, porem possuía belas curvas.

Pepper também se virou para olhar Helena saindo da oficina, ela se sentiu impressionada ao perceber o tamanho do carinho que já possuía pela menina, afinal elas nem se conheciam direito. Ela sabia que apesar de um primeiro encontro não muito amistoso, Tony também iria gostar de Helena, alias ela contava com isso para que a mansão não se transformasse em um campo de guerra.

– Agora que o projeto de Barbie saiu você pode me explicar essa historia de que ela vai passar a morar aqui? Pepper, eu realmente não preciso de uma babá, eu estou bem. – falou Stark quando Helena sumiu de sua visão.

– Tony, ela está aqui para te ajudar em tudo que você precisar. Como você passa o dia inteiro sozinho, enfurnado nessa oficina eu achei melhor contratar alguém pra te auxiliar, vai que acontece algum acidente e não tem ninguém em casa? - disse a ruiva tentando convencer Stark.

–Pepper se caso acontecer alguma coisa, o que é muito improvável, eu peço para Jarvis te ligar. Não precisa de uma babá pra ficar me vigiando, ainda mais uma que parece um chaveirinho linguarudo. – falou o playboy fazendo bico, ele ainda estava nervoso pelo modo como a jovem o desafiou.

– Chaveirinho linguarudo? Francamente Tony, você está parecendo uma criança birrenta. Além do mais não há nada de mal ter a companhia de alguém, todo mundo precisa de alguém para jogar conversa fora de vez em quando.

– Se eu precisar jogar conversa fora, eu converso com o Jarvis. Ele é uma ótima companhia. – Stark estava agindo como uma criança e ele sabia disso. Mas o bilionário não conseguia se conformar com a ideia de que estava ganhando uma babá que ainda por cima era bem mais nova que ele.

– Tony não é a mesma coisa e ...

Pepper foi interrompida pelo toque do seu celular, ela sabia que deveria ser algo relacionado às indústrias, e que provavelmente ela teria que ir até lá. Stark também sabia disso, então virou de costas para a ruiva e continuou fazendo os ajustes no braço de sua armadura. Ele nunca admitira para ninguém em voz alta, mas ele sentia falta de uma companhia humana, Pepper sempre tão atarefada com os negócios da indústria passava mais tempo com Happy, do que com o próprio namorado. E Jarvis apesar de ser uma boa companhia, continuava sendo um computador e Tony sentia falta do calor humano.

E apesar do relacionamento dele coma ruiva ser ótimo, fazia semanas que os dois não dormiam juntos. Ela estava sempre cansada demais ou viajando, e ele quase não conseguia relaxar, e quando isso acontecia cada um virava para o seu lado na cama e dormia. E Tony sentia falta de sexo, afinal ele era um homem e tinha as suas necessidades, mas ele não tinha coragem de falar isso para a ruiva, ele se sentia acomodado com aquele relacionamento. Apesar da vida nada normal que levava, o seu namoro com Pepper tinha virado algo rotineiro, eles tinham a mesma relação de antes, só que agora em algumas noites dormiam na mesma cama.

Às vezes o bilionário se lembrava dos tempos em que era solteiro, saía toda noite e sempre voltava com no mínimo uma bela mulher ao seu lado, era a vida dos sonhos de qualquer um, mas para ele era uma vida vazia e solitária, pois quando o sol se punha ele estava novamente sozinho. Não por falta de opção, mas porque nenhuma daquelas mulheres valia a pena, e quando Tony finalmente pensou que tinha achado a mulher da sua vida, ainda faltava algo, ele não sabia explicar, mas ele se sentia mais solitário do que nunca.

O que o playboy, também não sabia era que Helena se sentia do mesmo jeito. A loira que agora estava desfazendo suas malas e guardando suas roupas no closet do quarto, se sentia sozinha e perdida. A única pessoa que ela tinha no mundo era a mãe, e a relação das duas nunca foi das melhores, elas até que se davam bem, mas tinham ideologias e valores muito diferentes.

Melissa sempre quis que Helena desse uma grande importância ao dinheiro e que usasse sua beleza para conseguir um homem rico que bancasse as duas. Mas Helena não era assim, apesar de ter sido criada por Melissa, a loira não gostava de futilidades e apesar de nunca ter sentido, acreditava no amor verdadeiro que poderia mudar as pessoas. Ela nunca tinha amado alguém verdadeiramente, teve apenas dois namorados, e nunca foi apaixonada por nenhum deles. O primeiro foi aos 15 anos, ele era seu melhor amigo, se chamava Josh, ele apaixonou por ela e a loira resolveu dar uma chance, ficaram juntos por três meses, mas como ela não conseguia ver nele nada mais que um amigo, resolveram terminar.

O outro foi o filho de um magnata que Melissa arrumou para ela, seu nome era Bradley, com esse as coisas foram mais intensas, quando eles se conheceram ela tinha 16 e ele 20 anos, eles ficaram juntos por um ano e meio, foi com ele que Helena perdeu sua virgindade. Era um namoro conturbado, vivia aos trancos e barrancos, mas a loira gostava do garoto, um belo dia ela pegou ele a traindo com a empregada da casa dele. Não teve briga, nem escândalos, afinal ela não o amava então apenas terminou com ele e seguiu sua vida. Bradley insistiu pra voltar durante um bom tempo, mas depois entendeu que o melhor era fazer o mesmo que Helena e seguir sua vida, depois disso os dois nunca mais se viram.

Ela sabia que tinha nascido de um amor verdadeiro, sabia que a mãe tinha amado seu pai de verdade, Melissa não gostava de tocar no assunto, mas as poucas vezes que Helena perguntava sobre o pai ela ficava com os olhos distantes, marejados e dizia para a menina não pensar naquele assunto. Por isso ela nunca soube muita coisa do pai, as únicas coisas que sabia, tinha sido por Madame Miranda. Ela sempre gostou muito de Helena e lhe tratava como sua própria filha, e disse a ela tudo o que Melissa a tinha contado sobre o pai da garota, o que não era muita coisa, apenas que era um rico herdeiro e que era muito bonito.

Helena sentia falta de uma figura paterna, ela sentia falta de ter uma família grande, sua família se resumia a ela e a mãe. Melissa parecia ter medo de se envolver e sempre afastava qualquer um que tentasse criar um vinculo com ela e a menina.

E agora a loira estava ali com medo da nova vida que teria na mansão Stark, mesmo tendo enfrentado Stark de igual para igual, ela sabia que a convivência com ele não seria nada fácil e isso a deixava apavorada. Antes, mesmo não tendo uma ótima relação com Melissa, a qualquer problema ela tinha a mãe ali, que mesmo com seu jeito torto a apoiava e a protegia de tudo. Mas de agora em diante seria só ela, e a loira não iria fraquejar, agora era a hora de ela mostrar para o mundo e para si mesma que não era mais uma garotinha assustada que a qualquer sinal de perigo fugia, e sim que havia se tornado uma mulher forte e decidida, que não desistiria dos seus objetivos. Helena foi interrompida de seus pensamentos por duas batidas na porta do quarto.

- Pode entrar. – disse a loira.

- Helena, eu só vim avisar que eu vou ter que sair. Surgiu um imprevisto lá na indústria e eu vou ter que ir correndo para lá. – disse Pepper parada na porta do novo quarto da menina. – Pode ficar a vontade pela casa, até porque além de ser sua nova casa, é muito provável que Tony não saia da oficina hoje.

– Tudo bem Pepper e obrigada por tudo.

Pepper deu um sorriso para a menina e logo saiu do quarto. Helena passou o resto da manhã arrumando suas roupas e quando o relógio marcou duas horas da tarde a jovem resolveu tomar um banho. Como ainda não estava em serviço, ela decidiu vestir uma roupa mais informal, colocou um short jeans e uma regata preta e desceu para comer alguma coisa, a casa estava silenciosa e se ela não soubesse que Tony estava na oficina poderia até dizer que estava sozinha.

Ela foi para a cozinha e preparou um sanduiche, não estava com fome, apenas comeu por necessidade. Enquanto comia a menina olhava a cozinha moderna e bem equipada e se perguntava como deveria ser ter tudo, não precisar se preocupar com nada relacionado à questão financeira. Ela sabia que se a mãe tivesse ali já teria pirado.

Depois de comer decidiu que o melhor era ficar no quarto, não queria ter a chance de encontrar Stark pela casa, enquanto passava pela sala caminhando de volta para o quarto, Helena escutou um grande barulho vindo da oficina, sem pensar duas vezes a menina correu para ver o que era. Começou a descer a escada que dava para o lugar correndo e de repente ouviu uma voz gritando “CUIDADO”, Helena olhou pra frente e viu o que parecia um pé de uma armadura vindo em sua direção, ela só teve tempo de se jogar no chão e colocar as mãos em cima da cabeça para se proteger. O pé da armadura se espatifou na parede, fazendo com que vários pedaços caíssem em cima da menina, cortando ela.

– Você tá bem? – perguntou Tony de forma preocupada e assustada, chegando perto da menina.

– Nossa to ótima, acabei de quase ser morta por um pé de metal voador e to maravilhosamente bem. – disse Helena de forma sarcástica enquanto se levantava, ela ainda não tinha visto o corte em seu braço.

– Ei não fale comigo assim, se você não fosse tão intrometida e não tivesse vindo até aqui, isso não teria acontecido. Alias o que você tá fazendo aqui miniatura da Barbie, se eu não te chamei?

– Eu escutei um barulho e vim ver o que tinha acontecido, porque pensei que um dos seus robôs tivesse se revoltado contra esse seu jeito arrogante e tivesse tentado te matar. Nunca se sabe. E tem mais para de me chamar de Barbie, falou Homem de Lata? – falou a loira se aproximando do playboy.

– Você me chamou do que garota? – disse um Stark irritado. Antes que ela pudesse responder o bilionário que estava tentando a todo custo não olhar nos olhos da menina, viu uma gota de sangue escorrendo pelo braço dela. – Droga, você tá sangrando. Me dá o seu braço para eu ver esse corte.

– O que? Merda. – falou Helena levantando o braço pra olhar. Ela prendeu a respiração quando viu o braço lavado de sangue e com um corte médio que ia do cotovelo até a metade do antebraço. Ela começou a se sentir tonta e só não caiu no chão porque Stark a pegou antes disso.

– Calma, calma Barbie. Respira, não foi um corte tão profundo assim, vai ficar tudo bem. – disse ele com os braços ao redor da cintura da garota. Ela se apoiou no corpo de Tony e ele a levou até uma cadeira em frente a um grande monitor, onde tinha uma espécie de rascunho de uma armadura. – Consegue ficar sentada? Eu vou pegar a caixa de primeiros socorros pra fazer um curativo.

Helena assentiu e Tony foi pegar a caixa, ele estava realmente preocupado com ela. Foi estranho, mas apesar do momento nada propicio, o bilionário se sentiu bem nos poucos segundos que teve a menina em seus braços, e vê-la ali tão pequena e frágil, ele se sentiu mal por todas as coisas ruins que tinha pensado dela.

– Vai doer um pouquinho, tudo bem? Eu vou ter que jogar isso para limpar o seu braço. – ele disse de forma preocupada, enquanto olhava nos olhos da garota.

– Tá tudo bem, foi só o sangue. Eu não me dou muito bem com sangue. – disse Helena que já estava melhorando, ela não se sentia mais tão tonta e nem estava mais branca como um papel. Ela ficou olhando para Tony, enquanto ele limpava e colocava gases para fazer um curativo. Ali, olhando ele todo concentrado, cuidando dela, Helena sentiu certa simpatia pelo playboy.

– Pronto, curativo feito e mais nada de sangue. – falou Stark se orgulhando do curativo que tinha feito.

– Valeu Homem de lata, até que não ficou tão ruim assim. – disse a menina enquanto conferia o curativo em seu braço.

– Homem de FERRO, F-E-R-R-O. Você deveria falar meu nome direitinho, afinal eu já salvei o mundo.

– Não, Os Vingadores salvaram o mundo. Você é membro dos Vingadores e teve a ajuda do Hulk, o Capitão azul e vermelho, a ruiva, o cabeludo loirinho e o arqueiro bonitão, para salvar o mundo.

– Arqueiro bonitão? – perguntou Stark levantando a sobrancelha.

– É aquele do arco e flecha, o membro dos Vingadores mais bonitão, loirinho. O Gavião. – falou a loira se levantando e indo até os destroços da armadura que estava na escada. – Quer ajuda pra limpar isso?

– Não precisa, e para a sua informação miniatura de Barbie, eu sou o membro dos Vingadores mais bonito.

– Ah, claro. – disse a loira de maneira divertida olhando nos olhos castanhos de Tony, o deixando perdido. – Você gostou mesmo dessa historia de Barbie, né Homem de Lata?

– Magra, cabelos loiros e olhos azuis. Uma perfeita versão humana da Barbie. – disse o bilionário se aproximando da loira.

– Perfeita, Sr Stark? Eu sabia que você tinha me adorado, mas não achava que tinha sido tanto ao ponto de me achar perfeita. – disse Helena se aproximando de Tony também. A diferença de tamanho entre os dois era grande, a loira do alto de seu 1,60 de altura batia no peito do playboy.

– Eu pensei que o convencido aqui fosse eu. – falou Tony tendo que olhar para baixo para falar com a garota. Ali, olhando ela de tão perto, ele ficou ainda mais maravilhado com a beleza de Helena, “Ela é tão bonita que com certeza, qualquer um começaria uma guerra por ela”, pensou o playboy. Era um pensamento estranho, mas estando tão perto da menina, ele não conseguia raciocinar direito.

Helena também não ficava atrás, ela olhava admirada para Tony. Ela sentia uma energia, uma vibração vindo dele. Ele exalava masculinidade, era um homem lindo e robusto, para ela o bilionário era quase perfeito. A loira sentia que se Stark se aproximasse mais um pouco ela teria uma sincope, então ela achou melhor cortar aquele estranho clima que estava entre eles.

– Bom, já que o Sr disse que não precisa da minha ajuda, eu vou para o meu quarto. – falou a loira fugindo do olhar do playboy. – Obrigada pelo curativo, e cuidado para não ser morto pela sua própria armadura.

– Tão engraçadinha, ao invés de trabalhara aqui, deveria tentar um emprego em um circo. – falou Stark enquanto Helena saia de sua visão. – Chaveirinho linguarudo.

– EU OUVI ISSO STARK. – gritou a menina já na sala.