Encontro do Destino escrita por kaka_cristin


Capítulo 1
Capítulo 1 - Virada na vida


Notas iniciais do capítulo

Foi mal pessoal, deu mó pau na fic e se excluiu sozinha e como tava tarde eu resolvi botar hoje pra vcs!

vlw Navega por ter me avisado.
espero que gostem, bjus!

=)



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Uma noite de pesadelos, isso resumia aquela noite. Estava deitado em minha cama ainda as nove da manhã, tive uma noite horrível e em claro. Tive pesadelos e não conseguia dormir. Fiquei com medo daquele pesadelo, tinha sido tão real, como se tivesse mesmo acontecido.



Maldito despertador que tocou me acordando bem cedo, justo quando consegui pregar os olhos. Dei um soco nele fazendo-o cair no chão e ficar em pedaços e depois simplesmente voltei a dormir. Não bastou o despertador perturbar meu possível sono, o idiota do meu irmão chegou no quarto batendo palmas. Estava começando a pegar no sono quando Mikey, meu irmão mais novo entrou no quarto batendo palmas e abrindo a janela.

 


M: vamos Gerard, a vovó está chamando.



G: sai daqui. – disse me escondendo por debaixo do travesseiro.



M: Gerard, a vovó quer tomar café com todos nós juntos.



G: não to afim, to com sono.



M: o que houve?



G: to com sono, me deixa vai?



M: ok. vou avisa-la.

 


Na verdade, meu pesadelo era com minha avó Helena. A mulher que eu mais amava no mundo. Era como uma mãe pra mim. Minha mãe eu quase não tinha contato com ela. Morava com a minha avó desde novo. Minha avó Helena me ensinava de tudo. Eu não queria que nada de mal acontecesse a ela. E foi isso que me deixou desesperado. Aquele sonho me impressionou bastante, foi tão real. Foi um sonho meio esquisito: vi uma luz forte e apaguei e quando acordei estava no hospital e Mikey veio me dizer que a nossa avó tinha morrido. Foi um sonho muito confuso, no qual não entendi muito bem o que ele queria dizer, mas que me deixou sem dormir. Fiquei muito impressionado com ele. Toda vez que pegava no sono eu sonhava com a mesma coisa. Eu sei que é besteira ficarmos com medo de um sonho, foi só um sonho, mas aquele não era como os outros sonhos comuns, era mais intenso e se repetia da mesma maneira toda vez que eu dormia. O que era aquilo? Seria um sinal? Esquece...vou tentar esquece-lo de uma vez.

 


Enfim me levantei da cama, entrei no banheiro que era no meu quarto. lavei meu rosto, tomei um banho, me vesti e desci. Quando cheguei na cozinha Mikey e minha avó helena estavam rindo de algo e pararam pra me olhar entrando na cozinha.

 


H: ué, resolveu vir se juntar a nós? – disse sorrindo.


Ela tinha um sorriso tão bonito, era tão meiga. Em uma das mãos segurava uma torrada e na outra uma faca com manteiga.



G: é, bom dia.



H: bom dia pra você também rapagão. Junte-se a nós venha. Sente-se. – eu me sentei ao lado dela e dei um beijo em seu rosto. – como é bom ganhar beijo de dois garotos lindos quando acordo. Assim vou ficar toda boba. A Matilde tem inveja de mim por que tenho dois netos muito lindos. – Matilde era uma velha amiga dela que fazia parte da mesma igreja que ela participava. -  Aliás, dois netos não, dois filhos. Eu criei vocês como meus próprios filhos. – disse nos abraçando e deu um beijo em cada um de nós.



Mi: conta pra ele vó o que você me contava. – disse Mikey rindo feito uma criança.



H: estava contando pra ele o dia em que meu pai me levou pra pescar pela primeira vez. Foi bem ali naquele lago atrás de casa. Eu joguei minha vara e esperei, eu era uma menina raquítica e mal conseguia agüentar-me em pé quando um peixe caiu na minha isca. Eu tentava puxar sem sucesso e acabei caindo no lago toda encharcada. Meu pai riu muito de mim. Ao invés de ser pega pelo peixe, foi ele quem me pescou pro lago.  – disse rindo.



Mi: conta de novo vó. – disse Mikey se divertindo. Às vezes eu achava que ele tinha problema.



H: bons tempos aquele viu? Como sinto saudades do meu velho. – disse ela ficando pensativa. – mas, é a vida...Gee meu neto você vai poder me levar na casa da Glorette como havia dito?



G: claro vó. Quando eu voltar da casa do Pedro eu levo a senhora sim.



H: ótimo. As cinco eu te espero.



Mi: eu posso ir também?



H: é claro que sim, vocês dois serão meus companheiros.



G: o que vai ter lá?



H: nada demais, só um bolinho, coisa simples pra comemorar o aniversário dela. – Glorette era a irmã da minha avó e estava aniversariando hoje. 



G: ótimo então, eu to saindo.



M: espera, eu vou com você.



H: Tomem cuidado. Juízo moços.

   

Peguei meu carro e fui até a casa de Pedro um colega meu que morava uns dez minutos da casa da minha avó Helena. Na verdade eu ia mais na casa de Pedro pela irmã dele a Michelle. Ela era a coisa mais linda que eu já tinha visto e não acreditava que ela estava comigo, um cara sem graça que não tinha nada pra oferecer de tão interessante. Os caras morriam por ela e ela só tinha olhos pra mim. Estacionei em frente à casa dele e Mikey e eu descemos do carro. Quando tocamos a campainha Michelle nos atendeu e pulou no meu colo e me deu um beijo.

 


M: que saudades. – disse ela me olhando com um sorriso meio triste.



G: o que houve?



M: precisamos conversar.



G: agora?



M: vamos por meu quarto.



G: onde está Pedro?



M: está lá atrás com uns colegas.



G: Mikey vai lá ficar com ele enquanto eu e a Michelle conversamos. – e lá foi Mikey dar a volta pra trás da casa.


 

Chegamos no quarto dela e ela trancou a porta e sentou do meu lado na cama dela.

 


G: fala por que está assim? – disse pegando no queixo dela e levantando seu rosto que estava pra baixo, triste.



M: to indo embora.



G: mas pra onde? Por que?



M: se lembra daquele negócio que eu te contei sobre uma possível carreira de modelo?



G: sei...



M: eles me ligaram. Gostaram das minhas fotos, viajo amanhã pra nova York.



G: amanhã?



M: é. Não fica feliz por mim?



G: sim, mas...vou perder você.



M: não vai perder Gerard. Eu prometo que volto, eu venho te ver.



G: não acredito nisso. Logo agora que estávamos
bem. – eu comecei a chorar.



M: eu também estava gostando Gerard, mas me entenda, é o meu futuro. – dessa vez ela que levantava meu rosto cabisbaixo e triste.



G: vou sentir sua falta.



M: também sentirei muito a sua falta Gee. – nos beijamos e depois ela me deu um empurrão pra trás de leve pra olhar pra mim. – eu decidi uma coisa ontem à noite.



G: o que decidiu?



M: acho que chegou a hora.



G: do que está falando?



M: quero fazer amor com você Gerard. Quero que fiquemos mais íntimos agora que irei partir. Pra você não se esquecer de mim.



G: não precisa fazer isso pra que eu não me esqueça de você.



M: mas eu quero fazer isso com você. Quero que seja o meu primeiro.



G: eu não sei...não tenho muita experiência nisso... – ela me calou tapando minha boca com sua mão.



M: vai ser ótimo. 

 


ela me empurrou me fazendo cair na cama e subiu em cima de mim me beijando. Não sabia o que fazer direito então deslizei minhas mãos pelo corpo dela. Era o que eu sempre quis ter feito, mas nunca tive coragem por respeito a ela. Deslize minhas mãos nas costas dela e ela colocou a mão dela em cima da minha guiando-a pra que tirasse a camisa dela. Tirei sua camisa deixando nua em cima. Passei a mão em seus seios delicados deixando-a com bastante prazer. Beijei-os e ela gemia cada vez mais. Então ela tirou minha camisa que eu a ajudei a tirar e então ela deslizou suas mãos sobre meus peitos indo pra barriga e depois pra minha calça e a tirou. Beijou meu peito e depois se levantou arrancando seu short que vestia depois subiu em cima de mim e eu penetrei nela. Ela deu um gemido de dor e eu perguntei se ela estava bem. Ela balançou a cabeça positivamente e continuou. Nossos corpos se conectaram. Ela se movia em cima de mim enquanto eu passava minha mão pelo seu corpo e de vez em quando ela se curvava me beijando. Ficamos assim por alguns minutos e foi então que senti uma sensação diferente de extremo prazer e chegamos ao clímax. Ela caiu ao meu lado morta de cansaço. Me virei pra ela e a beijei. Foi um momento mágico entre nós dois.

 


M: eu te amo. – disse sorrindo e com uma voz de cansaço, sua respiração ainda estava ofegante.



G: também te amo. – e a beijei. Ela chegou mais perto de mim encostando sua cabeça sobre meu peito.


Adormecemos por quase uma hora e acordamos com batidas na porta. Michelle levantou-se correndo e vestiu sua roupa e eu fiz o mesmo. Quando ela abriu a porta ficou aliviada ao ver que era seu irmão e não seu pai.



M: o que você quer? - perguntou ela irritada.



P: o que estavam fazendo? – disse olhando desconfiado pra dentro do quarto.



M: estávamos conversando e acabamos dormindo.



P: só dormiram?



G: para de palhaçada cara. – eu taquei uma das almofadas da cama dela nele que agarrou.



P: os caras estão esperando lá embaixo por você Gerard. Ta rolando um churrasquinho maneiro.



G: já vou descendo.



P: vê se não demora. – e me jogou a almofada de vota.



G: ta. – e ele desceu. Michelle fechou sua porta e veio até mim e sentou no meu colo. – amanhã eu volto pra me despedir de você ta? – disse beijando ela.

M: nosso amor foi a coisa mais linda. – ela me olhou com lágrimas nos olhos. – nunca vou me esquecer desse momento. – me abraçou forte. Realmente eu também não me esqueceria desse momento mágico que acabamos de ter.

 


Poucos minutos depois descemos e nos juntamos ao pessoal. Quando deu quatro e meia da tarde, eu tive que ir já que tinha que levar minha avó na casa da irmã dela às cinco. Dez minutos depois eu estava lá. Tomei um banho rápido, ainda mais por que não havia tomado banho depois do acontecido. De banho tomado e já pronto desci e fui na cozinha beber uma água. Enquanto bebia água olhava pela janela, que era em cima da pia, um ponto qualquer lembrando de Michelle. Estava triste pela sua partida. Minha avó chegou na cozinha e parou do meu lado me olhando.

 


H: sei que está acontecendo alguma coisa. Desde que voltou está estranho, pensativo...se abra pra mim. – disse pegando na minha mão.



G: estou triste sim vó. Amanhã a Michelle vai embora.



H: sua namorada? Por que? O que houve?



G: vai pra nova York, uma agencia a contratou.



H: isso é bom não é? Veja pelo lado positivo, enfim ela conseguiu o que queria.



G: mas eu a amo vó. Vai ser difícil ter que ficar sem ela. Demorei tanto pra conquista-la e agora ela parte assim e me deixa.



H: meu filho, a vida nem sempre é justa conosco. A vida é feita de chegadas e partidas, a gente que tem que estar sempre preparado pra essas coisas. Você tem que ser forte meu filho. O amor é algo generoso e quando amamos alguém devemos aceitar tudo, ou melhor, nem tudo, mas nesse caso é algo bom não é?E você quer vê-la feliz.



G: é. eu não sei o que faria sem você vó. – disse abraçando ela. Ela sempre me dava conselhos muito sábios. Com ela aprendi muitas coisas, mas do que na escola. Ela era minha vida, minha professora, minha mãe, minha lição de vida.



H: você deve estar pronto pra quando eu partir. – disse ela saindo do meu abraço.



G: por que está dizendo isso? Você vai viver por muitos anos vó.



H: mas um dia irei partir também meu filho. E terá que aprender a se virar e ser forte, erguer a cabeça e seguir em frente.



G: não sei se conseguiria.



H: vai conseguir. Estarei sempre ao seu lado guiando seus passos.



M: to pronto. – disse Mikey chegando na cozinha e dando um fim naquela conversa super pra baixo. Não podia imaginar minha vida sem minha avó Helena.



H: como está lindo meu filho mais novo. – disse ela indo abraça-lo que ficava todo bobo quando ela o mimava.



Enfim estávamos a caminho da casa da Tia Glorette, quase uma hora de viajem. Ficamos bastante tempo lá já que a tia Glorette gostava muito de falar e ela e minha vó Helena adoravam contar as mesma histórias sempre. Comemos um bolo que ela havia preparado e pronto. As duas ficaram conversando e nos contando suas aventuras de quando eram jovens e então minha avó viu que horas eram e preferiu ir embora. Já era dez horas da noite e eu já estava dormindo na poltrona.

 


H: mas já são dez horas? – disse olhando pro relógio.



Mar: sim.



H: mas como as horas passaram rápido.



M: é que estava tão divertida nossa conversa. –  disse Mikey todo contente, ele adorava ouvir as mesmas coisas não importava quantas vezes a mais sobre a infância da minha avó.



H: então vamos, Gerard já está quase dormindo. – disse minha avó se levantando.



Mar: tem certeza que não querem dormir aqui? Posso preparar um quarto pra vocês.



H: não, tenho muito que fazer amanhã cedo. Preciso ir à igreja e Gerard precisa se despedir de alguém especial. – disse me olhando com um sorriso no rosto.



Mar: vê lá, o menino está quase dormindo.



H: eu confio nele. – ela me olhou confiante. Nunca esquecerei aquele olhar.

 


De repente estava na estrada dirigindo e foi tudo muito rápido, estava com meus olhos pesando. Vovó e Mikey dormiam no banco de trás. A estrada estava escura. Meus olhos cada vez mais iam pesando e pesando até que...


Quando abri os olhos uma luz muito forte quase me cegando se aproximava rápido e foi só o que eu lembrava.


Abri meus olhos e senti uma forte dor na cabeça. Olhei em volta e estava tudo branco. Não reconheci aquele quarto. onde eu estava? Olhei pros meus braços e estavam cheios de tubos conectados a ele. Um barulho irritante começou ao meu lado direito e então entraram três pessoas e um deles começou a arregalar meus olhos colocando uma luzinha de tipo uma lanterninha neles. Examinou um, depois o outro e apagou a lanterninha e guardou no bolso. O outro segurava meu braço e media minha pulsação. O outro me olhava e anotava tudo numa folha sobre uma prancheta que segurava no colo. Tentei falar algo, mas me senti fraco e não consegui falar nada. O homem que examinou meus olhos injetou algo num dos tubos ligados a mim e eu me senti sonolento até que dormi.

Quando acordei de novo Mikey estava sentado ao meu lado e eu não tinha mais nenhum tubo ligado a mim. Mikey estava dormindo debruçado na minha cama. Eu levantei meu braço com um esforço, estava dolorido. Toquei nele e ele acordou e me olhou assustado.

 


M: Gerard, acordou...



G: on...on…de...es…tou? – perguntei devagar, pois ainda não conseguia falar direito. Me doía o corpo inteiro.



M: fique calmo. Não pode falar até se recuperar totalmente.



G: o que...a...cont... – tentei perguntar e ele entendeu.



M: Gerard, você está no hospital. – e começou a chorar me deixando nervoso. – você bateu com o carro.



G: * olhei pra ele assustado arregalando os olhos. *



M: a vovó morreu Gerard. – ele me disse debruçando seu corpo sobre o meu me abraçando. 

 


Nesse instante senti como se me apunhalassem no peito. Como se uma parte dentro de mim fosse arrancada. Comecei a chorar e senti meu coração acelerar à mil, estava nervoso, queria sair daquela cama. Comecei a tentar me soltar da cama mesmo sentindo toda aquela dor. Mikey apertou algum botão do lado da minha cama então entraram dois médicos no quarto e um deles segurou meus braços enquanto o outro preparava a injeção. Ele penetrou a agulha na minha veia e eu adormeci segundos depois com lágrimas ainda saindo de meus olhos e a imagem de Mikey no canto do quarto chorando com um olhar desesperado. Meus olhos foram se fechando até eu não ver mais nada.


Quando acordei de novo Mikey estava conversando com um médico que quando me viu acordar me examinou e depois se retirou. Eu não sentia mais tanta dor. Mikey veio até mim e mexia com os dedos incontrolável.

 


G: há quanto tempo estou aqui? – perguntei.



M: quase três semanas. Você ficou em coma por duas semanas e meia.



G: e quando posso ir embora? 



M: hoje. Mamãe está vindo pra nos levar. – mamãe?
O que estava havendo?



G: o que?



M: vamos morar com ela agora Gerard. Partimos pra nova Jersey amanhã.



G: não... – disse incrédulo. Eu nem conhecia minha mãe direito, ela nunca se preocupou comigo e agora eu tinha que viver ao lado dela. Isso seria constrangedor. Não queria de jeito nenhum.



M: não temos mais ninguém Gerard. Só nos restou ela.

 


Não tive outra escolha. No dia seguinte estávamos de viajem indo pra casa dela de ônibus com destino a Nova Jersey. Estava muito abalado com a morta da minha avó. Mikey não tocou no assunto pra dizer o que tinha acontecido. Ele também estava muito abalado. Não falava com ninguém, nem comia, assim como eu. Prometi pra mim mesmo, nunca contar sobre esse dia, queria me esquecer desse momento obscuro. 

  

Chegando em nova Jersey, minha mãe Donna que nesse momento não gostava de chamá-la assim, “mãe”, nos apresentou um quarto na sua pequena casa. A casa era de dois andar. No andar de baixo havia uma pequena sala, um banheiro e uma cozinha estreita, em cima havia dois quartos com banheiro e um outro banheiro independente. Era uma casa bem pequena e bem modéstia.

 


D: esse será o quarto de vocês meninos. Não é grande coisa, mas espero que gostem. Arrumei tudo pra vocês. – disse tentando nos animar.

 


O quarto estava pintado de azul e tinhas duas camas de solteiro e um armário. Havia alguns pôsteres do homem aranha colado na parede. Definitivamente, ela não nos conhecia direito. Logo que ela saiu arranquei todos aqueles pôsteres dali e coloquei alguns de bandas que eu gostava que eu havia trazido da antiga casa.


Mikey não fazia outra coisa senão ficar sentado em sua cama calado pensando. Eu também estava muito abalado, mas parecia que a ficha ainda não tinha caído. Minha avó Helena, tem noção do que é a perda dela? Ela era minha vida. Aceitar a morte dela foi difícil, muito difícil...passei o dia todo dentro do quarto, passei a noite em claro tentando lembrar do dia do acidente, eu só me lembro de estar dirigindo e mikey e minha avó dormindo no banco de trás. Sonhei com isso três vezes numa só noite, definitivamente não consegui mais pregar os olhos depois disso. Só conseguia sentir culpa pelo que tinha acontecido. Se eu não tivesse dormido...

 

Quando amanheceu Donna apareceu no quarto e levou um susto ao me ver com os olhos arregalados.

 


D: não sabia que já estavam acordados.



G: Mikey ainda está dormindo.



M: não estou não. – disse num sussurro abafado. Ele estava deitado de lado de costas pra mim, não sabia que ele já tinha acordado.



D: vim avisar que o café está na mesa. – nem eu nem o mikey respondemos. – ta...quando quiserem descer...estou lá embaixo. -  e fechou a porta.

 


Mas mikey e eu estávamos muito abalados pra pensar em comer. Continuamos em nossas camas deitado. Nesse dia não comi nada. De noite quando o quarto estava todo escuro, ouvi mikey me chamar, me levantei e quando o olhei ele estava sonhando. Eu o sacudi e ele abriu os olhos assustado.

 


M: o que foi Gerard? Aconteceu alguma coisa?



G: você estava sonhando. Estava falando sozinho.



M: eu?



G: é. Volte a dormir. – e voltei a me deitar na minha cama.


Estava calado olhando a sombra de uma arvore que se mexia do lado de fora fazendo reflexo na parede do quarto e quase se formava um rosto. Foi então que ouvi mikey me chamando baixinho. Olhei pro lado e puder vê-lo virado pra mim me olhando por detrás dos óculos.


G: o que é? – perguntei.



M: eu...eu preciso te contar...uma coisa...



G: sobre o que?



M: sobre aquele dia. – disse se referindo ao dia do acidente. Ele tinha a voz trêmula, parecia bem nervoso. Eu voltei a olhar pra sombra da arvore.



G: não quero saber.



M: mas eu preciso...



G: Mikey, guarda pra você. – não queria ouvir ainda nada sobre o acidente, ainda não estava preparado.

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