Crônicas De Ninguém escrita por Dexx


Capítulo 7
Capítulo 6: Caos, incorporação e hostilidade


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa, me desculpem pela demora entre o capítulo anterior e esse, ando um tanto sobrecarregado no meu emprego, daí me fugiram momentos de escrever, eu já tenho uma ideia do que vai ser cada capítulo, mas preciso montar um script de cada um e isso eu tento fazer de maneira criativa para ficar agradável de ler, se eu postar como tá tudo na minha mente, ninguém vai entender nada, minha mente é uma bagunça ^_^
Outra observação importante, não vou indicar música nesse capítulo, pois o silêncio é a trilha sonora perfeita para ele (principalmente os momentos finais dele).
Agradeço todos vocês que estão acompanhando o que escrevo aqui *¬*



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Foram apenas alguns segundos em que observei o professor novo até que ele entrou na sala dos professores, fiquei muito curioso, pois talvez ele soubesse algo sobre o que eu vi, mas também com medo pois ele poderia muito bem ter relação com o ataque.


–- Armand! Hey! Acorda! – me chama Josi. –- O sinal já tocou, vamos pra sala logo.

Acompanho a garota mas meus pensamentos continuam vagando longe dali, como se eu estivesse dormindo de olhos abertos.



Me sento no fundo, Josi senta-se logo à minha frente e vira-se para ficar conversando comigo. O professor da primeira aula demora de chegar na sala, até que finalmente ele aparece e para a minha surpresa é aquele que eu observei no pátio.


–- Boa tarde pessoal! – ninguém responde e a maioria dos alunos da sala está conversando ou jogando bolinhas de papel.

Até que se pode ouvir um barulho muito alto e todos se calam com o susto. O professor havia batido com as duas mãos fechadas na mesa, causando aquele barulho.

–- Tenho a atenção de vocês agora? Todos sentados nos seus lugares e em silêncio!

A classe o obedece.

–- Novamente, boa tarde pessoal. Meu nome é Erick e sou seu novo professor de história.

Professor de história... Agora faz sentido aquela tatuagem dele, talvez ele apenas goste dos mitos do Antigo Egito e eu é que sou paranóico demais ao pensar que ele poderia ter ligação com o massacre.

A aula é de longe a melhor que já vi, Erick não passa textos e mais textos apenas para cópia, ele fala de cabeça fatos históricos e seu contexto, um professor realmente excelente naquilo que ensina. Ao final da aula, antes de sair da sala ele caminha até minha mesa e diz "gostei do seu colar", eu não falei nada, apenas acenei com a cabeça, realmente não sabia o que falar naquele momento.

O resto do dia na escola segue normalmente, até que na hora do recreio resolvo conversar com o professor que está no refeitório. Josi, que agora parecia minha sombra, vai junto comigo.

–- Podemos sentar aqui?– pergunto ao professor.

–- Claro! Fiquem à vontade. Armand e Josi, da 6ªB correto?

–- Isso mesmo.


–- Você quer perguntar da minha tatuagem, Armand?– Erick sorri.




–- E.. Eu...– fico sem saber o que dizer.





–- Eu notei que você ficou olhando para ela durante a aula, e devido ao seu Ankh suponho que goste de mitologia Egípcia. Estou certo?





–- Ah sim, isso foi um presente.– digo enquanto coloco a mão no pingente. –- Depois que ganhei ele eu me interessei por esse tipo de coisa.





–- Entendo, o que você quer saber então?





–- É... Essa figura no desenho, lembro de ter visto algo a respeito disso, é o Deus egípcio Anubis, certo?





O professor ri contidamente e me corrige: –- É um engano muito comum, visto que Anubis é o Deus mais, por assim dizer, famoso do Antigo Egito, mas não se trata dele na tatuagem.





–- Então quem é?– fico cada vez mais curioso a respeito disso.





–- Seth, o Deus egípcio do caos, incorporação e hostilidade. Ele também é conhecido como o Deus do deserto. Vou falar somente isso a respeito dele, para vocês dois não ficarem em vantagem diante da sala, será o tema de nossa próxima aula.





–- Ah, ok professor, mal posso esperar pela próxima aula.





–- Eu gosto de ver alunos tão interessados quanto você, Armand. É isso que dá gosto de ser professor. Bem, me deem licença, tenho que ir até a sala dos professores agora, até logo crianças.





O professor se retira e então Josi finalmente volta a tagarelar como o de costume, mas dessa vez ela faz uma observação importante: –- Credo, como alguém tatua um Deus que é considerado do caos? Armand, o que significa 'hostilidade'?





–- Significa violência, se não me engano.





–- Nossa! Eu teria medo desse bicho aí eu hein... E incorporação, é igual quando tem aquelas pessoas possuídas por demônios nos filmes?





–- Exatamente isso Josi. E eu também teria medo se algo assim existisse... Mas são só mitos, como todas religiões.





–- Como assim todas religiões? Você não acredita em Deus? – a garota parece estar chocada com meu posicionamento.





–- Veja assim Josi, se eu acreditasse na religião do Antigo Egito por exemplo, você não acredita nela, certo?





–- Certo...




-- Então, existem muitas outras religiões e algumas mais antigas que o Cristianismo, muitas delas são tratadas em aulas de história como sendo mitos, então por que as religiões de origem Cristã, ou Judaica não são tratadas dessa maneira? Eu respeito quem acredite no quer que acreditem, pois ninguém tem a resposta exata para certas perguntas, ninguém esteve do outro lado para saber o que acontece, entende?



–- Mais ou menos, você fala parecendo adulto algumas vezes...




–- É... Deixe me ver... Eu só não pratico nenhuma religião Josi, entendeu agora? Isso não significa que eu não acredite em algum Deus.





-- Ah, agora eu entendi. Eu acho...





–- Vamos deixar esse papo chato de religião de lado, tudo bem? As pessoas adultas costumam começar guerras por conta disso, o que é uma vergonha...





–- Tá bom! Gente adulta é estranha mesmo.– Josi sorri para mim.





Voltamos para a sala e assistimos as aulas restantes depois do recreio.





Eu continuo ali pensando, agora faz sentido tudo o que eu vi, já que o tal Deus Seth era o Deus do caos, ele gostava de desordem, por ser também ligado à incorporação, explicaria as atitudes estranhas de George e Mauro naquele dia, eles deviam estar possuídos, e a parte da hostilidade explicaria o motivo do massacre. Parece que finalmente me aproximo das respostas que busquei tanto tempo.




Depois da escola enquanto Josi e eu voltamos, percebemos várias viaturas de polícia em nossa rua.


–- Armand, o que será que aconteceu?

–- Não faço ideia...


Continuamos seguindo adiante na rua até que a mãe de Josi aparece: –- Josi, esse é seu amiguinho que mora no final da rua?




–- Sim mamãe, o nome dele é Armand.





–- É... Armand, fique lá em casa conosco algumas horas até as coisas lá se acalmarem, ok?





–- As coisas lá onde?– eu pergunto à mãe de Josi, estranhando a atitude da mulher.





–- Erm... Apenas não vá para casa agora, só algumas horinhas...





Imediatamente eu largo a minha bolsa no chão e saio correndo na direção da minha casa, pelo modo como ela falou, eu tive quase certeza de que aquele tumulto era na minha casa. Quando cheguei mais perto eu vi as faixas policiais de isolamento na frente de minha casa e corri mais ainda, furando a barreira policial onde alguns oficiais tentaram me segurar, mas tudo em vão, pois consegui ser mais rápido que eles e entrei em casa, onde vi a cena, uma das quais eu desejaria ter apagado da minha memória para sempre: Meu pai com os pulsos cortados, banhado em uma poça de sangue e com uma faca perto de seu corpo logo perto da porta da sala, e minha mãe no chão da cozinha, completamente desfigurada, com seu rosto, peito e barriga rasgados com o que pareciam golpes de faca, muitos deles, ao redor de seu corpo também havia uma poça de sangue na qual eu praticamente mergulhei para abraçá-la.... Eu segurei uma fração de segundos o corpo sem vida de minha mãe em meus braços quando um policial me segura e leva para longe daquela cena horrível, tudo parece estar em câmera lenta e não ouço som algum, tento gritar mas é como naqueles pesadelos onde você fica sem voz, tudo o que consegui fazer logo depois de ser carregado para fora de casa até uma ambulância que estava ali em frente foi desabar em lágrimas desejando que aquilo não fosse real...

 

 

 






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Notas finais do capítulo

Não sei o motivo desse espaçamento exagerado em alguns trechos, tentei arrumar algumas vezes mas o erro continua aparecendo todas as vezes que editei o texto.



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