Amor E Caos... escrita por Bel Russeal


Capítulo 8
A garota boba do sul.


Notas iniciais do capítulo

"Pecado é provocar desejo e depois renunciar."
Renato Russo.



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Em um suspiro tão rápido, levantei da cama, acordei assustada havia sonhado outra vez com o beijo de Antenor, foi assim no Domingo e agora se repetiu na segunda, quanto mais eu tentava esquecer aquele ato absurdo, mas o meu cérebro brincava de me fazer lembrar.

_Acordada? Isso é raro e bom. – Cezar disse abrindo a porta do meu quarto.

_Não estou tendo bons sonhos. – justifiquei e entrei para o banheiro para me preparar para o dia de aula.

Caminhava pela rua tranqüila, já que ainda era cedo o suficiente para chegar no horário. Perto da pracinha, avistei Jorge.

_ Bom dia, senhor Jorge.

_ Bom dia, querida Sam. Estava tão linda ontem na festa dos Grayson.

_ O senhor estava lá, como eu não o vi?

_Estava nos bastidores. Uma festa gigante daquela necessitava de todos os empregados.

_ E como está o clima da casa depois daquela confusão? – disse ainda caminhado e o senhor me acompanhava.

_ Pesado, mas isso ainda porque Antenor não esbarrou com o pai.

_ Ele não voltou para casa?

_Voltou, tão tarde que ninguém na casa viu entrar, mas o vi sair hoje à aula tão cedo que só eu fiquei sabendo que ele dormira lá hoje.

_Não queria esta na pele dele quando o pai encontrá-lo.

_ Nem ele queria. Enfim, tenha uma boa aula, Samantha. – ele disse parando perto do espaço de flores da praça e eu continuei o meu caminho para escola.

...

_Bom dia! – disse animada para os meus dois amigos sentados na arquibancada da escola totalmente desanimados.

_ Bom dia! – Caio e Camila, responderam juntos e pude notar o rosto de Caio um pouco roxo e com curativos.

_ Como você está, Caio? – perguntei preocupada.

_ Até você já sabe da briga, então definitivamente todos sabem, não é surpresa já que Toni está envolvido. – Gabe falava um pouco chateada.

_ Ela estava na festa. – Caio justificou e Gabe me olhou surpresa.

_ Meu pai trabalha para o pai de Antenor, tive que acompanhá-lo.

_Aquele Antenor é um idiota, olha o que ele fez com Caio. – Gabe disse irritada.

_ Eu sei, mas se te alivia, Caio o deixou bem machucado também. – disse dando uma leve risada.

_ É o mínimo que ele merece e o pior de tudo é que a noticia da briga apenas lhe adquiriu mais fãs, aqueles idiotas que adoram fazer piadinhas com tudo e com todos. – ela disse apontando com os olhares para turminha de Antenor.

Em uma roda de amigos, Antenor estava no centro e pelos gestos parecia contar a briga e a galera ovacionava e ria.

_ Esse sorriso sairá do rosto quando ele se encontrar com o pai e parar de fugir dele.

_ O pai com certeza lhe dará severos castigos por estragar aquela festança. – Gabe complementou.

_ Chega meninas! Eu não quero e nem gosto que se divirtam com a desgraça do Toni, a briga só aconteceu por que o provoquei, falei coisas que não devia de um jeito mais errado ainda. – Caio se manifestou.

_ Aposto que falou verdades, que ele é um verdadeiro idiota. – Gabe se levantou e disse séria a Caio.

_ Ele não é um idiota.

_Ele é um total idiota, vê se enxerga, Caio, ele não é mais aquele seu amigo de infância, ele se transformou em um verdadeiro imbecil. – Gabe disse alto e irritada, fiquei surpresa com a parte do “amigo de infância”.

_ Você só ver o lado ruim dele, eu consigo ver o lado bom. – Caio se justificou.

_ Porque você é um otário, olha o seu rosto, tem algo de bom nisso? – Gabe disse mais irritada ainda.

_ Chega, Gabe! Não da pra conversar com você. – Caio disse pegando sua mochila e entrou na escola.

_Acho que pegou pesado, Gabe. – me pronunciei.

_ O que foi? Vai defender Antenor agora?

_ Não, eu não estou defendendo ninguém.

_ Só esta do lado de Caio, como sempre. Devia assumir logo o que sente por ele. – Ela disse pegando sua bolsa e saindo também.

_ Gabe volta aqui, eu e Caio somos amigos, apenas isso. – disse me levantando e ela não deu bola.

_ Droga. –disse suspirando.

_Pelo visto a escola esta bem agitada hoje. Brigas por todo lado. – Olhei para o lado surpresa com a voz e era Dinho.

_Nem me fale. – disse rindo.

_É melhor ficar por perto que eu te protejo. – Ele disse engraçado e sorri.

_ Eu sei me proteger.

_ Isso é bom. – ele disse me acompanhando na entrada do colégio.

Caminhava conversando com Dinho pelos corredores da escola, logo entraríamos para sala, a campa tocaria, mas o papo era bom, ele era extrovertido e sabia guiar uma boa conversa.

_ Preciso falar com você. – uma mão forte puxou o meu braço.

_ Ta maluco? Me larga. – disse a Antenor.

_ Ei cara, não ouviu? Larga ela. – Dinho repetiu, já que Antenor ainda me segurava forte.

_ Não se intrometa. – ele olhou para Dinho.

_Quero conversar com você. – Toni disse para mim.

_Tudo bem. – disse empurrando Antenor que soltou os meus braços.

_ Tem certeza, Sam? – Dinho me olhou.

_ Tenho, eu já te encontro.

...

Antenor saiu me arrastando pelo braço e só me largou quando chegamos atrás da quadra da escola, onde não havia ninguém.

_ O que você quer?

_ O que você anda dizendo para esse Dinho sobre mim? – ele me perguntou sério me empurrando contra a parede e me olhando fixo, estava furioso.

_ Eu ? Nada. Eu não perco o meu tempo falando de você.

_Não quero que ande com ele.

_ E quem você pensa que é pra me falar com quem ou não devo andar.

_ Eu estou apenas te alertando, ele não é um bom cara.

_ Você nem sabe a definição de ser um bom cara, Toni. – disse rindo e ele me empurrou mais na parede nos aproximando.

_Se afasta de mim.

_ O que foi? Ta com medo de não resistir e me beijar novamente. – ele falou tão próximo que sentia sua respiração quente em minha pele.

_De resistir? Você que me beijou.

_ Você.

_ Não, foi você. – Iniciamos aquela birra de criança de 10 anos.

_ Você!

_ Até parece, suas mãos na minha costa me forçaram. – Disse firme e ele riu.

_ Mas você não deteve em nenhum momento, podia ter parado. Mas gostou, ta ai uma prova que esse ódio todo é atração. – Ele disse convencido e me empurrando mais na parede e colando nossos corpos.

_E quem disse que eu não parei? Quando me dei conta da sua boca nojenta na minha eu me afastei. – Disse firme e olhava em seus olhos.

_ Quero ver fazer isso de novo.

Ele me pressionou na parede e encostou seus lábios no meu, eu resistia, distribuía socos por seu peitoral, mas ele prendeu minhas mãos entre seu corpo e puxou minhas pernas para o seu tronco de maneira forte e aquele maldito choque elétrico de novo.

_Eu não quero. – dizia entre pausas e ele riu e voltou a me beijar.

Me colou mais em seu corpo e a sua mão direita puxava a minha coxa esquerda para o seu corpo nos encaixando mais, ele me beijava intensamente e eu estava começando gostar, eu me peguei desejando aquilo e em certo ponto parei de resistir e me entreguei aos seus beijos, passava minha mão por seus cabelos e explorava sua boca.

_Isso que é se afastar não é? – ele disse desgrudando de mim, recuperando o fôlego e tinha em seus lábios inchados e vermelhos uma risada.

_ O que? – disse me recuperando e dando um forte tapa nele, que apenas passou a mão no rosto ainda machucado pela briga de ontem e riu.

_ Se empolga fácil em? Me odeia tanto, mas isso não nega a grande atração que sente por mim. – Ele disse rindo e saia satisfeito, aquilo era um banquete para Antenor, ele me deixou como queria, louca pelos seus beijos e se retirou como se não significasse nada para ele, apenas mais uma.

_ Que droga. – disse com muita raiva e saia algumas lágrimas de meus olhos, tentava me recuperar, e abotoava a minha blusa que nem havia notado que estava aberta.

Sai correndo daquele lugar abatida, a campa já havia tocado a algum tempo e corria por aquele corredor, eu estava furiosa com o modo frio que Toni me tratou e mais ainda por não consegui resisti-lo, eu podia odiá-lo, mas eu tinha que assumir que havia uma atração entre nós, motivos que não conseguia conter seus beijos.

Entrei na sala e escondia o meu rosto vermelho com os meu cabelos, Antenor já estava na sala e não pude deixar de notar seu sorriso sarcástico ao me ver entrar na sala.

_ O que houve, aconteceu algo? – Caio perguntou preocupado ao sentar na sua frente.

_ Não, está tudo bem.

_ Eu acho que não, mas conversamos depois da aula.

...

No intervalo não fui para o refeitório, estava fugindo da conversa de Caio, sentei de baixo de uma árvore no pátio do colégio, tentava me concentrar em um livro, mas eu pensava em tudo que havia acontecido mais cedo e eu estava furiosa, Antenor iria me pagar.

O livro já não era o bastante pra me distrair, então usei o celular, escorregava o dedo pela tela na agenda de contatos, ligar ou não ligar para Lúcia Lorenzzi? Não, melhor não, voltei para tela inicial, ela não ligou e nem vai ligar, o visor do celular não acusa uma mensagem perdida, email, sinal de fumaça, uma chamada não-atendida. Nada.

_Qual é se minha mãe deixou o apartamento de herança pra mim, é claro que posso morar nele. - Em um pequeno susto a voz de Antenor me distraiu do celular em que eu tinha em mãos, ele falava com alguém no telefone, atrás da árvore em que eu estava sentada.

A arvore era grande e espessa, seu tronco era grande o suficiente para não notar a presença de Antenor anteriormente, logo atrás de mim. Em atitude curiosa me entortei ao máximo para enxergar atrás da árvore.

_ Não, ele nunca daria a permissão, você anda desatualizado ou o quê, Anderson? Eu briguei com o meu pai. – Ele continuava a falar.

_ Sou maior de idade, tenho o direito de usar a herança dela... Não eu não vou aguardar até meus 20 anos. – Me esticava mais um pouco para enxergar melhor Antenor no celular.

_E daí se isso estava no testamento, vou ligar para outro advogado. – ele disse desligando o telefone.

_ Droga! – sussurrei ao me desequilibrar e cair ao lado da arvore e Antenor me olhou intrigado.

_ Estava ouvindo minha conversa, sua pentelha? – ele disse se levantando do chão.

_ Eu ?

_ Sim, você.

_ Não, eu não estava. –Contrariei e ele revirou os olhos e se concentrou no seu celular de novo.

_ Sabe, eu tenho algo pra te falar. O que aconteceu hoje e sábado a noite nunca mais vai se repetir, eu não vou deixar você causar mais nenhum efeito em mim, nem mesmo ódio, porque eu não me importo com você.

_ É mesmo? – Ele dizia tampouco interessado em mim, discando algo no seu celular.

_Você esta me ouvindo?

_ Provavelmente, não! – Ele disse colocando o celular em seus ouvidos e fazendo uma ligação.

_ Oi, eu queria falar com o advogado Luís Garcia. – Ele dizia no celular.

_ Ei, eu to falando com você. – Falei quando ele virou as costas pra mim, me ignorando mais uma vez.

Bufei de raiva e subi em suas costas alcançando seu celular em que tinha no ouvido e peguei-o da sua mão, jogando no chão e pisando em cima do aparelho, e Toni me olhava boquiaberto.

_Aqui jaz um celular! – disse em uma imitação ridícula de um funeral.

_ Ficou louca, garota? Estava em uma ligação importante.

_Que bom que tenho sua atenção agora.

_Você é psicótica, extremamente maluca. – Ele disse juntando o aparelho do chão.

_ Quero lhe informar que a partir de hoje, eu não vou deixar você nunca mais pisar em mim, nem você e sua turma de idiotas, chega de ser a garota boba do sul. Então fique ciente e avisa para sua cambada de babacas pra ficar longe de mim.

_ Belo discurso, mas está muito incomodada pra quem disse que não se importa.

_Eu não me importo, mas se vocês se meterem comigo, eu vou me importar e me incomodar muito, e quando fico incomodada eu ficou mais do que psicótica.

_Você fica tão fofa se fazendo de perigosa. – ele disse fazendo um biquinho e depois riu.

_ Quer pagar pra ver?

_Quero. – Ele respondeu rapidamente e se aproximou. – Aguardo ansiosamente. – ele sussurrou e saiu rindo.

...

_ Finalmente achei você. – Caio disse ao me encontrar no meu armário pegando alguns livros.

_ O que queria? – Perguntei.

_ Você vem ver o jogo hoje?

_ Não, eu nem curto futebol.

_Mas eu vou jogar, quero ver você na arquibancada torcendo por mim.

_Não se contenta com as lideres de torcidas com aquelas dancinhas do acasalamento? – Perguntei e ele riu.

_ Não, você é mais importante, te vejo a noite. – Ele disse me dando um beijo no rosto e saiu.

Fechei a porta do armário e encontrei o rosto da Gabe.

_ Ai que susto!

_ Você vem mesmo pro jogo? – ela me perguntava enquanto me acompanhava pelo os corredores da escola.

_Tenho que vim, Caio me intimou a isso. – Falei e ela suspirou.

_ Ele não esta falando comigo.

_Porque não vem também?

_Para quê? Para o ver jogando com aqueles babacas que ele diz ser amigos dele?

_Não, talvez faça as pazes com ele.

_Duvido muito, mais fácil ele fazer as pazes com Antenor. Eu não vou mudar minha opinião sobre o que a gente discutiu, acho mesmo que ele deve se afastar de Antenor, mas Caio não desisti dele.

_Pelo o que ouvi são amigos de infância, talvez ele acredite que Antenor possa mudar.

_Pior, ele acredita que Antenor ainda é a versão boa de antes.

_DE antes?

_É , antes da mãe do Toni morrer.

_Você acha que ele se revoltou com a morte da mãe dele?

_ Não, ele só se iludiu com tudo que conquistou aqui, a fama de ser o capitão do time e ter todas as garotas aos pés dele, a morte da mãe dele não deve ter nada a ver com isso.

_Mesmo assim, me acompanha, nunca vim em um jogo da escola antes. – Insisti a Gabe.

_ Ta bom, talvez seja interessante, soube que Dinho entrou no time e que ele e Antenor se odeiam, deve rolar algo divertido. – Gabe disse rindo e entramos ao auditório da escola para a aula de teatro.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários do capitulo anterior!
Espero que gostem desse!



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