What Comes With The Wind escrita por Gwen


Capítulo 3
02 - Não um dos melhores banhos.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem novamente pela demora!! Esse capítulo ia ficar beeem chatinho, tanto que só começa a ficar legalzinho no final :) é alguma coisa. Espero que gostem!



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- Melanie, você chegou! – grita Abigail, minha vó da varanda da casa. Ela desce a escada e anda na minha direção com os braços estendidos.

Lá vamos nós, pensei.  Minha vó me abraça com uma força que nem toda senhora de quase setenta anos teria. Depois arruma meus cabelos, aperta e beija minhas bochechas e diz “ Como você cresceu! Já é uma mocinha!”.  Depois de alguns minutos, consigo falar.

- Oi, vó. Também senti sua falta.

- Ah, querida. – ela diz com a voz cheia de emoção. – Bom, Peter, pode levar as malas dela para dentro, por favor? Venha conhecer seu quarto, Melanie, é o mesmo de antes.

Se com “antes” ela quer dizer doze anos atrás, então vou preferir dormir na sala. O meu quarto naquela casa era cheio de babados, bonecas de pano e ursos felizes por todos os cantos.

Segui Peter e minha vó para dentro de casa. Ela continuava a mesma coisa, decorada com móveis clássicos de madeira branca, quadros nas paredes, fotos da família. Subimos até o segundo andar e paramos em frente a uma porta branca. Meu quarto.

Assim como eu temia, ele continua exatamente a mesma coisa. As paredes são de um tom amarelo claro, com cortinas brancas (com babados, é claro) nas janelas. A cama e o armário tem entalhes em formato de flores na madeira.

Eu torso o nariz. Peter prende uma risada e sai do quarto. Minha vó põe as mãos em meus ombros.

- Então, querida, vou deixa-la sozinha para arrumar suas coisas. Daqui a algumas horas o almoço está pronto. – ela diz, com a voz animada.

- Hum... Ok. – respondo.

Depois que minha vó sai do quarto, eu me sento na cama e encaro minhas malas. Elas são simples, pretas, mas as encaro com mais frequência do que gostaria. Bufo enquanto puxo uma delas para perto de mim e a abro. Vou tirando as mudas de roupas e deixando em cima da cama. Faço o mesmo com a outra mala e logo elas estão vazias e minha cama, lotada.

Parto para o armário. Meu plano de deixa-lo arrumado e bem apresentável vai para ralo depois da segunda muda de roupas. O resultado são três pilhas desarrumadas de roupas. Olho para minha obra durante alguns segundos depois desço.

Minha vó está na cozinha com algumas panelas no fogo. Parece surpresa em me ver.

- Já arrumou tudo? – ela pergunta levantando uma sobrancelha.

Eu dou de ombros.

- Foi pouca coisa. Agora eu vou... Sei lá, dar uma volta.

Abigail acena com a cabeça e volta para o que estava fazendo. Abro a porta e saio.

Sou pega por uma corrente de ar fresco. Fecho os olhos e respiro fundo. Morar na cidade pode ser maravilhoso, mas você nunca respirar uma ar puro como esse. Esse faz você querer fechar os olhos e sorrir.

Sento em uma das cadeiras de balanço na varanda, apoio os pés na cerca e fico olhando para o nada. Não muito longe, há uma casa de madeira com dois andares – o galinheiro. Mais ao longe, vejo plantações. Penso em ir lá ver o que há plantado, mas a preguiça vence.

Peter passa puxando um cavalo marrom e branco pelas rédeas. Ela para e olha para mim.

- Cansada? – ele pergunta com o tom de voz debochado.

Dou de ombros.

- Talvez. O que está fazendo?

Ele dá um tapinha nas costas do cavalo.

- Vou dar banho nesse garoto aqui.

- Posso ir? – pergunto. Não que dar banho em um cavalo fosse meu sonho de verão, mas eu não gostava de ficar muito tempo sem fazer nada.

Peter levanta uma sobrancelha.

- Puxa vida, por essa eu não esperava. Tem certeza?

Eu me levanto e ando até o outro lado do cavalo.

- Não entendi a surpresa. Vamos logo.

Andamos até onde parecia ser o celeiro. Peter amarra o cavalo (cujo nome é Baxter) em uma estaca de madeira. Puxa uma mangueira e me dá uma das pontas.

- Segure isso. – ele diz, depois vai conectar a outra na torneira. Não percebo quando ele a abre, então a água começa a jorrar na minha blusa. Peter ri.

- Droga! – grito. Baxter relincha e bate os cascos no chão.

- Calma aí, vai estressar ele. – diz Peter, dando tapinhas no pescoço do cavalo.

- Sinto muito, senhor cavalo. – digo sarcasticamente.

Peter pega um balde, um sabão em barra e duas escovas.

- Pode molhar. – ele diz.

Eu poderia muito bem começar a molhar Baxter. Ao invés disso, viro a mangueira para o garoto na minha frente, mirando o jorro de água bem na sua cara.

- Melanie! – ele grita, indignado.

- Foi mal, você falou para molhar. – eu me defendo, virando a água para o cavalo. Ele relincha de novo e dá uns passos (cavalos dão passos?) para longe da água. – Ah, qual é. Que cavalo mais frouxo.

Baxter relincha com indignação e eu o mando calar a boca.

- Ok, chega. Me dá aqui a mangueira. Você passa o sabão.  – diz Peter, tomando a mangueira das minhas mãos antes que minha discussão com o cavalo ficasse violenta. – No cavalo. – ele completa.

Passo o sabão em todo o flanco do animal, depois o pescoço. Peter me dá a escovinha e eu começo a esfregar. Baxter fica parado, para minha felicidade.  Chegando perto das pernas, eu hesito.

- Se você me der um coice, eu te faço engolir esse sabão. – ameaço.

Termino de ensaboá-lo, e Peter tira todo o sabão. Depois de mais alguns minutos, Baxter estava limpinho, cheiroso (bom, nem tanto, já que cavalos não podem cheirar tão bem assim) e seco.

Peter se vira para mim. Provavelmente iria falar um “bom trabalho”, mas esqueceu de que a mangueira que segurava ainda estava ligada. A água me atingiu no rosto e molhou minha blusa quase seca.

- Ih, foi mal. – diz Peter, prendendo uma risada. Provavelmente minha cara de ódio parecia engraçada.

Uma verdade sobre mim: detesto quando riem de mim. Por isso, pego o balde cheio e não hesito antes de entorná-lo em cima de Peter.

- Pois é, foi mal. – repito. Ele cospe água e olha para mim. Seus olhos estão cerrados e sua boca se contorce em um sorriso maldoso. Entendo que é hora de correr. Mas antes que conseguisse dar mais de dois passos, ele passa o braço pela minha cintura.

Grito para ele me soltar, mas a única coisa que ele faz é me levantar. Depois me deita no chão de terra molhada, sujando toda minha roupa. Antes que pudesse me levantar, ele pega a mangueira e minha o jato de água bem na minha cara. Tento levantar, mas ele se ajoelha e me segura no chão, ainda me molhando. Eu o xingo de todos os nomes que conheço.

Consigo me sentar, e antes que Peter pudesse me puxar para baixo novamente, eu me jogo em cima dele. Tomo a mangueira de sua mão e miro a água em seu rosto. Riu com a vitória.

- Toma, otário! – digo, rindo. Então ouço um pigarrear atrás de nós. Um homem está nos observando de braços cruzados.

- Tio Paul! – exclamo. Paul é o único irmão do meu pai que não se mudou daqui.  Eu também não o via há muito tempo.

- Olá, Melanie. Bom te ver. – diz ele, sorrindo. – E oi, Peter.

Peter resmunga um oi enquanto me empurra de cima dele e se levanta. Eu também me levanto. Estou encharcada e suja de lama, assim como ele. Tento não olhar muito, mas não deixo de perceber que sua camisa molhada está grudada em seu peito. Olhe para outro lugar!, digo a mim mesma.

- Bom, minha mãe mandou avisar que o almoço está pronto. – diz meu tio. – Mas é bom vocês irem tomar um banho antes.

Eu vou em direção a casa sem esperar. Limpo os sapatos da melhor forma no tapete da entrada para não fazer uma trilha de lama dentro da casa. Subo as escadas correndo e vou para meu quarto. Pego uma roupa e minha nécessaire e vou para o banheiro do corredor. Tomo um banho frio (adivinha só, sem água quente!). Ouço batidas na porta.

- Você morreu aí? – pergunta Peter.

Abro a porta e dou um sorrisinho vitorioso para ele, que continuava sujo de lama.

- Não. – respondi simplesmente.

Dou um tapa atrás da sua cabeça antes de descer. A comida cheirava maravilhosamente bem.


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Notas finais do capítulo

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