What Comes With The Wind escrita por Gwen


Capítulo 2
01 - Ganho minha passagem para o inferno


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo, desculpem pela demora, espero que gostem!!



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Olho irritada para as duas malas cheias na minha frente. Nelas estão socadas (desculpem, arrumadas) quase todas as roupas que eu tenho, que não são tantas assim. Minha mãe havia me obrigado a arrumar as malas á noite, já que o voo seria ás quatro da manhã do dia seguinte, a primeira sexta-feira de féria. É um absurdo, e eu quero ficar trancada no meu quarto xingando e comendo, mas é claro que as coisas nunca vão conforme o planejado.

Olho para o relógio e vejo que eram são dez horas da noite. Enterro minha cabeça no travesseiro e tento dormir. Acho que cochilo um pouco, porque minha mãe (eu não sei o que ela estava fazendo na minha casa, uma vez que ela não mora aqui) me acorda. Entre resmungos, me arrasto até o banheiro e tomo um banho gelado (que não são os meus favoritos) para acordar.

A única coisa que faço é arrastar minha mochila e meu corpo semiadormecido para dentro do carro e esperar os adultos. Meu pai coloca as malas no carro e nós partimos para o aeroporto. Por incrível que pareça naquele horário, o lugar está até cheio de famílias se preparando para a viagem de férias. Observo emburrada uma menininha perguntar inúmeras vezes ao pai se já estava na hora de ir. Eles iriam para a Disney. Que alegria.

Coloco os fones de ouvido e espero até a hora do meu voo. Chegamos com muita antecedência, então deu tempo de comprar balas e fazer um lanche antes de uma mulher no autofalante dizer que os passageiros do voo para o Texas deviam embarcar. Deixo meu pai levar meu carrinho, depois passamos por todo o processo antes do embarque. Meus pais me abraçam várias vezes e dizem que sentiriam minha falta.

- Legal dizer isso antes de me mandar para o inferno. – comento.

- Pare com isso. É um inferno bem agradável, você vai gostar. – diz minha mãe, passando a mão no meu cabelo.

- Tá, que seja. Vejo vocês depois. – digo, depois vou em direção ao embarque.

Ainda tinha três horas de voo pela frente, então me acomodo na minha poltrona e ponho os fones de ouvido. Por sorte, havia baixado vários novos CDs e colocado no meu iPod. Assim me mantinha devidamente entretida até chegar em terra firme. Como quase tudo que a aeromoça oferecia, dormi um pouco, até avisarem para apertar os cintos.

Finalmente, pousamos. No aeroporto, pego um carrinho e minhas malas. Na sala de desembarque há pessoas esperando com cartazes com vários nomes. Haviam um “Mary Jane, nós amamos você!” e um “Rudolf, nós estamos morrendo de saudades!”. Procuro qualquer cartaz que seja escrito meu nome, mas não encontro nenhum. Reviro os olhos e vou me sentar em um banco. O que, eles esperam que eu saia andando por aí? Ah, não mesmo.

Afundo mais no banco, cruzo os braços, apoio minhas pernas no carrinho e espero uma alma que me leve daqui. Os passageiros que estavam no meu voo já de dissiparam, seguindo seus caminhos.

Um garoto aparece andando em passos largos. Ele olha para os lados e seus olhos encontram meus. Eu desvio o olhar, deixando parecer que nem sequer o vi, mas ele anda em minha direção. Disfarce, disfarce, digo a mim mesmo.

- Melanie? – ele pergunta, com a voz arfante.

Ele tem cabelos cor de areia e olhos verdes claros. Está usando uma calça jeans e uma camisa azul escura em gola V. Uma coisa que concordarei eternamente é que deveria ser lei garotos gatos usarem apenas camisas em gola V. Para o bem da humanidade.

- Quem quer saber? – pergunto, saindo dos meus devaneios.

Ele ergue as duas sobrancelhas.

- Eu quero. Sua vó pediu para eu vir aqui te buscar. Então levanta logo que nós ainda temos três horas de viagem.  – ele diz dando as costas.

Levanto-me em um salto. Pego meu carrinho e vou correndo atrás dele.

- Ei, espere aí! Como assim minha vó pediu para você me buscar? Eu não te conheço!

- Você me conhece, mas não se lembra. Brincávamos juntos quando éramos pequenos. – ele diz sem se virar.

Eu reviro os olhos. Tento parecer indiferente enquanto minha mente trabalha a mil por hora tentando lembrar daquele garoto. De alguma forma, ele até me parecia familiar...

- Peter!? – eu exclamo quase assustada por me lembrar do seu nome.  – Meu Deus, você cresceu!

- Pois é, você também. – Ele gira o pescoço e me olha. – Que bom, não?

Antes que eu pudesse perguntar o que isso significava, chegamos a uma caminhonete azul clara enorme e enferrujada, que com certeza era mais velha que eu.

- Vamos andar nisso? – pergunto.

- Tenha respeito. Ela é uma senhora de idade. Eu mesmo a concertei. – diz Peter, com orgulho na voz.

Eu reviro os olhos.

- Tá, que seja.

Observei enquanto Peter colocava minhas malas na carroceria, tentando manter meus olhos em outros lugares que não sejam seus braços musculosos. Lembro-me da imagem do menino magricela e corria comigo nos campos da fazenda. Isso fazia uns doze anos, e eu também mudei bastante, deixando as trancinhas de lado.

- Vamos lá. – diz Peter. Entro no carro e bato a porta e ainda tendo a sensação que ela está aberta. Só por precaução, abro e fecho a porta com mais força, tento certeza que está fechada e que eu não cairei durante o trajeto.

O caminho a cidadezinha de Burnetown dura cerca de duas horas. A cidade é tão pequena que, depois de alguns minutos na velocidade normal, ela já havia acabado. A próxima hora para a fazenda é por uma estrada de terra. O carro balança e chocalha o tempo inteiro.

- Já estamos chegando? – pergunto, enjoada.

- Não, e se você perguntar de novo, te jogo para fora do carro. – responde Peter com a voz contida.

Finalmente chegamos em um grande portão de madeira. Peter desce do carro e abre as correntes grossas com um molho de chaves que tira do bolso. Depois de passar com o carro, ele volta e o tranca de novo. Andamos mais alguns metros até ver uma casa enorme de dois andares, de madeira branca. Peter estaciona o carro. Eu saio e paro, olhando para a casa. Peter tira as malas da traseira e para ao meu lado.

- Bom, lar doce lar.


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Notas finais do capítulo

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