...” When you're gone the pieces of my heart are missing you ,when you're gone the face I came to know is missing too, when you're gone the words I need to hear to always get me through the day and make it ok I miss you”...

E lá estava eu. Sentada na sacada observando Liam colocar as malas no taxi para ir até a estação de trem pegar seu rumo para Paris e posteriormente para a Australia. Eu sabia que não o veria de novo. Ele estava com uma camiseta com o símbolo do Batman que eu havia dado para ele uma jaqueta de couro preta, um jeans escuro e tênis brancos. É ele estava lindo.

–Vai ficar só olhando mesmo? –Elliot apareceu atrás de mim. –Sabe que pode ir se despedir dele.

–Vou ficar só olhando. Agora pode sair já. –Eu disse e Elliot saiu com as mãos pra cima do estilo “eu me rendo”. Eu ainda estava muito brava com ele por ter me visto sofrer e não falar absolutamente nada. Continuei ali sentada praticamente escondida observando toda aquela cena, vendo Liam ir embora e eu sentada ali, sem poder fazer nada. Eu queria fazer, eu sabia disso, só que o orgulho estava sendo tão maior que eu. Liam ia colocando as malas no carro enquanto Lizzie corria em volta do carro com Georgia. Elliot chegou até Liam o cumprimentou, e entrou na casa pronto para pegar mais algumas coisas. Uma bola enorme foi se formando em minha garganta, deixando estomago ruim, coração batendo forte, garganta seca, eu queria chorar. Eu queria chorar por que Liam Cartter estava indo embora. Ele não estava feliz. Eu conhecia aquela cara, era do tipo “está tudo bem. Ninguem precisa saber que eu não estou bem”. E por um momento eu quis pular aquela sacada e ir abraça-lo. Quando me dei conta eu já estava chorando. Eu não sabia o que fazer, mas ver ele partir não era uma coisa normal e muito menos agradável. Me dei conta que enquanto estive olhando ele, lembrei de todas as coisas boas juntas que passamos juntos, inclusive o fundo do meu celular não me deixava esquecer... já que era eu e ele de fundo. Não tinha dito coragem para tirar ainda.

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–Peça desculpas ao seu amigo Jessica. –Minha mãe dizia enquanto eu batia o pé de tanto ódio. –Ele errou, mas você também, aceite as desculpas dele, para de ser orgulhosa menina! A gente perde tudo que é bom com orgulho. – Não sei por que mais me lembrei de minha mãe falando isso quando eu tinha 13 anos e briguei com um menino da minha sala porque ele pegou meu estojo de canetas coloridas e eu bati nele. Respirei fundo, Liam estava colocando a ultima mala no carro e fechando o porta malas. Desci as escadas correndo, corri até chegar perto o suficiente para andar e não aparecer louca.

–Jessica? –Ele disse olhando em meus olhos, parecia que ele iria chorar.

–Liam. –Eu disse ficando frente a frente com ele. Foi quando me dei conta que Elliot seus pais, Lizzie e Georgia haviam entrado na casa e nós deixado sozinhos do lado de fora. Meu coração estava acelerado e meus pensamentos uma bagunça.

–Eu tenho uma coisa para você. –Ele disse e eu olhei com certa curiosidade. –Eu ia entregar para Elliot mas, você está aqui. –Ele sorriu. Puta que pariu ele sorriu. Sério, estava ficando difícil não me desmontar na frente dele e chorar tudo.

–O que é? –Ele entregou uma caixa para mim.

–São todas as suas coisas... que bem, estavam aqui. Achei que iria quere-las de volta. –Ele colocou as mãos no bolso da frente da calça, era o sinal de que ele estava tímido ou envergonhado, tinha certeza. Abri a caixa e pude ver um moletom meu e mais algumas coisas, voltei a fechar a caixa e coloca-la no chão, o olhando novamente.

–Hm, eu vim aqui para, para, para, -Eu vazia círculos com a mão tentando desenvolver a conversa, mas minha mente estava vazia. – Para, como diz mesmo? –Eu sorri toda idiota, que mico.

–Para se despedir? –Ele levantou o olhar e olhou em meus olhos, seus olhos estavam marejados. E essa frase foi como uma facada em meu coração.

–Sim. –Eu disse e olhei para meus pés, eu não queria chorar, muito menos na frente dele. – Então, boa viagem. –Eu voltei a sorrir de forma não natural. –Aproveita bem. Adeus Liam. –Eu sai andando.

–Adeus Jessica. –Sua voz saiu embriagada e eu parei de andar na hora, sentindo minhas lagrimas percorrerem meu rosto. Não foi assim que eu imaginei dizer adeus para ele um dia. Virei meu corpo olhando para ele, alguns passos de distancia e dava para ver claramente que ele também estava chorando. Em um ato de impulso corri em sua direção o abraçando forte. Soltei todo o meu choro em cima de seus ombros. Liam envolveu minha cintura me apertando forte, e com uma mão em meus cabelos, alisando-os. Eu apenas estava agarrada em seu pescoço, sentindo o cheiro de seu perfume pela ultima vez. Nós dois estávamos chorando.

–Quando eu disse que preferia que você estivesse morto era mentira. –Sussurrei com dificuldades em seu ouvido. E ele soltou um suspiro aliviado terminando o choro. Afastei nossos corpos e olhei em seus olhos que estavam completamente vermelhos. Aquilo tinha sido muito perturbador para minha cabeça.

–Vou sentir sua falta. –Ele disse e mordeu os lábios enquanto passava as mãos pelo rosto enxugando as lagrimas. Eu apenas sorri de volta para ele, peguei a caixa e sai andando para minha casa. Assim que passei pelo portão me sentei no chão e cai num choro desesperador. Parecia que não entrava nem ar em meus pulmões da intensidade do choro. Vi de longe o taxi passar com Liam dentro, e por um momento eu quis correr atrás daquele taxi e impedir que ele fosse, mas eu não podia fazer isso, eu não podia. Elliot entrou em casa e me viu sentada na varanda aos prantos, ele apenas entortou a cabeça me olhando com pena e se sentou ao meu lado.

–Foi corajosa fazendo aquilo. Você vai ficar bem. –Ele me abraçou de lado e eu deitei a cabeça em seu ombro. Ele me virou para ele me abraçando forte enquanto eu caia ainda mais no choro. Depois de toda aquela crise, subi para meu quarto trancando a porta e colocando a caixa que ele me deu sob a cama. Abri a caixa e tirei meu moletom, em baixo dele havia uma blusa de Liam que eu sempre pedia para ele me dar. Aquilo bastou para que eu continuasse a chorar. As nossas fotos estavam ali, e todas tinham alguma coisa escrita atrás. E em uma das laterais da caixa havia uma pequena caixa aveludada que continha um anel com pequenas pedrinhas brilhando e a lateral prateada estava junto com um bilhete:

“Eu queria ter te entregado antes do teatro, antes de tudo, mas parece que eu acabei me esquecendo disso também. Me desculpe por ter colocado coisas fúteis acima do nosso amor, com saudades, Liam.”.

Sério mesmo? Ele foi embora e deixou uma coisa dessas para mim? Junto com meu anel tinha um outro, só prata, provavelmente seria o dele pelo tamanho do anel. Agora por que deixar isso para mim? Ele poderia muito bem dar a outra pessoa quando a conhecesse, mandar gravar outros nomes dentro deles, seria tudo mais fácil, para ele e para mim, se ele não tivesse dado uma aliança para mim um pouco depois de ir embora. Abracei aquela caixinha colocando o anel em meu dedo. E eu acho que aquele choro que eu chorava era uma mistura de ódio, saudade e decepção. Continuei vendo as coisas que haviam dentro da caixa, eram dvd’s , cd’s, que eu gostava e ele dizia que nunca iria me dar, a não ser quando morássemos juntos que seriamos obrigados a dividir o mesmo espaço. No fundo da caixa havia um evelope pardo quase estourando. Dentro dele havia algumas boas cartas, eu precisava lê-las.

“Estamos a uma semana antes do teatro, e você não faz ideia de como eu queria te obrigar a desistir dessa peça. Se alguma coisa der errado, se desconfiarem eu posso te perder, e isso é o que mais me assusta não é nem o fato de eu estar mexendo com assassinos a sangue frio. Te perder é meu maior medo e sempre foi, e sempre será. Queria que você não estivesse passando por isso, até mesmo que eu não estivesse passando por isso, mas eu já estou envolvido demais nisso, por isso deixei você de fora, não quero você envolvida nisso também. Prezo pela sua segurança, espero que você entenda isso. Por que na minha cabeça, eu não estou fazendo nada de errado (tirando o fato de que estou mentindo para você) mas tudo isso é por uma boa razão. A policia também achou que você não deveria se envolver, eles acham que você estaria mais segura não sabendo disso tudo. Eu te amo muito Jess”

Ele insistia em dizer que estava certo. Mentindo para mim, realmente não é errado... ai por favor. Mentir pra mim foi errado demais! Eu estava em perigo sem ao menos saber. Mas de certa forma ele salvou mesmo a minha vida, na verdade ele salvou mesmo. Se ele não estivesse lá escutando aquela conversa, todo aquele papo, e mudado totalmente os planos de Lohana eu estaria morta a essa altura. Tudo bem, ele não quis me contar, e nem a policia, eu poderia estragar o plano todo. Certamente eu estragaria, eu não aguentaria uma ameaça de morte sem fazer nada. As outras cartas eram poeminhas e letras de musica que eu sempre ouvia com ele, era ótimo rever aquilo, uma nostalgia boa, como se ele estivesse comigo ali naquele momento.

“Deu tudo certo não é? Pelo menos você esta viva. Jess, me desculpe pelas tantas mentiras, pelas vezes que eu te fiz chorar, pelas vezes que coloquei esse plano fútil a cima de tudo. É que eu não aguentava mais as pessoas me chamando de mentiroso, idiota, louco... machucava muito. Machucava ainda mais saber que eu não fiz nada para salvar a vida de Tyra, e por isso eu precisei salvar a sua. Eu tinha que salvar a vida da única pessoa que eu amo, da única garota que me mostrou como a vida é bonita em seus pequenos detalhes. Jessica você não é uma simples garota que eu amo, sim, claro que eu te amo, mas você é incrível. Quando eu te conheci acharam que você seria daquela que daria desculpa para tudo, devido a morte de seus pais. Mas você nunca fez isso, enfrentou criticas, julgamentos e você seguiu. Jessica, você foi mais que um exemplo de vida para mim! Quando eu perdi meu pai, eu ainda era bem novo, meu mundo devastou eu não tinha mais um herói em minha vida como os outros meninos da minha idade tinham. Dia dos pais passou a ser um dia para eu fugir e passar sentado junto com a lapide dele. Eu as vezes depois do dia dos pais dava a desculpa que estava ainda meio mal, e todos pareciam me entender. Mas com o tempo eu vi que isso que eu fazia era a coisa mais errada, dar desculpa pela morte de alguém. Então eu parei. Depois de muitos anos eu conheci Tyra, que com aquele jeito bagunçado me mostrou o quão bonita a vida era, e que eu tinha muita coisa pela frente para ficar me lamentando por problemas do passado. E quando ela se foi, os meus problemas do passado reapareceram. Meu mundo caiu. Antes eu era o primeiro jogador do time, eu comecei a beber, frequentar jogos de pôquer, eu perdi ate dinheiro de tamanho foi o fosso que eu estive. Lembro de Harold e Josh me buscarem bêbado em algum canto da cidade, e eles me xingavam e muito pelas minhas atitudes, diziam que a vida precisa continuar, mesmo sem algumas pessoas essenciais. Tomei vários remédios para controlar minha ansiedade e até mesmo todos os pesadelos que eu tinha com a morte de Tyra. Tinha dia que eu chegava na escola delirando de tantos remédios que eu tinha que tomar. Mas isso passou. Meus amigos me ajudaram, eu me recuperei, fiquei com os remédios de pesadelos porque ainda era muito difícil dormir. Foi quando eu te conheci, em toda aquela confusão e eu sabia que se eu tinha a chance de salvar alguém, eu precisava fazer isso. Já te contei toda essa historia, que você já deve estar cansada de saber. Mas foi isso Jess, eu salvei sua vida, mas você também salvou a minha quando entrou nela. E eu só tenho a agradecer por isso. Quando aconteceu tudo, desse plano de Lohana te matar meus pesadelos voltaram, e eu tive medo de não conseguir fazer nada. Mas eu consegui. Jessica, queria muito que entendesse meu lado. Mas eu sei que o erro que eu cometi, minhas desculpas nunca serão suficientes para cobri-lo. Mentir e esconder de você foi o pior erro que eu já cometi. Me desculpe. Eu te amo.”.

Ele escrevia as coisas com intensidade, e eu queria desculpa-lo, eu queria mesmo. E me senti mal por ter deixado ele ir. Eu não o veria jamais. É como aquelas historias que depois de um tempo ótimo juntos, um erro os separa para sempre. Eu não queria isso. Eu não queria encontrar Liam depois de um ano e apenas sorrir para ele, como se ele não tivesse proporcionado momentos incríveis para mim. Eu estava com medo, medo de o perder, de nos tornarmos indiferentes um para o outro. Isso me aterrorizava e muito. Eu enfim entendia o seu lado, e acho que ele entendia o meu também. Isso era um alivio. Mas eu não podia fazer nada, ele já estava bem longe de mim. Peguei a ultima carta, com as mãos tremulas de tanto chorar.

“Prometo que essa vai ser a ultima carta que eu vou escrever. Não vai precisar mais ler nenhuma de minhas baboseiras. Estou aqui sentado na varanda de observando, e não consgui evitar de lembrar do dia que eu te conheci. Dos teus olhos méis praticamente pegando fogo de tanto medo. Lembrei das noites que você não conseguia dormir, e me chamava pra sair. Me lembrei de Los Angeles e as suas incertezas de “qual roupa devo ir?”, e não importava qual roupa você fosse colocar, você ficaria ótima em qualquer uma. Já passou das quatro da manhã, e eu estou te observando tentando pensar no por que você ainda não esta dormindo. Eu queria vir aqui e escrever algo diferente, mas de qualquer forma meus pensamentos só me levam a você. Lembro-me dos dias de sorrisos largos, os seus sorrisos eu sinto como se fosse meu também. Te ver sorrir me faz sorrir, te ver chorar me faz chorar. E ultimamente a única coisa que ambos fazemos é chorar. Já cansei de escrever cartas sem sentindo, precisava escrever mesmo uma sobre o que eu sinto, os seus efeitos sob mim. Seu sorriso, sua voz, seu toque... porra Jessica eu te amo. Acordar sem uma mensagem sua, sem um telefonema é avassalador. Teve um dia que eu sonhei que estávamos bem, acordei todo feliz pronto para te mandar uma mensagem de bom dia, foi quando eu me lembrei que era só um sonho. Meu mundo desabou. Você é muito mais que um dia eu sonhei pra mim Jessica. Eu trocaria tudo pra te ter aqui de novo. Antes que tudo acabe de vez, mesmo eu achando que já acabou, queria que soubesse que suas cartas, suas mensagens, nossas fotos nossas viagens, estão todas muito bem guardadas. Digamos que uma tatuagem não me deixa esquecer de nada disso. Eu só gostaria de ouvir que você também sente minha falta, que também me ama, mas pelo visto eu não vou escutar mais isso. Eu fiz tudo pensando em mim, em como eu ficaria sem você, como eu agiria sem você, eu só esqueci de pensar em você. Sem você aqui não dá para sorrir, não dá para viver. Vivo sonhando com você me dizendo ‘esse não é nosso fim’. Mas isso não passa de um sonho. Espero que um dia a gente se encontre, que possamos nos falar, conversar e rir, deixando essas coisas para trás. Espero até que você me convide para o seu casamento, eu realmente gostaria ver você se casando com alguém que realmente te mereça. Não estou desistindo de você, eu só acho que eu cometi erros demais para tentar impor qualquer volta com você. Mas que fique claro, eu te amo, eu te amo para sempre Jessica Thompson.”

Tudo bem, cadê ele aqui? Nunca senti tanto a dor da perda de alguém. Eu queria correr para Paris e impedir que ele fosse embora da minha vida. Mas eu simplesmente não tinha esse direito. É o sonho dele ir, então que ele siga o sonho dele! Que ele seja feliz para eu poder também ser. Quase um ano se passou e terminou desse jeito. Mentiras, amor mal resolvido, saudades, dor, ressentimento, cada um em seu canto. Seguindo seu próprio destino., longe um do outro. Eu tinha que me acostumar com isso, eu precisava me acostumar. Cada um tinha seu o seu rumo para traçar, ele já tinha o dele, eu só precisava então, achar o meu.

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