Pego o primeiro ônibus que ia de Kentucky (minha cidade natal) e que iria até Southport, na Carolina do Norte.

Já tinha ido lá algumas vezes com meu pai enquanto ele era vivo. Naquela época éramos uma família.

Mal havia começado a viagem e já sinto um peso em meu coração. Não devia ter deixado Prim lá. Ela iria ficar com Madge, mas não era a mesma coisa.

Não tinha falado nada com minha mãe, aliás, nem vinha falando mais nada com ela. Já estava cansada suficiente para isso e nós nunca conseguíamos manter um conversa decente. Sempre acabava com ela botando a culpa em minha pela morte de meu pai.

E como meu pai morreu? Ele havia ido fazer uma viajem de negócios e estava dirigindo normalmente como sempre até minha mãe ligar para meu pai e quando ele se virou para pegar o celular bateu de frente com outro carro morrendo na hora.

Aquelas foram às piores semanas da minha vida. Minha mãe inventou que fui eu quem tinha ligado para ele e se alguém era culpada pelo acidente era eu.

Com o tempo me tornei calada e ela me mandou para vários colégios internos, mas não adiantava nada. Até que uma hora cansei de tudo isso e me afundei na tristeza. Eu sabia que precisava de ajuda, porém não aceitava esse fato.

Os pensamentos alotam minha cabeça e eu acabamos adormecendo.

[...]

- Moça... Hey acorde – alguém mexia em meu ombro

- Só mais uns minutinhos – resmungo

- Mas você já chegou – ele fala

- Cheguei?- abro meus olhos – Ah me desculpe

- Está tudo bem. Suas malas estão ali fora

- Obrigada

Saio do ônibus e pego minhas malas e vou até uma parada e compro um café.

Sento em um banquinho ao lado do porto e fico ali parada observando o amanhecer que começa lentamente.

Espero poder recomeçar aqui. Espero que as coisas melhorem aqui.