Um Amor Arranjado escrita por Summer Deschanel


Capítulo 12
Os Seus Olhos


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Cá estou eu com mais um capítulo. Quero agradecer novamente aos meus leitores, vocês são uns amores. Obrigada por tudo, pelos comentários, por me procurarem para me elogiar ou por implorarem logo o próximo capítulo hahahaha, sou muito grata. Adoro quando fazem isso! É isso, boa leitura. Qualquer coisa é só comentar.



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Sakura suspirou levemente ao sentir o doce roçar dos lábios.

– Olá, meus amigos. - cumprimentou Eriol abrindo a porta em um estrondo.

A jovem deu um pequeno grito empurrando Shaoran com as duas mãos, que grunhiu ao chocar-se com o chão.

– Oh, perdoem-me. Não queria interromper nada. – desculpou-se o inglês observando a cena com certa malicia em seu olhar.

– O-o que? Nã-ã-o interrompeu nada. – gaguejou a cerejeira. Eriol deu uma doce gargalhada fixando seus olhos no jovem Li que se encontrava encolhido, observando a cena com espanto.

– Ah Shaoran-kun, não diga que está traindo novamente sua mulher! – exclamou o jovem dos olhos azuis apontando para o chão. Shaoran bufou desviando o olhar e cruzando os braços.

– O que? – questionou Sakura confusa. – Ah, não é nada minha querida flor. – respondeu Eriol entre gargalhadas. A jovem deu de ombros assentindo.

– Bem, Sakura-chan. Arrume-se e vamos para a última tarefa do dia, – pediu o inglês educadamente. - venha você também, Shaoran-kun. Sei que não perderia isto por nada. – disse por fim causando uma vermelhidão ao rosto do Li.

Eriol se retirou, deixando para trás um clima tenso pairando sobre o quarto. Sakura preocupava-se em observar apenas teto, evitando encontrar o olhar de Shaoran onde ainda encontrava-se sobre o chão.

– Sakura.

– Sim? – questionou.

– Por que está olhando para o teto? – disse o chinês, franzindo a testa. A jovem sentiu suas bochechas corarem. Fechou os olhos, retirando-se do quarto com passos firmes.

– Ah Sakura, estas aí. Eriol a aguarda no andar de baixo. – falou Chun ao cruzar com a cerejeira no corredor. Seus olhos percorreram todo o corpo de Sakura, indignados. – Não se limpou, Sakura-chan?- a flor negou de cabeça baixa.

– Venha, irei ajuda-la. – propôs a governanta pegando na mão da mesma e a guiando ao toalete.

A jovem flor encontrava-se em sua banheira, enquanto Chun limpava suas costas delicadamente. Mantinha sua cabeça baixa e olhos distantes da realidade, completamente fora de foco.

– Vamos Sakura-chan, diga-me o que atormenta o seus pensamentos? – questionou a senhora tirando a jovem de seu momento de reflexão. – Hã?

– Isso mesmo, pensa que eu não reparei no seu estranho comportamento? – disse sorrindo.

– Ah bem. Eu só... Não compreendo a mim mesma, Chun. – argumentou Sakura pressionando suas mãos. – Como assim, querida?

– É possível que um sentimento domine sobre sua razão?

– Ainda não entendo. – disse Chun confusa.

– Eu fiz algo que o meu senso comum estranha com fervor, mas foi completamente comandado por um sentimento.

– Qual sentimento, querida?

– Eu não sei. – contrapôs Sakura suspirando. – No começo eu sentia ódio, mas depois, - suspirou – não entendi mais nada. E o pior de tudo, meu coração implorava por mais.

Chun fitou-a compreensiva. – Ódio? Tem certeza disto? – Sakura suspirou reflexiva.

– Ah, pelo menos eu espero que seja.

– Sakura-chan, já se apaixonou antes? – perguntou Chun a observando corar.

– E-eu nunca sai de casa antes, então, nunca tive a oportunidade. - esclareceu sentindo suas bochechas se aquecerem cada vez mais.

– E está apaixonada?

– Eu não sei. Como posso saber Chun-san? - perguntou ignorando sua vergonha.

– Você saberá, confie em mim. – Sakura arregalou os olhos, confusa.

– A senhorita irá acordar e simplesmente encontrará a resposta diante dos seus olhos. – a jovem assentiu abaixando a cabeça.

– Sua mãe nunca conversou com a senhorita sobre coisas desse gênero?

– Oh, não. Não tive uma mãe presente. Éramos eu, meu pai, meu irmão e minha governanta, Sonomi. Apenas.

– Compreendo. Deve ter sido difícil para uma moça crescer sem a sua mãe ao lado. – disse Chun.

– Um pouco. Meu pai e meu irmão nunca me contaram o que houve com ela, mas eu gosto de acreditar que ela ainda vela por mim. – respondeu Sakura em um fio de voz. A senhora sentira seu coração apertar instantaneamente.

– Eu tenho certeza que sim, meu amor. – Chun alisou a cabeça da jovem.

– Chun-san.

– Diga querida.

– Sinto como se a senhora fosse à mãe que eu não tive. – sussurrou a pequena flor. Rapidamente braços quentes a envolveram delicadamente em um abraço aconchegante.

– Sakura-chan. - falou Chun entre soluços. Sakura correspondeu ao doce abraço, um pouco surpresa. – Chun-san, irá se molhar.

– Eu não me importo minha flor. – respondeu entregando-se por completo ás lágrimas.

Eriol encontrava-se sentado impacientemente, no sofá da sala principal. Seus olhos percorriam por toda a sala, procurando refugiar-se do tédio. Os mesmos olhos azuis pararam ao deparar-se com a figura da jovem flor descendo as escadas.

– Sakura, por onde esteve? – perguntou levantando-se em um pulo.

– Perdoe-me Eriol, eu estava me arrumando. – respondeu sem graça.

– Tudo bem. Vamos. – pediu o inglês, indo em direção à mesa de refeições.

– Oh meu Deus, o que é isto tudo? – disse Sakura horrorizada com a quantidade de talheres e pratos sobre a mesa.

– Acalme-se, minha querida flor. Estou aqui para ajuda-la. – a jovem assentiu suspirando.

– Tudo bem, sente-se. Vamos começar. – pediu Eriol. Sakura o obedeceu.

– Agora pegue a colher para sopa. – Sakura o fitou confusa. – É este do lado do garfo de sobremesas. – A jovem arregalou seus olhos verdes, atordoada.

– Ah, que tal começarmos descrevendo a função de cada talher? – propôs Eriol rindo levemente. Sakura confirmou corando.

Eriol a explicou cada talher presente no local, descrevendo até mesmo os mínimos detalhes. Sakura calou-se diante da explicação, prestando atenção em tudo que fora dito ou expressado por gestos pelo inglês.

– Tudo bem, Sakura-chan. Agora pegue a faca e o garfo que são utilizados para cortar a carne. – a jovem assentiu reflexiva observando todos os talheres sobre a mesa.

– Já sei! – exclamou vitoriosa. Pegou os talheres que foram pedidos pelo rapaz, e o fitou.

– Muito bem, Sakura. Agora corte a carne. – disse Eriol aplaudindo.

Sakura observou o bife a sua frente, sorrindo largamente. “Isso não é difícil.” Pensou consigo. Aprumou-se em sua cadeira ajeitando os talheres em suas mãos. Começou a cortar a carne em seu prato, percebendo o quanto que a mesma estava dura. Continuou a corta-la, porém com mais força e sem sucesso. Parou por um instante recuperando o fôlego e retomou aos movimentos, com mais força. Não foi sua intenção, mas seu pedaço de carne fora levado para trás com tamanha a força utilizada pela jovem.

– Shaoran-kun, que bom que está presente. – cumprimentou Eriol gargalhando. Sakura volveu o seu rosto para trás, deparando-se com o chinês bufando e seu bife sobre a cabeça do mesmo.

– Ah, perdoe-me, por favor. – pediu a jovem levantando-se. Shaoran a fitou suspirando e revirando seus âmbares.

– Já me acostumei. – disse dando de ombros.

– Bem, Sakura-chan. Penso que aprendeu tudo o que deveria hoje, retomamos nosso trabalho amanhã. – falou Eriol sorrindo.

– Mas eu falhei com isto. – falou a flor apontando para o pedaço de carne sobre o chão.

– Tudo bem. A senhorita aprendeu tudo o que deveria sobre talheres, o máximo que devemos fazer agora é pedir para que o Shaoran-kun não sirva carne. – respondeu o inglês rindo. Sakura corou envergonhada.

A jovem Sakura encontrava-se em seu quarto, estendida sobre a cama e seus lençóis de dormir. Estava presente fisicamente no espaço, mas ausente por parte de seus pensamentos. Não compreendia o que a vida lhe obrigara a sentir, nem mesmo a razão de sentir-se de tal forma. Seus pensamentos voavam rumo ao belo sorriso do jovem Yukito. Sakura deu um pequeno pulo em sua cama, questionando-se o porquê de pensar no jardineiro, mas logo fora surpreendida pela peça pregada pelos seus pensamentos sem razão. O mesmo fora de encontro aos belos olhos âmbares de um jovem chinês, causando a palpitação do coração da jovem flor. Sentou-se pressionando seu seio com as duas mãos, reprimindo o estado de reboliço de seu coração.

– Você está bem? – questionou Li ao adentrar no quarto e perceber o estranho estado de sua mulher.

– Estou ótima!- exclamou Sakura sorrindo amarelo.

– Ah, se diz... – Shaoran deitou-se ao lado da mesma, fitando o teto.

– Sakura, sobre o que houve neste quarto, foi um ato involuntário. – disse corando.

– Isso, completamente involuntário! – o silêncio estendeu-se conturbando novamente os pensamentos da moça. Deitou-se fechando os olhos com força, tentando expulsar esses estranhos pensamentos de sua mente. Shaoran pigarreou desconfortável.

– Desculpe-me. – Sakura abriu os olhos rapidamente. Virou-se para o marido, o fitando perplexa. – Pelo que?

– Por tudo de mal que já fiz a ti. – sussurrou envergonhado. A flor sorriu diante do comentário. Shaoran pôde ver o brilho de suas esmeraldas. “Isto irá me açoitar pelo resto da noite.” pensou a respeito.

– Eu já te perdoei faz tempo, Shaoran. – disse a jovem. O rapaz apagou a vela ao seu lado, observando o quarto inundar-se com o escuro. Virou-se de costas para sua mulher sorrindo, fechou os olhos em completa calma.

Os raios solares invadiam a sala principal da mansão dos Li. Sakura galgou com seus olhos por cada centímetro do local. Todos os móveis encontravam-se pelos cantos, oferecendo um enorme espaço ao meio.

– Bom dia, Sakura-chan. – cumprimentou Eriol sorrindo alegremente.

– Ah, bom dia, Eriol. O que é isto tudo? – questionou. – Hoje ensinarei a senhorita a dançar.

– Ah não... – sussurrou para si mesma. – Ah sim!- exclamou Eriol.

– Tudo bem, Chun-san, ligue a vitrola. – pediu Eriol segurando Sakura pela cintura. A jovem corou levemente, arregalando os olhos em estado de espanto.

– Ah, Sakura-chan. É só uma dança, relaxe. – disse o inglês rindo. A flor assentiu.

– Agora me deixe pegar em sua mão esquerda, e coloque sua direita sobre meu ombro. – assim a jovem o fez, porém de maneira desajeitada.

– Mantenha postura e cabeça erguida. Não retire os seus olhos dos meus de jeito nenhum. – Eriol passou a guia-la em compasso com a bela melodia ao fundo. O jovem inglês deu uma pausa ao perceber o quanto que sua parceira estava dura diante da situação.

– Acalme-se, Sakura. – a jovem ruborizou-se. – Ah, Shaoran-kun. Que bom que está aqui. – disse Eriol sorrindo diante da figura do Li parado na escada.

Sakura volveu seu corpo, deparando-se com os olhos âmbares sobre a jovem. Sentiu seu estômago revirar-se estranhamente e suas bochechas esquentarem.

– Venha, dance com a Sakura. – pediu o inglês soltando a jovem. – Ah, não sei...

– Não seja tolo, venha logo. – ordenou Eriol. Shaoran abaixou sua cabeça assentindo com as suas bochechas em chamas. Aproximou-se da bela flor, colocando seus braços hesitantes envolta de sua cintura. A mesma levantou o seu rosto fitando os olhos âmbares de seu marido. Pôde sentir as mãos trêmulas do chinês, perguntando-se o porquê da reação do rapaz. Sakura depositou suas mãos delicadamente sobre o ombro do Li os aproximando mais.

Shaoran sentia a respiração de sua mulher, enquanto seus olhos não ousavam desviar-se das esmeraldas nem por um segundo. Sentia-se em estado de purificação com aqueles olhos verdes sobre si. Sakura deixou-se ser guiada em completa confiança com o seu parceiro, amolecendo em seus braços. Por mais que ambos negassem em suas mentes, não podiam ignorar a estranha reação involuntária de seus corpos. A vermelhidão de suas bochechas, o suor frio de suas mãos, os pulos dados pelos corações e a necessidade de se manterem presos naquele momento, naqueles olhos.

– Muito bem! – disse Eriol aplaudindo com o fim da música. Os jovens se retiraram de suas hipnoses, surpresos com a rapidez do momento. Shaoran afastou-se devagar, colocando suas mãos nos bolsos da calça.

– Viu só Sakura? Estava tão calma nos braços do jovem Li. – falou Eriol sorrindo. – O q-q-ue? – o inglês riu com o excesso de sangue subindo nas bochechas da moça.

– O que foi Sakura-chan? Está com alergia? – perguntou o mesmo enquanto ria escandalosamente. A flor revirou os olhos balançando a cabeça negativamente.

– Hum, irei para os meus afazeres. – disse Shaoran dando ás costas e indo em direção ao seu escritório.

– Irei com o senhor. – anunciou Eriol acompanhando o amigo. Adentraram ao escritório em silêncio. Shaoran virou-se rapidamente ao ouvir um leve riso vindo de seu amigo inglês.

– O que foi? – questionou confuso.

– Estás se apaixonando.

– O que?!- esbravejou o Li perplexo.

– Isso mesmo. – confirmou Eriol rindo. – Ah, Shaoran-kun. Como não consegue perceber isto?

– Porque não é verdade. – respondeu Shaoran dando de ombros. – Tudo bem, se pensa desta forma. – riu o amigo.

A tarde fora tranquila para a jovem Sakura. Sentia-se a vontade com o seu livro em mãos, apreciando a beleza e a arte das palavras. O sol retirava-se clamando pelo seu fim no dia. “O que há de errado comigo?” Perguntou-se mentalmente, foliando o seu livro e absorta em pensamentos perturbadores fora interrompida por belas melodias musicais. Seguiu o seu instinto, enquanto seu coração bombardeava de forma extrema. Fitou a porta branca a sua frente hesitante, porém a abriu, deparando-se com um Shaoran sentado diante á um piano de cauda preta. O chinês interrompeu sua música observando sua esposa por um instante, mas logo retornou para a sua melodia. Sakura sentiu-se encorajada, enquanto seu coração se enchia de alegria. Aproximou-se do marido que continuou a tocar o seu piano. Sentou-se ao seu lado, observando o rapaz. Estava tão entregue a melodia, estava tão belo. A jovem atreveu-se a pôr o seu dedo delicadamente em uma tecla. Shaoran deu fim a sua música, cabisbaixo. O coração da flor havera acelerado por longos segundos, até deparar-se com um Li sorrindo torto e rindo baixo.

– Sabe tocar? – perguntou Shaoran virando-se para Sakura.

– Não, senhor. – disse

O jovem segurou a mão de sua esposa, enquanto a fazia tocar pequenos solos fáceis, em seu piano. Sakura sorriu.

– É fácil, viu? – falou o Li sorrindo. – Ah, para você é fácil. – disse a jovem por fim acompanhando o riso do marido.

O fim da tarde fora agradável para o jovem casal, que mal reparara na escuridão que se formava a sua volta. As doces gargalhadas dos jovens soavam como uma bela música, em total harmonia.

Os dias passaram de forma lenta, mas prazerosa ao fim de toda tarde. O casal firmou compromisso em repetir os maravilhosos momentos todos os dias, em frente ao belo piano. Tinha em mente a certeza de estarem fortalecendo seus laços, porém, apesar do medo encontrado no coração de ambos, ansiavam pelo final da tarde. Aquilo os motivavam a se erguerem de suas camas e a encararem o dia, e mesmo que tenha sido o pior dia presenciado, estavam dispostos a entregar o seus belos sorrisos e doces gargalhadas em frente ao piano. Sentiam-se bem diante um do outro.

– Sakura-chan, uma moça a aguarda no andar de baixo. – disse Chun.

– Está certo, estou descendo. – falou Sakura se olhando no espelho. Desceu as escadas, visualizando uma bela jovem de pele branca e cabelos pretos sentada no sofá.

– Tomoyo-chan! – exclamou a flor sorrindo.

– Sakura-chan, como é bom vê-la novamente. – disse Tomoyo indo de encontro a Sakura e a abraçando forte.

– Adivinha o que eu trouxe. – falou a jovem dos olhos violeta erguendo um embrulho.

– O vestido. – Tomoyo confirmou com a cabeça. – Vamos prova-lo, por favor. – pediu Tomoyo juntando suas duas mãos.

– Cl-a-ro, venha. – riu Sakura subindo as escadas rumo ao seu quarto.

Chegando ao cômodo, Tomoyo a entregou o embrulho rapidamente, logo após ajudou-a a vestir sua obra.

– Oh meu Deus, como está bela! – Sakura corou em resposta fitando o seu reflexo no espelho. O vestido era esplêndido, branco acompanhado de pequenos bordados em rosa.

– Obrigada, Tomoyo-chan! Deve ter dado um trabalho enorme. – Tomoyo balançou sua cabeça negativamente.

– Foi um prazer imenso. Quando será a festa?

– Hoje. – suspirou Sakura nervosa.

– Vai ficar tudo bem. – disse Tomoyo sorrindo. A jovem flor sorriu amarelo, entrelaçando suas mãos.

– Posso ajuda-la a se arrumar? – pediu.

– Tudo bem. – riu Sakura.

Tomoyo cuidou da flor como se estivesse brincando com sua velha boneca de infância, porém, a diversão fora maior. Logo Sakura encontrava-se tão bela quanto uma boneca.

– Sakura-chan, o seu marido está a sua espera. – disse Chun batendo na porta.

– Bom, tenho que ir. – falou Tomoyo sorrindo.

– Não, fique Tomoyo-chan. – implorou a flor segurando na mão de sua amiga e abaixando a cabeça.

– Não posso Sakura. – disse a jovem ainda a sorrir – Mas não se preocupe. Vai dar tudo certo. – Tomoyo levantou o rosto de sua amiga com o queixo, tranquilizando-a com o seu sorriso mais sincero. Sakura assentiu.

Na sala encontrava-se um jovem chinês impaciente, batia o pé no chão sem cessar. – Onde está Sakura? Os convidados logo chegarão.

– Mulheres são assim mesmo. – disse Eriol cruzando os braços.

– O que foi Shaoran-kun? – questionou o inglês reparando na paralisação facial do Li, o qual se encontrava de boca aberta e o olhar direcionado à escada.

– Ah, entendo. – riu Eriol ao virar-se e se deparar com a beleza da jovem flor. – Está belíssima, Sakura-chan.

– Obrigada. – sussurrou corando.

– Não é mesmo, Shaoran-kun? – questionou o inglês dando uma tapinha no braço do amigo.

– O que? – questionou balançando a cabeça. Eriol gargalhou em resposta.

– Venha, senhorita Kinomoto. Logo esta sala estará cheia de convidados. – disse Shaoran desviando o olhar e oferecendo o seu braço para sua esposa. Sakura aceitou entrelaçando os seus braços.

Shaoran estava correto. A sala encontrava-se lotada de pessoas para o desespero da flor. Não estava acostumada com esta grande quantidade de gente, muito menos pessoas de classes sociais superiores a sua. O Li sentia a pressão e a tensão corporal de sua esposa, sempre notando em seu corpo trêmulo, principalmente quando era citada como a nova integrante da família Li. Percebera os olhos de diversas pessoas desconhecidas sobre si, como se a cobrassem de algo ou a julgassem. Suas pernas tremiam devido ao seu novo estado nômade nesta festa. Suas bochechas passaram a doer com o excesso de seus sorrisos mais falsos e seu pulmão não suportara mais sobreviver daquele mesmo ar inalado por aquelas pessoas. Sakura procurava não afastar-se de seu marido, aqueles seres ao seu redor a assustavam. Porém, seu cansaço falara mais alto, teve a necessidade de apoiar-se em uma mesa enquanto fechava os olhos ao suspirar. Ofegante disse para si mesma.

– Preciso de ar. – retirou-se se dirigindo ao seu querido jardim e sentando-se em sua grama. Fechou os olhos se deliciando com o vento que uivava, bagunçando levemente o seu cabelo.

– Irá sujar o seu vestido. – disse Shaoran aproximando-se da moça. – Não me importo. – sorriu Sakura abrindo seus olhos. O jovem sorriu torto com o comentário.

– Seu tio não chegou? – questionou a flor

– Ainda não, receio que irá demorar. – respondeu Shaoran se sentando ao lado de sua mulher.

– Ah. – sussurrou.

– Você gosta do jardineiro? – perguntou o rapaz fitando as estrelas.

– E-e-u... Como? – sobressaltou-se a flor diante da questão.

– Ah, esqueça. Não é do meu interesse. Eu só reparei no brilho dos seus olhos quando se encontrava com o rapaz.

– Reparou no brilho dos meus olhos? – questionou virando-se para o marido. Shaoran confirmou com a cabeça.

– Seus olhos são duas vezes maiores que olhos normais, são incomuns. E a cor deles, é exuberante. Eles transbordam os sentimentos não pronunciados pelos seus lábios. Eles são o meu ponto fraco. – disse Shaoran passando seus olhos para a jovem e sussurrando as últimas palavras. Sakura manteve-se calada, fitando os âmbares do marido. Ah, se ele soubesse como ela sentia-se diante daqueles olhos caramelados.

– Shaoran-kun... – sussurrou Sakura penetrando as suas esmeraldas em Shaoran, o fazendo estremecer.

O chinês aproximou-se mais de sua mulher sobre a luz da lua. Ela estava tão bela, tão linda com aquela luz sobre si. Seus rostos moviam-se devagar na mesma direção, Shaoran pôde sentir o doce perfume floral, mas não sabia se este vinha de sua mulher ou das flores do jardim. Ansiava em responder a esta questão, enterrando o seu rosto no pescoço de sua flor, mas controlou-se. Seus lábios se encostaram, fazendo ambos estremecerem com o toque. Shaoran a beijou delicadamente, extasiado com a sensação de ter aqueles lábios cheios nos seus.


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