JULLY

Acordei em uma cama. O dia estava claro, meu braço não doía mais. Nico estava cochilando com os braços e a cabeça em cima da cama onde eu estava e o resto do corpo em uma cadeira. Não era uma posição confortável de se dormir.

Uma garota loira se aproximou de mim sorrindo.

- Que bom que acordou! Nico não saiu de perto de você nenhum segundo se quer! É tão fofo! – ela mediu minha temperatura e saiu sorrindo dizendo: “ótimo, ótimo!”

Tentei me sentar e acabei acordando Nico.

- Jully? Pelos deuses! Que bom que acordou! – ele me abraçou e eu gemi de dor. – Me desculpe! Mas, é que você ficou tanto tempo desacordada. – ele suspirou e riu sem graça - Eu fiquei tão preocupado.

- Conseguiram devolver o Elmo?

- Sim. Eu, Hazel e Frank fomos até o Mundo Inferior e o entregamos ao meu pai. As boas almas estão de volta em seus devidos lugares. Frank e eu conversamos com nossos pais e tudo está em paz novamente. E você está bem!

- Eu perdi uma ida ao Mundo Inferior. Que injustiça! – Nico riu

- Acho que você vai poder ir até lá em breve...

- Eu não pretendo morrer em breve...

- Não é isso! De jeito nenhum. É que... Bem, Hazel falou sobre você para meu pai. E ele meio que é um deus então ele sabe de basicamente tudo e... – ele dizia brincando com a beirada do lençol branco da cama – ele disse que quer conhecer você.

- O deus da morte que me conhecer? Uau. – deitei novamente na cama.

Nico sorriu.

- A sua perna...

- Deuses! Não estou sentindo minha perna! Não a amputaram né? Nico, por favor, não me diga que...

- Não – ele riu – ela está ai. Está anestesiada para você não sentir dor. – ele pegou minha mão. – em breve vai poder voltar a dançar.

- Ah. – suspirei – que susto.

- Jully – olhei para ele – você foi realmente incrível.

Ele me olhou com os olhos negros. As olheiras eram visíveis e ele parecia cansado como no dia em que conversei com ele pela primeira vez. Estava lindo.

Imaginei o quanto eu deveria estar horrível.

Senti vontade de beijá-lo, mas não conseguia me movimentar muito bem.

E dessa vez, parece que ele leu meus pensamentos.

Sorriu e me beijou.

- Senti sua falta.

NICO

Poucos minutos depois que Jully acordou Hazel e Frank apareceram na porta.

- Hey, olha quem acordou! – Frank disse abrindo os braços para dar um abraço em Jully. Hazel veio logo atrás, segurando um saquinho vermelho com as iniciais CK7.

- Hã, eu e Frank não sabíamos se esse é seu número. Mas a vendedora disse que você pode trocar se quiser. – ela entregou o saquinho para Jully que estava com os olhos brilhando. – É um presente por... tudo.

- Uma sapatilha da Cecília Kerche! Há anos não consigo encontrar uma dessas! – Ela abriu o saco e tirou de lá um par de sapatilhas de ponta rosa claro. – Número 36 1/2! Eu amo vocês! – Jully deu um sorriso tão largo que me deixou feliz.

- Que bom que gostou. Deu muuuito trabalho pra... Ai! – Hazel pisou no pé de Frank o interrompendo. Aquele era sem dúvidas o casal mais louco que eu já vira.

- Nico, vá tomar um banho, descansar. Eu fico aqui com Jully. – Hazel me olhou com os grandes olhos dourados. – Você precisa descansar. Passou uma semana aqui. Frank vá com ele.

- Eu fiquei aqui por uma semana? – Jully arregalou os olhos.

- Hazel, tudo bem. Eu posso...

- Você pode ir para seu chalé e descansar!

- Vá descansar Nico. Já fez muito por mim. – Ju apertou minha mão e sorriu.

- Mas eu... Ah, tudo bem. Eu volto à noite!

- Ele é tão teimoso! – Ouvi Hazel murmurar para Jully enquanto saia do quarto.

- Eu ouvi!

- Saí Nico! – Hazel gritou e Jully gargalhou. Era bom ter essa intimidade com minha meia-irmã.

HAZEL

Olhei para Jully com o sorriso estilo Leo Valdez.

- O que foi?

- Então... Posso te chamar de cunhadinha ou não? – ela corou e sorriu.

- Bem... eu, quer dizer, nós ainda não...

- Ah, por favor. Posso te contar um segredo? – me sentei do seu lado na cama. – acho que ele vai te fazer alguma surpresa quando você sair daqui. Quer dizer, eu tenho certeza. Mas não vou te contar porque perde a graça.

- Surpresa tipo o que?

Eu sorri novamente like a Leo Valdez.

- Anna disse que você pode sair daqui amanhã de manhã. Mas vai ter que andar de muletas por amanha. Agradeça à Ambrósia por ter diminuído o tempo de cura! Só vai estrear a sapatilha nova daqui um mês, por segurança.

- Ah... Mas o que aconteceu no mundo inferior?

- Bem...

Comecei a contar sobre quando pegamos uma carona com a Sra. O'Leary até o mundo inferior e que Frank quase vomitou em minhas costas. Contei que quando chegamos lá, Hades estava encarando Ares e os dois estavam prestes a se matar. Frank conversou com o pai, eu entreguei o Elmo a meu pai e Nico conversou com ele. Depois de duas horas de conversa, Hades se recusou a pedir desculpas a Ares – o que quase desencadeou uma nova guerra mundial. As almas boas saíram dos campos de punição e voltaram para seus devidos lugares. Nico deu um tapa na cara de Hades – e eu pensei que iria perder meu irmão naquele momento. Mas Nico nunca quebraria uma promessa. Pareceu que Hades entendeu o tapa de Nico como uma punição por não ter pedido desculpas à Ares, então meu pai disse que sentia muito ter arriscado a vida de seus filhos – o que não seria um fracasso total se morrêssemos já que ficaríamos próximos à ele – e disse que irá pensar duas vezes antes de acusar Ares novamente. Hades também prometeu visitar Macária quando pudesse.

Voltamos ao acampamento e eu e Frank estávamos apenas esperando Jully acordar para voltarmos ao acampamento Júpiter.

Passamos o resto da tarde falando sobre amenidades. Trocamos conselhos e demos boas risadas. Quando o sol começou a se pôr, Nico apareceu na porta.

Saí e deixei os dois sozinhos no quarto.