Boas Vindas

- Por que eu não me lembro? – Nami ajoelhou-se no chão e colocou as duas mãos na cabeça, tentando parar a dor que veio de repente.

"Qual o problema, Nami-ya?", aquela voz grave questionou.

- Robin? Não... A voz é diferente... – A ruiva abriu os olhos e deu de cara com um rato negro de olhos cinzas – U... Um rato! Você é um rato!

"Descobriu sozinha?", disse, ou pensou, com ironia.

- Vá se catar! – Ela exclamou – Cadê a Robin?

"Só é permitido vir para esse mundo um de cada vez."

- Esse mundo? Quer dizer que Fabulus é outro mundo?

"Mesmo sem suas memórias, você continua incrível. Não tem medo de animais lendo sua mente, nem da existência de outros mundos, mas se assombra com o fato de sua terra natal ser outro mundo."

- Minha terra natal é a cidade de Cocoyashi.

"Você apenas cresceu lá, porém nasceu em Fabulus."

-... Se eu sou de Fabulus, por que não me lembro?

"Para te proteger, sua mãe apagou toda e qualquer memória sua de lá. Você não sente um pequeno incômodo às vezes, como se houvesse um buraco em sua vida, em seu passado?"

- Sim... Mas me proteger do que?

"... Não posso te falar ainda."

"Não seja tão chato, Traffy!", a voz infantil exclamou.

- E você, quem é?

"Eu sou Luffy, o homem que será Rei dos Piratas!"

- Há piratas em Fabulus?

"Sim! Muitos! Shishishishishishi!"

"Mugiwara-ya, vá embora."

"Ah, Law, deixe-o ser feliz.", outra voz feminina comentou.

"Não se intrometa, Bonney."

"Idiota!", ela se calou.

- Law...? – Nami perguntou aturdida – Ei, projeto de Jerry, seu nome é Law?

"Sua inteligência me impressiona.", disse em tom de deboche.

- Law... Luffy... AI! – Ela colocou as duas mãos na cabeça novamente, pois esta começara a doer com mais força, e fechou os olhos.

"Nami-ya?!"

- Nami-ya! Por favor, não chore, eu estou aqui! – Law, com seus 11 anos, exclamou – Vamos, pare de chorar, por favor !– A menina, que pegou abraçou o menino na sua frente – N... Nami-ya?

- Eu não quero ir embora... Law, eu quero ficar aqui! Ajude-me, Law! – Nami, com 10, pediu com desespero. Não queria sair de Cocoyashi e perder o amigo.

- Nami-ya...

"Nami-ya! Acorde, Nami-ya!"

Nami abriu os olhos de repente e algumas lágrimas saíram deles.

- Eu me lembro de você... Law... – Então a dor voltou, fazendo-a fechar novamente os orbes castanhos.

"Traffy, o que está acontecendo com a Nami?"

- Nami, por que está triste? – Luffy, com 11 anos também, perguntou para a amiga.

- Eu vou sair de Cocoyashi.

- O QUÊ?

- Eu não quero ir! Quero ficar aqui! Ajude-me, Luffy!

- Nami...

- L... Luffy... – Ela balbuciou, abriu os olhos e se deparou com um cachorro negro, com olhos também negros e uma cicatriz embaixo de um dos olhos.

"Você me chamou?", ele questionou.

- Luffy... Eu me lembro de vocês! Você me deu uma maçã, e Law um narciso.

"Shishishishishishi! Que bom! Logo você vai poder voltar para nós!", o cachorro começou a abanar o rabo de forma alegre e ansiosa.

"Não seja apressado, Mugiwara-ya."

"Ah, mas, Traffy...!"

- Ele tem razão. – A ruiva interrompeu – Eu só me lembro de vocês.

"... Ei, Traffy! Não seria mais rápido se ela viesse para cá?"

"É perigoso, Mugiwara-ya. Não se esqueça de que ele está atrás de Nami-ya."

-Ei, ei, acho que quem deve decidir sou eu. – Nami entrou na conversa – Prometo fazer o que vocês disserem, mas levem-me com vocês!

"... É muito perigoso, Nami-ya."

- Não ligo. Só quero conhecer esse lugar chamado Fabulus. Quero saber sobre meu passado.

"Você não muda...", a ruiva ouviu uma risada breve, "Você é quem manda, princesa. Mugiwara-ya..."

"Deixa comigo! Venha, Nami!", Luffy começou a andar mais para dentro da floresta.

- Okay!

Eles foram andando, e Nami percebeu que aquele caminho era apenas um atalho para o laguinho onde ficava a macieira. O cachorro entrou num buraco atrás da árvore e a ruiva hesitou.

"Não tenha medo, Nami! Eu nunca faria mal a você! Shishishishishishishishishi!"

- Eu sei... – A ruiva declarou e fez menção de pular no buraco, mas... – É muito pequeno!

"Coma isso.", Law saiu do buraco segurando um bolinho pequeno com os dizeres 'Coma a mim', "Vai te fazer encolher."

- Quão pequena eu vou ficar? – Indagou pegando o doce.

"Depende da quantidade que você ingerir. O cozinheiro fez especialmente para isso."

- Entendi... Então vou comer só uma pontinha, assim eu fico do tamanho do Luffy. – Dito e feito, ela comeu apenas a pontinha com uma pequena mordida. Sentiu seu estômago se contrair e quando percebeu, estava mesmo com o tamanho do cachorro.

"Funcionou!", ela pensou, segurando sua camisa, que agora lhe servia como vestido.

"E o que você esperava? Ficar gigante?"

"Só não te soco agora porque quero você vivo! Ei, até onde vocês vão me levar?"

"Até a casinha da montanha, o lar de Robin."

"Vamos!", pegou um amarrador que trazia no braço, usou-o para prender a barra do vestido, que ficou até aos joelhos, dobrou as mangas com um pouco de dificuldade, deu alguns passos para conferir e entrou no buraco, seguida de Law.

- Aqui é bem escuro... – Comentou assim que pisou no fundo do buraco.

- O que você queria? É uma caverna. – Nami se assustou ao ouvir aquela voz fora de sua cabeça.

- Você pode falar? – Olhou para o rato.

- Claro, no momento em que saímos daquele mundo, não preciso mais me comunicar por pensamento.

-... Ei, Law, pode me dizer seu nome todo?

- Trafalgar Law. Por quê?

- Nada. E o do Luffy?

- Monkey D. Luffy.

- Por que você o chama de "Mugiwara-ya"?

- Por que é tão curiosa?

- Ele usa um chapéu de palha? – Ignorou a última pergunta dele.

- Agora, acho que você deveria se preocupar em segurar o vestido, ou... Bem, não acho que sua calcinha tenha encolhido. – Nami corou – Sim, você a deixou no short, não?

- Mas por que eu devo segurar o vesti... – Seu pé não tocou mais o chão, o que significava uma coisa: Outro buraco – DOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! – Berrou enquanto caía, não se esquecendo de segurar as saias.

Eles caíram e caíram, e Nami podia jurar que viu um piano tocando sozinho e caindo também, isso sem falar nas escrivaninhas, canetas, uma cama, uma TV, um rádio, um bulhe de chá junto com xícaras, um celular, uma cartola verde e tantas outras coisas, todas caindo, mas não caindo. Era difícil de explicar.

- Ei, esse buraco não acaba nunca? – Perguntou para o rato.

- Acaba, e ali está o final dele! – Apontou para uma escuridão.

- ALI? – Nami berrou com medo, odiava ficar muito tempo no escuro.

Ela gritou e continuou caindo, só que dessa vez mais rápido. A aterrisagem não seria nada bonita. A ruiva fechou os olhos e esperou o impacto assim que viu o fundo do buraco se aproximar. Impacto, esse, que não aconteceu, pois algo quente amorteceu a sua queda.

- Nami-ya, pode abrir os olhos. – Ela fez o que lhe fora dito e ruborizou muito com a visão que teve. Havia um jovem, com seus 22 anos, mais ou menos, segurando-a no peito largo e despido. Aliás, todo o corpo dele estava sem roupa.

- KYYYAAA! – Nami pulou de lá e virou-se de costas – L... Law, é você?

- Sim, na minha forma original. Nós podemos voltar para nossas formas humanas, mas dura apenas cerca de três horas.

- De qualquer forma, volte a ser um rato!

- Fresca.

- Seu...! – Virou-se para enfrenta-lo, mas ele continuava nu e ela voltou a esconder o rosto – Apenas transforme-se de volta ou coloque uma roupa!

- Já pode olhar, Nami-ya. – Law pediu, já na forma de rato.

- Bem... Esse é o fundo do buraco? Eu esperava algo mais... Escuro e sinistro. – Comentou observando o ambiente.

Estavam numa sala circular toda dourada, do teto ao piso. Havia seis portas nas paredes, uma cortina ao lado de uma delas, e no centro da sala tinha uma mesa também redonda, com um candelabro de nove braços, cujas velas cuidavam da iluminação da sala reluzente. Também estava na mesa um vidrinho com um líquido esbranquiçado com uma etiqueta na tampa.

- Sim, esse é o fundo do buraco. Diga-me, você ainda gosta de dinheiro?

- Claro que sim! Nada melhor do que alguns reais para animar o dia!

- Sei... Bem, eu sei como entrar, mas você não.

- E o que eu preciso fazer?

- "Sete caminhos determinados. Nove mundos interligados. Uma chave abre as portas e a determinação abre os fortes."

- Um enigma, hein? "Sete caminhos"... Provavelmente são as portas, porém eu só vejo seis.

- Nada é o que parece.

- "Nove mundos"... Sete mundos atrás das portas, um em cima do buraco e essa sala... "Uma chave"... Preciso de uma chave para abri-las... "Determinação abre os fortes"? Não entendi muito bem... Mas... – Chegou perto da cortina e puxou o tecido, revelando uma portinhola que apenas um rato poderia passar – Qual delas é a certa?

- Isso você tem que descobrir.

-... Nem tudo é o que parece... Enquanto as outras portas são perfeitas para um império ou um reino, essa mais parece uma toca de rato... – Foi até a mesa e olhou o candelabro – Nove velas, nove mundos... Uma dessas é a de Fabulus...

- As velas mostram o estado de cada mundo.

- Sei... Então a de Fabulus é essa. – Apontou para uma vela pequena.

- Como sabe?

- O mundo de vocês está com problemas, logo, a vela está fraca e pequena. – Tirou a vela de seu lugar e ela se transformou em uma chave de latão – Pra que esse frasco?

- Para te fazer voltar ao tamanho normal.

- Bem, então fico feliz por ter guardado isso. – Mostrou um pedaço do bolinho que comera para encolher – Vou pegar isso. – Pegou o frasco – Vamos?

- Claro.

Nami andou com determinação para a portinha, colocou a chave na fechadura, mordeu o bolo, encolheu, ajustou o vestido novamente, destrancou a porta e observou. Era uma floresta muito verde, tão verde que parecia viva. A ruiva sentiu como se pudesse falar com as plantas.

- Aqui é lindo! – Exclamou.

- Bem vinda à Fabulus, Nami-ya.