De repente, a ânsia de sair daquelas correntes se tornou maior ainda.

Lucy morreria? É isso realmente o que Gajeel entendeu? Ele ficou mais desesperado ainda, seus músculos lutando contra as correntes que não pareciam soltar.

Lucy continuava olhando para o nada, seus olhos vidrados, as chaves girando ao seu redor.

–É um pequeno preço a se pagar. - Zafron disse, ainda não conseguindo se mexer direito. Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto molhado de suor. Em breve.

–A vida de uma pessoa por outra? - Yoshiaki gritou. Ele já tinha saído do normal, não ia mais aguentar Zafron menosprezar a vida das pessoas daquela forma. Muito menos quando fosse a vida daquela quem ele amava. Yoshiaki não deixaria que ele continuasse com aquela loucura. - Essa foi a pior das magias que seu pai fez! E ainda bem que ele não terminou! Meu Deus, Zafron. No que você se tornou? Isso não é você. Imagina se Sumiko te visse agora, você acha que ela ainda te amaria da mesma forma como amava ante? Ainda mais depois de saber que alguém morrera para que ela voltasse?

Zafron encarou Yoshiaki com tenacidade.

–Pare de falar bobagem. - Zafron tentou ordenar, mas seus olhos não chegavam mais àquele tom de vermelho.

–Você não conseguirá. Você deu toda sua magia para Lucy, se esqueceu? Você está fraco, sem poderes. O que significa que você não pode mais mandar em mim. - Yoshiaki disse, chegando perto de Zafron. Ele queria apertar o pescoço dele, sufocá-lo, matá-lo ali e agora. Mas não pôde. Loki apareceu atrás dele, os olhos arregalados, cinzas, também hipnotizado da mesma forma que Lucy. Loki golpeou-o contra a parede, quase fazendo-o voar.

–Eu ainda consigo me defender. - Zafron disse, ainda no chão. Seu sorriso avarento voltara ao seu rosto mesmo sem ter nada para ficar orgulhoso. Ele ainda estava fraco. Sem poderes. Em qualquer situação de uso máximo de magia, depois de algum tempo a magia começa a voltar. Mas isso não aconteceria tão brevemente com Zafron. Ele não tinha usado sua magia ao máximo, ele deu. Entregara de mão beijada para Lucy, através de uma magia que aprendera no livro de seu pai.

***

Seu nome foi pronunciado baixinho em sua mente, ficando cada vez mais alto à medida que sua consciência voltava, pouco a pouco. Seus olhos abriram lentamente, sua visão um tanto borrada. Olhos preocupados a fitavam. Ela abriu a boca para pronunciar o nome do seu amado:

–Natsu.

Ela tentou levantar, mas sua cabeça doía.

–Você está bem, Lisanna? - Natsu perguntou. Ela soltou um sorriso em resposta.

–O que aconteceu?

–Capturaram a Lucy.

–De novo? - Ela tentou sentar-se. Seu corpo inteiro doía. - E porque você não foi atrás dela?

Natsu abaixou o olhar, procurando alguma coisa que fizesse sua resposta clara sem ter que dizer. Mas quando Lisanna não falou nada em retorno, ele disse:

–Eu estava preocupado com você.

Lisanna tentou fazer outra pergunta, mas dessa vez Natsu a interrompeu.

–Lisanna, você pode fazer um favor para mim? - Ele perguntou. Lisanna acenou. Sempre. - Você acha que está em condições de voar?

–Acho que sim, porque?

***

Loki então desapareceu, dando lugar então à Aries que cercou Yoshiaki em algo parecido com nuvens roxas. Ele olhou para Lucy, que ainda ainda estava parada de pé, ao lado da cadeira, a boca tampada, os olhos vidrados, as chaves rodeando-a.

A sensação quente e macia o rodeava, fazendo-o querer fechar os olhos. Yoshiaki sabia o poder de cada um dos doze espíritos e aquele era o mais irritante, na sua opinião. A lã o apertava nos pulsos e nas pernas, impossibilitando-o de se mover, a sensação gostosa faria qualquer um acalmar-se. Talvez Zafron soubesse disso também, por isso a invocou.

Yoshiaki queria sair correndo dali e matar Zafron de uma vez enquanto podia, antes que fosse tarde demais. Naquele estado, qualquer toque poderia quebrar seu pescoço.

Quando a parede rachou e quebrou-se, Aries desapareceu num susto. Yoshiaki rendeu-se. Não é que a lã fosse tão fofa a ponto de fazê-lo querer dormir, não é como se ele estivesse cansado, a magia presente naquela lã o fazia ficar com sono. Mas segundos antes de cair no sono no ápice da batalha, soltou Gajeel.

*

O pulso de Natsu estava em chamas. Seu rosto mais enraivecido do que nunca. Ele gritou quando passou pela parede e voou em direção à Zafron que estava muito lento e cansado para poder reagir.

Gajeel pulou em direção à Lucy num instinto protetor, cubrindo-a com seu próprio corpo. As chaves que ainda rodopiavam caíram no chão, o barulho de metal tilintando no chão.

Natsu não conseguiu se conter. Acertou à Zafron no rosto, o fogo queimou-lhe a pele, seu pescoço entortou num ângulo humanamente impossível. Se ele não estivesse tão fraco, talvez teria sobrevivido.