Greek Madness escrita por AnandaArmstrong


Capítulo 4
III - “I can see it your eyes, I’ve already won.”




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Eu estava sentada no chão encarando a vitrola que girava infinitamente, o som saía claro e límpido, melhor que em um aparelho de CD ou mesmo IPod. Sou meio velha, admito. Tenho uma vitrola e a adoro. Sou meio diferente do normal, a prova disso é banda que eu estou ouvindo no momento. Uma banda de rock experimental/psicodélico dos anos 60, se chama The United States of America. Criativos, nada mais do que isso.

– Rock experimental de novo? – Uma voz cheia de ironia interrompeu a minha hipnose.

– Cala a boca, Nate. – Falei rindo, ele estava subindo pela escada e atravessando o alçapão, nossos olhares se encontraram e eu quase tive um infarto ao aproveitar a sensação de êxtase que seus olhos azuis me proporcionavam. E o seu corpo maravilhoso em uma posição muito confortável para mim também, claro.

“Não faz isso comigo, Nate, por favor.” Implorei mentalmente.

– Não tenho moral pra reclamar, esses caras são muito sacanas por só manter a formação por um ano. – Comentou, se jogando ao meu lado e levando um pouco de poeira. Eu sorri internamente e controlei a vontade de agarrar ele aqui mesmo.

– Eles não tiveram grana pra continuar tocando, é a vida. – Dei de ombros dando espaço pra ele sentar. Espirrei algumas vezes e praguejei contra a poeira. Isso precisa de uma faxina.

Bom, nós estamos no sótão, aqui é cheio de livros e pilhas gigantes de vinis. Esse lugar é meio histórico na fraternidade, é passado de geração em geração aqui na Omega Ni. As pessoas deixam várias coisas aqui quando saem da faculdade, é triste porque você vive aqui muitos anos, vira sua casa e depois você tem que se desapegar. As pessoas costumam deixar objetos, meio que como um legado pra os membros das gerações posteriores verem. Ás vezes eu lembro que isso vai acontecer comigo, eu queira ou não. Penso no que eu vou deixar, é meio doloroso.

– Um dólar pelos seus pensamentos. – Falou, me entregando uma moeda. Era uma moeda muito antiga, digo, MUITO MESMO!

– Isso nem deve circular mais, Nate. – Rebati rindo, jogando a moeda na cabeça dele. Nossa, deve ser muito pesada, coitado.

– Hey, meu cabelo, sacanagem. – Reclamou emburrado, ajeitando o cabelo. E ele se preocupa com o cabelo, viadinho.

– Eu tava pensando sobre a formatura, é estranho sabe? Vamos deixar toda essa vida algum dia e finalmente encararmos a vida adulta. – Exclamei abrindo os braços e gesticulando como se mostrasse pra ele um futuro hipotético materializado bem ao nosso redor. – Não estou preparada pra isso. – Finalizei, me encolhendo e assoprando a minha franja nervosamente.

– Antes de continuar, permita-me colocar uma música mais apropriada para o momento. – Disse repentinamente, trocando os vinis com uma cara misteriosa. Alguns segundos depois Sweet Disposition do The Temper Trap começou a tocar.

– O que esse vinil faz aqui? The Temper Trap é uma banda nova, estamos cercados por antigos vinis. The United States of America, por exemplo, é de 1967-1968. – Argumentei me deitando no chão de poeira. Eu podia ver o teto da casa, estava muito sujo, com muita poeira e teias de aranha. Daria uma linda foto, as madeiras estavam afastadas de modo que a luz entrasse por algumas frestas. Isso quebrava a sensação de escuridão total.

– Você reclama demais. – Ele comentou, se deitando no chão de madeira ao meu lado. – Aceite as coisas que tem.

Sentia o corpo do Nate vibrando ao meu lado. Minhas mãos suavam bastante.

– Wow, reflexivo Karl Max Jr. – Ironizei, estava de olhos fechados e sentia o calor do seu corpo emanando para o meu. Nossos braços estavam próximos, eu sentia a textura da sua pele e seus braços fortes. Nossas mãos estavam bem próximas e ele acariciava a minha com o seu polegar. Eu ouvia os acordes de Sweet Disposition, a letra e todo o seu significado. A batida da música estimulava ainda mais meus hormônios, e eu me sentia como uma menininha apaixonada.

– Seria uma boa hora pra retrucar algo inteligente, mas não consigo pensar em nada assim no momento. – Nate parecia tão inebriado quanto eu pela música, pelo momento, talvez pelo sentimento confuso que existia entre nós. A tensão era palpável, e eu podia sentir que ela estouraria no ar a qualquer momento. Uma explosão que causaria conseqüências as quais eu tenho receio de imaginar, conseqüências que nos fariam acabar por definir nossa confusão. A minha confusão. Minha e do Jonathan. E eu gosto da nossa confusão, desse sentimento gostoso. Detesto mudanças drásticas e conceitos. Sou acomodada, além de detestar quando definem algo, encaixando em uma categoria ou padrão. Tipo o namoro.

– Eu também não. – Todo o calor do meu corpo correu para as minhas bochechas, minhas mãos formigavam, e minha cabeça entrou em parafuso por alguns segundos. Só a simples presença dele me faz ficar trêmula, ainda bem que eu estou deitada. Sério.

Àquela hora, naquele exato momento, debaixo daquele teto empoeirado, rodeada por coisas velhas e milhares de lembranças sob o chão mais podre que eu já pisei, agora nunca pareceu tão certo. Não, não é clichê “menininha apaixonada”, é só que… Parece o certo. Refleti porque eu estava passando por tantas dúvidas com o Cocker e com o Nate, mas empurrei esse pensamento pro lado e resolvi ceder ao meu hedonismo. Vamos viver o agora no momento exato, mesmo que eu seja louca pelo Cocker. Eu acho.

– A moment, a love, a dream, a laugh, a kiss, a cry, our rights, our wrongs (won’t stop till it’s over). (Um momento, um amor, um sonho, uma risada, um beijo, um choro, nossos acertos, nossos erros. (Não vão parar até tudo acabar). – Ouvia a letra da música atentamente, encaixando-a nesse momento da minha vida. Cantarolei e percebi que o Nate o fez junto comigo, ri de leve e continuei cantarolando. Em um acesso de… Felicidade demais, sei lá, entrelacei minhas mãos com a do Nate e repeti o mesmo gesto que ele fez antes, acariciava a superfície da sua mão com o meu polegar. Ela era quentinha e confortável, terrivelmente áspera e o dobro do tamanho da minha. Por um instante o ar fugiu do meu peito e eu me senti flutuando no espaço.

Abri os olhos e virei o rosto para o lado para encará-lo, que surpreendentemente estava me encarando de volta.

Olhei fundo nos seus olhos para tentar descobrir qual era sua intenção, mas falhei miseravelmente. Sua expressão não revelava nada, além de satisfação por esse momento estar acontecendo. Mas nada romântico jamais havia acontecido entre nós, porque isso agora? Não entendo…

– As coisas devem acontecer no momento certo, com as pessoas certas. Mesmo que seja rodeado de poeira. – Jonathan disse como se lesse o meu pensamento e explicasse a minha dúvida. Riu pelo nariz e fez alguns flocos de poeira virem no meu rosto.

– Quando seria a hora certa? – Questionei mordendo meu lábio inferior de leve e o soltando. Nossos rostos se aproximavam lentamente e eu nem cogitava a possibilidade de quebrar o contato visual. Eu acho que tinha um vulcão ativo dentro de mim, meu corpo estava acelerado e quente internamente, mas por fora eu suava frio. Minha pele estava gelada e isso era absurdamente contraditório, mas não conseguia pensar em muita coisa no momento, só na boca dele. Que se aproximava da minha devagar. Uma distância que eu temia feito o cão. Eu observava o contorno dos lábios dele, o sorriso dele, era tudo tão convidativo. Soltei o ar preso lentamente e fechei os olhos.

– CINDY, VEM AQUI AGORA! – Gritou Caroline lá de baixo, batendo na madeira do alçapão. Merda, Caroline.

– Mano, vai tomar no cu. – Resmunguei estressada querendo espancar aquela empata-foda, levantei e tentei tirar metade da poeira que tinha ficado.

– Relaxa, vamos lá ver o que ela quer. – Ele riu pelo nariz e deu um beijo na minha testa.

Eu resmunguei alguma coisa e saí daquele labirinto de tranqueiras sem olhar para trás. Desci a escadinha do sótão e vi que a Caroline estava elétrica e não conseguia parar quieta. Estava do jeito que ficava quando estava feliz, como se tivesse tomado 100 litros de energético.

– Que é? – Disse, tentando relevar a situação. Acho que soou bem grosso, apesar da minha intenção. Tivemos outra típica conversa de olhares:

Ela: Atrapalhei alguma coisa?

Eu: Óbvio que sim, sua idiota.

Ela: JESUS! Desculpe!

Eu: Cala a boca.

Fim da conversa. E eu mato ela.

– Vocês PRECISAM ver o que O Piadista aprontou dessa vez. – Ela disse agitada e com os olhos brilhando. Pegou minha mão e saiu me arrastando de uma forma que eu nem notei pra onde o Nate foi.

Quando já estava na sala vi que algumas meninas se amontoavam nas janelas pra ver a pegadinha, mas a maioria estava do lado de fora, e foi pra lá que a Caroline me arrastou.

– Olha lá, na lateral da casa da Iota Pi. – Falou apontando pra a parede esquerda externa da casa em frente á nossa. Sim, nós somos, infelizmente, vizinhas delas.

Várias meninas da Iota Pi estavam putas da vida dando chilique ao olhar para a grande parede pichada de preto com a prova concreta da pegadinha do Piadista. Era uma frase simples, mas que dizia tudo sobre o autor da peça: “ANL”. É o provérbio latim “Agere non loqui”, que quer dizer “Agir, não falar”. O Piadista é cheio de contradições. Só para começar, a primeira delas: um ditado latim em uma universidade que adota o Sistema Grego? Quer incitar a fúria popular. Além do que, o ditado prova que ele é mais do que um “filósofo de Facebook”, que só escreve postagens criticando e não faz nada. Justamente o contrário, ele faz questão de vingar todas as sacanagens que acontecem por aqui, e quer que todo mundo fique sabendo. Absolutamente tudo o que ele faz é por justa causa, e se alguém recebe uma peça dele, todos já sabem que há algo por trás.

– Nossa, se fuderam. – Exclamei surtando de alegria por aquelas vadias terem sido pegas por ele.

– Agora olha o Twitter dele! – Empurrou o IPhone de qualquer jeito para a minha mão, e eu não consegui aguentar a risada.

O Piadista @originalprankster
“Xeque-mate, vocês foram pegas Iota Pi. Bom banho e cuidado com o degrau.”

– O que ele quer dizer com isso? – Perguntei juntando as sobrancelhas.

– Ele colocou corante preto na caixa d’água delas, e colocou manteiga na escadaria da entrada. Tá vendo o cabelo da Maureen? – Falou apontando para uma garota com a raiz dos cabelos escura e com algumas manchas pretas pelo corpo.

– Jesus! – Exclamei morrendo de rir.

– E tem mais. Quando elas desceram correndo pra ver o que tinha acontecido com a caixa d’água do lado de fora da casa, escorregaram nas escadas e desceram rolando feito sacos de batatas. – Disse, e logo começamos á rir incessantemente.

Uma multidão estava se formando na frente da casa delas e a cada segundo que passava elas ficavam mais estressadas e gritavam mais. Eu e a Carol tivemos que nos apoiar uma na outra, porque a risada era demais.

– Ei. – Senti alguém dizer enquanto tocava no meu ombro suavemente.

– Oi. – Disse, enquanto me recuperava da risada e virei pra ver quem era. A risada cessou imediatamente logo que eu vi o rosto dela. – Ah, é você. – Respondi amargurada, engolindo todos os desaforos.

– Nossa, que boa recepção. – Riu nervosa e mexendo muito as mãos. – Como você está? Fiquei preocupada.

– ‘To vendo como você ficou preocupada. Te vi se amassando com o Cocker ontem. – Respondi colocando as mãos nos bolsos dianteiros da calça jeans e lutando pra prender o choro ao ver que ela não se importava com isso.

– Idaí? O que tem eu ter ficado com ele ontem? – Ela disse, com a expressão de inocência. Como se não soubesse de nada e ter ficado com ele fosse completamente dentro da normalidade.

– Você sabe muito bem Kara. Eu estou com ele agora. Porque você fez isso? – Perguntei respirando fundo e tentando olhar para ela, mas não pros olhos dela. Se eu olhar pros olhos, tenho certeza que vou desmoronar. A Caroline já deve estar lá no meio da multidão na casa da Iota Pi.

– Qual é o problema, Cindy? O Cocker fica com tantas garotas, e tcharan! Ficou comigo também. – Falou, mas pareceu se segurar pra não acrescentar mais alguma coisa na frase.

– Mas… É você. E o Cocker, ele é meu. Minha irmã mais velha com o meu namorado. Não importa se ele fique com todas as garotas, no fim das contas, ele sempre fica comigo de novo. Não importa quantas garotas ele pegue, ele sempre volta pra mim no fim da noite. – Desabafei, e tentei segurar as lágrimas que viriam.

– Cindy, acorda. Deixa de ser infantil e iludida, o Cocker não é seu e nunca vai ser. Muito menos seu namorado. – Rebateu com uma expressão rígida e séria.

– E de quem ele é? Seu por acaso? – Perguntei debochando.

– Está se encaminhando para isso. – Abriu um grande e satisfeito sorriso. Nesse momento eu senti uma facada pelas costas e não pude acreditar no que estava ouvindo.

– O que você está falando, Kara? Eu achei que você fosse minha amiga. – Respondi chocada. Eu não conseguia acreditar que estava ouvindo isso da minha irmã mais velha. Da garota que sempre me ensinou e me guiou durante esse tempo todo.

– Mas eu sou, querida. Eu sou sua amiga. Mais que isso, sou sua irmã. – Ela sorriu verdadeiramente. Parecia de alguma forma, achar que ainda me considerava sua irmã mais nova. O que me deixa confusa, como ela acredita que ainda é a minha irmã mais velha, se diz todas essas coisas e tenta tomar o Cocker de mim passando por cima dos meus sentimentos e tendo consciência de tudo?

Eu fiquei calada por um minuto olhando para ela e tentando processar tudo o que estava acontecendo. Ela tentou me abraçar, mas recusei seu abraço.

– Olha, meu amor, eu sei que você não consegue lidar muito bem com discussões assim. Pensa direitinho no que você falou e depois a gente conversa, eu relevo tudo, pode deixar. – Kara parecia estar falando com uma criança, e eu não consegui mais ficar calada. Sentia nojo dela, desprezo, me arrependi de tudo que já tive com ela. Não pelo Cocker, e sim por ela passar por cima de mim desse jeito e me tratar como uma doente mental.

– Não Kara, já chega. Eu não aguento mais isso. Sim, eu sei muito bem lidar com discussões e vamos lidar com esse problema agora. – Respondi grossa, sentindo um rompante de raiva explodir dentro de mim. Eu vou arrebentar a cara dela todinha. Centímetro por centímetro.

– Você não sabe do que está falando, Cindy. – Ela afirmou séria. – Não há problemas para lidar, e sim fatos para aceitar. Tentei ser gentil com você, mas não funcionou. O Cocker não é seu, ele vai ser meu. Meu. – Kara ressaltou muito bem o “meu”.

– Eu nunca imaginei que você fosse passar por cima de mim desse jeito, você vai simplesmente fazer isso só por ele? – Debochei a provocando. Ela estalou os dedos lentamente e sorriu sarcástica.

– Meu anjo, -começou com o mesmo tom sarcástico do seu sorriso- eu não estou passando por cima de ninguém, assim como não estou fazendo algo errado. Quem está criando confusão é você, que acha que pode ser melhor do que eu e ficar com ele.– Kara mantinha a mesma expressão que me irritada no fundo da alma.

– Ah meu Deus, como ela é cara de pau. Agora você afirma também que é melhor que eu? Cadê a Kara que eu sempre conheci e sempre foi a minha irmã mais velha? – Falei mantendo a pose de durona, agora a piada do momento sou eu. A coitada da Cindy que teve o Cocker roubado.

– Continua aqui, no mesmo lugar. Ela está esperando a irmãzinha ter um surto de realidade e ver o que realmente está acontecendo. – Pontuou, dando um sorrisinho falso.

– Então você realmente vai roubar ele de mim? – Finalizei querendo acabar logo com isso. Eu, de fato, detesto discussões.

– Olha, não é o caso de eu roubar ele de você se ele nunca foi seu, mas se é assim que você quer, assim será. Você sabia que esse mundo era assim, falso, desde o início. E mesmo assim insistiu em entrar, Cindy. Você sabia que é uma realidade cruel e suja, eu te disse, você insistiu. Agora, querida, aguenta. – Ela disse por fim e saiu andando tranquilamente, me deixando com uma vontade de chorar e me esconder. Eu me sentia num funeral, e dessa vez, era eu quem estava no caixão. Novamente.

– Cindy, você tem que ir para a aula. – Rocktavia interrompeu o meu devaneio momentâneo e me guiou de volta para dentro da casa, me abraçando pela cintura.

– É verdade, me esqueci disso por um momento. Agora tenho aula com o único professor que me odeia e faz toda questão de me desprezar. Super legal. – Falei fazendo uma careta e sentindo um nó se formar na minha garganta.

– Relaxa, todo mundo tem um professor assim. Daqui a pouco ele percebe que você vai ser a futura Coco Chanel e começa a correr atrás de você. Tipo como foi com o Derek. – Respondeu dando um sorriso amigável.

– É né… – Resmunguei, tentando formular uma pergunta coerente. – Você viu aquilo?

– Com a Kara? – Perguntou, e eu somente acenei afirmativamente. – Vi sim. Ela é exatamente desse jeito, sempre foi. A Kara sempre mostra ser a menina perfeita, doce, gentil, amigável, linda, inteligente e tudo mais. A garotinha perfeita do papai. Mas toda garotinha perfeita tem podres debaixo do tapete, e esse é o dela. Você acabou de conhecer a Kara que uma pessoa em um milhão já tiveram o desprazer de conhecer. A verdadeira Kara. – Comentou enquanto entrávamos no banheiro coletivo.

– Ela é maluca. – Pontuei, me despindo no box e ligando a ducha.

– Eu sei disso. E é por isso que eu nunca aprovei muito ela aqui na Omega Ni. Aqui é um lugar familiar demais pra ela. – Revirou os olhos, parecendo contrariada. – Quando ela se ofereceu pra ser sua big sister eu fiquei desconfiada do que ela poderia fazer. Mas como ela sempre te deu apoio e não tinha feito nada…

– Até agora… – Resmunguei a interrompendo, saindo do box e pegando a toalha no armário geral.

– Até agora, - concordou comigo – eu acabei relevando a criatura. Mas agora ela deu motivos pra eu quebrar a cara dela em duzentas.

– Se você fizer isso, me avise. – Aprovei, saindo do banheiro e indo para o quarto que eu dividia com a Carol. A Rocktavia entrou antes da gente, mas reprovou duas vezes por faltar demais nas aulas. No fim das contas, eu, a Carol, e ela nos formaremos juntas.

– Você será a primeira a saber. – Deu um sorrisinho perverso e gargalhamos em seguida. Fiquei de frente pro armário e escolhi cuidadosamente a roupa que usaria hoje. Esse é um ritual que eu prezo muito, sou bem fresca com isso.

– É engraçado te ver escolhendo roupas, você tem toda uma propedêutica pra lidar com isso. – Rocktavia disse, me olhando como se eu fosse louca. – E uma das coisas mais legais sobre o seu armário é que 60% das roupas dele, quem fez foi você. E parece que foram compradas em grifes caras e esse blá blá blá todo.

– Vou encarar isso como um elogio. – Gargalhei, finalmente me vestindo.

– Iai, quer que eu te leve pra a aula? – Ofereceu, com uma proposta tentadora. – Tenho aula vaga agora.

– Quero sim. – Aceitei, me sentando na cama ao seu lado e observando o ambiente em que estava.

As paredes do quarto eram azuis, da cor do mar do caribe, ou dos olhos da Carol. A porta estava ao meu lado direito e a janela ao meu lado esquerdo. Minha cama e a da Carol estavam em um L invertido, se você olhar da porta para o quarto verá a janela na sua frente, a cama dela na horizontal, debaixo da janela, e a minha na vertical, na parede da esquerda. Complicado, mas acho que dá pra entender. Nosso quarto era bem estiloso até, nossa cara. Uma estudante de moda e uma de música, tinha que ser. Colamos posters de bandas de rock, de artistas fodas e de outras coisas legais. Entre a minha cama e a da Carol tinha um abajur de lava, típico dos anos 80. Não ilumina bem, mas é incrível. Nosso armário era embutido na parede e colamos nele vários adesivos retrô em alto relevo.

– Até que ficou legal a decoração, né? – Comentei em voz alta, rompendo o silêncio repentino.

– Ficou sim. – Riu pelo nariz e completou. – A cara de vocês.

– Também acho. – Concordei, peguei minha bolsa e meus livros e fomos embora para a minha aula.

Conversamos trivialidades no caminho até lá, nada que valesse a pena ser mencionado. Exceto, talvez, algumas meninas da Iota Pi absurdamente putas da vida com o Piadista. Esse cara é foda. Se algum dia eu o conhecer, vou pedir um autógrafo na bunda.

– Enfim, aqui está. Sã e salva. – Disse, por fim, quando já estávamos na frente do prédio da aula de alta-costura.

– Obrigada, sério. Por tudo. – Agradeci respirando fundo e a abraçando. Ela riu, me abraçou de volta e acrescentou:

– Que isso, você sabe que eu sou o seu Caronte no mundo inferior. – Disse, fazendo uma referência – muito esquisita – á mitologia grega. Será que ela quis dizer que me levava pra a morte? LOL!

– Tá bom, obrigada, eu acho. – Ri e nos despedimos e eu marchei para a minha morte escolar. Quer dizer, para a aula. Digamos que eu não sou a aluna preferida do Herzer. Ah, fala sério, vamos ser realistas: O cara me odeia. Ponto.

Cheguei atrasada na aula dele, para o meu grande azar. Entrei silenciosamente, tentando a todo custo não ser notada. Qual foi a minha surpresa ao constatar que isso não aconteceu, né?

– Ora, chegou quem faltava! Srta. Sandford, boa tarde, querida. Por favor, faço questão que pegue esse microfone junto com o seu atraso de 40 minutos, e dê uma aula sobre História da Moda, estamos em Coco Chanel. – Virou-se repentinamente para minha direção, e com seu jeito afetado e vingativo, fez questão de notar a minha presença. Sacana.

– Boa tarde, professor. – Acenei com a cabeça, e coloquei as coisas em cima da mesa nervosamente. Da mesa dele. Eu estava puta da vida com um monte de coisa, e vem ainda essa bicha louca falar desaforo pra mim. Ele pegou a pessoa errada pra fazer isso, porque minha segunda opção na faculdade era marketing e publicidade. TOMA, OTÁRIO! Fiz questão de parecer nervosa e que não sabia de absolutamente nada. Ignorei mentalmente o resto da sala, que estava silenciosa e chocada.

– Então, o que pensa que está fazendo? Vamos. Se não, sua nota no primeiro trimestre será igual a zero. – Sua feição estava completamente satisfeita ao notar que eu tinha caído no seu jogo. Eu estava com tanta raiva, cheia dele também. Todo ano ele arranja algum jeito de aprontar comigo, me fazer ir mal ou qualquer outra coisa que me ferre. Ele estava sorridente de prazer, crente que eu ia dar um vexame. Só se esqueceu de um pequeno detalhe, que se prestasse mais atenção nos meus trabalhos, teria notado: eu sou fã de Coco Chanel.

– Poxa, professor, isso não é justo! Me desculpe, vou tentar dar o meu máximo. – Gaguejei falsamente, pigarreei, respirei fundo e sorri animada. Logo que virei para a sala, pude reconhecer alguns amigos, e esses dito cujos sorriam tanto quanto eu.

– Começa logo a aula, Professora Sandford. – Algum engraçadinho gritou lá de trás. Eu gargalhei e comecei a suposta aula.

– Boa tarde, galera. – Falei no microfone para a sala relativamente cheia. Todos os tipos de pessoa faziam moda. Desde aquelas patricinhas de peitão até aqueles estilosões, e aqueles básicos, mas que desenham maravilhosamente bem. As patricinhas sentavam na frente, e me olhavam com certo desprezo, eram da Iota Pi. Que surpresa, né? No meio se misturavam alguns alunos aplicados, os hipsters malucos, as harujuku girls, um grupinho de quatro pessoas que parecia ter parado nos anos 80 e outros aí. Atrás estavam as pessoas que dormiam na aula, outra surpresa.

Comecei introduzindo a história pessoal dela na infância e adolescência, o que a motivou a fazer moda, e dei uma passeada pela história junto com Marty McFly.

– E, por causa da morte do grande amor da vida dela, ela voltou á Paris. Abriu uma casa de costura que fazia chapéus, roupas de praia e desportivas, e também a sua melhor invenção: AS PRIMEIRAS CALÇAS FEMININAS! Aleluia, obrigada Chanel. – Fiz uma falsa prece, olhando para cima. A “aula” estava dando muito certo, o que deixava o professor incrivelmente puto da vida. Ele estava rodeado por aquelas cobras, logo na frente, e elas com certeza enfiaram idéias na cabeça dele.

Para o meu susto, e um misto de felicidade e desapontamento, ele levantou enraivecido. Lançou-me um olhar mortífero e arrancou o microfone da minha mão, que fez aquele barulho agudo horrível. Poxa, porque? Estava tão legal esfregar na cara desse idiota que eu sei mais detalhes que ele sobre a vida de Chanel.

– Aula encerrada. – Ele murmurou estressado no microfone, bateu com o microfone em cima da mesa e saiu. Merda, o microfone ainda estava ligado e fez de novo aquele barulho irritante, que cara chato. O pessoal foi saindo, e algumas pessoas pararam pra falar comigo. Eram quatro amigos muito legais.

– Fala garota! Essa foi fantástica! – Leana me cumprimentou com um hi-5, o que era comum entre nós. Ela é uma das pessoas mais legais que eu já conheci. O que é muito, porque eu conheço gente pra caralho. Tá sempre com uma jaqueta de couro legal, bem rocker mesmo. (N/A: Rocker é um movimento dos anos 80, dêem uma googlada aí!)

– Espera, mas se eu fosse ela ainda teria… – O Tyler começou a falar e o seu gêmeo Christopher provavelmente iria terminar a frase. Aposto meus rins que eles iam falar alguma coisa estrobofônica. Que porra é estrobofônica? Eu e essa mania de bêbado de inventar palavras.

– Dado detalhes sórdidos da vida sexual da Chanel. Há, eu também. – Christopher terminou, gargalhando, e eles finalizaram o momento “parceria” com um abraço tipo de mano. Eles eram muito engraçados, tipo os gêmeos argentinos do filme Step Up 3D. Viviam com algum casacão dos anos 80, que se não eram coloridões, era tribais.

– Maníacos, ninguém quer saber da vida sexual da Chanel. – Leana gargalhou junto com eles. Fomos indo para fora da sala, pois a equipe de limpeza já estava nos expulsando de lá.

– Esqueça esses três, você foi uma “lady” hoje. Não desceu do salto por aquele idiota. Você sabe que ele só te persegue porque você é muito mais competente. – Tessa sorriu doce para mim. Eu sempre sinto vontade de apertar essa menina, ela é fofa demais!

– Poxa, valeu gente. – Agradeci, e logo comentei com uma cara inocente de quem não quer nada. – A minha vontade era realmente fazê-lo engolir os próprios pés da maneira mais dolorosa possível… Mas nem tudo que queremos está propenso a acontecer. – Suspirei.

– Você é… – Começou Christopher. Ah, não.

– Chega vocês dois, vamos comer? To morrendo de fome! – Suspirou a Leana, aposto que estava sonhando com uma banana caramelizada. Os gêmeos reclamaram, mas logo mudaram o foco da sua hiperatividade pra perturbar a pobre da Tessa.

– Banana caramelizada? – Perguntei com uma cara engraçada.

– Sempre. – Decretou, olhando para os céus e esperando que começasse a chover banana caramelizada no corredor do auditório. Ela é absurdamente obcecada por banana caramelizada, é fácil fácil comprá-la com isso.

– Hey, você vai com a gente? – Ela questionou quando já estávamos do lado de fora do prédio.

– Nope, tenho que ajeitar as coisas para o dia do rush. – Lamentei, planejando os modelos que eu teria que produzir para as meninas. Nós íamos fazer uma abertura foda pra caralho no dia do rush, ia ser tenebroso.

– Ás vezes eu esqueço que você faz parte desse mundinho de fraternidades. – A Tessa comentou baixinho, no tom de voz que ela costumava usar. Suas bochechas eram rosadinhas, meio magrinhas, mas era MARAVILHOSO apertar!

– É, bom, pra todos os efeitos, se aparecer alguma amiga gata… – O Christopher começou.

– Já sabe o que fazer. – O Tyler piscou, indo embora com o resto do pessoal. Eles não eram do Greek System, não aprovavam, mas também não o odiavam como a minha irmã. Ta aí uma turma super tranquila que eu respeito pra caralho.

Observei eles saírem andando e procurei tomar o meu próprio caminho para casa. Respirei fundo e recapitulei o dia que tive hoje: Acordei de ressaca da ressaca, meu climão com o Nate foi atrapalhado pela viada da Caroline, curti com a cara da Iota Pi por causa do Piadista, quase vôo no pescoço da Kara porque ela pirou de vez, ouço desaforo do professor e acabo tendo que dar a aula por ele. Bacana né. Pra juntar com isso tudo, ainda tem a TPM de merda. To fudida, vou enforcar o primeiro que me estressar.

E foi bem aí que eu vi a última pessoa que eu queria ver na minha frente, sentadinho calma e pacificamente perto do campo de futebol: Bryan Cockerstone, vulgo Cocker. Haha, é hoje que o pau come. Finalmente vou realizar o meu desejo de fazer alguém engolir os próprios pés. Só que dessa vez, o pinto desse desgraçado vai junto. Fiquei um tempinho parada, encarando-o, e pensando na maneira mais dissimulada de fazer o Cocker virar um belo assado de porco.

Fui andando em direção a ele, mas minha bela propensão á quedas entrou em ação. Desajeitada como sou, tropecei naquele paralelepípedo desgraçado e tomei um belo tombo no meio da calçada, chegando até a ralar o joelho. Ninguém chegou a ver, só havia o Cocker ali. Ele estava de costas vendo o jogo de futebol, absurdamente alheio a tudo á sua volta. As coisas com ele são assim quando se trata de futebol, o mundo deixa de existir. Ele fica todo concentrado, bonitinho. Suas sobrancelhas se unem e ele comprime um pouco seu lábio. O que é fofo e sexy ao mesmo tempo.

Meu coração batia rápido e toda aquela sensação que eu me sentia quando estava com o Cocker voltava como um trem bala. Eu o conhecia tão bem. Minhas mãos suavam, tremiam e eu continuava ali, estatelada no chão. Por um segundo, toda a situação de um ano passou pela minha cabeça, e, como já está ficando normal, percebi que estava errada. Tive que repensar tudo novamente, pois percebi que estava me colocando em segundo plano, de novo. Como eu sempre fazia quando se tratava do Cocker. Percebi que o que eu mais sentia nessa raiva toda, era mágoa, porque eu me acomodei com o Cocker. Quando eu cheguei aqui nesse inferno, não tinha nada. Minha mãe deitada com um terno de madeira á sete palmos do chão, meu pai desolado, sem a minha irmã, que já era distante, sem os meus amigos… Sem absolutamente nada. Aí veio a Kara, que veio como a luz pra me tirar daquele poço. Ela me apresentou á fraternidade, eu fiz amigas, recuperei uma parte do que eu sentia falta. E cada vez mais eu me aproximava da Kara, cada vez mais eu sentia nela uma irmã. A irmã mais velha que eu sempre quis ter. Ela nunca foi uma vadia, acho que nunca vai ser. Apesar do que ela me disse mais cedo e do que ela fez, não apaga o que ela já fez por mim. Ela me tirou do buraco. Assim como o Cocker.

Eu precisava de conforto, também achei esse conforto no Cocker. Mesmo que não fosse o conforto ideal, eu me contentava com todo o resto. Eu só me sentia segura com ele, apesar de todas as outras meninas com quem ele também ficava sempre que podia, apesar dele ser um canalha, apesar de tudo. Tudo. Eu sempre gostei de estar perto dele, e por algum motivo, ele sempre me agüentou muito bem. Por isso achei que ele gostava de mim. Talvez ele tenha me iludido, não sei. O fato é que eu nunca precisei me preocupar muito com ele e outras meninas, eu era, relativamente, a ficante mais estável dele. Nunca precisei contestar ou enfrentar nada até agora.

Quando vi, já estava ao lado dele com a cabeça entre as pernas. Uma dor me abateu ao coração, eu sabia o que tinha que fazer. Já anulei muito os meus sentimentos por causa dele. Sempre ignorando tudo o que ele fazia de errado e sempre o considerando primeiro lugar. Qualquer coisa é melhor que a sua falta, eu já estava tão acostumada com ele ao meu lado…

– Oi. – Sussurrei baixinho. Ele mal me deu atenção, murmurou algo indefinido e continuou prestando atenção no jogo. A minha “sorte” foi que o juiz tinha apitado, intervalo de 30 minutos para o segundo tempo.

– Oi gostosa. – Ele se virou para mim com um grande sorriso. Eu não retribuí, ele me olhou estranho. – O que aconteceu?

– O limite era a Kara. – Eu continuei sussurrando. Não conseguia falar mais alto. Minha vontade de dar na cara dele foi embora junto com a bola de futebol no campo á minha frente.

– Que? – Ele perguntou, entre confuso e chocado. Como se não acreditasse no que estava ouvindo. – Limite? Tá brincando né? Desde quando eu tenho limites? Desde quando vo- alguém vai me colocar limites? Vai tomar vergonha na cara. – Falou tudo rápidamente, e ia falar você, mas se corrigiu a tempo. Nossa. Engoli em seco e levei as lágrimas junto.

– Não to falando dos seus limites. To falando dos meus. Eu sempre, durante esses dois anos, agüentei tudo absolutamente calada. Nunca falei nada contigo e nunca tive muitos problemas. Sempre me coloquei em segundo plano por você, e foi o que você sempre fez consigo mesmo. – Desabafei, falando tudo na delicadeza de um suspiro. Ele ficou calado, esperando para ver onde eu iria chegar. – Você estava absolutamente certo. É por isso que eu to indo embora.

– Indo embora? Como assim? Tá louca mina? – Questionou, reativo.

– É, Cocker. Deleta meu número. Me deleta. Você venceu, escolher a si mesmo realmente é a melhor escolha na maioria das vezes. – Ri sem graça, enquanto sentia uma única lágrima descendo pela minha bochecha direita.

Seu olhar parecia chocado, distante. Ele parecia ter se lembrado de algo, ou se sentido chocado. Foda-se. Sua expressão se transformou no momento seguinte para uma de deboche.

– E você não vai fazer showzinho por eu ter ficado com a sua amiga? Ela trepa bem. – Ele ostentava um sorriso digno de Draco Malfoy. Eu ri sem graça novamente e me levantei.

Eu estava indo embora.

– ME RESPONDE, PORRA! – Ele gritava, de longe. Eu já estava há alguns passos de distância. Tudo ficaria para trás. – NÃO VAI ME BATER, CINDY? NÃO VAI GRITAR?

Olhei pro céu enquanto andava, deixei Cocker longe, mas fiz questão de responder a sua pergunta, nem que seja para mim mesma.

“Nah, não vale a pena. Não mais”.

E foi assim que eu me livrei da pessoa que mais me fez sofrer até hoje.

Lágrimas silenciosas rolavam, mas eu não me importava. Soluçava algumas vezes, andava absurdamente dispersa, parecia que não existia mais ninguém na face da terra. Só eu. Eu era o suficiente, porque eu me importei mais comigo. Eu me dei valor. Eu vou cuidar de mim, e vou me colocar em primeiro lugar. Sempre.

Todo o lugar parecia um deserto, as pessoas estavam vendo um jogo que, antes de encontrar com o Cocker, eu nem sabia que existia. Eu era a única pessoa vagando por ali, mas mesmo se outra pessoa estivesse ali, eu não notaria. Minha mente estava em outro lugar.

Bati-me com alguma coisa, quase caí no chão, mas a coisa me segurou. Ainda meio fora de órbita, pude notar que era o Carey. Ele sorria para mim de um modo que eu soube exatamente que ele havia escutado tudo o que aconteceu há alguns metros atrás, alguns segundos atrás da minha vida, e antes de eu descobrir que posso simplesmente ligar o foda-se para tudo.

– Quer uma carona? – Ele perguntou, apontando para a moto, que estava em um estacionamento do outro lado do pátio, perto de alguns prédios e auditórios.

Eu acenei com a cabeça, e do modo como eu estava, parecia que haviam me dado alguma coisa pra ficar lerdona. Quando fui ver, já estávamos na sala da Sigma Chi.

– Ele está no quarto. – Carey me falou, apontando o caminho.

Ignorei. Sabia exatamente onde encontrar o Jonathan. Fui seguindo pelo corredor, pelas paredes com milhares de troféus e medalhas de tudo quanto é esporte. Boa parte das medalhas por esportes aquáticos era do Nate, era o único tipo de esporte que ele fazia e gostava. Por isso que ele não estava no jogo hoje.

Me deparei com a porta do seu quarto na minha cara. Tinha uma bandeirinha com a logo da Sigma Chi e um quadro de avisos escrito com letras garrafais “NÃO ENTRE”. Ignorei o aviso da mesma forma que eu ignorei o Carey. Entrei no quarto como se fosse meu. O quarto estava mal-iluminado, o Nate debruçava-se sobre a mesa e havia vários livros ao seu redor. Ele me olhava com uma cara confusa, se levantou para ir até mim, mas teve que sentar novamente, pois eu me sentei sob seu colo. Beijei-o como nunca beijei alguém na vida. Ele ia falar algo, mas o impedi, colocando meu indicador sob seus lábios.

– Não. Não diga nada.

E só Deus sabe o que aconteceu naquele quarto aquela tarde.

xXx
“(…)

Oh what did I say?

She’s all shook up

Lost in the summer, man

We’re burning up

The time don’t show

When the sun gets carried

The tide curves off your body

Oh you’ll stay with me

I, now I will show you

It’s how I lie

When no one told you

(…)”


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